O Espaço Travestido: ritmos e transformações identitárias em um território urbano
Aracaju, Centro, Cidade, Resistência, Transformações, Travestis.
A missão desta tese é investigar e compreender os variados usos, embates e simbologias perceptíveis no Centro de Aracaju/SE, principalmente envolvendo um grupo de travestis que vivem, frequentam e trabalham há mais de vinte anos no local, a fim de desnudar a sequência de transformações pelas quais o lugar passou nesse período e os modos de ocupação que elas desenvolveram para se manter ali. A proposta consiste em, com base na observação da trajetória e do cotidiano de minhas interlocutoras, que se congregam em uma organização não governamental batizada de Unidas (Associação das Travestis Unidas na Luta pela Cidadania), estudar os principais impactos que o planejamento urbanístico causou e ainda provoca na realidade delas; e a partir daí entender a lógica dominante por de trás dos projetos institucionais conduzidos pelo Poder Público no Centro e o movimento de invisibilização, remoção e hostilidade que, direta ou indiretamente, engendram à população subalternizada (adictos, moradores de rua, trabalhadores informais etc.), da qual fazem parte as travestis acompanhadas. Na contramão, analisar-se-ão os artifícios e estratagemas de que elas se valem para resistir e redefinir os espaços que habitam, reconfigurando as próprias identidades e experiências, bem como as noções de cidades convencionais ou hegemônicas.