Banca de DEFESA: CALIANDRA MACHADO PINHEIRO

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : CALIANDRA MACHADO PINHEIRO
DATA : 26/07/2024
HORA: 14:00
LOCAL: https://us02web.zoom.us/j/86939574365?pwd=bV7BRCF4emacgEZuA6ZApB7pQg2SP1.1
TÍTULO:

EXPERIÊNCIAS DE MULHERES EM USO PROBLEMÁTICO DE DROGAS: PRÁTICAS DE CUIDADO SOB UMA PERSPECTIVA FEMINISTA


PALAVRAS-CHAVES:

Transtornos relacionados ao uso de substâncias; Centros de tratamento de abuso de substâncias; Práticas de cuidado; Mulheres; Feminismo; Racismo.


PÁGINAS: 212
RESUMO:

O cuidado integral para pessoas que fazem uso de drogas envolve diversos aspectos, tais como a história de uso de uma população, vulnerabilidades que podem produzir este uso, ou advir deste uso, e ainda as estratégias formuladas para dar conta das questões suscitadas por um uso que pode se configurar em um problema. Em revisão sistemática realizada sobre o tratamento para o uso de drogas por mulheres, foram encontrados resultados que apontam para a influência dos estigmas sociais, atitudes julgadoras dos profissionais e da família e a importância de considerar as necessidades sociais e de saúde através de um cuidado singularizado. Porém, poucos trabalhos vão sinalizar o fato de que essas mulheres vivem em sociedades sexistas e de que modo gênero, raça e classe influenciam nos usos de drogas e no seu tratamento. Desta forma, a pesquisa que originou esta tese teve como objetivo conhecer as experiências de mulheres com histórico de uso problemático de álcool e outras drogas e as práticas de cuidado acessadas por elas a partir de uma perspectiva feminista decolonial. Para tal, foi realizada uma pesquisa de cunho etnográfico, utilizando o método da História de Vida em combinação com registros fotográficos e Observação Participante, como também um método participativo inspirado nos grupos operativos de Enrique Pichon-Rivière. No estudo das experiências das interlocutoras foi possível observar que as práticas de cuidado implementadas estiveram relacionadas ao contexto familiar, à educação formal, a questões envolvendo trabalho e renda, à convivência e as redes de sociabilidade, às instituições religiosas e aos serviços de saúde. Em relação aos serviços de saúde encontramos uma “CAPS centralidade”, onde os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) apareceram como o serviço de saúde centralizador das práticas de cuidado. Ao analisar estas práticas e as trajetórias de vida das interlocutoras, foi possível perceber como gênero, raça e classe, assim como outros marcadores sociais relacionados à orientação sexual, escolaridade e idade, demarcaram limites e possibilidades na construção deste cuidado. Mesmo diante de tais delimitações, foi possível observar que as interlocutoras constroem uma espécie de bricolagem, onde as práticas de cuidado junto às/aos profissionais de saúde são articuladas a outras práticas de cuidado que se constroem junto às suas redes de apoio informais. Esta combinação de práticas de cuidado tem possibilitado que as interlocutoras possam gerir seus desafios cotidianos com menos sofrimento, diminuindo a necessidade de recorrer ao uso de drogas como um anestésico da vida. Tais resultados apontam para a importância da implementação e valorização de práticas decoloniais nos serviços de saúde, tais como a promoção do empoderamento e da construção de coalizões através de reconhecimentos mútuos, o apoio ao livre exercício das religiões, assim como a construção conjunta de outras atividades que levem em consideração as matrizes de opressão que atravessam as existências das mulheres, especialmente as mulheres negras, e a necessidade de produzir autonomia com liberdade e equidade, na contramão da colonialidade do gênero. Por fim, destaco a importância da construção do conhecimento no que tange ao uso de perspectivas femininas negras e decoloniais dentro do campo da Saúde Coletiva. Tal construção do conhecimento é fundamental para o cuidado em saúde mental, para a Reforma Psiquiatra Brasileira e para o fortalecimento de uma luta que pode se tornar antimanicolonial.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - EMILIANO DE CAMARGO DAVID - UFRJ
Externa ao Programa - 3243259 - ANA PAULA DOS REIS - nullExterna à Instituição - ANGELA LUCIA SILVA FIGUEIREDO - UFRB
Interna - 1273026 - LENY ALVES BOMFIM TRAD
Presidente - 1349800 - MONICA DE OLIVEIRA NUNES DE TORRENTE
Notícia cadastrada em: 23/07/2024 16:27
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