Compreender o sentido de ser Enfermeira do Atendimento Pré-hospitalar Móvel. Estudo de natureza qualitativa com abordagem compreensiva fundamentado na análise teórica de Victor Frankl. Foi realizado através de entrevista fenomenológica com 11 enfermeiras atuantes em Bases Descentralizadas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência da Microrregião Nordeste, na Bahia. Para a coleta de dados utilizou-se como técnica de coleta a entrevista fenomenológica, com autorização prévia do sujeito da pesquisa, respeitando as questões éticas que envolvem pesquisa de campo, utilizando uma questão de aproximação: Para você o que é ser enfermeira do SAMU? E duas questões norteadoras: Para você o que significa ser enfermeira atuando no serviço de atendimento móvel de urgência? E, Como você vivencia situações geradoras de sofrimento nos atendimentos pré-hospitalar móvel de urgência? Como método de análise, seguiu-se os passos da Configuração Triádica (humanista, existencial, personalista). Emergiram quatro categorias temáticas: Ser enfermeira no SAMU é vivenciar o processo decisório e sofrimento nas relações de cuidado; Ser enfermeira no SAMU é vivenciar a tensão noogênica que emerge durante o agir profissional; Ser enfermeira no SAMU é concretizar a realização de valores franklianos; Ser enfermeira no SAMU possibilita a realização de propósitos de vida e de encontro de sentido da vida. A síntese das categorias possibilitou a compreensão do sentido de ser enfermeira que atua no SAMU, consoantes com sentimentos de tristeza, medo e angústia que ocasionam sofrimento entre essas profissionais durante a prática do cuidar, devido as dificuldades encontradas durante à assistência em um cenário adverso e potencializador de desequilíbrio emocional. No entanto, a responsabilidade de um agir pautado na ética e na moral transcende a condução técnica do atendimento das participantes do estudo, e faz emergir um sentimento de gratidão permeado por experiências e conhecimento da prática profissional. O estudo desvelou apenas uma faceta do fenômeno identificada por um grupo específico, num tempo e espaço definidos, o que não permite uma compressão ampliada do sentido de ser enfermeira na prática do cuidar. Apreendemos assim; que o sentido experienciado pelas enfermeiras, permeado por sofrimento, pode contribuir com uma nova condução das ações de cuidar, motivada pelo respeito à vida e pela humanização no cenário do atendimento pré-hospitalar.

Introdução:A atenção à saúde das MSM é essencial para o planejamento da assistência
individualizada, que deve ser implementada a partir das especificidades desse grupo. A
problemática relacionada às IST entre MSM segue negligenciada. Há uma percepção
equivocada de que o sexo entre mulheres é mais seguro, mas o risco de IST existe. As MSM
continuam invisibilizadas nas políticas públicas de saúde. Diante desse cenário, urge a
necessidade de pesquisas que analisem e aprimorem estratégias de prevenção para essa
população. Objetivo: Analisar as estratégias de prevenção às IST utilizadas por mulheres que
fazem sexo com mulheres. Metodologia:Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter
exploratório e descritivo. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas
semiestruturadas com 22 MSM, recrutadas por amostragem em bola de neve, conduzidas de
forma remota e presencial. A análise dos dados foi conduzida com base na técnica de análise
de conteúdo de Bardin, a partir da qual emergiram categorias temáticas que refletem a
percepção das participantes sobre sua vulnerabilidade às IST e os desafios encontrados no
acesso a insumos preventivos e atendimento adequado nos serviços de saúde. Resultados:
Foi evidenciada uma baixa percepção de risco entre as MSM, associada à crença de que suas
práticas sexuais apresentam menor potencial de transmissão de IST. Além disso,
identificou-se a inexistência de insumos específicos para esse grupo, o que leva muitas
mulheres a improvisarem métodos preventivos, como a utilização de preservativos externos
cortados para o sexo oral. O estudo também revelou a presença de barreiras institucionais,
como a falta de diretrizes específicas para testagem e rastreamento de IST em MSM, além da
postura heteronormativa de profissionais de saúde, que frequentemente negligenciam as
especificidades dessa população. A ausência de campanhas de prevenção voltadas para MSM
contribui para a perpetuação de lacunas na atenção à saúde sexual dessa população.
Discussão: Há a necessidade urgente da formulação de políticas públicas e diretrizes clínicas
que contemplem MSM de maneira equitativa, garantindo acesso a insumos adequados e um
atendimento livre de estigmas. A capacitação de profissionais de saúde para um acolhimento
humanizado e a ampliação das campanhas de conscientização sobre IST entre MSM são
fundamentais para a efetividade da prevenção. Considerações: Para garantir a saúde sexual e
reprodutiva das MSM, é imprescindível o desenvolvimento de estratégias de cuidado
específicas, que levem em consideração suas práticas sexuais e vulnerabilidades, promovendo
um acesso justo e integral aos serviços de saúde.

