Banca de DEFESA: THAIS MARA DIAS GOMES

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : THAIS MARA DIAS GOMES
DATA : 21/10/2024
HORA: 09:00
LOCAL: Sala 01 do Instituto de Saúde Coletiva
TÍTULO:

INSURGENTES MULHERES DAS ÁGUAS Das narrativas de violência às escrevivências contra-coloniais de libertação corpOrais


PALAVRAS-CHAVES:

pescadoras artesanais; violência contra a mulher; interseccionalidade; escrevivências


PÁGINAS: 178
RESUMO:

Essa tese foi conduzida por (re) encontros que me foram possíveis com pescadoras artesanais desse imenso Brasil. Dos quase um milhão de trabalhadores e trabalhadoras da pesca artesanal, 423.043 são pescadoras e 95.881 marisqueiras. São mulheres atravessadas por violências naturalizadas no cotidiano de vida e trabalho, que demarcam especificidades e formas de opressão. No Brasil, ainda são escassas essas informações. A tese tem por objetivo compreender escrevivências interseccionais e manifestações de violência que marcam corpos e lugares das trabalhadoras da pesca artesanal. Faço um resgate de narrativas textuais e visuais produzidas durante o projeto de extensão “Educação em Saúde da (o) Trabalhadora(or) da Pesca Artesanal e Formação de Agentes Multiplicadoras em Participação na Gestão do SUS”. Foram realizadas 11 oficinas com participação de 417 pescadoras artesanais provenientes de 16 estados brasileiros entre os anos de 2016 a 2018. Narrativas organizadas em diário de campo, relatórios técnicos, cartilhas e 165 horas de entrevistas coletivas, aproximadamente 90 GB de registros audiovisuais (principalmente fotografias) com autorização prévia das pescadoras artesanais. Como abordagem analítica, a escrevivência de Conceição Evaristo sob a lente interseccional de Lélia Gonzalez e Patrícia Hill Collins. A presente tese é organizada em três artigos. O primeiro tem por objetivo compreender a interseccionalidade como base teórica e metodológica às análises das escrevivências de trabalhadoras da pesca artesanal. Descrevo a interseccionalidade e escrevivência, como tais linhas teórico-metodológicas que oferecem subsídios às análises, ao trazerem entrelaçamento a conceitos como imagem de controle, outsider within, e o horizonte da esperança de transformação social. No segundo artigo parto para analisar escrevivências inscritas no corpo-território de trabalhadoras da pesca artesanal diante da violência contra a mulher. Apresento as manifestações de violência, mas também aponto para cenários construídos por elas, em seus agenciamentos diários para manutenção de sua existência. Já o terceiro artigo objetiva analisar narrativas de violência doméstica relacionada ao trabalho de pescadoras artesanais e seus impactos na saúde ocupacional. Conduzo às aproximações de realidades inscritas em trabalhos realizados em âmbito doméstico das trabalhadoras da pesca artesanal, onde se confundem trabalho produtivos e reprodutivo. Apresento também um instrumento de educação em saúde denominado “Jogo sob(escre)vivências”. O jogo é um material educativo para reflexões e discussões diante dos cenários das violências contra mulheres trabalhadoras da pesca artesanal. Os principais resultados revelam manifestações de violências estruturais e sistêmicas, com forte expressão das violências doméstica; institucional; obstétrica e no trabalho. São mulheres interseccionadas por marcadores sociais que as diferenciam a partir da imposição de desigualdades, potencializando experiências subumanas de violência especialmente contra pescadoras negras e indígenas do norte e nordeste do Brasil. Somado a particularidade da violência doméstica inscrita na organização e gestão do trabalho de pescadoras artesanais, com presunção do nexo presente que permitiu afirmar o caráter da violência doméstica como também de natureza ocupacional. Diante do exposto, concluímos que a partir das lentes analíticas da escrevivência e interseccionalidade, foi possível compreender as manifestações de violência que emergiram das narrativas de trabalhadoras da pesca artesanal, assim como os agenciamentos de enfrentamento. Ambos trouxeram importantes contribuições ao objeto investigado, principalmente por produzir uma base de diálogo que inclui as outras perspectivas ideológicas e teórico-metodológicas que devem compor o campo da saúde do trabalhador no Brasil.


MEMBROS DA BANCA:
Externa à Instituição - MARIA CRISTINA ALVES MANESCHY - UFPA
Interna - 2570813 - CLARICE SANTOS MOTA
Externa à Instituição - ELIONICE CONCEIÇÃO SACRAMENTO
Presidente - 1433789 - JORGE ALBERTO BERNSTEIN IRIART
Interna - 1273026 - LENY ALVES BOMFIM TRAD
Externa ao Programa - 2279561 - MONICA ANGELIM GOMES DE LIMA - nullExterno ao Programa - ***.642.735-** - PAULO GILVANE LOPES PENA - UFBA
Notícia cadastrada em: 18/10/2024 16:25
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