ALTAS ACUMULAÇÕES DO DINOFLAGELADO TÓXICO PROROCENTRUM LIMA EM SEDIMENTOS DE SUPERFÍCIE DA BAÍA DE CAMAMU (NORDESTE, BRASIL)
Florações de algas nocivas bentônicas, Prorocentrales, Dinophycea, ciência estuarina.
Prorocentrum lima compreende um complexo de espécies de alta diversidade críptica de organismos fotossintéticos, encontrados principalmente epifiticamente ligados a macroalgas, mas também de vida livre planctônica. O perfil tóxico e a distribuição abundante em águas costeiras tropicais evidenciam a necessidade de vigilância e monitoramento de sua ocorrência, principalmente em áreas de consumo de frutos do mar, devido aos potenciais danos à saúde humana e ao equilíbrio dos ecossistemas. Coletamos por boxcore vinte amostras de sedimentos superficiais de dois rios principais na Baía de Camamu, que foram processadas seguindo métodos palinológicos padrão e foram analisadas quanto à variação morfológica e distribuição espacial ao longo do gradiente estuarino. As células estavam geralmente bem preservadas com uma larga plaqueta periflagelar em forma de V, pirenóide visível e anel de amido, poros tecais em forma de rim e superfícies variadas. As maiores acumulações foram observadas a montante do rio Serinhaém, atingindo até seis mil células por grama de sedimento seco. Nosso morfotipo principal se correlaciona em tamanho e morfologia com as cepas descritas como morfotipo cinco da Baía de Paranguá, que difere geneticamente das descrições anteriores de P. caipirignum, o que sugere ser uma nova espécie ainda não descrita dentro do complexo de espécies. Os locais com maiores acúmulos estão próximos a uma das principais cidades da Baía de Camamu, onde afluentes drenam a cidade e poluem, além de ser uma área de consumo de peixes e moluscos.