Os homens transsexuais que preservam seus órgão reprodutivos mantêm a capacidade de gestar e parir.
Apesar dos desafios, cada vez mais esses veem na gestação um meio de ser tornarem pais. Pensando nas
necessidades específicas relacionadas à fertilidade, concepção, gravidez, parto e pós-parto neste grupo de
pessoas e na escassez da literatura, este estudo tem como objetivo conhecer as vivências dos homens
transsexuais com o ciclo gravídico puerperal. Para isso, busca-se realizar uma pesquisa qualitativa e
exploratória, na qual será desenvolvida com homens transsexuais brasileiros que tiveram aos menos uma
experiência de gravidez, após identificar-se como transsexual masculino. A identificação dos potenciais
entrevistados será realizada por meio de contato com coletivo de “De Transs Pra Frente”, coletivo
formado por ativistas trans em Salvador e exploração em sites e mídias sociais como Facebook,
Instagram e Youtube. A coleta de dados ocorrerá por meio de entrevistas online usando o software de
videoconferência (Google Meet) e os primeiros homens transsexuais contactados indicarão outros homens
transsexuais que passaram pelo processo de gestação (Técnica Bola de Neve). Os dados obtidos serão
submetidos à análise de conteúdo proposta por Bardin. Espera-se que os resultados deste estudo forneçam
elementos para a construção de dois artigos científicos e de uma Cartilha de Orientação à Saúde Perinatal
dos Homens Transsexuais direcionada aos profissionais de saúde, com vistas a proporcionar um melhor
direcionamento na atenção a saúde perinatal deste público.

O impacto multidimensional da dislexia pode afetar não somente o desempenho em
leitura, mas também o desenvolvimento emocional, o ambiente familiar e as percepções
que a criança tem sobre si mesma. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos de uma
intervenção cognitivo-comportamental de orientação de pais para o ambiente familiar e
o bem-estar de crianças com dislexia. Essa dissertação faz parte da conclusão do
Mestrado Profissional em Psicologia da Saúde na linha de pesquisa Desenvolvimento
Humano e Práticas Educativas na Saúde e é composta por três artigos independentes.
Artigo 1: Revisão sistemática da literatura para investigar as evidências já produzidas
no Brasil sobre o efeito de programas de intervenção para manejo comportamental
realizados através da orientação de pais ou professores. Os resultados apontaram que os
programas de intervenção analisados foram eficazes para o manejo de problemas de
comportamento de crianças em casa e na escola, porém na literatura nacional há uma
escassez de pesquisas nessa área que apresentem delineamento de comparação de
grupos intervenção e controle o que aumentaria a confiabilidade nos resultados dos
programas de orientação desenvolvidos. Artigo 2: O objetivo do segundo artigo foi
investigar a relação do clima familiar na percepção de bem-estar de crianças com
dificuldades persistentes de aprendizagem da leitura. Participaram da pesquisa 36
crianças do 2º ao 6º ano do ensino fundamental. Foram realizadas análises de correlação
de e regressão linear múltipla para análise dos resultados. Houve correlação negativa,
significativa e com tamanho de efeito moderado entre a percepção do clima familiar
negativo com o desempenho em leitura de pseudopalavras (r = - 0,36; p < 0,05); e
correlação positiva, significativa e moderada-forte entre o Clima Familiar Positivo e a
percepção do Self Comparado (r = 0,40; p < 0,05). O clima familiar foi um preditor
significativo da percepção do Self Comparado das crianças (R = 0,40; p < 0,01). Artigo
3: Neste artigo o objetivo foi investigar os efeitos de um programa de orientação

parental para redução de problemas de comportamento infantis e qualidade de vida,
adaptado para pais e mães de crianças com dislexia. O programa teve duração de oito
sessões e baseou-se no modelo de intervenção cognitivo-comportamental de
treinamento de pais. Participaram do programa quatro mães, quatro pais e suas
respectivas crianças, todas com diagnóstico de dislexia. Os participantes responderam
instrumentos para avaliação do clima familiar, inteligência, desempenho em leitura,
qualidade de vida e problemas de comportamento infantis, antes e após a intervenção.
Os resultados foram analisados pelo Método Jacobson e Truax (JT) e o Índice de
Mudança Confiável calculado apontou que as modificações encontradas pós-teste
podem ser atribuídas ao programa de intervenção proposto, demonstrando sua
aplicabilidade clínica. Além dos artigos, os produtos dessa dissertação foram: a) O
programa de intervenção parental para pais/responsáveis de crianças com dislexia; b)
Um curso de curta duração com base no modelo do programa de intervenção proposto,
selecionado no Edital de Chamada de Apoio à Extensão na Pós-Graduação 2023; c)
Dois recursos lúdicos desenvolvidos, utilizando programação e robótica educacional
com objetivo de auxiliar em intervenções clínicas e pedagógicas para estimular
habilidades de leitura em crianças com ou sem dificuldades de aprendizagem.

A violência contra crianças e adolescentes é considerada como um problema de saúde pública, afetando famílias e comunidades. São várias as implicações que podem ocorrer no âmbito do desenvolvimento social, cognitivo e psicológico desses sujeitos, a curto e longo prazo. Na busca pela garantia da proteção integral dessa população e pensando no baixo acesso ao acompanhamento psicoterapêutico individual no serviço público, este trabalho apresenta uma proposta de intervenção através da modalidade de Psicoterapia Breve para crianças e adolescentes vítimas de violência no município de Vitória da Conquista, Bahia. Para isso, realizou uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório-descritivo, na qual desenvolveu uma análise documental por meio  de um levantamento dos casos de violência no município com base nos dados das notificações registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), acrescida de uma pesquisa bibliográfica, por meio de revisão integrativa de literatura sobre as propostas de acompanhamento psicológico para crianças e adolescentes vítimas de violência, com ênfase em práticas de Psicoterapia Breve. Com vistas a conhecer as práticas de políticas públicas de saúde mental voltadas às crianças e aos adolescentes vítimas de violência em Vitória da Conquista - Bahia foi realizada uma entrevista com a coordenadora administrativa de um Programa de Extensão da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Espera-se com este estudo contribuir com a efetividade das medidas de cuidado à saúde dessa população, propiciando uma melhoria do atendimento a partir da tomada de decisão contextualizada à realidade local e reflexões sobre as práticas, além de colaborar com os planejamentos de estratégias de enfrentamento e propostas de políticas públicas voltadas ao público infantojuvenil realizadas no município, buscando lhes assegurar a garantia ao cuidado em saúde. 

O presente projeto tem como objetivo compreender o papel das interações familiares no desenvolvimento socioemocional de adolescentes surdos. Método: O delineamento do estudo é qualitativo, transversal e de caráter exploratório. Os participantes da pesquisa serão adolescentes entre 12 e 18 anos, filhos de pais ouvintes do município de Vitória da Conquista-BA. Como critérios de inclusão, serão considerados o nível de perda auditiva, o momento da vida em que ocorreu a perda e a composição familiar de adolescentes filhos de pais que não sejam deficientes auditivos. Não serão incluídos na amostra adolescentes surdos com deficiência intelectual, surdo cegos ou que façam uso de tecnologias de apoio como amplificadores ou próteses auditivas. Instrumentos: será aplicado um questionário sociodemográfico com o objetivo de caracterização da amostra e entrevista semiestruturada individual abordando temas da percepção do adolescente sobre as interações comunicacionais e sua competência no reconhecimento, expressão, uso e regulação das emoções em si e nos outros. Como resultado, pretende-se fomentar discussões sobre o papel das línguas gestuais no desenvolvimento de crianças e adolescentes surdos e de intervenções adequadas no campo da saúde, assim como de políticas públicas eficientes e adequadas às necessidades da comunidade surda nesses espaços.

