Este estudo situa-se no campo de discussões que problematizam as apreensões teóricocríticas que vêm sendo construídas pelo Serviço Social, da década de 1990 até os dias atuais, acerca de seus fundamentos — da sociabilidade burguesa, da formação social brasileira e da questão social — e, o quanto possível, uma síntese do processamento histórico das relações sociais sob a égide do capital. Toma-se como objeto de estudo a questão social, apreendida no caráter antagônico da acumulação capitalista, enquanto objeto de trabalho de uma profissão, que é o Serviço Social, em um território, que é o Brasil. Objetiva-se, de modo geral, investigar as abordagens sobre a questão social, nas produções de autores clássicos e contemporâneos do Serviço Social brasileiro, tendo como marco a aprovação das Diretrizes Curriculares para o Curso de Serviço Social. Para isso, assume-se como primeiro objetivo específico a apresentação do terreno histórico que nos proporcionou chegar até aqui, com indicações sobre a profissão, em seus primeiros momentos de sedimentação no território brasileiro, chegando ao Movimento de Reconceituação. Na esteira dos acontecimentos que atravessaram a profissão nas décadas finais do século XX, alcançaremos a identificação da questão social como objeto de trabalho dos (as) assistentes sociais. Esta, como uma primeira onda de abordagem do objeto em tela, deságua em uma segunda onda, voltada ao seu deciframento teóricoconceitual, entre os anos 2000/2010. Chega-se, por fim, ao terceiro objetivo específico da pesquisa, que retrata as elaborações dos autores nesta segunda década do século XXI, em uma terceira onda, que agrega os elementos particularizadores da questão social na formação social brasileira. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica qualitativa, de caráter exploratório e descritivo, cuja perspectiva metodológica está inscrita no materialismo dialético.

O presente trabalho traz o debate da educação em sentido amplo, a partir do seu caráter ontológico e constitutivo do ser social efetivada em todos os espaços da vida social e a interlocução da temática nos currículos dos cursos de Serviço Social. Parte-se da compreensão de que a formação profissional deve estar conciliada aos processos históricos numa perspectiva crítica e de totalidade de modo a cumprir o papel de formar sujeitos críticos e engajados na luta por um projeto emancipatório de sociedade. Logo, teve-se como objetivo geral investigar como os currículos dos cursos de graduação em Serviço Social das universidades públicas do Nordeste têm discutido a educação. Os objetivos específicos foram identificar e analisar a presença da temática educação nos Projetos Pedagógicos dos cursos de graduação em Serviço Social das universidades públicas do Nordeste; Verificar como a educação aparece nos programas das disciplinas que discutem educação e que teoria fundamenta o componente curricular; Verificar as referências bibliográficas utilizadas para discussão da educação nos currículos dos cursos de graduação em Serviço Social das universidades públicas do Nordeste e identificar e analisar a concepção de educação que fundamenta a formação de assistentes sociais das universidades públicas do Nordeste. Como metodologia utilizou-se a abordagem quanti-qualitativa de caráter exploratório e descritivo, embasada por levantamento bibliográfico e documental. O universo da pesquisa compreendeu 16 cursos de graduação em Serviço Social ofertados nas universidades públicas no Nordeste. Os documentos pesquisados foram os PPCs dos cursos de Serviço Social com destaque para os programas e ementas das disciplinas. Os dados da pesquisa revelam, em linhas gerais, que os currículos dos cursos de graduação em Serviço Social das universidades públicas do Nordeste contemplam uma discussão consistente sobre educação. Concluímos que a relação dialógica entre o projeto de formação e a educação é algo que a categoria identificou imperativo, há tempos. À vista disso, percebe-se que os currículos dos cursos de Serviço Social nas universidades públicas do Nordeste vêm buscando formas para que a educação não ocupe espaço superficial ou insuficiente no processo formativo de assistentes sociais, tendo em vista que, notamos o comprometimento das universidades em produzir debates críticos, propositivos que demarquem os interesses antagônicos que atravessam essa dimensão da vida social, bem como apresentar atividades educativas alternativas, de caráter emancipador e revolucionário como caminho para construção de uma nova sociabilidade.