Introdução: Os cuidados paliativos objetivam a melhoria da qualidade de vida do paciente e
seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida. Atualmente seu ensino é pouco
abordado na graduação em Enfermagem, o que leva o estudante a ter pouco conhecimento e
vivência sobre o tema. Objetivo: Avaliar o conhecimento de estudantes do último ano da
graduação em Enfermagem acerca da atuação do enfermeiro no cuidado de pacientes em
cuidados paliativos. Metodologia: Estudo descritivo e transversal, realizado com estudantes
de universidade federal baiana, de outubro a novembro de 2024, utilizando questionário
aplicado via Google Forms. Os dados foram analisados por estatística descritiva no Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS) versão 25.0. Resultados: Participaram do estudo 56
estudantes, a maioria do sexo feminino (82,1%), com mediana de idade de 26 anos (AIQ 04
anos), pretas e pardas (66,1%), solteiras (67,9%), praticantes de religiões baseadas no
Cristianismo (62,5%) e que não possuíam formação anterior (67,9%). Majoritariamente,
cursaram durante a graduação alguma disciplina que abordasse a temática dos cuidados
paliativos (57,1%), e esta disciplina foi ofertada como obrigatória (53,1%). A autoavaliação
dos estudantes teve conceito “bom” (46,4%), houve leve predominância entre aqueles que se
sentem preparados para atuar nos cuidados paliativos (51,8%), e 33 estudantes (58,9%) referiu
ter tido contato anterior com pacientes em cuidados paliativos no contexto profissional. A
avaliação de conhecimentos e práticas através da análise do instrumento teve um desempenho
geral considerado “bom” (66,1%). No domínio 1, 55,4% dos estudantes teve um desempenho
“ótimo”; no domínio 2, a maioria dos estudantes teve conceito “bom” (64,3%); já no domínio
3, houve um maior equilíbrio, entre as avaliações “bom” e “regular”, com destaque para
presença da avaliação “ruim” em 3,6% dos estudantes. Conclusão: Os estudantes
apresentaram um nível de conhecimento considerado “bom”, embora tenha apresentem
lacunas de conhecimentos no que se refere ao controle de sintomas, comunicação e
procedimentos em cuidados paliativos, evidenciando uma fragilidade na formação do
profissional enfermeiro para atuar nos cuidados paliativos.

A ocorrência de trauma na pessoa idosa é um indicador que preocupa, tendo piores desfechos
quando comparados com adultos. Na emergência é realizado o atendimento inicial e a
estabilização do quadro de saúde, portanto, neste cenário é fundamental que a equipe de
enfermagem preste assistência prioritária e direcionada às necessidades da pessoa idosa. O
objetivo da pesquisa é compreender como a equipe de enfermagem cuida da pessoa idosa
vítima de trauma na emergência. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva, de caráter
exploratório. Foi realizada em um Hospital Estadual referência em traumatologia, que atende
ao sistema único de saúde em Salvador, Bahia. 26 profissionais (enfermeiras e técnicas de
enfermagem) que atuam no acolhimento, sala vermelha e amarela participaram da pesquisa.
A coleta de dados foi realizada por entrevista individual em espaço reservado dentro da
unidade durante os meses de novembro e dezembro de 2024. Utilizou-se da Análise de
Conteúdo proposta por Bardin e os dados embasados à luz da teoria das necessidades
humanas básicas de Wanda Horta. Foram respeitados os aspectos éticos previstos na
Resolução 466/2012 do e 510/2016. Elencaram-se quatro categorias temáticas para discussão:
Conhecimento da equipe sobre trauma e suas repercussões na pessoa idosa; Dificuldades
enfrentadas no cuidado à pessoa idosa vítima de trauma na emergência; Facilidades no
cuidado à pessoa idosa vítima de trauma na emergência; e; Ações para o cuidado de
enfermagem à pessoa idosa vítima de trauma. Conclui-se que a equipe de enfermagem possui
conhecimento sobre a importância de priorizar a pessoa idosa no cuidado, mas encontra mais
dificuldades do que facilidades no processo. A implementação de protocolos e atividades de
educação em serviço contribuirão para agilizar o atendimento e atender as necessidades
humanas básicas da pessoa idosa.