Introdução: No nascimento de uma criança surda se estabelece uma diferença fundamental no modo como a comunicação acontece entre ela e seus pares ouvintes. A longo prazo, a forma como a deficiência auditiva é abordada pode implicar em prejuízos ao desenvolvimento da linguagem e de áreas que dependem da comunicação para acontecer. O presente estudo objetivou compreender o papel das interações familiares no desenvolvimento socioemocional de adolescentes surdos. Metodologia: Considerando o proposto, a pesquisa se orientou por uma metodologia qualitativa, transversal e de carácter exploratório. Participaram da pesquisa quatro adolescentes entre 12 e 18 anos, fluentes em Língua Brasileira de sinais e filhos de pais ouvintes do município de Vitória da Conquista- BA. Como critérios de inclusão, foram considerados o nível de perda auditiva, o momento da vida em que ocorreu a perda e a composição familiar considerando adolescentes surdos filhos de pais ouvintes. Não foram incluídos na amostra adolescentes surdos com deficiência intelectual, surdo cegos ou que façam uso de tecnologias de apoio como amplificadores ou próteses auditivas. Como instrumentos, foram utilizados um questionário sociodemográfico para caracterização da amostra e uma entrevista semiestruturada individual abordando temas da percepção do adolescente sobre as interações comunicacionais na família e sua relação com competências de reconhecimento, expressão, uso e regulação das emoções em si e nos outros. As entrevistas foram registradas em áudio e vídeo e o conteúdo transcrito, tabulado e analisado a partir da Análise de Conteúdo de Bardin (2011) Resultados: Foram identificadas quatro categorias e cinco subcategorias, a saber: 1. Modos de comunicação e 2. Competências emocionais. Como subtópicos decorrentes das dimensões das competências emocionais, foram identificadas as dimensões: 2.1. Identificação das emoções; 2.2. Expressão emocional e 2.3 Regulação emocional. Discussão: A língua media as interações comunicacionais que possibilitam o desenvolvimento de habilidades importantes ao longo da vida. Para pessoas surdas usuárias da Libras, a característica gestovisual da língua de sinais favorece a identificação precisa das emoções a partir do reconhecimento de expressões faciais e pistas contextuais. Entretanto, o aprendizado tardio da língua e o contato restrito com referenciais surdos prejudica o desenvolvimento de um vocabulário adequado para a diferenciação e expressão satisfatória das emoções. Como consequência, a regulação emocional da pessoa surda pode ser prejudicada. Considerações finais: Com os dados analisados foi possível desenvolver os seguintes produtos: (1) Artigo de revisão narrativa da literatura; (2) Artigo de Relato de pesquisa empírica; (2) Proposta de grupo para orientação parental e apoio de pais ouvintes com filhos surdos. O estudo esteve alinhado aos objetivos do Programa de Pós Graduação em Psicologia da Saúde (PPGPS) ao identificar demandas e necessidades em saúde no âmbito individual e coletivo. Seu produto, propõe o desenvolvimento de práticas educativas de educação em saúde, estando em consonância com o programa e critérios da CAPES. Além disso, contou com a participação de alunos da graduação voluntários e bolsistas ao longo da execução, possibilitando a integração entre alunos da graduação e pós graduação.

Este estudo está inserido na área de Pesquisa: Desenvolvimento Humano e Práticas Educativas em Saúde e teve como objetivo geral compreender como o puerpério e a transição para a parentalidade interferem na vivência da conjugalidade. Para alcançar esse objetivo, o presente trabalho foi realizado em formato Multipaper, composto por três etapas. A primeira foi a elaboração de uma uma revisão integrativa da literatura com as evidências científicas dos últimos dez anos sobre a vivência da conjugalidade no puerpério. Em seguida, realizou-se um estudo de campo envolvendo três casais heterossexuais que estavam atravessando o puerpério. Teve como objetivo geral identificar quais são as situações estressoras e desafios vividos por casais durante o puerpério. Os dados foram coletados por meio de um questionário semiestruturado e as entrevistas ocorreram presencialmente na cidade de Vitória da Conquista-BA. Os dados foram analisados de acordo com a análise do discurso proposta por Bardin, e as categorias identificadas foram analisadas a partir da perspectiva ecossistêmica. Foram identificadas as seguintes categorias temáticas: 1) O microssistema - Mãe com ela mesma, com o bebê e com a parceria; 2) O Mesossistema – Famílias de Origem, Profissionais de Saúde, Trabalho e Rede de Apoio Ampliada; 3) O Exosistema – Cultura Obstétrica e Via de Parto; 4) O Macrossistema – Cultura e Sociedade; 5) O Cronossistema – A Pandemia. Os resultados evidenciam a experiência multifacetada que é a vivência da conjugalidade em situação de puerpério. Um processo que é influenciado por uma interação de fatores individuais, familiares, sociais e culturais. A terceira etapa foi a elaboração de um Produto Técnico e Tecnológico: o "Guia de Orientação Prática ao Puerpério". Esse Guia foi desenvolvido a partir das reflexões provocadas nas fases anteriores desta pesquisa. Tem como objetivo oferecer informações e orientações práticas aos casais que estejam atravessando o puerpério, além de servir também para os profissionais de saúde que trabalhem com esse público e outros interessados na temática.

TÍTULO: Proposição de um Guia para Plantão Psicológico na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) em um Serviço-Escola de Psicologia. INTRODUÇÃO: Considerando as características interventivas presentes no Plantão Psicológico e seu caráter formativo com sua presença em Serviços-Escola, pressupõe-se que tal serviço pode ser adotado segunda uma abordagem terapêutica cognitiva-comportamental. Porém, ainda são incipientes estudos sobre a atuação deste serviço com nessa abordagem. A pergunta-problema é: quais as implicações mútuas do Plantão Psicológico à TCC? OBJETIVOS: Elaborar um Guia de práticas cognitivo-comportamentais em Plantão Psicológico para um Serviço-Escola de Psicologia, seguindo os objetivos específicos de: Descrever os aspectos teóricos-metodológicos da Terapia Cognitivo-Comportamental que foram implicados em um Plantão Psicológico; Analisar intervenções cognitivo-comportamentais que foram empregadas nesse serviço. METODOLOGIA: A metodologia adotada será a pesquisa retrospectiva documental, de caráter misto (quantitativo-qualitativo). Serão utilizados registros documentais de atendimentos em Plantão Psicológico que utilizaram a abordagem teórica da Terapia Cognitivo-Comportamental (Prontuário e Ficha Mensal de Evolução de Prontuário). As categorias de análise utilizadas nos Prontuários serão: estado civil, gênero, idade, religião, cor/etnia, escolaridade e fonte encaminhadora. Referente à Ficha Mensal, verificará: quantidade de sessões, duração da sessão, queixa, demanda, intervenções realizadas, instrumentos psicológicos, motivos do encerramento, encaminhamentos e a descrição sintetizada do(s) atendimento(s). Para os tipos de dados quantitativos, será utilizado o software estatístico SPSS version 25.0, seguindo para análises descritivas (frequência, médias e percentagens) com análise inferencial e visualização dos resultados. Para a análise dos dados qualitativos, será utilizado a análise de conteúdo temática e frequencial de Bardin. RESULTADOS ESPERADOS: Ao final da pesquisa, pretende-se que seus resultados auxiliem na construção do guia proposto, oferecendo suporte à tomada de decisão dos: gestores, ao compreender as características da clientela e possíveis aprimoramentos dos prontuários; docente supervisores e discentes estagiários que pretendem aplicar este tipo de serviço com suporte teórico-prático, utilizando de arcabouço científico e contextualmente informados.