Este estudo fundamentou-se em explorar a dinâmica complexa das relações de gênero na teoria das práticas sociais, analisando o cotidiano de mulheres negras em atendimento pós-aborto, no âmbito da Política de Assistência Social. Propondo-se a refletir sobre o contexto das mulheres negras que tiveram a gravidez interrompida pela prática do aborto e analisando as experiências socioculturais nas quais estas mulheres estão inseridas. Buscando desvelar as representações, seus impactos e simbolizações atribuídas à interrupção da gravidez, na busca de compreender como ocorre o enfrentamento dessa realidade social que criminaliza as pessoas que vivenciam esta prática. O percurso metodológico que acentua esse trabalho é a desobediência epistemológica branca, eurocêntrica, com intenção de rompimento das produções do conhecimento das ciências sociais que a academia tem proposto, que produzem a invisibilidade de outras experiências. A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida envolvendo a articulação entre vários campos teóricos e de pesquisa, seguida das entrevistas semiestruturadas com três mulheres negras, que vivenciaram itinerários abortivos de formas distintas. Sendo um caso de aborto em virtude de estupro, um caso de aborto provocado por terceiros sem o consentimento da gestante e 2 casos de aborto provocado. A proposta é trazer reflexões sobre como o Estado, que se estrutura no patriarcado, a partir das relações sociais e de poder circundadas por questões de gênero, raça e classe, criminaliza o aborto. O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) - Parteira Rufina, onde foi desenvolvida esta pesquisa, é um dos equipamentos da Política Social da Assistência Social. Este centro localizase no Recôncavo Baiano, a 110 km de Salvador, na cidade de Conceição do Almeida – BA, município fortemente marcado por valores conservadores culturalmente aceitos, por uma lógica colonial, católica e coronelista em suas relações sociais de produção e reprodução. Os resultados alcançados nessa pesquisa nos revelam que o aborto é uma questão de saúde pública, de educação e também social. Através das narrativas das entrevistadas é possível refletir sobre a necessidade de pensar novas práticas de cuidado e acompanhamento, partindo também das especificidades da mulher negra. Bem como, refletir sobre a construção de maternidade que reforça os estigmas de gênero destinados às mulheres, através da dominação dos seus corpos, interferindo em tomadas de decisões.

O presente trabalho tem como objetivo geral analisar como o trabalho no campo afeta a saúde dos trabalhadores rurais no pré-assentamento Recanto da Paz, do Movimento Sem Terra (MST), na cidade de Dias D’Ávila (BA). Os objetivos específicos: conhecer o exercício laboral dos trabalhadores rurais do pré-assentamento Recanto da Paz no município de Dias D’Ávila (BA); compreender as formas de organização do trabalho no campo do pré-assentamento Recanto da Paz no município de Dias D’Ávila (BA); identificar a percepção dos trabalhadores rurais sobre o adoecimento vinculado ao trabalho no campo. A temática será discutida através da perspectiva teórica marxista, com base nas contribuições de Karl Marx com relação à acumulação primitiva, haverá também como parte da metodologia a observação da pesquisadora ou seu objeto de estudo, além de levantamento de dados que será realizado por meio de uma entrevista semiestruturada com uma amostra composta por doze trabalhadoras (es) rurais do préassentamento, com idade entre 20 e 40 anos. Para além do que já foi citado, traz contribuições para o campo do Serviço Social sobre a situação de vulnerabilidade que os trabalhadores se encontram, os enfrentamentos da Questão Social no campo e por fim, compreender de que modo às formas de organização do trabalho no campo interferem na saúde do trabalhador rural e os rebatimentos que permanecem até os dias atuais e que possuem forte relação com as pautas da categoria profissional, principalmente, no que se refere ao combate a injustiça social, submissão de condições precárias de vida e trabalhista.

O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma análise crítica sobre o debate étnico-racial que consubstancia a Política de Assistência Social, especificamente, quanto ao desenho teóricometodológico do Trabalho Social com Famílias – TSF, a partir de uma reflexão crítica dos marcos legais e referenciais teóricos concernentes ao SUAS, tendo em vista as relações raciais no Brasil. Nesse sentido, parte-se do seguinte problema: de que maneira a temática étnico-racial aparece ou se aparece no desenho teórico-metodológico do TSF desenvolvido pela Política de Assistência Social? Com o intuito de cumprir o objetivo geral que consiste em apresentar análise crítica sobre a transversalidade étnico-racial no desenho teórico-metodológico do trabalho social com famílias da Política de Assistência Social, estabeleceu-se, para tanto, três objetivos específicos: 1. analisar as referências dos marcos legais/normativas e teóricos do TSF no SUAS tendo em vista as relações raciais no Brasil; 2. examinar como o racismo institucional incide na concepção teórico-metodológica do TSF na Política de Assistência Social; 3. identificar as manifestações da questão étnico-racial a partir do discurso impresso nos documentos objetos de análise deste estudo. Abordei a concepção de família no contexto da Política de Assistência social, com atenção prioritária para as famílias negras, por constituir seu maior público, cujas condições materiais e afetivas são definidas pela estrutura social fundada no racismo. Retomei aspectos históricos que reafirmam como a política de assistência social tem, nas suas origens, a marca da benesse, favor, tutela, benemerência, ações pontuais e desprofissionalizadas, combinada com o processo de naturalização da pobreza e dos pobres, iniciando seu processo de institucionalização no Brasil na década de 1930, sendo legitimada com o status de política pública de proteção social não contributiva a partir da Constituição Federal de 1988. Ao revisitar a literatura, demonstro as características históricas do seu público e quanto das suas ofertas estão correlacionadas com a estruturação das relações raciais no Brasil, tendo em vista os sujeitos desprotegidos pelo Estado após a escravidão e os impactos desta desproteção histórica nas condições de vida atuais da população negra. A pesquisa foi desenvolvida a partir das técnicas de revisão bibliográfica e análise documental, na direção dos temas: relações raciais no Brasil, famílias negras e debate étnico-racial no trabalho social com famílias da Política de Assistência Social. A principal fonte de coleta de dados são os documentos oficiais do extinto Ministério de Desenvolvimento Social, atual Ministério da Cidadania, especificamente, atas e resoluções do Conselho Nacional de Assistência Social, Cartilha da Campanha “SUAS sem racismo” e o documento técnico “Fundamentos éticopolíticos e rumos teórico-metodológicos para fortalecer o Trabalho Social com Famílias na Política de Assistência Social. Como resultado parcial da pesquisa, aponto para a perspectiva rasa e restrita do debate étnico-racial no desenho metodológico do Trabalho Social com Famílias da Política de Assistência Social, embora existissem referências e indicações normativas significativas para tal incorporação. Logo, a análise das questões norteadoras deste estudo confirma a impermeabilidade da Assistência Social quanto à promoção da igualdade racial, como expressão do racismo estrutural e do mito da democracia racial.