A percepção do envelhecimento para as pessoas idosas é apontada como um bom indicador de um envelhecimento saudável. O processo de envelhecimento é complexo e está associado a muitas mudanças. Nesse contexto, a alimentação constitui um dos fatores fundamentais para o envelhecimento saudável. Os objetivos dessa pesquisa foram: Geral: apreender a compreensão de pessoas idosas sobre a alimentação saudável e envelhecimento. Específicos foram: identificar os fatores relacionados a alimentação que influenciam no envelhecimento; verificar quais mudanças na alimentação ocorrem com o envelhecimento; identificar como ocorre o preparo dos alimentos no envelhecimento; desvelar a importância da alimentação no envelhecimento. Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa, que foi realizada com pessoas idosas participantes do centro dia, de um Centro Geriátrico e Gerontológico, na cidade de Salvador-Bahia. Participaram da pesquisa pessoas idosas com idade igual ou superior a 60 anos, lúcidos, orientados globalmente (tempo, espaço e situação) e capazes de estabelecer o processo de comunicação verbal. A coleta de depoimentos foi realizada a partir da utilização de um questionário de caracterização sociodemográfica, e entrevista com roteiro semiestruturado, entre julho e agosto de 2024. Os depoimentos foram analisados através da técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. Esta pesquisa respeitou todos os aspectos éticos, de acordo com as exigências dispostas na Resolução nº 466/12. A análise dos depoimentos possibilitou a apreensão das seguintes categorias: 1. Percepção de pessoas idosas sobre alimentação saudável e envelhecimento; 2. Alimentação Saudável e condições socioeconômicas; 3. Preparo dos alimentos; 4. Mudanças na alimentação com o envelhecimento; 5. Importância da alimentação saudável para o envelhecimento. O estudo apontou que as pessoas idosas percebem a alimentação saudável como fator importante para o envelhecimento. Manter uma alimentação saudável estabelece uma relação de prevenção e promoção da saúde da pessoa idosa. Fatores como as condições socioeconômicas interferem diretamente nas escolhas alimentares e no envelhecimento dos participantes. Diante do contexto de rápido envelhecimento da população e necessidade de maior preparo dos profissionais e serviços de saúde, o estudo contribuirá com melhor compreensão do padrão alimentar das pessoas idosas pelo nutricionista, assim também como pelos profissionais de saúde que trabalham com este segmento populacional.

Os direitos reprodutivos, enquanto conquista feminista, é uma concepção fundamental dos direitos reprodutivos e que requer o direito ao exercício da liberdade, questões socioeconômicas e culturais, imbricadas nas relações desiguais de gênero, influenciam as ações e repercute na saúde e qualidade de vida de diversas mulheres, especificamente das menos favorecidas socialmente, como as mulheres com doença falciforme (DF), que convivem com o racismo, sexismo e com dificuldades no acesso aos serviços de saúde, como o planejamento reprodutivo. Esta investigação teve por objetivo geral analisar a autonomia reprodutiva de mulheres com doença falciforme do Centro Municipal de Referência às Pessoas com DF, em Feira de Santana-Ba e específicos: caracterizar as mulheres com DF segundo os aspectos sociodemográficos e de saúde sexual e reprodutiva; Identificar o nível de autonomia reprodutiva de mulheres com DF através da escala Reproductive Autonomy Scale para as três subescalas: tomada de decisão, ausência de coerção e comunicação; Verificar a associação entre características sociodemográficas e de saúde sexual e reprodutivas com a autonomia reprodutiva em mulheres com DF atendidas em um Centro Municipal de Referência às Pessoas com DF, em Feira de Santana-Ba. Trata-se de uma pesquisa exploratória, transversal de abordagem quantitativa, realizada em Feira de Santana, com 168 mulheres com idade entre 18 a 49 anos, diagnóstico confirmado de DF. Os dados foram processados por meio do pacote estatístico SPSS for Windows (versão 25.0). Para análise utilizou-se procedimentos estatísticos descritiva para expressar os resultados em termos de frequências absolutas e relativas, médias, desvios padrão, valores mínimos, máximos e amplitudes interquartis. A normalidade dos dados foi aferida por meio do teste não paramétrico de Mann-Whitney e para a análise de variáveis com três ou mais grupos, foi empregado o teste de Kruskal-Wallis. O nível de significância estatística de p ≤ 0,05 para todas as análises realizadas. Os resultados da pesquisa demonstraram que em maioria, as mulheres eram solteiras, pretas, católicas, não trabalham, com renda de até um salário mínimo e com escolaridade superior a 11 anos de estudo. A maioria da mulheres teve menarca menor que 14 anos, teve relação sexual nos últimos 12 meses, não participou de grupo de planejamento familiar nos últimos 12 meses e que já ficaram grávidas. O escore médio total de autonomia reprodutiva foi 2,52. Verificou-se associação entre o escore de "Ausência de Coerção" e a faixa etária, "Tomada de Decisão" com a situação conjugal e a renda mensal, na "Comunicação" com onde mora e a distância de onde mora para Feira de Santana, além de uma associação entre o escore de "Autonomia Reprodutiva Total" e a religião. Entre os escores “Tomada de Decisão”, “Comunicação” com a variável se teve relação sexual nos últimos 12 meses, no escorre “Comunicação”, "Autonomia Reprodutiva Total", com Utiliza método para evitar a gravidez e “Tomada de decisão”, “Ausência de coerção” com a variável ficou grávida. Apesar dos avanços, muito ainda há que se fazer para efetivação da melhoria dos serviços de atenção à mulher, em especial as que se encontram em situação de vulnerabilidade social, como as com DF.

