Fitoplâncton, Florações Algais Nocivas, Palinomorfos Não Polínicos.

O aumento da temperatura em consequência das mudanças climáticas globais tem sido fonte de preocupação e investigação em diversas áreas do conhecimento. Em escala local, as consequências da pressão antrópica sobre os ambientes também afetam e alteram a composição e distribuição de comunidades biológicas, cujas dinâmicas são mecanismos de regulação e ciclagem de nutrientes na base de complexos tróficos. A composição de comunidades fitoplanctônicas compreende espécies capazes de florescer, gerando consequências ao equilíbrio ecossistêmico e à saúde humana, em casos que envolvem espécies produtoras de toxinas que podem ser transferidas através da cadeia alimentar. O objetivo deste trabalho, portanto, é utilizar a dinâmica espacial de assembleias palinológicas na compreensão de aspectos ecológicos como a dinâmica successional e os processos do ambiente que afetam a sua distribuição e composição. Esta tese compreende um capitulo introdutório, um capítulo relacionado à floração planctônica em forma de pluma com descoloração da água causada pela co-ocorrência de duas espécies de dinoflagelado produtores de toxina; um capítulo descrevendo a distribuição bentônica incomum dessa mesma espécie em altas concentrações no sedimento superficial de uma região urbanizada, onde há pesca e consumo de mariscos; um capítulo modelando a distribuição local espacial de palinomorfos não polínicos em função dos gradientes ambientais estuarinos e, por fim um capítulo de conclusão e integração das informações. A floração combinada de Prorocentrum lima e Prorocentrum rhathymum em magnitude de milhões de células por litro em forma de espuma com descoloração da água representa uma novidade para o Atlântico do Sul e Central, onde essas espécies estão mais abundantemente distribuídas. A ocorrência após tratamento palinológico de Prorocentrum lima em areia como substrato também representa uma novidade na literatura. A distribuição de algas verdes e cianobactérias nos sítios de menor salinidade e maior disponibilidade de luz e nutrientes, bem como a distribuição dos membros marinhos da assembleia em sítios de maior salinidade corroboram a resposta local da assembleia em função das características do ambiente estuarino. A mudança de dominância de algas verdes na assembleia moderna em comparação com a dominância de fungos e cianobactéria demonstram potenciais variações no ambiente que podem ser associadas à ocupação humana. A resposta desses organismos às mudanças do ambiente representam uma contribuição relevante no atual cenário de mudanças climáticas globais, ja que esses organismos desempenham papeis biogeoquímicos centrais no funcionamento dos ecossistemas tanto em nível local quanto regulatório de larga escala.