Este estudo se integra à linha de pesquisa “Questão Social e Diversidade Humana” do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal da Bahia (PPGSS-UFBA), com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), tendo por objetivo analisar a produção cientifica das dissertações e teses produzidas no período 2000 a 2022 e principais temáticas abordadas nos projetos de pesquisa ativos nos PPGSS/ PUC-RIO, PPGSS/PUC-SP, PPGSS/UFBA E POSTERR/ UFRB para sistematizar a incidência das epistemologias decoloniais no que tange ao debate racial nas produções acadêmicas. Consideramos que a produção de conhecimento, no cerne das cátedras acadêmicas, hegemonicamente eurocêntrico, e a analise da realidade social adotando o campo epistemológico ecoado pelas vozes do Sul Global pode contribuir para romper com os modelos impostos pelo sistema colonialista. Diante isso, nos propomos a realizar um debate sobre a luz das epistemologias decoloniais, com o estudo dos assuntos inerentes a colonialidade do poder, do saber e do ser. Trata-se de um projeto que propõe refletir novos olhares sobre o pensamento cientifico, uma vez que busca romper o pensamento eurocêntrico conservador. O presente trabalho terá um caráter qualitativo e quantitativo. Realizamos uma revisão de literatura de modo a aprofundar os conhecimentos sobre o objeto de pesquisa. Por meio de documental em dissertações e teses e principais temáticas abordadas nos projetos de pesquisa ativos nos PPGSS/ PUC-RIO, PPGSS/PUC-SP, PPGSS/UFBA E POSTERR/ UFRB, com o intuito de realizar estado da arte. Para o processamento de dados das teses e dissertações utilizamos a metodologia de nuvem de palavras em que as palavras são organizadas de modo que o termo mais frequente se destaca facilmente. Entendemos que a construção de uma nova ordem societária na profissão, deve-se engajar para compreender e combater o racismo no seu cotidiano, e este movimento deve iniciar nas provocações já na graduação por meio das iniciações científicas. Ademais, o estudo aponta que é preciso descolonizar os saberes eurocentrados de modo a reconstruir novas epistemes que possibilitem para dar suporte a novas produções de conhecimentos.

O racismo institucional configura-se como um dos pilares para a perpetuação das iniquidades em saúde. Pensar a saúde da população negra é compreender que o racismo presente na sociedade brasileira é o catalisador para a inserção dessa parcela da população nas piores classificações dos indicadores sociais. Esta pesquisa visa realizar um breve estudo acerca da implantação e implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra no Estado da Bahia, considerando suas conquistas e entraves para a efetivação. Para essa análise, utilizou-se de um aporte teórico crítico acerca das relações raciais no Brasil, considerando os impactos do processo de colonização na organização socioespacial brasileira, discussão sobre o papel do movimento negro e a criação, implantação e implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNISPN) bem como a análise de dados sobre a implantação da referida política pública no estado da Bahia. Opta-se pela pesquisa qualitativa com foco nas discussões acerca dos conceitos que serão trabalhados e das ações e reflexões realizadas a partir das leituras. Para este trabalho, foi realizada uma visita técnica-científica de cunho exploratório na Secretaria de Saúde do Estado da Bahia na Diretoria de Gestão do Cuidado, com vistas a entender as ações desenvolvidas em prol da efetivação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra na Bahia. Ao final da pesquisa foi possível reconhecer os atravessamentos do racismo institucional na implementação da PNSIPN, bem como reiterar a importância da participação social para efetivação das políticas públicas de ação afirmativa para o combate aos efeitos deletérios do racismo na saúde do povo negro brasileiro