Este estudo tem como objetivo geral analisar as implicações no campo profissional e
social da representatividade política da enfermagem brasileira na esfera legislativa municipal,
em uma perspectiva Bourdesiana. e como objetivos específicos: discutir a relação entre projeto
político, governabilidade e capacidade nas trajetórias dos representação da enfermagem
brasileira na esfera legislativa municipal e identificar as implicaçõe no campo
profissional e socialda representatividade política brasileira, na esfera legislativa municipal.
Como questão norteadora: Como ocorrem os impactos da representação política legislativa
no campo da enfermagem? Já como pressuposto de pesquisa, o que de : a representação política
infere e sofre na demarcação crítica da profissão, inferindo no valor social e econômico por
meio de tramitações de projetos que beneficiem a profissão, associado a projetos de governos
que demarque e agregre valor profissional, bem como do estímulo ao desenvolvimento
crítico, porém, as enfermeiras demonstram uma baixa compreensão política, baixa aderência e
participação, o que denota uma baixa expressão no campo político, impactando no
desconhecimento do poder adquirido a partir de expressões políticas críticas e suas nuances
representativas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, baseada no método de estudo de caso
único com enfoque incorporado com a ultilização da entrevista semi-estruturada e coleta de
documentos de dominio público.A população do estudo foi composta por treze enfermeiras
(os)/vereadoras (es), selecionados a nível nacional e abrangendo todas as cinco regiões
brasileiras ( Sul, Sudeste, Nordeste, Norte e Centro-Oeste). Foi ultilizado o método de Análise

de Conteudo de Minayo com apoio do software N-vivo para organização dos dados. Identificou-
se as seguintes categorias: (1) Os interesses específicos e irredutíveis supridos na realização

de ser político da esfera legislativa, (2) o funcionamento e os agentes do campo político,
(3) a operacionalização da política no campo da saúde e da enfernagem: definição da
quantidade e qualidade, e (4) a existência do próprio campo é um interesse em comum a
todos os agentes que dele pertencem. O estudo comprova a tese, pois, ao olhar o fenomeno a
partir da optica bourdesiana e atrelada a análise documental ficou claro que o campo político,
com suas dinâmicas e critérios, permanece amplamente incompreendido para grande parte dos
profissionais de Enfermagem. Isso reflete, em grande medida, a fragilidade organizativa da
categoria, a baixa participação nos processos decisórios e a crise histórica de identidade
profissional, reforçada por questões de gênero, divisão técnica e ausência de uma
representatividade consolidada. Esses fatores modernos perpetuam a subvalorização econômica
e social da enfermagem, além de limitar seu potencial transformador.

