ESTADO NUTRICIONAL, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DE ORIGEM INDÍGENA
Saúde, estudantes, população indígena, estado nutricional, qualidade de vida, exercício
Introdução: A recente introdução do sistemas de cotas tem contribuído para o acesso de estudantes de origem indígena a universidades públicas brasileiras. A migração desses estudantes para os grandes centros urbanos associa-se a mudanças no seu estilo de vida que podem levar a novos hábitos alimentares, menor prática de atividade física, alterações na saúde, no estado nutricional e na qualidade de vida relacionada à saúde. Objetivo: Descrever o estado nutricional, nível de atividade física e qualidade de vida relacionada à saúde dos estudantes universitários de origem indígena de uma universidade pública federal. Metodologia: Estudo de corte transversal exploratório com o universo dos estudantes de origem indígena de uma universidade pública federal. Foram coletadas informações sobre aspectos sociodemográficos, antropométricos (peso, altura, dobras cutâneas e bioimpedância) e de saúde, e aplicados os questionários Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ –Versão Curta) e 36-item Short Form Health Survey (SF-36) para avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde. Foram realizados exames de hemograma completo, glicose, colesterol total, HDL, LDL, não-LDL e triglicerídeos séricos. Para processamento de dados, foi utilizado o programa SPSS versão 21.0 para Windows. Resultados: Dentre os 53 participantes do estudo, 64,2 % eram do sexo feminino, média de idade de 23,2 4,9 anos, da etnia Pataxó (56,6 %) Tuxá (26,4 %), 92,5% migraram de suas aldeias a menos de seis anos. O estado de saúde foi autorreferido como regular por 43,4 % e o diagnostico médico mais referido foi o de Rinite/Sinusite (34,0%); 98,1 % não possuíam plano de saúde privado. Os estudantes apresentaram elevado nível de atividade física, sendo 47,2% classificados como ativos, 22,6% como muito ativos e 1,9% como sedentários. A circunferência abdominal estava aumentada em 66,7% e em 31,6% dos estudantes do sexo feminino e masculino, respectivamente. O Índice de Massa Corporal foi indicativo de sobrepeso em 12,1% e de obesidade em 16,1% dos investigados. Dentre os 48 estudantes que migraram há menos de 5 anos, havia 7 (14,6%) com Obesidade Grau I; dentre os 4 estudantes que migraram há mais de 6 anos, havia um com Obesidade Grau II e outro com Obesidade Grau III. Anemia estava presente em 10% e colesterol total estava elevado em 16,7%, dentre os 30 estudantes que realizaram exames laboratoriais de sangue e soro. A qualidade de vida relacionada à saúde foi baixa no componente saúde mental, principalmente entre estudantes do sexo feminino. Conclusão: Os estudantes universitários indígenas investigados apresentaram bom nível de atividade física; prevalências moderadamente elevadas sobrepeso, obesidade, anemia e de alteração do perfil lipídico. Os baixos escores de qualidade de vida relacionada à saúde relacionados ao componente saúde mental sugerem que esses estudantes estão submetidos a elevado nível de estresse psicossocial.