Este estudo tem como objeto de reflexão crítica o debate teórico-político que problematiza a relação entre o enfrentamento do assédio moral no trabalho enquanto um dos desafios que se insere no conjunto de atividades articuladas às competências genéricas dos (as) Assistentes Sociais, entrepostas no trabalho profissional coletivo. Logo, a pergunta central é: como compreender o assédio moral enquanto uma das manifestações da questão social que afeta a classe trabalhadora e se insere nos desafios postos às competências genéricas dos (as) Assistentes Sociais, entrepostas no trabalho profissional coletivo, a partir das principais publicações do Serviço Social, nos últimos dez anos? Partiu-se da compreensão de que o assédio se insere no bojo das estratégias do gerencialismo que estão articuladas a um modo de organização do trabalho propulsor do “capital neoliberal”. Essa expressão se refere aos mecanismos mundiais que se expandem e influenciam as relações políticas, sociais, econômicas e culturais que consubstanciam o capitalismo contemporâneo (Dardot; Laval, 2016). Definiu-se como objetivo geral: compreender o assédio moral enquanto uma das manifestações da questão social que afeta a classe trabalhadora e se insere nos desafios postos às competências genéricas dos (as) Assistentes Sociais, entrepostas no trabalho profissional coletivo, a partir das principais publicações do Serviço Social, nos últimos dez anos. Realizou-se um recorte das principais publicações a partir das fontes da Base Scielo, do CFESS e da Revista Temporalis. Estabeleceu-se como objetivos específicos: 1- identificar as categorias teóricas que explicam a relação entre o assédio e as competências genéricas dos (as) Assistentes Sociais inseridos (as) no trabalho profissional coletivo, com base na literatura crítica do Serviço Social; 2 - levantar as publicações sobre assédio moral e Serviço Social nos artigos científicos da Base Scielo, nos últimos dez anos; 3 - identificar as publicações do CFESS que tratam do assédio moral nos últimos dez anos; 4 - levantar as publicações da Revista Temporalis que tratam do assédio moral nos últimos dez anos. Para fins deste estudo, recortou-se do universo da literatura crítica do Serviço Social, as Diretrizes Curriculares da ABEPSS (1996), os marcos regulatórios da profissão e as contribuições de Iamamoto (2012). Visando alcançar os objetivos e considerando a base teórico-metodológica do pensamento marxista, foi elaborada uma pesquisa bibliográfica, com ênfase para as categorias e elementos que são imprescindíveis para a investigação do problema. As principais categorias de análise são: Assédio Moral, a partir de Heloani e Barreto (2018); Competências Profissionais de Assistentes Sociais, a partir do texto das Diretrizes Curriculares da ABEPSS (1996), da Lei de Regulamentação da Profissão (1993) e do Código de Ética Profissional; Neoliberalismo, com Dardot e Laval (2016); Questão Social, a partir de Netto (2001) e Iamamoto (2010); e Trabalho Profissional, a partir de Iamamoto (2000) e Raichelis (2020). Como resultado, denota-se a ausência de estudos sobre o tema apontando, portanto, para a necessidade de avançar em pesquisas voltadas para o enfrentamento do assédio moral no trabalho enquanto um dos desafios que se inserem no conjunto de atividades articuladas às competências genéricas dos (as) Assistentes Sociais, entrepostas no trabalho profissional coletivo.

O presente trabalho se propôs a analisar incidência do abandono de mulheres negras encarceradas no Conjunto Penal Feminino de Salvador - BA, atentando-se para o processo de implantação, manutenção e utilidade das prisões através de uma ótica interseccional. O abandono de mulheres negras no cárcere é algo recorrente, não somente no Conjunto Penal ao qual este trabalho analisa, mas nas prisões em geral. Enquanto o fator classe e raça tem um papel determinante no encarceramento em massa, o fator do gênero tem um peso adicional no abandono as internas. Sendo que, quando os três fatores são atrelados compreendem a forma mais incidente da violência ao indivíduo que ocupa o lugar mais baixo da pirâmide social: a mulher negra. Deste modo, esta pesquisa foi estruturada por meio de revisão bibliográfica sobre a sociedade punitivista; o surgimento das penas e das prisões; a manutenção da privação de liberdade e sua eficácia (ou não); o lugar destinado a mulher negra na sociedade e nas prisões brasileiras e a situação de abandono e solidão que vivem as mulheres aprisionadas e coautoras deste trabalho no Conjunto Penal Feminino de Salvador – Ba. Portanto, na primeira seção é trazida a história das prisões no mundo, na América e no Brasil. Seguido da segunda seção que traz o ideário reformador e punitivista da sociedade em que vivemos, aliado aos dados estatísticos das prisões brasileiras, perfil da população carcerária, a eficácia (ou não) do sistema punitivo e execução da necropolítica do Estado, é estruturado a partir das condições em que as mulheres negras vivem no processo de aprisionamento sob uma ótica interseccional. Por fim, na terceira seção apresentamos, a importância da família e do Estado na reinserção social, o abandono destinado a estas mulheres e os casos de abandono no Conjunto Penal Feminino de Salvador – BA. A pesquisa considerou que o abandono da família e do Estado a mulheres em situação de privação de liberdade incidem diretamente, sobretudo em mulheres negras que são atravessadas pelo racismo, machismo e sexismo existente na sociedade, e que por muitas vezes compromete o processo na reinserção social.