A condição pós-covid-19, doença em pessoas que se recuperaram da COVID-19, mas ainda relatam efeitos duradouros da infecção persistindo por semanas ou meses após a infecção por COVID-19 pode desenvolver sintomas psicológicos persistentes e de longo prazo. Muitos profissionais de saúde infectados referem comprometimento cognitivo, insônia, depressão, ansiedade, falta de ar, esgotamento, burnout, TEPT tem sido associado às implicações para a saúde física e mental. Ademais, no cenário pandêmico, associou-se a pressão física e psicológica, com sinais de estresse ocupacional, dentre outras causas de sofrimento mental. Neste sentido, intervenções psicológicas voltadas aos profissionais da saúde desempenham um papel crucial para lidar com as implicações na saúde mental em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Contudo ainda são incipientes os estudos que propõem instrumentos para monitoramento das repercussões da pandemia e da condição pós-covid-19 em profissionais de saúde.  Os estudos localizados restringem-se a organização de respostas assistenciais de acordo com a gravidade da doença, a prestação de cuidado a usuários. Assim esse estudo objetivou identificar e analisar evidências da literatura científica e elaborar uma intervenção para o rastreio e monitoramento psicossocial para implicações da pandemia e da condição pós-covid-19 em profissionais de saúde que atuam no âmbito hospitalar. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa e descritiva, que contemplou duas etapas de revisão de síntese integrativa, um estudo metodológico e um produto técnico. Os resultados foram apresentados e discutidos conforme os artigos e produto derivado: O primeiro artigo trata-se de uma síntese rápida de evidências científicas intitulado “Determinantes para repercussões na saúde mental de profissionais de saúde hospitalar na pandemia da COVID-19“ e buscou identificar os  fatores condicionantes e determinantes do sofrimento psíquico dos profissionais de saúde que atuam na linha de frente no ambiente hospitalar, ante a reorganização do processo de trabalho no contexto da pandemia da Covid-19. No segundo artigo denominado “Síntese de intervenções psicológicas e psicossociais para profissionais de saúde hospitalares no contexto pós-covid-19 e com condição pós- covid-19” objetivou identificar e sistematizar intervenções psicológicas e psicossociais direcionadas a profissionais de saúde hospitalares no contexto pós-covid e aqueles com condição pos-covid-19. O terceiro artigo “proposição de intervenção psicológica e psicossocial para profissionais de saúde hospitalares com  condição Pós-Covid-19” sintetiza, a partir das intervenções identificadas na literatura científica, os aspectos prioritários para o acompanhamento psicológico de profissionais de saúde com a Condição pós-covid-19 que atuam no contexto hospitalar. E, por fim, de forma complementar, os artigos científicos fornecem subsídios teóricos para estabelecer e refinar o produto técnico derivado da pesquisa que constitui um “Check-list para rastreio e monitoramento psicossocial dos profissionais de saúde hospitalares com a Condição pós-covid-19”. Essa dissertação possibilitou a sistematização de estratégias para acompanhamento psicossocial de profissionais de saúde hospitalares e a construção de instrumento especifica. A metodologia ao contemplar várias etapas, permitiu maior compreensão das intervenções que vêm sendo desenvolvidas contribuindo para adequação do cuidado aos profissionais de saúde no contexto hospitalar. Além disso, corrobora com as discussões científicas em torno do acompanhamento psicológico pós-Covid-19, um tema ainda escasso na literatura e prática dos sistemas de saúde na atualidade.

Esta dissertação teve como objetivo central identificar as relações entre indicadores de saúde mental (afetividade negativa), de síndrome de burnout, de satisfação no trabalho e de política de gestão de pessoas, de modo a propor um modelo explicativo de síndrome de burnout para servidores de uma Instituição de Ensino Superior pública federal. Participaram do estudo 180 servidores públicos federais (docentes e técnicos administrativos). Foram utilizados instrumentos multidimensionais: Escala de Satisfação no Trabalho – EST, Maslach Burnout Inventory –MBI, Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse - DASS 21, Escala de Práticas de Gestão de Pessoas – EPGP Pública, bem como variáveis sociolaborais. Este trabalho permitiu o desenvolvimento de dois artigos e um relatório técnico. O primeiro deles buscou compreender o fenômeno saúde mental no contexto de trabalho das Instituições de Ensino Superior, a partir de uma revisão sistemática da literatura, que analisou as publicações nacionais no período entre 2011 a 2021. No artigo empírico, foram analisadas as dimensões da síndrome de burnout que apresentaram associações significativas, negativas e positivas, e com diferentes magnitudes com as demais variáveis do estudo, as quais permitiu a elaboração de um modelo preditivo. Dentre elas, destaca-se a exaustão emocional, que apresentou correlação significativa, de forma positiva com afetividade negativa, tendo a maior variância compartilhada do estudo. A análise de regressão demonstrou que o modelo preditivo da exaustão emocional teve maior poder explicativo, selecionando a satisfação com a natureza do trabalho, satisfação com colegas e afetividade negativa como principais variáveis correlacionadas da previsão. O relatório técnico buscou apresentar as análises descritivas de cada categoria profissional (técnicos e docentes) e diferenças de grupos de modo a evidenciar as condições de trabalho específicas de cada categoria, bem como os indicadores de saúde mental, de satisfação no trabalho e da política de gestão de pessoas. Este projeto foi contemplado com edital de iniciação científica e contou com três alunos de graduação, bolsistas, durante o período de execução, permitindo uma maior integração entre a graduação e a pós-graduação. Por fim, destaca-se que o estudo traz uma importante contribuição de forma a evidenciar os indicadores de saúde mental, de satisfação no trabalho e de percepção da política de gestão de pessoas, para que os gestores possam desenvolver intervenções direcionadas à melhoria da qualidade de vida dos servidores públicos de Instituições Públicas Federais.

O cenário nacional, modificado em função da pandemia pela covid-19, também teve repercussão na assistência prestada a mulheres, durante o parto. Para além das sensações de medo, pânico e incertezas geradas por uma doença, ainda pouco conhecida, gestantes foram um dos últimos grupos a serem incluídos como público de risco, acometidos pela doença, sendo dado maior enfoque, no país, e, no estado, após as primeiras mortes de puérperas. Anteriormente, a preocupação foi, prioritariamente, direcionada às gestantes de alto risco. Paralelo a tudo isso, permeou também, em gestantes e puérperas, o receio sobre a transmissão vertical e sobre o risco de realizar a amamentação. Diante desse contexto, percebeu-se relevante investigar, os impactos da pandemia em puérperas que pariram durante o período crítico, inicial, de disseminação da doença, no país, compreendido entre os meses de março e maio, do ano de 2020. Esta pesquisa tem o intuito de descrever e analisar como seu deu a assistência ao parto na Bahia, a este público, neste período.

