No Rastro dos “Invisíveis”: uma etnografia da relação entre encantados, ritual e organização cosmopolítica Kiriri.
Toré; Xamanismo; Povos Indígenas do Nordeste; Etnologia Indígena; Retomadas.
O presente trabalho foi desenvolvido junto ao povo Kiriri, com seu território, já demarcado e homologado, localizado no sertão baiano, nos municípios de Banzaê e Quijingue. Trata-se, nesta pesquisa, sob uma perspectiva etnográfica, das articulações entre o ritual do Toré, a relação cotidiana entre Kiriris e entidades invisíveis conhecidas por encantados - ou o campo xamanístico - e a organização política desse povo que, como se argumenta, pode ser definida como uma organização cosmopolítica dada a centralidade e importância da comunicação com os encantados, principalmente através do ritual do Toré, nos modos de organização , ação política e distinção étnica do grupo, seja na esfera interétnica, seja na intraétnica, com o fenômeno da divisão do povo em distintos grupos cosmopolíticos que disputam maior legitimidade a partir de diacríticos definidores da identidade do povo no plano interétnico, e de distintas concepções cosmológicas sobre a relação com os encantados.