Esta dissertação se concentra na análise da produção de conhecimento na área de Serviço Social da região Nordeste sobre o exercício profissional de assistentes sociais na educação, a pesquisa está centrada na interface entre Serviço Social na Educação. O estudo recupera a trajetória da profissão, destacando seu desenvolvimento intelectual, integração com o pensamento crítico e reconhecimento enquanto área de conhecimento nas Ciências Sociais. O foco central é lançar luz sobre o conhecimento acumulado no Serviço Social em relação ao trabalho dos assistentes sociais na área da Educação. A pesquisa busca conferir relevância a essa produção, enriquecendo o campo do Serviço Social na Educação. O crescente reconhecimento da Educação como campo de atuação para assistentes sociais fundamenta a necessidade desta pesquisa. Para fortalecer a produção de conhecimento, a pós-graduação tem desempenhado um papel significativo, acumulando publicações que abordam a atuação profissional em diversas áreas sociais. Com destaque para a Educação, o estudo visa mapear as tendências da produção de conhecimento no campo do Serviço Social, com foco no exercício profissional de assistentes sociais na Educação entre 2015 e 2020. A pesquisa estabelece como objetivos específicos: mapear produções de Dissertações e Teses de Programas de Pós-Graduação na região Nordeste sobre o tema; identificar e analisar principais tendências temáticas nas produções sobre o exercício profissional na Educação; e explorar análises referentes ao exercício profissional no contexto educacional, incluindo perspectivas de educação abordadas em dissertações e teses. A pesquisa abrangeu dissertações de mestrado e uma tese de doutorado de Programas de PósGraduação na área de Serviço Social na região Nordeste, resultando na seleção de dez produções para análise. Essas produções oferecem contribuições acerca das tendências e perspectivas do exercício profissional na Educação, abrangendo diferentes níveis e modalidades de ensino. A metodologia empregada é uma pesquisa bibliográfica, baseada na revisão integrativa para identificação, seleção e avaliação dos estudos relacionados aos objetivos da pesquisa. A análise dos dados coletados é realizada por meio da técnica de análise Temática, sustentada por um referencial teórico-crítico, baseslegais e documentos da categoria profissional. O estudo se insere na área das ciências sociais aplicadas, especialmente no campo do Serviço Social, contribuindo para a ampliação do conhecimento e discussões na área, com enfoque na produção científica que emerge das experiências dos profissionais atuantes, pesquisadores e estudiosos da Educação.

O presente trabalho tem como tema o cuidado na sociedade contemporânea a partir da perspectiva da vivência de mulheres em famílias intergeracionais, e com base em uma abordagem feminista que considere fundamental compreender as relações entre classe, raça, gênero e geração, numa dimensão de totalidade. Busca resgatar uma tradição teórica marxista, mas por um viés que a atualiza e revigora, realçando ferramentas que ajudam a entender a sociedade capitalista a partir de contribuições teórico-críticas no campo dos feminismos, como a Teoria da Reprodução Social, por exemplo, e o diálogo que esta pode estabelecer com outras vertentes, tal qual o feminismo materialista e o próprio feminismo negro. Isto porque continua latente na sociedade uma tendência de responsabilização das figuras femininas pela realização de trabalhos domésticos e de cuidados, o que historicamente tem causado impacto em suas trajetórias de vida e em todas as fases dela, posto que hoje percebe-se uma alteração cada vez maior no perfil dessas mulheres, as quais mesmo quando velhas e inseridas em dinâmicas familiares marcadas pela intergeracionalidade – contexto suscitado por aspectos variados – continuam a participar do ciclo de cuidados, não só como alvos dele, mas também agentes. Muito desse cenário é ainda agudizado por um modelo de Estado neoliberal que, ao longo dos anos, tem se isentado em assumir um papel de destaque no que tange à proteção social dessas famílias, criando uma cultura de autorresponsabilização e empreendedorismo individual, promovendo ataques aos direitos e serviços sociais, ao mesmo tempo que invisibiliza quem são os sujeitos que têm arcado com as consequências desses desmontes. A pesquisa tem um caráter bibliográfico e intenta analisar, a partir de produções empíricas já existentes, as tendências no que se refere à materialização do cuidado promovido pelas famílias e em especial pelas mulheres, e em que medida os indivíduos responsáveis por esse cuidado têm sido alcançados ou desamparados em termos de proteção social, apontando, ainda, possíveis lacunas e categorizações dessas tendências, a fim de apontar possíveis aprofundamentos analíticos.

