Dimensões de uma pandemia: análise de atividade física e transtornos mentais comuns entre docentes na primeira onda de Covid-19 na Bahia, Brasil
Trabalho docente, atividade física, transtornos mentais comuns, Covid-19, trabalho remoto.
Introdução: As medidas de distanciamento social implementadas no início da pandemia da doença pelo novo coronavírus (COVID-19) incluíram o fechamento de escolas, faculdades, academias e espaços públicos para a prática de atividade física. No setor educação, houve a implantação do trabalho remoto, o que modificou as atividades docentes, os hábitos de vida, com repercussões na saúde mental docente. Objetivo: Avaliar a associação entre atividade física e transtornos mentais comuns em docentes da rede particular de ensino, durante a primeira onda da pandemia da COVID-19. Métodos: Estudo de corte transversal do tipo websurvey. A coleta dos dados ocorreu em junho-julho de 2020, incluindo docentes de todos os níveis de ensino da rede particular da Bahia. Para mensuração de transtornos mentais comuns (TMC) foi utilizado o SRQ-20. A prática da atividade física foi autorreferida. Para avaliar a associação entre exposição principal (atividade física) e desfecho (TMC), considerando as covariáveis de interesse. Foi conduzida análise de regressão de Poisson, com variação robusta, adotando-se nível de significância de 5%. Resultados: A amostra foi composta por 1.444 docentes. Prática de atividade físicas foi referida por 40,8%, sendo 17,7 % até 2x/semana e 23,1% mais de 3x/semana. A prevalência global de TMC foi de 66,7%. Após análise multivariada, observou-se prevalência de TMC mais elevada entre quem não praticou atividade física (RP=1,3; IC95%: 1,2–1,5) ou praticou até 2 dias na semana (RP=1,2; IC95%: 1,0-1,4) comparado a quem manteve atividades físicas 3x/semana. Conclusões: Evidenciou-se associação entre TMC e nível de atividade física após ajuste por atividades de lazer, faixa etária, situação conjugal, sobrecarga doméstica, insegurança em ficar desempregado e nível de ensino em que leciona. A prevalência de TMC foi reduzida à medida que se aumentou o nível de atividade física dos docentes, endossando a associação positiva entre a falta de atividade física e TMC.