Banca de DEFESA: ELAINE DE SOUZA REIS

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ELAINE DE SOUZA REIS
DATA : 01/04/2024
HORA: 14:00
LOCAL: Faculdade de Medicina - Terreiro de Jesus
TÍTULO:

VIOLÊNCIA NO TRABALHO E TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS EM TRABALHADORES DA SAÚDE EM TRÊS MUNICÍPIOS BAIANOS.


PALAVRAS-CHAVES:

transtorno mentais, violência no trabalho; trabalhadores da saúde


PÁGINAS: 143
RESUMO:

Introdução: Durante a pandemia de COVID-19, os trabalhadores da saúde ganharam reconhecimento pela sua importância para o bem-estar social, sendo inclusive chamados de “heróis” pelos veículos de imprensa. Entretanto, juntamente com esse reconhecimento, também foram reveladas fragilidades no ambiente de trabalho, como a exposição à violência. Devido à convivência diária com o sofrimento humano, esses trabalhadores se tornam alvos fáceis para o acúmulo de frustrações, estresse, medos e anseios por parte dos pacientes, amigos e familiares que, em momentos de angústia e desespero, podem manifestar comportamentos violentos. Da mesma forma, a organização do trabalho, com exacerbação de estressores ocupacionais e sobrecarga laboral, torna o ambiente de trabalho suscetível a outras violências, como agressões e assédio entre colegas. Ao mesmo tempo, os TMC têm mostrado um crescimento significativo, principalmente entre os trabalhadores da saúde nos últimos anos, sendo responsáveis por uma das 5 principais causas de afastamento do trabalho e a terceira causa de concessão de benefícios pela Previdência Social. Esse contexto do trabalho em saúde, com estressores e situações de violência, está associado a maior ocorrência de problemas de saúde mental, como os Transtornos Mentais Comuns (TMCs), o que pode ser agravado na conjunta brasileira durante a pandemia de COVID-19.


Objetivos: Dessa forma, essa dissertação objetivou analisar a associação entre a exposição à violência no trabalho e TMC em trabalhadores da saúde da atenção primária e média complexidade em três municípios baianos, no nordeste brasileiro. Métodos: Realizou-se um estudo epidemiológico de corte transversal analítico, com uma amostra representativa dos trabalhadores da saúde de três municípios do Estado da Bahia: Feira de Santana, São Gonçalo dos Campos e Cruz das Almas. A população alvo foi composta por trabalhadores/as da saúde da Atenção Primária e Média Complexidade. A coleta de dados foi iniciada em março de 2021, e finalizada em maio de 2022. O desfecho dos transtornos mentais comuns foi avaliado pelo Self-Report Questionnaire (SRQ-20), enquanto a exposição à violência foi avaliada a partir de perguntas específicas sobre agressões e violências no trabalho, que incluíram o questionário estruturado e blocos de perguntas pertinente ao tema.  Os aspectos psicossociais do trabalho foram avaliados por meio da escala de Desequilíbrio Esforço-recompensa (ERI).


Resultados:  A amostra final deste estudo consistiu em 1.011 participantes, respondentes dos questionários utilizados e com informações completas acerca das variáveis de interesse. A prevalência de TMCs entre trabalhadores da saúde da atenção primária e média complexidade foi de 35,8%. Trabalhadores expostos a situações violentas apresentaram 2,1 vezes maior chance de apresentarem o desfecho (OR = 2,14; IC 95% 1,37- 3,35), mesmo após ajuste para fatores de confusão. Fatores psicossociais do trabalho como desequilíbrio esforço e recompensa, e comprometimento excessivo também estiveram associados positivamente aos TMC.


Discussão: Os achados confirmam a hipótese de que a violência no trabalho em saúde, no contexto pós-pandemia de COVID-19, está associada aos TMCs, sendo a violência um fator de risco à saúde independente. Os resultados são consistentes com a literatura prévia de outros países e de outros contextos. Demonstrou-se também alta prevalência de TMCs entre os trabalhadores da saúde da atenção primária e média complexidade, o que aponta para a necessidade de ações preventivas e de promoção da saúde para esse grupo de trabalhadores no âmbito do Sistema Único de Saúde. Diferentemente de fatores sociodemográficos e de perfil ocupacional, que não se associaram ao desfecho, os estressores psicossociais do trabalho, como o desequilíbrio entre esforços e recompensas e o comprometimento excessivo também merecem atenção, tendo apresentado medidas de efeito de grande magnitude, o que sugere que as intervenções que minimizem a violência no trabalho e seus possíveis efeitos na saúde mental devem focar na organização do trabalho e nos determinantes sociais da saúde.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1224175 - FERNANDO RIBAS FEIJO
Interna - 1067230 - MILENA MARIA CORDEIRO DE ALMEIDA
Externa à Instituição - PALOMA DE SOUSA PINHO FREITAS - UFRB
Notícia cadastrada em: 26/03/2024 01:03
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