O presente trabalho é produto das inquietações desenvolvidas pela autora acumuladas durante mais de oito anos exercendo a profissão de assistente social na Política de Assistência Social. Tais inquietações culminaram nesta pesquisa que tem como objetivo geral: Sistematizar e analisar o trabalho da assistente social no Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) - Bonocô em Salvador (BA). E como objetivos específicos: identificar como está estruturado o CREAS - Bonocô, tendo como parâmetro o preconizado na tipificação do SUAS e da Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social (NOB/RH/SUAS); perceber e analisar as principais demandas postas a assistente social em questão identificando e analisando as respostas profissionais apresentadas por essa assistente social do CREAS - Bonocô em Salvador (BA); analisar o acompanhamento dos(das) socioeducandos(as) buscando compreender se as condições de trabalho interferem nesse acompanhamento; descrever como a assistente social pensa os focos de sua atuação e os resultados de seu trabalho relacionando com os focos e resultados do trabalho coletivo da unidade. A dissertação tem como principais categorias de fundamentação e análise as categorias: Trabalho e suas transformações, Trabalho e Serviço Social, Política de Assistência Social com destaque para o trabalho da(o) assistente social nesta política, além de conceitos fundamentais para a construção deste trabalho, como Questão Social, precarização e condições de trabalho, e o papel dos CREAS na política de assistência social. Para tanto, optamos por realizar uma pesquisa qualitativa de campo através da sistematização de experiência e utilizamos como base de coleta de dados o diário de campo, assim como os documentos institucionais produzidos pela autora enquanto assistente social no CREAS em questão. Realizamos também a caracterização do CREAS - Bonocô, de modo que foi possível verificar que a sua estrutura física e composição de recursos humanos e materiais não estão de acordo com o que é preconizado na Tipificação do SUAS e na NOB/RH/SUAS, bem como foi possível constatar que esse fato interfere diretamente no trabalho da assistente social em questão e impactam na não efetividade do serviço.

Esta dissertação apresenta os resultados de uma pesquisa que tem como principal objetivo analisar as percepções de mulheres evangélicas atendidas no Centro de Referência de Atendimento à Mulher – CRAM de Itabuna-BA sobre a influência da religião no enfrentamento à violência doméstica. Nesse sentido, buscamos respostas para a seguinte indagação: de que forma as religiões protestantes interferem no enfrentamento da violência doméstica contra as mulheres? Como base teórica, esta pesquisa está fundamentada em importantes estudos sobre Gênero, a partir da visão de autoras como Jean Scott, Helleieth Saffioti e Flávia Biroli, e, de modo mais específico, discute também a intersecção entre Gênero, Religião e Violência Doméstica, com os estudos de Claudia Ritz, Maria José Nunes, Allyne Farinha, entre outras. No que concerne à metodologia, trata-se de um estudo de natureza exploratória, de abordagem qualitativa. Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com oito mulheres evangélicas que estão sendo acompanhadas desde o ano de 2017 pelo Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) de Itabuna - Bahia. Em linhas gerais, constatou-se, nas entrevistas, que as mulheres entrevistadas apresentam perfil variado; apenas uma das entrevistadas ainda se encontra no matrimônio, suscetível a continuar sendo vítima de violência doméstica. Os resultados evidenciam, ainda, as dificuldades enfrentadas para rompimento do ciclo de violência. Para isso, o CRAM, juntamente com a rede de proteção, desempenha papel essencial na garantia de direitos à mulher que necessita romper esse ciclo de abuso, especialmente com a disseminação eficaz de informações, incluindo imprescindivelmente o encaminhamento e o atendimento humanizado. As entrevistas comprovam o que os estudos científicos já alertam acerca do fato de que a violência doméstica pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças, afetando negativamente sua autoestima, habilidades sociais e afetivas. As entrevistas revelam, ainda, que as lideranças religiosas em muitos momentos desvalorizam, condenam e reafirmam a posição submissa da mulher na sociedade, a partir de justificativas em escrituras bíblicas, para reforçar obediência, passividade e submissão; isso corrobora com a manutenção de violências sofridas. Por último, evidenciou-se que, embora a maioria das mulheres evangélicas apresentem um discurso paradoxal de que a religião as ajudou a sair do ciclo de violência e, por conseguinte, abordem que a fé em Deus as livrou da violência, um sentimento íntimo e subjetivo, para além da intervenção ou não da instituição religiosa, as participantes romperam com as doutrinações alienantes e limitantes ao procurarem apoio da rede de proteção, especialmente do CRAM. No que concerne às críticas aos acompanhamentos na rede de proteção, uma das entrevistadas alertou para a fragilidade da Medida Protetiva de Urgência (M.P.U.) e para a insuficiência de recursos adequados nos abrigos para mulheres, como creches e atividades para as crianças. A presente pesquisa pode servir de base para futuras pesquisas e elaboração de políticas públicas.