Os leitores encontrarão aqui uma Psicologia da Saúde posta à prova. Ou melhor, aberta ao exercício de descentralização do bem-estar humano. Trata-se de uma Psicologia da Saúde mais democrática no entendimento sobre o que importa, sobre interações, afetos e na construção de um “comum”, que nada tem a ver com a luta pela igualdades entre os homens (direitos humanos) em uma situação dada. A partir da análise de políticas de saneamento básico em áreas rurais, mais precisamente no sudoeste baiano, busca-se lançar a Psicologia da Saúde no movimento mundial da “virada ontológica” que se configura em uma crítica ao método empregado em ciência moderna da separação entre natureza x cultura, sujeito x objeto, e no caso das ciências humanas, a centralidade das análises no protagonismo humano. Ela parte da pergunta: O que a Psicologia da Saúde sob “virada ontológica” pode contribuir para pesquisas em saneamento básico em áreas rurais? E conclui que uma outra Psicologia da Saúde é possível: aberta a descentralização do humano, ou se preferirem, a uma (re)composição de seu objeto. Esta dissertação faz parte da linha de pesquisa 1: Práticas Clínicas e Saúde Mental e tem como produto técnico um vídeo técnico para os gestores de programas de saneamento básico. Ela foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas para Seres Humanos do Instituto Multidisciplinar em Saúde da Universidade Federal da Bahia (CEP-IMS/UFBA), via Plataforma Brasil, sob parecer número 5.826.940.

Verificando a alta incidência do fenômeno da procrastinação no espaço acadêmico, o que costuma ser conceituado como Procrastinação Acadêmica, esta dissertação se vincula ao objetivo, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Federal da Bahia, de identificar novas demandas e necessidade de saúde nos âmbitos individuais e coletivos. Este trabalho parte da hipótese de que é possível estabelecer uma leitura e compreensão do fenômeno da procrastinação acadêmica a partir de um referencial humanista, baseado nos aportes de Carl Rogers, e fenomenológico empírico, a partir dos procedimentos de Amedeo Giorgi. Para tanto, objetivou-se analisar o fenômeno da procrastinação acadêmica a partir da Psicologia Humanista Centrada na Pessoa, seguindo pelos objetivos específicos de: fundamentar a experiência de procrastinação acadêmica segundo a perspectiva humanista rogeriana; compreender o fenômeno da procrastinação acadêmica, segundo uma perspectiva fenomenológica empírica aplicada com quatro estudantes do ensino superior em Vitória da Conquista, Bahia. A partir da fundamentação teórica humanista rogeriana, construiu-se uma leitura da procrastinação pela via da organização, desorganização e reorganização da personalidade, favorecendo um entendimento da procrastinação acadêmica como um mecanismo de defesa que sinaliza incongruências. Na busca por uma compreensão fenomenológica empírica da experiência da procrastinação acadêmica, encontrou-se quatro categorias que sinalizam a compreensão das experiências visitadas: a Procrastinação no ambiente educacional; manifestações de angústia e ansiedade na procrastinação; dificuldades e estratégias para lidar com a procrastinação; elementos contextuais que influenciam a procrastinação. Nestes eixos são: descritos modos de surgimento da procrastinação no universo dos sujeitos; relatados sensações e comportamentos que sinalizam manifestações desse sofrimento; citados comportamentos utilizados para enfrentamento; feitas aproximações com elementos contextuais, que se conectam à procrastinação acadêmica. O trabalho como um todo apresenta dados que podem funcionar como base para interlocuções com novas pesquisas empíricas ou teóricas, como também pode dar base para a construção de serviços aplicados para o cuidado à população universitária em procrastinação acadêmica.

A pandemia COVID-19 gerou impacto mundial para a área da saúde principalmente durante o período de isolamento social, tendo ocasionado de forma inesperada a urgente adequação dos mais diversos serviços de saúde para o atendimento à distância. Diante deste cenário, este estudo objetivou analisar os aspectos potenciais e restritivos subjacentes à utilização do telemonitoramento no Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência, localizado em Vitória da Conquista-Bahia. Para tanto, foram desenvolvidos dois artigos, sendo o primeiro voltado para pesquisa bibliográfica utilizando-se método exploratório-descritivo para descrever a trajetória do uso das Tecnologias de Comunicação e Informação no Brasil e elencar as diferentes formas de acompanhamento à distância destinadas ao público infantojuvenil durante o período pandêmico em serviços de saúde mental nacionais e internacionais. O segundo artigo apresenta, através de um estudo de caso de natureza qualitativa, a experiência do telemonitoramento realizado por profissionais da equipe multidisciplinar durante o ano de 2020, com usuários e seus cuidadores. Foram aplicados formulários online com os profissionais e realizados grupos focais com usuários do serviço, sendo um grupo com adolescentes e outro com familiares. Os resultados permitiram concluir que, embora existam limitações de acesso aos recursos tecnológicos e necessidade de melhor estruturação da proposta de telemonitoramento, foram encontrados benefícios no acompanhamento de usuários e seus familiares por meio do telefone, a saber: redução de filas de espera para atendimento, fortalecimento do vínculo entre usuários e técnico de referência, agilidade para resolutividade de situações comportamentais como manejo de crises, orientações sobre tratamento medicamentoso e construção da autonomia do paciente e seu cuidador com relação ao tratamento. Essa dissertação possibilitou a construção de um guia de boas práticas para implementação do telemonitoramento em serviços de saúde mental. Por fim, delineia-se que o telemonitoramento é um recurso potente que, somado ao atendimento presencial tende a ser uma estratégia promissora de cuidado nos serviços de saúde mental.

