O que é preciso para ser um “bom micróbio”? − Uma revisão dos mecanismos que impulsionam a evolução da cooperação microbiana.
Cooperação; Evolução; Sociomicrobiologia; Modelos
Os comportamentos cooperativo e altruísta têm, por um longo tempo, intrigado biólogos no mundo todo devido ao seu aparente contrassenso evolutivo. Afinal, trata-se de um comportamento que gera um benefício a um outro organismo às custas do seu executor. Apesar de já ter sido investigado por muitos pesquisadores, pouca ênfase tem sido dada aos elementos biológico necessários à evolução de tais traços, e apenas recentemente tal questão foi trazida à luz da microbiologia ao considerar bactérias, fungos e protozoários, grupos de grande importância que desempenham papel relevante na saúde pública, economia e filosofia da ciência. Nos propomos a realizar uma revisão dos principais fatores biológicos que permitam a evolução e manutenção desse comportamento em microrganismos. A análise da literatura permitiu classificar os modelos em seis categorias principais: Condições ambientais; Expressão Genética Condicional; Privatização Parcial de Bens Públicos; Mecanismos de Imposição; Carona Cooperativa; e Tradeoffs de Crescimento e Dispersão. Muitos desses modelos acabam se imbricando com outros, e podem atuar conjuntamente no estabelecimento do comportamento cooperativo. Entre as premissas encontradas, a estruturação espacial entre organismos cooperadores e egoístas pareceu ser particularmente importante, visto que foi observada em diversos modelos diferentes. Essa pesquisa permitiu uma apreciação abrangente e bastante aprofundada do comportamento cooperativo e sua evolução em microrganismos, possibilitando novos estudos mais dirigidos que busquem elucidar de que formas esse comportamento se mantém em populações microbianas naturais.