O presente trabalho visa analisar como as desigualdades de raça, gênero e classe impactam na necessidade do acolhimento institucional de crianças e adolescentes negros. O acolhimento institucional de crianças negras decerto não é algo recente, teve seu nascedouro no Brasil colônia e desde então demarca nitidamente a questão de raça, gênero e classe, na medida em que são, historicamente, filhos de mulheres negras e pobres que são afastados dos seus lares. A investida no processo de destituição da humanidade das mulheres negras está em curso desde a era escravocrata e se operacionaliza por inúmeros mecanismos, e aqui consideramos que o afastamento de seus filhos seja mais um deles. A pesquisa foi desenvolvida a partir da revisão bibliográfica sobre as relações raciais no Brasil, sobre o acolhimento institucional de crianças e adolescentes, relevando as políticas públicas sociais acessadas- ou não- por mulheres negras e à luz da trajetória de vida da Sheila, participante deste estudo. Assim, elegeu-se a história de vida como técnica de coleta de dados, por concebê-la a mais adequada aos intuitos da pesquisa e à proposta epistemológica que atravessa todo seu desenvolvimento. Para tanto, tomamos como ponto de partida a história de lutas e resistência das mulheres negras em prol da sua liberdade e da dos seus, bem como a luta pelo seu direito a maternar. Seguimos historicizando o acolhimento institucional de crianças e adolescentes negros, na expectativa de identificar quais questões do passado ainda persistem e refletem no presente na vida de crianças e adolescentes negros, bem como de suas famílias. Por fim, no último capítulo, apresentamos a história de vida da participante deste estudo, a fim de visibilizar sua história enquanto mulher negra que teve filhos em situação de acolhimento institucional no município de Salvador/BA e experimentou todo o “azar” de ter nascido mulher, negra e pobre. A análise de dados foi feita por meio da técnica da Análise do Discurso (AD), na perspectiva da sociologia das ausências e emergências de Boaventura Santos (2010). Como resultados da pesquisa constatamos que a condição histórica de subalternidade em que foram posta às mulheres negras brasileiras, reflete em suas condições de vida, como no caso de Sheila, e está intrinsecamente vinculada ao afastamento de seus filhos da sua convivência na atualidade, assim como foi outrora. Identificamos ainda que as mulheres negras figuram nos piores índices de acesso a políticas públicas- saúde, educação, emprego e renda, moradia, saneamento básico- em razão do racismo e sexismo que operam perversamente sobre suas vidas, o que rebate diretamente na sua capacidade protetiva em relação a seus filhos. Por outro lado, também encontramos registros da histórica e constante luta das mulheres negras por liberdade e melhores condições de vida, tal como atesta a história de vida da participante da pesquisa.

O presente trabalho tem como objetivo analisar a presença das categorias raça e gênero nas produções acadêmicas do Serviço Social brasileiro concernentes ao sistema prisional entre 2000 e 2019, além de elaborar um estudo autoetnográfico colaborativo com uma mulher jovem negra a partir da sua experiência com o sistema prisional. Nos últimos 20 anos o número de mulheres negras encarceradas aumentou exponencialmente em todo o território brasileiro, contudo percebe-se a pouca produção do Serviço Social frente a essa expressão da questão social e seus determinantes conforme foi evidenciado durante a pesquisa. Para a realização da pesquisa utilizamos o método da triangulação por permitir a aplicação de multimétodos: estudo bibliográfico, quantitativo, qualitativo e autoenográfico colaborativo, oferecendo deste modo, maior possibilidade para a compreensão de um recorte da realidade complexa em estudo. Desta forma o primeiro capítulo é apresenta, a partir da revisão bibliográfica, elementos que contribuem para compreender o processo de luta e (re) existência das mulheres negras durante o período escravagista e no pós abolição, incluindo sua participação decisiva nas insurgências pelo fim da escravatura. O segundo capítulo apresenta o estado da arte das produções acadêmicas do Serviço Social publicadas em periódicos da área disponíveis online entre os anos de 2000 – 2019 e dissertações e teses disponíveis na plataforma Sucupira/ CAPES entre 2014-2019, e o terceiro capítulo apresenta um estudo autoetnografico colaborativo com uma mulher negra jovem que passou pelo sistema prisional. Como resultados identificamos as consequências da secundarização da questão racial desde a formação profissional dos/as assistentes sociais. A incipiente produção cientifica do Serviço Social sobre o sistema prisional e a escassa abordagem das categorias raça e gênero nos trabalhos de pesquisa referentes ao sistema prisional nos últimos vinte anos. A autoetnografia coloborativa com uma mulher negra jovem que vivenciou a experiência do sistema prisional revelou a continuidade dos processos de luta e (re) existência como reflexo socio-histórico de uma sociedade capitalista, racista, patriarcal, cisheteronormativo.