A autogestão ineficaz da saúde (AIS) de mulheres e homens configura-se como um desfecho
importante no gerenciamento da doença crônica. A autogestão de uma doença crônica deve
considerar a confirmação, reconhecimento da condição, percepção de vulnerabilidade,
severidade da doença, barreiras percebidas e as novas formas de cuidado para garantir a
qualidade de vida e sobrevivência. O estudo teve como objetivo analisar os elementos
estruturais do Diagnóstico de Enfermagem de AIS em pessoas com doença falciforme e sua
associação com características sociodemográficas, clínicas, medo da morte e suporte social no
contexto da pandemia da Covid -19. O estudo foi realizado no Brasil com 312 participantes por
meio das redes sociais. Foi aplicado inquérito eletrônico contendo informações
sociodemográficas e sobre AIS, a Escala de Medo da Morte de Collet-Lester, a escala General
Anxiety Disorder-7 (GAD-7) e a Escala Multidimensional de Suporte Social Percebido
(EMSSP). Foram conduzidas análises descritivas; Análise de Classes Latentes; Modelagem de
Equações Estruturais; e, Análise de Regressão Logística com posterior aplicação do método
delta. Os resultados mostraram que houve maior frequência de piora nos sinais e sintomas da
DF quanto às características definidoras; sobre os fatores relacionados predominou sentimentos
negativos em relação à doença e dificuldade para acessar os serviços de saúde no controle da
doença. Apresentaram efeito direto estatisticamente significante para a AIS: vivência de
estigma (β=0,45; p-valor<0,001), suporte social (β=-0,15; p-valor=0,035), fatores relacionados
(β=0,25; p-valor<0,001), medo da morte (β=0,18; p-valor=0,020) e Transtorno de Ansiedade
Generalizada (β =0,053; p-valor=0,042). Os fatores relacionados que mais contribuíram para o
aumento da prevalência de AIS foram as decisões tomadas diminuíram a qualidade de vida
(RP=5,96; IC95%=4,00-8,89), sentimentos negativos em relação à DF e ao tratamento
(RP=5,30; IC95%=2,60-10,82) e dificuldade para acessar os serviços de saúde para o controle
da DF (RP=4,47; IC95%=2,75-7,26). Entre as pessoas com doença falciforme, vivenciar o
estigma, baixo nível de suporte social, quanto maior o número de fatores relacionados e alto
nível de medo da morte contribuiu para maior prevalência de AIS. Estes resultados poderão
contribuir para a promoção do cuidado de enfermagem às pessoas com doença falciforme e
direcionar o planejamento de intervenções educacionais e políticas públicas para a melhoria da
sua saúde e qualidade de vida.

FERREIRA, M. B. Fatores associados à ideação suicida em mulheres com história de violência conjugal assistidas pela Operação Ronda Maria da Penha. 2024. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde) – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde, Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia. Salvador – Ba, 2024

A violência contra a mulher é um fenômeno que impacta a saúde feminina com sérias implicações para a esfera mental, podendo levar a ideação suicida como uma resposta de escapar dos sofrimentos provenientes da vivência desse agravo. O objetivo deste estudo foi investigar os fatores associados à ideação suicida em mulheres com história de violência conjugal. Trata-se de um estudo quantitativo, transversal, que ocorreu entre fevereiro e junho de 2021 por meio de entrevistas. Foram 231 mulheres maiores de 18 anos acompanhadas pela Operação Ronda Maria da Penha na cidade de Salvador/BA sendo excluídas aquelas que informaram ter diagnóstico de transtorno mental. Os dados foram analisados no software Rstudio e verificado a associação entre o desfecho (ideação suicida) e as variáveis independentes, foi efetuado o cálculo da razão de prevalência (RP) por meio de uma análise bivariada a partir do teste Qui–quadrado de Pearson e teste exato de Fisher considerando um valor de p ≤ 0,05 para associação estatisticamente significante. Verificou-se associação positiva não estatisticamente significante para o desenvolvimento de ideação suicida nas mulheres de raça/cor negra (RP= 1,52), que possuíam uma religião (RP=1,49) e estavam separadas de seus parceiros (RP= 4,99). Já aquelas mulheres que trabalhavam de forma remunerada (RP=0,87) e não dependiam financeiramente de alguém (RP=0,81) apresentaram associação negativa, não estatisticamente significante. Constatou-se também que entre as mulheres que apresentaram TMC tinham 13,13(RP= 13,13) vezes mais probabilidade de relatarem ideação suicida quando comparadas aquelas que não tinham TMC, cuja associação foi estatisticamente significante (p=0,001). No que se refere a vivência de violência na infância evidenciou uma associação positiva para ideação suicida, sendo estatisticamente significativa, as mulheres que vivenciaram na infância a violência psicológica (RP=1,67; p-valor= 0,019), violência física (RP=1,63; p-valor=0,049) e violência sexual (RP= 1,81 p-valor=0,009). Diante o exposto sugere que a raça/cor negra, a religião, o estado civil das mulheres, experienciar violência na infância e apresentar transtorno mental comum podem estar diretamente relacionados à ideação suicida, no entanto, o emprego remunerado e a independência financeira parecem desempenhar um papel protetor para o desfecho. Fica evidente que esses achados estão intrinsecamente associados a um risco significativamente maior de ideação suicida em mulheres que sofrem violência conjugal.