Esta dissertação se alinha a Linha de Pesquisa Práticas Clínicas e Saúde Mental do Mestrado Profissional em Psicologia da Saúde da Universidade Federal da Bahia. O estudo objetivou identificar evidências científicas e técnicas, para propor estratégias para identificação e monitoramento da saúde mental de trabalhadores com a Condição Pós-Covid-19 que atuam no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS). Trata-se de uma pesquisa com abordagem metodológica qualitativa, com delineamento descritivo e exploratório. A pesquisa foi realizada em duas etapas: 1. desenvolvimento de síntese de evidências científicas e técnicas sobre a Condição Pós-Covid-19. 2) proposição de boletim informativo, webinário e para proposição de identificação e monitoramento em saúde mental de usuários e trabalhadores com a Condição Pós-Covid-19 no âmbito da Atenção Primária à Saúde. Os resultados foram apresentados em artigos e produtos técnicos derivados. O primeiro artigo “Síntese de evidências científicas das estratégias de monitoramento da Condição Pós-Covid-19 na atenção primária” sintetizou estratégias para o monitoramento na Atenção Primária à Saúde (APS). O segundo artigo denominado “Síntese de recomendações para organização da atenção aos usuários com condição pós-covid-19 na Atenção Primária à Saúde” compilou proposições técnicas sobre o manejo de pessoas com a referida condição clinica na APS. O terceiro artigo intitulado “Recomendações para manejo clínico dos sintomas psicológicos da Condição Pós-Covid-19 na atenção primária”, objetivou identificar e sistematizar fluxos para o monitoramento da saúde, inclusive mental de usuários e profissionais de saúde. Tais produções derivaram um “Boletim Informativo para a Rede de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde da Associaçaõ Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)” que objetivou informar ‘o lugar da APS na oferta de cuidados a usuários e profissionais de saúde com sequelas pós-Covid-19’. Outro produto técnico consistiu em uma Webpalestra promovida pelo Telessaúde Bahia, como atividade de educação permanente em saúde, a distância, Mesa Redonda – Saúde do profissional de saúde e a condição pós-covid- 19: debate e reflexões necessárias, que apresentou resultados das evidências sobre estratégias ou recomendações para organização do cuidado aos usuários e trabalhadores de saúde com a Condição Pós-Covid-19 no âmbito da APS, suscitando o debate acerca do fluxo assistencial para os gestores e trabalhadores da Atenção Primária à Saúde. E, por fim, os subsídios teóricos permitiram refinar o Produto Técnico Tecnológico  intitulado: “Guia de instruções para identificação, monitoramento e encaminhamento de usuários e profissionais da saúde com a Condição Pós-Covid-19 na Atenção Primária à Saúde”, com objetivo de instrumentalizar o manejo dos casos e a implementação de fluxos operacionais por equipe multiprofissionais, para usuários ou  profissionais de saúde com sintomas persistentes, considerando as alterações multissistêmicas ocasionadas pela doença. Esta dissertação possibilitou a sistematização de evidencias, o delineamento de fluxos voltados à identificação rastreio e encaminhamentos de casos no âmbito da Atenção Primária em Saúde (APS), assim como, a transferência de resultados aos serviços e gestão do SUS.A metodologia ao contemplar várias etapas, permitiu maior compreensão das diretrizes e consensos contribuindo para adequação do cuidado aos usuários e profissionais de saúde no contexto da APS, um tema ainda escasso na literatura e na prática dos sistemas de saúde, especialmente locais, na atualidade.

O presente trabalho, inserido na linha de pesquisa 1 – Práticas clínicas e saúde mental, investigou o efeito do distanciamento social durante a pandemia de Covid-19 para adolescentes, resultando em recomendações de estretégias de promoção da saúde mental em ambiente escolar, na perspectiva da clínica ampliada. A adolescência é um período de intensas transformações biopsicossociais, atravessadas por aspectos socioculturais, que repercutem na construção de subjetividades. Impactos do distanciamento social na saúde mental dos adolescentes têm sido descritos, com aumento da prevalência de transtornos mentais, deficiências de aprendizado, aumento das desigualdades e abandono escolar. Esta pesquisa objetivou analisar os desafios enfrentados pelos adolescentes no retorno escolar presencial após a flexibilização das medidas restritivas decorrentes da pandemia de Covid-19 e as consequências atuais, bem como as estratégias desenvolvidas por eles e pela instituição escolar para lidar com as dificuldades encontradas. Foi realizado um estudo exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa, a partir da metodologia de grupos focais, adequada para incentivar o diálogo e a expressão de sentimentos e o compartilhamento de opiniões, levando à busca por soluções e propostas de ação para problemas comuns. O estudo foi realizado em uma escola de ensino médio estadual em Irecê - BA, com a participação de um grupo de 10 adolescentes, entre 15 e 18 anos. A análise de conteúdo, de tipo categorial temática, resultou em quatro categorias: 1. Desafios pandêmicos: o encontro com o inesperado; 2. Implicações no processo ensino-aprendizagem; 3. Implicações na saúde mental adolescente; 4. Saúde Mental Escolar. Observou-se que a pandemia impactou sobremaneira a percepção dos participantes sobre o processo de adolescer, os quadros de saúde mental desses jovens, seus processos de ensino-aprendizagem e de socialização, com repercussões ainda vigentes, demandando intervenções em saúde mental e acompanhamentos específicos da aprendizagem. Participantes relataram que o retorno ao ambiente escolar ocorreu sem planejamento ou suporte em saúde mental, contrastando com a realidade de alunos que retornavam ansiosos, confusos, com dificuldades de socialização e de concentração e com defasagem na aprendizagem. Considerou-se, portanto, a importância da preparação da comunidade escolar para lidar com as demandas emocionais no pós-pandemia. Nota-se a relevância da implementação de políticas de saúde mental escolar universalizadas e institucionalizadas, bem como a presença do psicólogo escolar para promover a saúde mental nesse contexto. Como produto final da pesquisa, elaborou-se um Relatório Técnico Conclusivo disponibilizado para a instituição participante para devolutiva e recomendações para promoção da saúde mental em contexto escolar.

As Oficinas Terapêuticas (OTs) são uma das principais tecnologias de cuidado desenvolvidas no âmbito da reforma, pensadas como meio de promover inovações nas formas de cuidar e produzir processos de subjetivação. No presente momento, os CAPS e as oficinas vêm sofrendo processos de precarização na sua assistência. Há escassez de produções científicas que discutam as OTs e as diferentes formas de condução das atividades, sobretudo nos interiores do Brasil. Considerando este cenário, o presente estudo tem como objetivo geral discutir a utilização de recursos artísticos como estratégia de cuidado em uma oficina terapêutica em um serviço de saúde mental do tipo CAPS II, localizado no município de Jequié-Bahia, tendo sido desenvolvido no Mestrado Profissional em Psicologia da Saúde (IMS/UFBA), na linha de pesquisa Práticas Clínicas e Saúde Mental. Como objetivos específicos buscou-se: 1. Revisar bibliograficamente as produções acerca de oficinas terapêuticas com recursos artísticos em CAPS; 2. Construir coletivamente com os usuários do serviço uma oficina terapêutica com recursos artísticos; 3. Investigar o processo de implementação de uma OT que faz uso de recursos artísticos; 4. Analisar o que dizem os usuários sobre a experiência com arte na OT; 5. Elaborar juntamente com os usuários um produto final sobre os recursos artísticos a partir de um processo de pesquisa-ação. Em sua introdução, apresentamos, de maneira breve, as nuances de produção do trabalho e da investigação com OTs através de uma pesquisa-ação, seguido pelas justificativas e apresentação das problemáticas que dão sentido ao estudo. Depois, explicita no segundo capítulo os conceitos teóricos basilares da investigação, bem como o estado da arte da produção atual sobre OTs com recursos artísticos, em uma reflexão crítica sobre os modos de condução encontrados na revisão bibliográfica de caráter integrativo. No Capítulo de Metodologia, realiza-se a descrição e síntese do percurso metodológico e as questões que motivaram suas escolhas. Optou-se pelo recurso investigativo da pesquisa-ação no presente estudo, que pode ser resumido em 4 etapas que ordenam seu ciclo investigativo: Reflexão, Diagnóstico, Ação e Avaliação. Para cumprir essas etapas, o estudo utilizou da observação participante para se familiarizar com o ambiente e participantes do estudo, ao mesmo tempo que produzia uma revisão bibliográfica para nortear o bordejamento desta questão. A etapa de reflexão levou à tomada de decisão de realizar o desenvolvimento de um plano de ação com OTs junto aos usuários em uma roda de conversa, em uma produção coletiva. O reconhecimento da necessidade de retorno das OTs para o CAPS aliado a problemática denunciada pelos usuários acerca da assistência prestada, com ausência de atividades terapêuticas, levou a construção de um plano de ação mesclando  8 OTs de diferentes modalidades, realizadas entre maio e agosto de 2023: OT de Corte e colagem de revistas, OT com recurso musical, uma OT que objetivou uma visita ao cinema e o consumo de uma produção cinematográfica, duas oficinas executadas em compartilhamento com profissionais do serviço, uma OT de pintura, uma OT de poesia e uma última OT de fotografia. Ao final foi realizada uma nova roda de conversa de caráter avaliativo. Os dados de pesquisa foram produzidos e analisados através de gravações e da produção de um diário de campo e interpretadas à luz da análise de conteúdo de Bardin. Os resultados e discussão encontraram três categorias importantes para a discussão sobre os modos de condução de OTs: Dispositivo de Subjetivação, Máquina de Louco e AçõesAmbivalentes Desconexas, que serão melhor explicitadas no capítulo 4. Por fim, nas considerações finais, apresentamos algumas reflexões sobre o percurso de pesquisa-ação em um processo de autocrítica, de forma a explicitar os limites e potencialidades logrados pela pesquisa-ação, bem como o seu aspecto longitudinal que situa a investigação agora em um novo momento, decorrente deste primeiro ciclo investigativo que nasce no programa de mestrado profissional em Psicologia da Saúde.. O último capítulo, Apontamentos para um porvir, sintetiza diretrizes para a realização de OTs. Ao final, nos apêndices será apresentado o produto final resultado de um processo de OT construído coletivamente com os usuários.

