A CLÍNICA AMPLIADA NA SAÚDE MENTAL: QUE HISTÓRIA É ESSA?
Clínica Ampliada; Saúde Mental; Reforma Psiquiátrica; Sistema Único de Saúde (SUS); Atenção Básica.
Este estudo apresenta a história da clínica ampliada, em relação com as práticas de cuidado no campo da Saúde Mental Coletiva no Brasil. A emergência da clínica ampliada, enquanto área do conhecimento, situa-se na interface entre a Saúde Mental e a Atenção Básica. Sua história é reconstruída, na presente dissertação, através de uma arqueogenealogia. A pesquisa realizada demarca as condições históricas e epistemológicas para que a clínica ampliada tenha se tornado um dispositivo na Saúde Mental, a partir do qual se articulam práticas de cuidado nesse campo. Como objetivos específicos, identifica as condições de aparecimento histórico e as transformações da clínica ampliada como dispositivo no campo da saúde mental; explicita os pontos de ruptura com outros discursos norteadores da clínica; descreve a trama discursiva que caracteriza a clínica ampliada como dispositivo de cuidado e analisa em que medida a clínica ampliada estabelece correlações com outros discursos de clínica no contexto da atenção psicossocial. As estratégias utilizadas foram revisão de literatura, análise documental e entrevista temática e não estruturada, através da História Oral. A análise do material produzido foi realizada partindo das operações para uma análise arqueológica, identificando as relações contidas entre elementos discursivos e não discursivos, tomando como referência a Arqueologia do Saber. Os resultados apontam para a análise de que a sustentação da clínica ampliada se apresenta como um desafio, uma vez que nasce como dispositivo de contrapoder, institucionaliza-se e hoje, em tempos antidemocráticos, tem seu lugar ameaçado por uma clínica baseada em evidências e em procedimentos protocolares. Pode, assim, vir a se constituir como estratégia de enfrentamento e resistência ao atual cenário de degradação do Sistema Único de Saúde (SUS) e de retorno de propostas manicomiais associadas a recuos e duros golpes ao trabalho na Saúde Coletiva brasileira, na medida em que possa se reinventar coletivamente e se recolocar frente às relações de poder que se estabelecem nos dias atuais.