Experiências cênicas acessíveis no ensino-aprendizagem de Teatro com surdos/as: uma perspectiva antirracista na educação básica de Salvador-Bahia
Palavras-Chaves: Questões raciais. Surdez. Materialidade. Ensino-aprendizagem de Teatro. Acessibilidade.
O presente trabalho tem como objetivo a mobilizar experiências de criação cênica acessíveis no ensino aprendizagem de estudantes surdos/as, a partir da perspectiva de educação antirracista, refletindo através de tais proposições sobre a efetividade das políticas públicas voltadas para as questões étnico-raciais e da surdez. Utilizo como território, o chão da escola de perspectiva bilíngue para pessoas surdas, espaço e contexto educacional reivindicado pela comunidade surda brasileira em seus muitos movimentos de luta em defesa da Libras e dos modos de apreender o mundo que dela derivam. Tais considerações mobilizaram em mim a seguinte problematização: como articular experiências cênicas acessíveis no ensino-aprendizagem de Teatro com estudantes surdos/as da educação básica de Salvador-Ba, mobilizadas por uma perspectiva de educação antirracista? A metodologia utilizada consiste em abordagem qualitativa, fundamentada na pesquisa participante apoiando-se em Brandão e Borges (2007) a partir da qual o conhecimento não é acumulável e deve estar situado em uma perspectiva da realidade social, mobilizando conhecimentos teóricos, práticos e metodológicos na possibilidade de transformação desses saberes. Como referencial teórico as argumentações estão articuladas com os estudos propostos pelas/os pesquisadoras/es Conrado (2017) e os conhecimentos artísticos em afroperspectiva, Mendonça (2009; 2017; 2019; 2020) e a abordagem teatral das materialidades como pré-texto no processo de criação na sala de aula, Boal (1996; 2009; 2012) que nos mobiliza pensar através do Teatro-imagem um fazer teatral que não seja guiado pela palavra falada, Ferreira (2018), Lima (2015) e Gomes (2012) e as questões raciais na escola, Strobel (2018), Campelo (2008) e Rebouças (2019) e a pedagogia visual no ensino-aprendizagem de pessoas surdas dentre outros/as, que analisam as implicações sociais aqui colocadas nos possibilitando pensar seus cruzamentos. Durante as aulas e as experiências criativas mobilizadas em sala, tem sido possível perceber que os/as estudantes surdos/as foram forjados subjetivamente por valores negativos sobre questões étnico-raciais e seu referencial identitário negando-os por vezes, porém a medida que são estimulados a interagir com os materiais através de exercícios e jogos, a dinâmica prazerosa rompe a postura de afastamento.