Teores de arsênico, cádmio e chumbo na alimentação escolar do estado da Bahia, Brasil e sua avaliação de risco para população infantil
Arsênico; Cádmio; Chumbo; Alimentação escolar; Avaliação de risco; Segurança alimentar.
Introdução: A ocorrência de metais tóxicos na dieta representa a principal fonte de exposição para a população em geral. Crianças, por diversos fatores, são mais expostas que adultos a estes elementos. A merenda escolar representa um aporte significativo de nutrientes para crianças no Brasil, sobretudo àquelas em condições de vulnerabilidade social. Objetivo: Avaliar os teores de arsênico (As), cádmio (Cd) e chumbo (Pb) em refeições servidas em escolas públicas do ensino fundamental em quatro municípios do estado Bahia, Brasil, e estimar o risco à saúde dos escolares proveniente do consumo dessas refeições por meio do cálculo do quociente de risco (QR). Metodologia: Foram coletadas 96 amostras em 16 escolas por meio da metodologia de dupla dieta (DD), estas foram liofilizadas e passaram por processo de digestão assistida em forno micro-ondas. Os teores de As, Cd e Pb foram determinados por espectrometria de absorção atômica em forno de grafite (EAAFG) e a qualidade analítica garantida com a análise de materiais de referência certificados. A avaliação de risco foi baseada no cálculo do quociente de risco (QR) para cada elemento, assim como do somatório ou total (TQR) nos seguintes cenários: população infantil, adolescentes e a média geral de idade dos escolares atendidos pelo PNAE. Resultados: Os resultados apontaram que nenhuma das amostras atingiu ou ultrapassou os níveis toleráveis para os metais analisados. O Pb foi o que obteve resultado mais expressivo, atingindo níveis máximos de 0,039-0,157 mg.kg-¹. Os grupos alimentares que mais contribuíram para a exposição ao Pb foram os amiláceos, e frutas e vegetais, além de leite e derivados, nos quais os teores médios para o grupo de leite e derivados foram quase duas vezes mais elevados que o recomendado pelo Codex Alimentarius (0,02 mg.kg-¹). No caso do As foram as merendas contendo cerais/amiláceos e leite/derivados que mais contribuíram. O QR para o Pb, que foi o metal mais detectado teve seu maior valor nas escolas de Salvador, foi de 0,06 e TQR calculado foi de 0,15 sendo considerado, portanto, risco negligenciável a exposição a metais tóxicos na alimentação oferecidas nas escolas desses municípios. Conclusão: O estudo mostrou que as crianças apresentavam uma maior exposição ao Pb em relação aos outros elementos, sendo os principais grupos alimentares responsáveis pelos valores mais elevados, os contendo cereais/amiláceos e leite e derivados. Os valores encontrados dos metais tóxicos estão abaixo dos níveis permitidos pela legislação do país e não representam risco de exposição dos escolares via merenda escolar.