Essa dissertação é dividida em três estudos, cujo eixo central é a atuação da psicologia nas Unidades de Terapia Intensiva junto aos pacientes que fizeram uso de Ventilação Mecânica Invasiva. Essa ferramenta é utilizada como principal suporte para o tratamento de pacientes graves com insuficiência respiratória aguda ou crônica agudizada, porém desencadeia estressores e reações emocionais adversas, tanto no seu período de uso como na fase do desmame ventilatório. Com a pandemia da Covid-19, houve um aumento da necessidade do uso da ventilação mecânica e a participação mais ativa da psicologia no atendimento desses pacientes hospitalizados e seus familiares. Dessa forma, essa pesquisa apresentou os seguintes objetivos: analisar a vivência hospitalar e os aspectos emocionais envolvidos na perspectiva dos pacientes internados que fizeram uso da ventilação mecânica; desenvolver um protocolo de atendimento psicológico aos pacientes submetidos à ventilação mecânica; e elaborar uma proposta de protocolo de atendimento psicológico para pacientes com Covid-19 em processo de desmame ventilatório. Utilizou-se a abordagem qualitativa, o método da pesquisa-ação e a análise de conteúdo. As técnicas de coleta de dados empregadas foram a entrevista semiestruturada com cinco psicólogos hospitalares e oito pacientes internados, bem como a observação participante com seis pacientes em desmame ventilatório, em que a psicóloga-pesquisadora realizou intervenções psicológicas e as registrou em roteiro de campo. O local pesquisado é um hospital geral público localizado em um município de médio porte da região Nordeste, cujo espaço possui quarenta leitos de UTI adulto. O primeiro estudo aponta que a vivência de pacientes submetidos à ventilação mecânica é percebida de forma chocante, desagradável, angustiante e triste, porém o fisioterapeuta, o psicólogo, a família e a religiosidade surgiram como dispositivos importantes na redução da ansiedade. Foram identificadas também alterações significativas na memória, no pensamento, na sensopercepção e sonhos perturbadores. O segundo estudo apresenta como resultado um protocolo voltado ao paciente submetido à ventilação mecânica e se estrutura em nove etapas que abrangem o planejamento terapêutico, a avaliação e as possíveis intervenções psicológicas. O terceiro estudo proporcionou o aprimoramento e a adaptação de um protocolo de psicologia voltado especificamente aos pacientes com Covid-19 em desmame ventilatório, subsidiando principalmente o manejo da ansiedade, medo, solidão e estigma. Conclui-se que compreender a vivência dos pacientes hospitalizados, analisar a práticas de psicólogos intensivistas e propor instrumentos de intervenção podem favorecer uma melhoria na assistência psicológica
prestada no Sistema Único de Saúde.

A clínica humanista rogeriana traz o conceito de aconselhamento psicológico não diretivo como uma experiência subjetiva para todos que estejam envolvidos na relação terapêutica. Com base nas seis condições necessárias e suficientes para a mudança terapêutica de personalidade e nas doze fases características do processo terapêutico, ambos postulados por Carl Rogers, esta pesquisa, de delineamento qualitativo, teve como objetivo principal, através do método de pesquisa-ação, desenvolver uma prática de intervenção centrada na pessoa que proporcionasse mudanças de autoimagem corporal e autoestima. Para isso, foram realizados atendimentos psicoterapêuticos online. A busca dos participantes envolveu: 1) leitura de prontuários previamente cadastrados no Serviço de Psicologia Aplicada da UFBA, 2) seleção de prontuários com queixas relacionadas a insatisfação corporal e baixa autoestima e, 3) contato com os participantes e esclarecimento da proposta. A modalidade online foi definida como forma principal de intervenção por conta do momento de pandemia e isolamento social ocorrido entre 2020-2021. A clínica de Rogers tem como característica o atendimento ao público jovem-adulto, por isso os participantes, de ambos os sexos, necessariamente, deveriam ter treze anos ou mais, e terem necessariamente queixas relacionadas à insatisfação corporal. Foram realizados cinco atendimentos por cliente, com a possibilidade de mais cinco, caso fosse necessário. Ao final de cada atendimento houve um registro clínico descritivo das sessões e da evolução do cliente com a utilização do instrumento de Versão de Sentido (VS). Após realização de todos os atendimentos e da entrevista final, a partir do uso da análise fenomenológica empírica, foram definidas e discutidas quatro categorias de falas: 1- Fatores que levaram à busca por ajuda psicológica; 2- Significação negativa da experiência corporal; 3- Significação real da experiência de autoestima em relação ao corpo; 4- Efeitos do processo terapêutico em termos de mudança de atitudes com relação a percepção de si e de autocuidado. A partir da análise das respostas desenvolvidas pela entrevista semiestruturada é possível perceber que o método não-diretivo utilizando referencial rogeriano seja suficiente para dar conta da demanda sugerida. Além disso, ficou claro que as seis condições são necessárias e suficientes para realizar e desenvolver um processo terapêutico de contato e modificação de percepção de demandas relacionadas a problemas de imagem corporal e baixa autoestima e as doze fases características da relação terapêutica bem visíveis durante os processos.

