Banca de DEFESA: ADRYANNA CARDIM DE ALMEIDA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ADRYANNA CARDIM DE ALMEIDA
DATA : 01/08/2023
HORA: 14:00
LOCAL: Auditório do Instituto de Saúde Coletiva
TÍTULO:

DIFERENÇAS GERACIONAIS E TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS EM PARTICIPANTES DO ESTUDO LONGITUDINAL DE SAÚDE DO ADULTO (ELSA-Brasil)


PALAVRAS-CHAVES:

transtornos mentais comuns; gênero e saúde; diferenças geracionais; estresse ocupacional; saúde mental e trabalho.


PÁGINAS: 183
RESUMO:

Os transtornos mentais têm se constituído em um dos maiores fenômenos psicossociais da atualidade, aumentando sua prevalência em países de baixa, média e alta renda em todo o mundo e respondendo, globalmente, por cerca de um terço das doenças mentais. Estimativas demonstram que os transtornos mentais comuns como a depressão e ansiedade representam os principais causadores de incapacidade do mundo, tendo causado aproximadamente 40 milhões de anos de invalidez na faixa etária entre 20 e 29 anos e impactando não somente nos sistemas de saúde, como também na vida laboral desses indivíduos, afetando principalmente as mulheres. Visando colaborar com o campo da saúde do trabalhador e da trabalhadora do serviço público de instituições federais e identificar possíveis preditores do âmbito do trabalho, associados à geração de nascimento e os efeitos sobre a sua saúde mental na perspectiva de gênero, a presente tese se propõe a apresentar discussões no que tange a ocorrência dos transtornos mentais comuns relacionados ao estresse ocupacional, a fim de que seja possível favorecer uma compreensão mais clara desta temática em uma perspectiva geracional, propiciando novos debates, uma vez que estudos sobre gênero, saúde, trabalho e geração de nascimento ainda permanecem pouco presentes na literatura brasileira e internacional. Essa pesquisa integra o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), um estudo multicêntrico realizado em universidades e instituições de pesquisa de seis estados brasileiros (Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo). Trata-se de um estudo transversal, incluindo 15.105 participantes entrevistados/as na linha de base do ELSA-Brasil, com idade variando entre 35 e 74 anos. Foram contempladas nas análises características sociodemográficas, comportamentos de saúde, uso de medicamentos, domínios do trabalho, que incluíram jornada de trabalho semanal, tempo na atividade atual e apoio social com repercussões na saúde mental. Os transtornos mentais comuns (TMC) foram mensurados pelo Clinical Interview Schedule (CIS-R), e os estressores ocupacionais pela escala sueca do Questionário Demanda-Controle-Apoio Social (DCSQ). Todas as análises foram realizadas no software Statistics Data Analysis (Stata), versão 14. Como resultados da tese, foram elaborados três artigos: (1) Geração de nascimento, gênero e transtornos mentais comuns em servidores públicos participantes do ELSA-Brasil; (2) Estresse ocupacional e transtornos mentais comuns: diferenças geracionais e de gênero na coorte ELSA-Brasil; (3) Diferenças geracionais e de gênero na gravidade dos transtornos mentais comuns na coorte ELSA-Brasil: a influência do estresse ocupacional. No Artigo 01, foi realizado um estudo transversal com 15.105 participantes da linha de base do ELSA-Brasil onde se estimou prevalência dos TMC e descrição de acordo com raça/cor da pele, escolaridade, situação conjugal, consumo de álcool, tabagismo, uso de antidepressivos e benzodiazepínicos. A data de nascimento caracterizou geração de nascimento. Mais de 60% da coorte pertence a geração Baby Boomers. A prevalência de TMC foi de 26,7% (mulheres=33,8% e homens=18,4%). A maior prevalência ocorreu entre os participantes da Geração X (30,4%), com IC 95% [1,62-2,03]. Os TMC foram mais prevalentes entre as mulheres, comparado aos homens em todas as gerações. No Artigo 02, foram elegíveis 12.015 participantes ativos, excluindo-se os trabalhadores aposentados. Entre participantes ativos do estudo, 26,8% apresentaram presença de TMC. No entanto, a prevalência entre as mulheres chegou a 35,9% diante de 19,3% dos homens, com um risco 86% maior (RP=1,86; IC95% [1,75-1,98]). Analisando a associação entre o estresse ocupacional e os TMC após o ajuste do modelo, a associação positiva e estatisticamente significante entre o 9 estresse ocupacional e os TMC se manteve apenas entre mulheres da Geração Baby Boomer que possuíam trabalho ativo (RP=1,32; IC95% [1,13-1,54]) e trabalho de alta exigência/desgaste (RP=1,41; IC95% [1,14-1,73]) e entre as mulheres da Geração X que exerciam trabalho ativo (RP=1,39; IC95% [1,09-1,78]). Entre os homens não foi verificada associação positiva estatisticamente significante entre o estresse ocupacional e os TMC. No Artigo 03, foi avaliada em que medida o estresse ocupacional modificava a gravidade dos TMC de acordo com o gênero e geração de nascimento entre os participantes ativos. As mulheres apresentaram 2,4 vezes mais TMC graves e 1,5 vezes mais TMC leves a moderados que os homens. A presença de interação entre escolaridade, estresse ocupacional e gravidade dos TMC foi observada em mulheres da Geração Baby Boomers (valor de p 0,0025). Mulheres com ensino médio completo submetidas a trabalhos ativos (combinado por altas demandas e alto controle) quando comparados à trabalho de baixa exigência/desgaste (baixa demanda e alto controle) tem 53% mais ocorrência de TMC leves a moderados (RP=1,53; IC95% [1,09-2,15]) e 42% mais TMC graves. Quando esse ajuste é realizado pela jornada de trabalho semanal, o tempo de atividade no trabalho e o apoio social, a associação de interesse foi pouco afetada. A partir dessas descobertas, esperamos contribuir com conhecimentos para a saúde coletiva, na perspectiva de gerações de nascimento e gênero, sugerindo novos estudos para avaliar o papel de políticas públicas na prevenção dos transtornos mentais comuns. Ressalta-se que são salutares novas investigações baseados em coortes geracionais com a finalidade de analisar o impacto dessas demandas do trabalho e das tarefas domésticas no adoecimento desses/as trabalhadores/as, buscando alternativas para a redução das demandas vigentes nas universidades, além de fomentar melhorias para minimizar as desigualdades de gênero.


MEMBROS DA BANCA:
Externo ao Programa - 1224175 - FERNANDO RIBAS FEIJO - nullExterna à Instituição - MARIA DA CONCEICAO CHAGAS DE ALMEIDA - Fiocruz-Ba
Externa à Instituição - ROSANE HÄRTER GRIEP - Fiocruz - RJ
Presidente - 2548659 - SHEILA MARIA ALVIM DE MATOS
Externa à Instituição - TANIA MARIA DE ARAUJO - UEFS
Interna - 2863971 - YUKARI FIGUEROA MISE
Notícia cadastrada em: 26/07/2023 16:55
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