Banca de DEFESA: POLIANA REBOUCAS DE MAGALHAES

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : POLIANA REBOUCAS DE MAGALHAES
DATA : 21/09/2020
HORA: 09:00
LOCAL: Remotamente
TÍTULO:

Determinantes sociais na mortalidade de crianças de 28 dias à 59 meses no Brasil: um estudo a partir da Coorte de 100 Milhões de brasileiros/as.


PALAVRAS-CHAVES:

Condições sociais, Mortalidade na infância; Determinantes Sociais; Coorte


PÁGINAS: 144
RESUMO:

Em todo o mundo, menos crianças morrem em quase todos os países, mas sua chance de sobrevivência ainda depende de onde e em que condições socioeconômicas nasceram. De 2000 a 2017, todos, exceto um dos 97 países de baixa a média renda que respondem pela grande maioria das mortes de crianças diminuíram suas taxas de mortalidade infantil, e as evidências mostram que isso está relacionado a melhorias significativas na cobertura de vacinação, assistência qualificada ao parto, educação materna, saneamento e renda familiar. Analisamos os preditores socioeconômicos de mortalidade de crianças de 28 dias a 59 meses de vida na linha de base da Coorte de 100 Milhões de Brasileiros, aproveitando seu grande número de variáveis e grande tamanho populacional. O objetivo geral é estimar o efeito dos determinantes sociais e das condições de nascimento no óbito de crianças com idade entre 28 dias e 59 meses no Brasil, entre 2001 e 2015. O projeto proposto contempla 3 artigos, cada um com uma metodologia explicada resumidamente abaixo, junto com uma breve descrição dos resultados e conclusões. Artigo 1: Pobreza familiar e suas características: abordagens metodológicas a partir da Coorte de 100 Milhões de brasileiros. Metodologia: Estudo descritivo e metodológico. A fonte de dados é a Coorte de 100 milhões de Brasileiros do CIDACS. A população é composta por famílias com crianças menores de 5 anos, consideradas mais vulneráveis, inscritas no Cadastro Único entre 2011 e 2015. A pobreza foi medida através do Índice de Desenvolvimento Familiar e de um construto desenvolvido através de Análise de Classes Latentes. Resultados: Os dois métodos demonstraram sensibilidade para medir pobreza, com resultados similares a medidas oficiais de renda. Há gradientes de pobreza, mesmo entre famílias muito pobres, o que se observa também ao estratificar por regiões e estados. Conclusão: A pobreza não é homogênea, sendo melhor caracterizada por índices multidimensionais. O IDF é uma é um marcador robusto para representar a pobreza no CADU. Contudo, o ACL pode ser utilizado em diferentes populações e tipos de agregação para caracterizar a pobreza, sendo as duas medidas apropriadas para caracterizar a pobreza e seus níveis. Artigo 2: Mortalidade de crianças de 28 dias a 59 meses atribuída à desigualdade socioeconômica no Brasil : um estudo da coorte de 100 milhões de brasileiros. Metodologia: Desenho: estudo transversal aninhado à uma coorte. População: Foram analisadas 7.537.093 crianças com idade entre 28 dias e 59 meses presentes no baseline do CADU. Entre essas, após a vinculação aos registros do SIM, foram observados 12.394 óbitos. Análise: A pobreza foi definida por quintis do IDF (Índice de Desenvolvimento Familiar): medida que agrega informações familiares relativas à renda, acesso à educação, condições de trabalho, vulnerabilidade, desenvolvimento infantil e condições de moradia. Foi calculada a taxa de mortalidade na infância em todos os quintis. A mortalidade atribuível à desigualdade socioeconômica foi definida como a diferença entre as mortes totais observadas e as mortes no quintil menos pobre, dividido pelo total de óbitos. Foi feita uma análise de desigualdade por causas de óbito relacionadas à pobreza, estratificada por faixa etária, local de moradia e tamanho do município. Resultados: 27,8% (95% CI 27,0 - 28,6) dos óbitos foram atribuídos à desigualdade entre as crianças de baixa renda, correspondendo a 3.447 óbitos ou 1 a em cada 4 óbitos entre 2011 e 2015. As causas que mais contribuíram foram as diarreias (60,2%), a desnutrição (67,2%), os afogamentos acidentais (58,5%), as causas mal definidas (53,5%) e as gripes e pneumonias (35%). A desigualdade foi maior entre crianças filhas de mães pretas, pardas e indígenas do que entre as de mães brancas, residentes de municípios de pequeno porte (menos de 20 mil habitantes). Conclusão: 1 em cada 4 óbitos de crianças de baixa renda com idade entre 28 dias e 59 meses no Brasil foram atribuídos à desigualdade. Isso sugere uma desigualdade no acesso à políticas públicas básicas, com maior dificuldade entre os mais pobres, mesmo num período de melhoria das condições sociais dos mais pobres no país, o que se constitui num importante desafio tanto para a saúde pública quanto para as políticas sociais em geral. Artigo 3: Efeitos dos determinantes da mortalidade de crianças de 28 dias a 59 meses no Brasil: um estudo da coorte de 100 milhões de brasileiros. Métodos: Desenho: Coorte dinâmica retrospectiva. População: Foram analisados 14.204.187 de registros de crianças menores de 5 anos presentes no baseline do CADU, vinculadas aos registros de nascimento do SINASC. Destas, 27.750 foram vinculadas à registros do SIM. O modelo logístico considerando o escalonamento hierarquizado em níveis distal, intermediário e proximal foi ajustado de forma a quantificar o efeito das variáveis socioeconômicas da família, das condições relativas à mãe, ao ambiente domiciliar e à utilização do serviço de saúde, destas sobre as condições de nascimento e características biológicas da criança e da mãe e por fim, sobre os óbitos. A análise foi estratificada por grupo etário e por renda per capita familiar. Resultados: A maior chance de óbito foi entre crianças pós-neonatas, residentes da zona rural, filhas de mães pretas ou indígenas. O modelo geral final expressa um predomínio dos fatores biológicos na determinação das mortes infantis e um peso importante da assistência à saúde materno-infantil para a determinação dos óbitos de crianças entre 28 dias e 59 meses de idade. Contudo, há diferenças entre subgrupos etários, onde fatores socioeconômicos familiares são importantes na determinação do óbito de crianças pós-neonatas e também diferenças nos modelos finais segundo estrato de renda per capita familiar, onde se observa maior determinação dos fatores socioeconômicos nos óbitos das crianças mais pobres. Conclusão: Os resultados permitem inferir que a pobreza ainda é um fator importante na determinação da saúde em crianças, ainda que tenha ocorrido melhoria de condições de vida nos anos analisados pelo estudo. Ainda há situação de privação crônica de grupos populacionais historicamente excluídos, o que expõe disparidades sociais persistentes na sociedade brasileira.


MEMBROS DA BANCA:
Externo ao Programa - 1103090 - DANDARA DE OLIVEIRA RAMOS
Externo à Instituição - MARCIA FURQUIM DE ALMEIDA
Presidente - 118.180.505-87 - MAURICIO LIMA BARRETO - UFBA
Interno - 287722 - ROSEMEIRE LEOVIGILDO FIACCONE
Externo à Instituição - TEREZA HELENA GABRIELLI BARRETO CAMPELLO
Notícia cadastrada em: 17/09/2020 16:08
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