O presente estudo propõe avaliar a prática de atendimento psicológico online de orientação gestáltica, mediante o ciclo investigação-ação, para questões de isolamento social. Partiu-se da hipótese de que a clínica gestáltica na modalidade online traria efeitos positivos às pessoas que vivenciaram o isolamento social devido à Covid-19 e observaram repercussões emocionais e psicológicos decorrentes dessa experiência. Os objetivos específicos foram formulados visando identificar as especificidades da clínica gestáltica virtual para pessoas em isolamento social, aprimorar uma prática de Gestalt-terapia online com pessoas em isolamento social e compreender experiências de isolamento social na perspectiva da Gestalt-terapia. A estratégia metodológica admitida foi a pesquisa-ação, que compreende um ciclo de identificação do problema, o planejamento da solução, sua implementação, seu monitoramento e a avaliação da sua eficácia. A intervenção em modelo de atendimento psicológico online foi essencialmente a fonte para coleta de dados ocorrida entre 2020 e 2021. Os resultados foram organizados apresentando um mapeamento dos movimentos do participante no processo trerapêutico e identificando as intervenções gestálticas voltadas para a prática clínica online de curta duração. Traçamos uma compreensão da experiência de isolamento social, da experiência dos atendimentos online e os efeitos gestalt-terapia de curta duração online. Com base nos registros de diário de campo e áudio das entrevistas, a análise de conteúdo dos achados apontou a importância de uma postura acolhedora, admitindo ampliação das formas de contato, a abertura, presença, inclusão, autenticidade e disponibilidade para com o cliente são elementos a serem destacados na postura do terapeuta, que facilitam a vinculação terapêutica no setting online. Identificamos não só movimentos dos participantes durante a intervenção, mas também estilos de ajustamento que possam influenciar na experiência de isolamento social. Evidenciamos que as pessoas que estiveram em isolamento social experimentaram uma mudança de rotina que intensificaram ou deram início a reações emocionais iniciais como medo, tristeza, aumento do estresse e solidão. Os efeitos da intervenção indicam movimentos de ampliação da percepção, desenvolvimento e crescimento, autonomia e autossuporte, diminuição do sofrimento e mudanças no fluxo da experiência. Dentre as intervenções que facilataram tais resultados é possível citar a apliação da awareness, heterossuporte, acolhimento, validação de sentimentos e facilitação a integração da experiência. Intervenções para manejo de crise foram necessárias em casos onde os sintomas físicos se mostraram como figura. Sendo assim, ponderamos sob uma perspectiva técnica que a Gestalt-terapia de curta duração na modalidade online mostra-se eficiente para lidar com as questões de isolamento social, salientando que questões sociais, políticas e econômicas influenciam nos resultados obtidos.

O nascimento prematuro representa um fator de risco para a sobrevivência do recém-nascido e demanda cuidados intensivos, ofertados pelas unidades de terapia intensiva neonatais (UTINs). Estes locais são necessários para a preservação da vida e para a promoção da melhora clínica do paciente, porém, a necessidade do internamento e as características do local podem provocar impactos psíquicos nos cuidadores principais dos bebês internados, o que demanda atenção profissional especializada. Este estudo teve como objetivo, investigar a percepção dos cuidadores principais de bebês internados em UTINs sobre a sua vivência na unidade, e sobre o modelo de assistência psicológica utilizado durante o internamento. Para alcançar este objetivo, foi conduzido um estudo de natureza qualitativa e exploratória, do qual participaram 12 cuidadores principais de bebês internados na UTIN, sendo 11 mães e 1 pai. Os instrumentos utilizados foram: um questionário sociodemográfico e uma entrevista semiestruturada, com questões que abordaram as emoções e impressões dos participantes ao longo do internamento. As entrevistas foram analisadas através da técnica da análise de conteúdo, a partir da qual foram levantadas as seguintes categorias temáticas: 1) Sensações e sentimentos dos cuidadores; 2) Impressões ao longo do internamento; 3) Acompanhamento psicológico. Os resultados demonstraram a preponderância de sentimentos como medo, angústia, tristeza e desespero, acentuados nos momentos subsequentes à admissão. Paralelamente, também foram evidenciados sentimentos como alegria, felicidade, esperança e sensação de alívio, relacionados ao fato de o bebê estar recebendo o tratamento necessário, através do internamento. Mudanças nas impressões dos cuidadores ao longo do processo foram observadas, sobretudo nos casos em que houve melhora clínica do paciente. Nesses casos, a sensação de confiança dos participantes ficou evidenciada. O estudo apontou o predomínio da percepção positiva acerca do cuidado prestado pela equipe de saúde da UTIN, o que colaborou para a estabilidade emocional dos entrevistados. O acompanhamento psicológico oferecido na unidade, embasado no modelo desenvolvido para este estudo, foi considerado um elemento promotor de apoio e acolhimento, que auxiliou na redução das tensões emocionais narradas pelos cuidadores. Evidenciou-se que os atendimentos foram relevantes para alcançar melhorias na experiência dos acompanhantes dos recém-nascidos da UTIN e para fortalecer a segurança e confiança destes sujeitos no tratamento dispensado. Esta pesquisa mostra-se relevante por oferecer contribuições ao campo de estudo, devido à escassez de material publicado no Brasil, referente a esta temática; pelas reflexões levantadas e por possibilitar intervenções psicológicas com vistas à promoção da saúde psíquica de cuidadores principais de neonatos prematuros hospitalizados. 

O período perinatal é permeado de expectativas quando ao parto e a vivência da gestante com
o bebê, sobretudo para mulheres primíparas, que estão vivenciando pela primeira vez a
iminência do nascimento de um filho. De acordo com a literatura, é comum observar
perturbações psicológicas como stress, medo, ansiedade e depressão durante o período
perinatal e sobre estes distúrbios podem ser agravados por fatores e situações externas, como
a Pandemia causada pelo Covid-19. Como estratégia de prevenção e assistência a essas
mulheres pode-se lançar mão da educação perinatal como um modelo de cuidado em saúde
mental para as gestantes. Nesse sentido, este trabalho teve o objetivo de propor uma
intervenção com uma ferramenta de treinamento mental, a partir de um programa multimodal
de educação perinatal. Participaram da pesquisa 104 gestantes primíparas que foram avaliadas
as variáveis que impactam diretamente na experiência do parto por meio da aplicação de um
pré e pós-teste após os encontros on-line realizados e comparamos os dados encontrados após
a intervenção tendo a escala do medo do Covid-19 como um parâmetro para comparar os
resultados. Para avaliar as participantes em relação ao impacto do programa no medo,
ansiedade, depressão e stress, foi utilizado o teste estatístico Reliable Change Index (RCI),
além de tratamento descritivo dos dados. Como principal resultado, observou-se que as
expectativas criadas durante a pandemia, influenciadas pelo medo e sensação de insegurança
com esse cenário, repercutiram negativamente na experiência do parto. Por outro lado, experiências negativas de parto explicam parte dos sintomas de ansiedade e depressão pós-parto Como produtos desse
estudo, foram desenvolvidas 07 escalas psicométricas para o contexto brasileiro que poderão
ser usadas pela comunidade científica para avaliar as gestantes e preparar intervenções de
cuidado e assistência durante esse período gestacional.

