"Lições Aprendidas: ações do SUS no desastre do Vale do Jiquiriçá, Bahia, Brasil, 2021".
emergência em saúde pública; gestão de riscos; inundações; Sistema Único de Saúde; participação social.
Introdução: As Emergências em Saúde Pública (ESP) são caracterizadas por uma interconexão global que amplia a disseminação de riscos e agrava vulnerabilidades socioambientais. As mudanças climáticas, os desastres tecnológicos e as desigualdades em saúde formam um cenário propício às emergências em saúde. O Brasil é país suscetível as ESP, tendo em vista a ocorrência de enchentes, inundações, deslizamentos de terra, queimadas e secas que exigem estratégias bem estruturadas de vigilância para proteger populações vulnerabilizadas. Objetivo: Este estudo busca descrever a trajetória do Sistema Único de Saúde (SUS) na perspectiva da vigilância ambiental e das lições aprendidas nas ações de preparação, monitoramento e resposta do Vale do Jiquiriçá durante a ocorrência de chuvas e inundações. Métodos: Utilizou-se dois documentos norteadores: 1: Estrutura de Gestão de Risco de Desastres e Emergências de Saúde da Organização Mundial da Saúde, e 2: Guia de Preparação e Respostas aos Desastres, da Fundação Oswaldo Cruz - projeto desenvolvido na Bahia, para compreender os processos que caracterizam as fases de preparação, monitoramento e resposta aos desastres. A partir desses documentos, foi realizada uma análise com base na sistematização das respostas do SUS durante o desastre por chuvas fortes e inundação no Vale do Jiquiriçá. Resultados: Identificouse a efetividade das ações por eixos previstos nos documentos norteadores e constatou-se avanços como mobilização do setor saúde e articulação com outros órgãos, abertura do COE Saúde e conhecimento de legislação para ESP. Dentre as lacunas foram identificadas àquelas relacionadas à ausência do levantamento prévio de informações sobre desastres e vulnerabilidades; ausência de preparação do setor saúde, antes da ocorrência de desastres e ausência da fase de recuperação. Conclusão: O estudo reforça que a efetividade das ações do SUS em contextos de desastres está relacionada às abordagens territoriais, intersetoriais e permanentes. Para isso, é imperativo que o planejamento em saúde seja incorporado como uma política de Estado — e não apenas de governo —, que promova transformação social através de financiamento adequado, valorização do trabalho em saúde, participação ativa da comunidade e integração com políticas de meio ambiente, defesa civil, saneamento e desenvolvimento regional.