QUALIDADE DOS DADOS DE MORBIDADE E MORTALIDADE POR DOENÇA FALCIFORME NOS SISTEMAS NACIONAIS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE
Sistemas de Informação em Saúde, Qualidade dos dados, Doença Falciforme.
Introdução - Os Sistemas de Informação em Saúde (SIS) visam à coleta, ao processamento e à análise de dados de caráter epidemiológico, os quais, uma vez interpretados, podem subsidiar pesquisas e ações de utilidade pública. Informações epidemiológicas de boa qualidade potencializam processos decisórios eficazes nos diversos níveis de gestão da atenção à saúde. Em contrapartida, informações desatualizadas, incompletas e inconsistentes podem comprometer as decisões administrativas e os investimentos feitos no sentido de prevenir e tratar as doenças. Isso é ainda mais crucial no caso da Doença Falciforme (DF), a alteração genética potencialmente mortal mais comum no mundo. A despeito disso, tanto o Brasil quanto o mundo carecem de estudos sobre a qualidade dos dados sobre a DF nos SIS, uma lacuna bastante chamativa e indesejável. Por essa razão, estudar a qualidade dos dados da DF pode contribuir para a melhoria das condições de saúde dos acometidos pela doença. Objetivo - Estudar a qualidade dos dados de morbidade e mortalidade por DF nos SIS da Bahia no período de 2012 a 2018. Metodologia - Realizou-se um estudo de natureza exploratória, de tipo ecológico-espacial, com dados secundários oficiais do Estado da Bahia, tendo o município como unidade de análise. Foram explorados o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Avaliou-se a qualidade dos dados por meio de indicadores primários bem como de suas dimensões e indicadores sintéticos segundo a macrorregião de saúde. As três dimensões de qualidade consideradas foram: completude, consistência e não-duplicidade. Mediante o coeficiente de correlação de Spearman foi estudada a relação existente entre as dimensões de qualidade dos dados e os indicadores sintéticos com os indicadores socioeconômicos. Resultados – A correlação se mostrou estatisticamente significante em pelo menos 75% das relações. Quando avaliada no SIM a completude dos dados relativos à DF referentes à variável raça/cor, constatou-se haver diferenças entre a DF e outras doenças, o que constitui uma evidência indireta da invisibilidade da DF nos SIS e do racismo institucionalizado no processo de captação dos dados. A avaliação do SIM e do SINAN, demonstrou que estes SIS precisam aprimorar seus procedimentos de registro para que haja uma evolução na qualidade dos dados disponíveis sobre a DF.