O desejo pela parentalidade é considerado um dos mais universais, sendo parte do projeto de vida da maioria das pessoas. A impossibilidade de gestar ou possíveis complicações nesse processo é capaz de gerar uma complexa crise envolvendo as dimensões biológica, psíquica e social do indivíduo. Diante dos diversos impactos que a infertilidade pode produzir se faz necessário salientar que o direito à procriação é garantido pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei 9.263/96 do Planejamento Familiar. Ao Estado Brasileiro cabe a disponibilidade de recursos que possibilitem ao cidadão alcançar a concepção por meios seguros. Nesse cenário, a Atenção Básica tem a importante função de realizar o diagnóstico e tratamento iniciais, além de desenvolver ações destinadas à promoção da saúde reprodutiva. A presente dissertação, de caráter exploratório-descritivo, teve a finalidade de analisar a compreensão dos profissionais da Estratégia Saúde da Família do município de Vitória da Conquista – BA a respeito da assistência em Planejamento Reprodutivo destinada à infertilidade, no contexto da Atenção Básica. Para tanto, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com nove participantes atuantes em equipes de saúde da família, referentes às profissões da enfermagem, técnico em enfermagem, medicina e agente comunitário de saúde. O tratamento dos dados ocorreu através da análise de conteúdo temática dos relatos dando origem a seis categorias: significados do planejamento reprodutivo; concepções a respeito da infertilidade; impactos biopsicossociais da infertilidade; como o cuidado destinado à infertilidade é ofertado no contexto da Estratégia Saúde da Família; percepções sobre o papel da Atenção Básica na assistência à infertilidade; o sexo masculino e o feminino nas demandas referentes ao planejamento reprodutivo. Os resultados, de um modo geral, sugerem que o conhecimento a respeito da infertilidade e do papel da atenção primária nesse cuidado é insuficiente para promover a assistência adequada que os pacientes necessitam. São vários elementos que precisam ser considerados, dentre eles: o entendimento do planejamento reprodutivo enquanto um direito do cidadão, a infertilidade como componente do planejamento, as implicações físicas, psíquicas e sociais do diagnóstico e do tratamento, assim como, a importância que as equipes de saúde têm no acolhimento e na promoção da saúde reprodutiva de seus usuários. Por tratar-se de um estudo que se alinha àproposta de um Mestrado Profissional, foi elaborada uma estrutura de oficina de educação em saúde a ser aplicada com os participantes do estudo, visando a reflexão, a sensibilização e aapropiação do conhecimento acerca do tema.

A exploração do uso das mídias digitais, pode ser uma boa estratégia de práticas educativas no cenário pandêmico. Esse recurso parece ser um bom aliado para fins de informação e comunicação em saúde da equipe com os familiares de bebês hospitalizados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). A comunicação, entre equipe e família é um aspecto de grande valoração entre estes cuidadores, sobretudo quando se trata de informações sobre a saúde o neonato. Este estudo teve como objetivo produzir e validar vídeos educativos como ferramenta de apoio informativo da equipe multidisciplinar para os familiares de bebês hospitalizados na UTIN. A validação de tecnologias educacionais é caracterizada como uma pesquisa de desenvolvimento metodológico. A produção dos vídeos seguiu cinco etapas operacionais: Análise, Desenho, Desenvolvimento, Implementação e Avaliação. A fase de Análise consistiu na observação sistemática do cenário do estudo. A ideia de sistematizar uma observação estava vinculada a uma pesquisa operacional baseada nas mudanças de rotina da UTIN frente a pandemia em curso. Os resultados desta observação originaram o artigo intitulado “A COVID – 19 para além da doença: efeitos da pandemia no espaço intensivista neonatal à luz da Teoria Ambientalista de Nightingale”, que despertou a possibilidade de investimento nas tecnologias digitais como ferramenta de apoio informativo da equipe de saúde da UTIN para pais de neonatos hospitalizados. Após essa fase, seguiram-se as demais, de modo processual, que culminaram nos vídeos intitulados: “Prematuridade”, “Monitor” e “Sonda Gástrica”. Estes foram validados por uma comissão de especialistas conforme suas expertises nas temáticas e tecnologia utilizada, por meio das análises quantitativa e qualitativa. Foram 14 peritos das áreas multidisciplinar (13) e comunicação audiovisual (01) que avaliaram os blocos: objetivo, conteúdo e qualidade do som, da imagem e da animação. As questões fechadas foram descritas por meio da frequência simples e percentual relativa e as abertas foram submetidas a análise de conteúdo de Bardin. O IVC global, gerou valores entre 98,9 e 99,6%. Os pontos de convergência das falas, deram origem a três categorias de análise: 1) Acolhimento da família na UTIN mediado por recurso audiovisual; 2) Comunicação entre equipe e família na UTIN mediada por recurso audiovisual; 3) Educação em saúde sobre o ambiente da UTIN mediada por recurso audiovisual. Como na observação sistemática, os discursos produzidos se alinhavam à Teoria de Nightingale. Os experts associaram a qualificação das ambiências dessa teoria (psicológica, social e física), à melhora dos processos de cuidado dos profissionais com o binômio família-bebê. Consideraram os vídeos sensíveis, criativos e acolhedores no trato dos temas e classificaram como uma ferramenta de apoio inovadora e inteligível da equipe junto aos pais. Conclui-se, por meio dos achados, que a utilização de vídeo educativo pode ter um impacto favorável entre equipe-família. Apesar da validação pelos experts, faz-se importante novos estudos que avaliem sua aplicabilidade com o público-alvo: os pais.

A revolução digital vivenciada em todo o mundo é uma estratégia que torna o acesso remoto capaz
de ampliar os cuidados nos serviços de saúde e aumentar o acesso da população. Saúde eletrônica
significa interoperabilidade entre os serviços de saúde com a prática de cuidados, apoiada por
soluções de tecnologias de informação e comunicação, tendo a internet como principal veículo
para efetuar os processos eletrônicos/digitais na prestação da assistência aos usuários. Evidências
técnicas recomendam a inclusão de atendimentos remotos contínuos por equipes na Atenção
Primária à Saúde (APS), com visitas virtuais para monitoramento do estado de saúde. Diante das
possibilidades apresentadas pelas tecnologias de informação e comunicação, as ações de
intervenção das equipes de saúde no nível de APS e demais níveis de complexidade poderão incluir
em sua rotina atividades que possam maximizar resultados e otimizar a utilização dos recursos.
Dessa forma, objetivou-se identificar os principais conceitos, terminologias e o escopo das ações
da e-Health, as intervenções health telemental na APS e sistematizar as intervenções mais efetivas
para cuidado remoto a pacientes adultos com ansiedade no âmbito da APS. Trata-se de uma
pesquisa qualitativa, de revisão de síntese integrativa da literatura científica acerca do e-Health,
health telemental e de intervenções direcionadas aos usuários adultos com ansiedade no âmbito da
APS. As questões centrais da investigação foram: quais são as principais concepções e abordagens
de e-Health e de health telemental adotadas no âmbito do cuidado à saúde? Quais intervenções
health telemental direcionadas aos usuários adultos com ansiedade no âmbito da APS mostram-se
mais efetivas? A coleta de dados foi realizada nas bases de dados indexadas. Foram identificados
313 artigos, e, após análise, foram incluídos ao corpus final 60 artigos disponíveis em português,
inglês ou espanhol, com acesso na íntegra. Os resultados estão apresentados em formato dos artigos
produzidos: Artigo 1: Conceitos, terminologias e escopo das ações da e-Health na atenção à saúde:
contribuições para o debate; Artigo 2: Intervenções em saúde mental mediadas por Tecnologias de
Informação e Comunicação no contexto da Atenção Primária à Saúde; e Artigo 3: Síntese de
evidências científicas sobre práticas de e-Health e health telemental no cuidado remoto a usuários
adultos com ansiedade no âmbito da Atenção Primária à Saúde. Espera-se que os resultados das
sínteses de evidências possam contribuir para ampliar a reflexão e fomentar a translação do
conhecimento e o planejamento de processos sistemáticos para aplicar evidências científicas ao
Sistema Único de Saúde (SUS) local, assim como se deseja que impliquem mais qualidade e maior
acesso à atenção à saúde.