CAMBUCI (Campomanesia phaea): UM ESTUDO ABRANGENTE DE SUA COMPOSIÇÃO
Plantas Alimentícias Não Convencionais; Mata Atlântica, Compostos Bioativos; Mrytaceae
O cambuci (Campomanesia phaea) é um fruto nativo da Mata Atlântica, pertencente à família Myrtaceae, e atualmente classificado como uma planta alimentícia não convencional (PANC). Caracteriza-se por sua polpa de odor essencialmente adocicado e sabor ácido, que lembra o limão. Este fruto singular não é apenas interessante do ponto de vista gastronômico, mas também apresenta propriedades nutricionais e bioativas notáveis, que o tornam um candidato promissor para aplicações industriais e alimentares. No entanto, sua árvore está em risco de extinção devido ao desmatamento generalizado, o que sublinha a necessidade urgente de conservação e uso sustentável. O cambuci apresenta um rendimento elevado, variando entre 91,8% e 92,4%, e uma alta umidade de 86,04%, o que o torna suculento. Com um pH ácido de 2,96, o fruto é rico em compostos bioativos, destacando-se os compostos fenólicos, que atingem 545,3 mg.g⁻¹ GAE, carotenoides (9,17 mg de β-caroteno.g⁻¹) e clorofila (41,79 mg.g⁻¹). Os compostos fenólicos, em particular, estão presentes em maiores quantidades do que em muitas frutas convencionais, o que potencializa os benefícios antioxidantes do cambuci. A atividade antioxidante do cambuci foi medida por métodos como ABTS e FRAP, utilizando extratos aquosos e etanólicos. No método ABTS, a atividade antioxidante atingiu 326,25 mmol Trolox.g⁻¹ em extratos etanólicos e 275,15 mmol Trolox.g⁻¹ em extratos aquosos. Pelo método FRAP, os valores foram de 162,4 µmol Fe⁺.g⁻¹ em etanol e 251 µmol Fe⁺.g⁻¹ em água. Esses resultados indicam uma significativa capacidade antioxidante, com os extratos etanólicos mostrando maior eficácia. Além disso, a composição volátil do cambuci revelou uma riqueza de aromas frescos e cítricos, predominantemente da classe dos terpenos, que são conhecidos por suas propriedades aromáticas e medicinais. Novos compostos também foram identificados, ampliando o entendimento sobre o perfil volátil desta fruta. Apesar das suas qualidades nutricionais e bioativas, como o alto teor de ácido ascórbico, que confere propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, o cambuci ainda é pouco consumido. Sua riqueza em compostos antioxidantes, como os carotenoides e polifenóis (especialmente flavonoides e proantocianidinas), destaca seu potencial para a saúde humana, beneficiando o sistema imunológico e apresentando atividades antialérgicas. Contudo, a exploração madeireira e a falta de consumo colocam a árvore de cambuci em risco de extinção. Este estudo enfatiza o potencial do cambuci como uma fruta com aplicações promissoras na indústria alimentícia. Suas propriedades físico-químicas favorecem a utilização do fruto em diferentes produtos, promovendo uma alimentação saudável e diversificada. Além disso, o incentivo ao consumo e cultivo sustentável do cambuci pode contribuir para a preservação ambiental e a geração de renda para comunidades locais. Portanto, a inclusão do cambuci na rotina alimentar e sua valorização industrial podem não só enriquecer a dieta humana, mas também promover a sustentabilidade e conservação da biodiversidade.