EVIDÊNCIA SOROLÓGICA DO VÍRUS DE SEOUL EM FAVELAS URBANAS TROPICAIS E FATORES DE RISCO ASSOCIADOS
Vírus de Seul; Ratazanas; humanos; tropical; comunidades urbanas
Seoul Orthohantavirus (SEOV) é uma espécie mundial de hantavírus, transmitida pelo Rattus norvegicus. Os hantavírus representam ameaças emergentes e globais à saúde pública, afetando aproximadamente 30.000 indivíduos em todo o mundo anualmente. O SEOV é transmitido aos humanos através da inalação de partículas virais presentes nas excretas de roedores infectados. Apesar da ampla distribuição de hospedeiros reservatórios e da sua estreita associação com humanos, poucos estudos caracterizaram a prevalência do SEOV em populações humanas, bem como os fatores de risco associados, particularmente em ambientes urbanos. Aqui, avaliamos a circulação do SEOV entre populações de roedores em comunidades urbanas vulneráveis em Salvador, o provável contato humano com hospedeiros reservatórios infectados e os prováveis fatores de risco que incentivam a transmissão humana através do contato humano-roedor. Realizamos um estudo sorológico em populações humanas e de roedores de quatro comunidades urbanas vulneráveis em Salvador, Brasil. Para detectar contato com SEOV, utilizamos um kit comercial de ELISA. Nossos resultados encontraram evidências sorológicas em 32% dos roedores capturados (37/117) e 14% (91/646) em humanos. Utilizando uma abordagem de seleção automatizada de modelos para compreender as variáveis associadas à exposição humana, descobrimos que a probabilidade de contato com o vírus diminuiu com o aumento da idade, com coleta de lixo e infecção prévia por Leptospira spp negativamente associada à exposição ao SEOV. No entanto, o acúmulo de lixo, o avistamento de roedores e o trabalho como pedreiro constituíram o modelo final que melhor explica a exposição no conjunto de dados coletados. Esses resultados destacam que as comunidades urbanas vulneráveis em Salvador estão expostas ao SEOV. Nossos resultados fornecem informações valiosas sobre os riscos potenciais do SEOV em humanos, especialmente entre residentes vulneráveis de comunidades urbanas tropicais. Essas informações deverão auxiliar na melhoria do sistema de vigilância do hantavírus no Brasil, onde é um tanto subnotificado. Além disso, deverá contribuir para as estratégias de prevenção de indivíduos e profissionais diretamente em risco de contato regular com o reservatório roedor do SEOV.