DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR E TRABALHO: UM ESTUDO EM UM COMPLEXO PRISIONAL
Prisões; Síndrome da Disfunção da Articulação Temporomandibular; Saúde do Trabalhador.
INTRODUÇÃO: A disfunção temporomandibular (DTM) é um grupo de disfunções musculoesqueléticas de origem multifatorial que acomete a articulação temporomandibular. Conhecer a ocorrência de DTM em trabalhadores e os fatores ocupacionais associados a essa condição pode ser relevante em trabalhadores da área de segurança, supostamente mais expostos a estressores psicossociais no trabalho. OBJETIVO: Investigar a prevalência de DTM em agentes penitenciários (APs) e sua associação com aspectos psicossociais do trabalho, em geral, e relacionados ao trabalho prisional, em particular, além de características sociodemográficas e estilo de vida. MÉTODOS: Estudo transversal com 401 agentes penitenciários de Salvador, Bahia, Brasil, que responderam a um questionário autoaplicável. A variável desfecho foi a DTM avaliada pelo Índice de Anamnese de Fonseca. Os aspectos psicossociais foram medidos por meio do Job Content Questionnaire (JCQ) e de questões específicas sobre o trabalho dos APs. A regressão multivariada de Cox forneceu razões de prevalência ajustadas. As variáveis independentes inseridas nos blocos foram as dimensões demanda psicológica e controle do trabalho, características sociodemográficas e de estilo de vida, aspectos psicossociais do trabalho dos APs e apoio social, de colegas e supervisores. RESULTADOS: A prevalência de DTM foi de 35,4%. Após análise multivariada, as variáveis associadas à DTM foram: alta demanda psicológica (RP Ajust = 1,37), sexo feminino (RP Ajust = 2,17), não praticar atividade de lazer (RP Ajust = 2,77), possuir outra ocupação (RP Ajust = 1,60), vivenciar situação de medo pelo contato com facções no ambiente de trabalho (RP Ajust = 1,59) e baixo apoio social dos colegas de trabalho (RP Ajust = 1,42) e supervisor (RP Ajust = 1,45). CONCLUSÃO: Aspectos psicossociais do trabalho, incluindo alta demanda psicológica e baixo apoio social de colegas e de supervisor, além do medo do contato com facções, foram independentemente associados à DTM. Indicam intervenções no trabalho que ampliem o apoio dos supervisores e promovam redes de solidariedade entre os colegas de trabalho. Além disso, fomentar práticas de lazer pode contribuir para a proteção da saúde dos trabalhadores. A gestão do trabalho no complexo penitenciário e as intervenções preventivas devem ser sensíveis às desigualdades de gênero no trabalho.