OBTENÇÃO DE PECTINAS DE CASCAS DE UMBU (Spondias tuberosa L.): DESENVOLVIMENTO E OTIMIZAÇÃO DE PROCESSO DE EXTRAÇÃO ASSISTIDA POR ULTRASSOM DE ALTA INTENSIDADE
Palavras-chave: Pectina; Tecnologias emergentes; Polissacarídeos; Ultrassom.
Os resíduos e subprodutos da indústria de frutas representam uma fonte significativa de compostos valiosos com potencial para serem transformados em produtos de alto valor agregado. Entre esses compostos, as pectinas se destacam como biopolímeros de grande interesse industrial devido às suas propriedades gelificantes, espessantes e estabilizantes. Este estudo teve como objetivo investigar o potencial das cascas de umbu (Spondias tuberosa L.) como matéria-prima para a extração de pectinas utilizando tecnologia de ultrassom de alta intensidade e ácido orgânico. O foco principal foi desenvolver um método de extração ecologicamente correto que proporcionasse altos rendimentos e um grau de esterificação adequado para diferentes aplicações industriais. O Delineamento Composto Central (CCD) foi utilizado para otimizar o processo de extração de pectina, sendo três variáveis independentes (2³) avaliadas: amplitude de ultrassom (%), razão sólido:líquido (SLR) e pH da solução de extração. Cinco níveis foram utilizados para cada variável, totalizando 20 experimentos. O rendimento de pectina e o grau de esterificação (DE) foram as respostas analisadas. A otimização do processo de extração de pectina das cascas de umbu através do CCD resultou em um alto rendimento de pectina próxima a 22% com um DE de 46%. As condições ótimas de extração foram: amplitude de ultrassom de 60%, SLR de 1:33 e pH 1,5. O processo de extração otimizado foi validado em escala laboratorial e o efeito de diferentes ácidos orgânicos (cítrico, oxálico, nítrico e clorídrico) no rendimento e DE da pectina foi avaliado. A validação do processo de extração em escala laboratorial confirmou a reprodutibilidade dos resultados obtidos na etapa de otimização. O uso de ácido cítrico resultou em um rendimento de pectina LMP (pectina de baixa esterificação) de cerca de 22%. Os ácidos oxálico, nítrico e clorídrico levaram à produção de pectinas HMP (pectinas de alta esterificação) com rendimentos em torno de 13%. As pectinas extraídas foram caracterizadas quanto à cor instrumental, utilizando um colorímetro, os resultados foram comparados com os de uma pectina cítrica comercial (CCP). As pectinas extraídas das cascas de umbu apresentaram diferenças significativas de cor em comparação com a pectina cítrica comercial, estas diferenças podem ser atribuídas à influência do tipo de matéria-prima e do método de extração na qualidade do produto final. Este estudo demonstra pela primeira vez a viabilidade da extração de pectinas de cascas de umbu utilizando tecnologia de ultrassom. As cascas de umbu se configuram como uma fonte promissora de pectinas LMP e HMP. A tecnologia de ultrassom provou ser um método verde eficiente para a obtenção de pectinas de qualidade alimentar com alto rendimento e qualidade. Este estudo contribui para o desenvolvimento de métodos de extração de pectinas mais eficientes e sustentáveis. A valorização das cascas de umbu como fonte de pectinas representa uma oportunidade para a indústria de alimentos e para a agricultura familiar. A caracterização das pectinas extraídas forneceu informações valiosas para o desenvolvimento de novos produtos e aplicações.