HIDRELÉTRICAS E O DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA
Destruição de habitat, perda de vegetação nativa
Os riscos que as hidrelétricas representam são subestimados para as florestas tropicais
em todo o mundo. É tido que as hidrelétricas desmatam além dos limites de sua
instalação, mas a extensão desses impactos é incerta e, portanto, negligenciada no
licenciamento ambiental. Em 2024 estima-se que o Brasil consumirá 790,4 TWh no
ano, 66% a mais que o consumo em 2015, cujo consumo foi de 524,6TWh. Para
satisfazer tal demanda, a opção preferencial adotada tem sido expandir a principal forma
de produção de energia no país: as hidrelétricas. A Amazônia Legal é a nova fronteira de
expansão da exploração dessa fonte. Aqui quantificamos o desmatamento induzido
pelas hidrelétricas e investigamos os aspectos que a longo prazo podem contribuir para
este impacto. Utilizando zonas com raios de 10 a 100km de distância das hidrelétricas,
comparamos a área desmatada com outras regiões semelhantes sem influência das
barragens, escolhidas por um escore de propensão por pareamento, usando como
parâmetros: distância de rodovias e rios, agricultura, declividade e áreas protegidas. Nos
nossos resultados não houve diferença no desmatamento entre as áreas próximas às
hidrelétricas e seus controles, o que pode indicar que as hidrelétricas não influenciam a
perda florestal da Amazônia, entre 2005 e 2015. As hidrelétricas têm sido alvos de
muitas críticas pondo em cheque a sua característica enquanto produtor de energia
renovável, visto a liberação de gases de efeito estufa (Fearnside, 2004), bem como os
impactos na biodiversidade de vertebrados tanto aquáticos como terrestres (Benchimol
& Peres, 2015; Lees et al. 2016). Entretanto, concluímos que as hidrelétricas não podem
ser consideradas vetores importantes no desmatamento do seu entorno.