A saúde do trabalhador, a partir de uma perspectiva teórica crítica de compreensão do trabalho na sociedade capitalista, é entendida como um fenômeno resultado da relação entre a saúde dos indivíduos que trabalham e as condições nas quais se desenvolve este trabalho. Nesse sentido, tal relação é antes de tudo social, uma vez que nos marcos da sociedade regida pelo modo de produção capitalista as condições de trabalho são determinadas pelas especificidades sócio-históricas deste modo de produção material e social. Sendo as condições de trabalho participes de um processo de determinação social da saúde dos trabalhadores, a reflexão sobre a saúde dos trabalhadores do serviço público, nas diversas instituições da administração direta e indireta do aparelho estatal, está condicionada a análise dos rebatimentos do atual padrão de produção do modo capitalista de produzir sobre a máquina administrativa do Estado. Essa perspectiva teórica norteia o objeto de pesquisa desta dissertação, circunscrito na investigação sobre como as relações entre o trabalho e a saúde dos trabalhadores da administração direta e indireta dos serviços que compõem a estrutura da máquina estatal no Brasil estão abordadas/apresentadas nas produções científicas. Para realizar tal objetivo de investigação optou-se por uma Pesquisa de Revisão Bibliográfica com estratégia metodológica de Revisão Integrativa nos periódicos indexados nos bancos das bases de dados: Lilacs e PubMed, no intervalo temporal compreendido entre 2010 e 2020. Os achados da pesquisa apontaram para evidências sobre as condições de trabalho correlacionadas aos processos de saúde-cuidado-adoecimento dos trabalhadores dos serviços públicos. Com destaque especial para a prevalência de adoecimentos entre trabalhadores do serviço público no campo da saúde mental, a precarização das condições de trabalho devido à reestruturação produtiva e tendência à adaptação das condições de trabalho à lógica de flexibilização, a Reforma Administrativa do Estado Brasileiro como instrumento que possibilita a determinação da lógica de flexibilização sobre o trabalho no serviço público, cooptando a estrutura e o poder do Estado para os interesses do capitalismo.

Este estudo tem como objetivo analisar em seus aspectos quantitativos e qualitativos, as elaborações acadêmico-científicas, sobre o trabalho de assistentes sociais na área de Saúde Mental, na produção do Serviço Social brasileiro entre os anos de 2010 e 2021; na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações e nas revistas acadêmico-científicas do Serviço Social. Buscou-se mapear as concepções adotadas sobre a saúde mental, sistematizar as principais manifestações da questão social apresentadas neste campo, bem como as atividades profissionais desempenhadas pelo assistente social, e os desafios atuais para a profissão. A perspectiva teórico-metodológica de Marilda Iamamoto foi assumida neste trabalho para nortear o eixo central do objeto de análise: o trabalho do assistente social. Este trabalho se dividiu em quatro capítulos. O primeiro capítulo se propôs a reconstituir o histórico da Saúde Mental no Brasil, a fim de vislumbrar como o cuidado em Saúde Mental vem passando por transformações ao longo dos anos, por parte do Estado, desde a fase colonial até os dias atuais. Analisaram-se os retrocessos atuais enfrentados no campo da Saúde Mental no país, constituindo-se em uma “contrarreforma” às conquistas advindas do processo de Reforma Psiquiátrica. No segundo capítulo, o objetivo proposto foi investigar a gênese do Serviço Social no país, bem como o significado social da profissão na sociedade capitalista brasileira. Posteriormente no terceiro capítulo, fez se necessário situar a inserção do Serviço Social no campo da Saúde Mental, conhecer os processos que os assistentes sociais estão inseridos, bem como inteirar-se das condições de vida dos usuários da Política de Saúde Mental no Brasil. O quarto capítulo referiu-se à análise e problematização da coleta dos dados. O percurso metodológico foi através de levantamento bibliográfico e pesquisa documental. O método de análise para o estudo é o crítico-dialético, amparado pela abordagem quanti-qualitativa. Os resultados apontam que o progresso de uma política social não é linear, assim passando por nuances ora de avanços ora de desmontes, portanto as conquistas alcançadas através da Reforma Psiquiátrica devem ser preservadas, reconhecendo que a continuação ou estagnação destes princípios são objetos de disputas de interesses por diferentes projetos societários. No tocante ao Serviço Social na Saúde Mental, conclui-se que o Movimento de Reforma Psiquiátrica e o Movimento de Reconceituação do Serviço Social ocorreram em contextos próximos e trouxeram inúmeros avanços para ambos os setores. Sobre o trabalho de assistentes sociais na Saúde Mental, a literatura expressa que se iniciou com características psicologizantes, hierarquizada entre as profissões inerentes aos saberes “psi”, e a sua legitimidade e reconhecimento enquanto conhecimento técnico interdisciplinar está sendo conquistado gradativamente. São inúmeros os desafios para a profissão neste campo, perpassando pelo cenário de globalização e reestruturação produtiva, aos limites institucionais diariamente vivenciados. Conclui-se que este é um tema insuficientemente discutido e o seu debate se faz necessário não só para o acervo científico do Serviço Social, mas também para pensar o trabalho em Rede de forma articulada e descentralizada, valorizando as potencialidades específicas a cada saber.