Trabalho e gênero: desequilíbrio esforço-recompensa e satisfação com a vida no Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA-Brasil)
Estresse ocupacional; Satisfação pessoal; Estudo de gênero
Introdução: Estresse ocupacional é um fator de risco à saúde dos trabalhadores, pois pode afetar a satisfação com a vida e desempenho no trabalho, além de estar associado ao adoecimento físico e mental. Objetivo: Analisar a associação entre Desequilíbrio EsforçoRecompensa (DER) e satisfação com a vida, sob a perspectiva de gênero, entre servidores públicos ativos da coorte ELSA-Brasil. Métodos: O Estudo transversal com 9.199 participantes ativos na segunda onda (2012 a 2014). O desequilíbrio esforço-recompensa foi mensurado pelo questionário Effort-Reward Imbalance (ERI) e Satisfação com a vida foi aplicada a Satisfaction with Life Scale (SWLS). Covariáveis do estudo foram: escolaridade, idade, raça/cor, situação conjugal, filhos, autopercepção do estado de saúde, nível funcional e carga horária de trabalho. Os dados foram analisados separados para mulheres e homens, inicialmente, foram feitas análises descritivas dos dados e estimadas odds radio (OR) por meio da regressão logística. Utilizou-se Stata versão 12 Resultados: Homens que referiram desequilíbrio esforçorecompensa no trabalho apresentaram mais chance para estar insatisfeito com a vida (OR= 2,38; IC95%:1,93-2,93) quando comparados aos homens sem DER no trabalho. Entre as mulheres com desequilíbrio esforço-recompensa no trabalho, observou maior chance de estarem insatisfeitas com a vida (OR=2,01; IC95%: 1,68-2,39), em comparação com aquelas que não apresentaram DER no trabalho. Entre as mulheres trabalhadoras com nível funcional superior/docente, observou associação entre DER e redução da satisfação com a vida (OR= 2,77; IC95%:1,90-4,04), inclusive, superior à das mulheres trabalhadoras com nível funcional apoio/médio (OR 1,71; IC95%:1,38-2,12). Conclusões: Estressores ocupacionais, aferidos pelo DER, estão associados à insatisfação com a vida em ambos os sexos nos servidores públicos. Nível funcional destacou-se como modificador de efeito para mulheres, o que pode estar relacionado à busca por escolarização e qualificação das mulheres para entrada no mercado de trabalho, além do esforço para diminuir a desigualdade de gênero no trabalho.