Em ambientes intra e extra hospitalar, o gerenciamento efetivo da Parada Cardiorrespiratória e da Ressuscitação Cardiopulmonar envolve uma cadeia de seis etapas, denominadas elos de sobrevivência pediátrica que devem ser implementadas de forma sequenciada e sincronizada visando à redução da mortalidade e de sequelas neurológicas irreversíveis. A Simulação Clínica como metodologia ativa de educação permanente possibilita associar o realismo da simulação de alta fidelidade ao conhecimento e à prática clínica dos enfermeiros da pediatria, gerando aumento na autoconfiança e habilidade para atuação efetiva na ressuscitação. Objetivo: Avaliar a efetividade da simulação clínica na capacitação de enfermeiros na ressuscitação cardiopulmonar pediátrica hospitalar. Método: Trata-se de um estudo de intervenção, de abordagem quantitativa, do tipo quase-experimental realizada em um hospital geral público na cidade de Salvador, Bahia, Brasil. Os dados foram coletados através de instrumentos previamente elaborados pelos pesquisadores baseados nos materiais didáticos referenciados pela American Heart Association do ano de 2020, sendo estes: um pré-teste inicial e pós-teste final contendo 22 questões e um instrumento de avaliação da prática simulada inicial e final. O programa Statistical Package for the Social Sciences versão 23 foi utilizado para as análises e o Office Excel para a confecção de gráficos e tabelas, considerando-se o nível significância de 5%. Resultados e Discussão: Participaram do estudo 26 enfermeiros assistenciais das unidades de emergência, enfermaria e terapia intensiva pediátricas, sendo a maioria pertencente ao sexo feminino 21 (81%), 12 (46%) na faixa etária de 41-50 anos, 17 (65%) auto intitularam-se ser da cor parda, 13 (50%) possuem de 5-10 anos de formação, 13 (50%) informaram possuir 1-4 anos de atuação em pediatria, 4 (15%) informaram possuir especialização em UTI e emergência pediátrica. Houve melhor desempenho dos enfermeiros no período de pós intervenção para os elos 1, 2, 3 e 5, considerando o p-valor e a elevada porcentagem de acertos; para os elos 4 e 6, ainda que tenham também apresentado uma porcentagem de acertos alta após intervenção, não foi observada significância estatística. Já no cenário prático, os participantes obtiveram desempenho satisfatório em todos os elos (p-valor < 0.05), com exceção mais uma vez do elo 6, pois ainda que a porcentagem das ações realizadas tenha sido maior no período pós em relação à pré intervenção, o nível de significância revelou-se ligeiramente acima de 5% (p-valor: 0.063). Conclusão: A Simulação Clínica foi efetiva na capacitação dos enfermeiros na ressuscitação cardiorrespiratória pediátrica, favorecendo o aumento do conhecimento, a avaliação, a segurança do paciente, configurando-se como uma ferramenta educativa importante para o ensino e treinamento das habilidades na assistência de enfermagem.

Crianças com necessidades de saúde especiais e demandas de cuidados tecnológicos enfrentam enfrentam hospitalizações prolongadas pela complexidade de cuidados, exigindo do enfermeiro apoio e ampla atuação para desospitalização segura. Objetivo: Descrever a atuação de profissionais de enfermagem na desospitalização de crianças com necessidades de saúde especiais e demandas de cuidados tecnológicos. Metodologia: Estudo transversal. Os dados foram coletados entre março e junho de 2023 por meio de formulário on-line do tipo likert. Os dados foram analisados por estatística descritiva no Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 21.0. Resultados: Participaram do estudo 82 profissionais, a maioria de terapia intensiva pediátrica (n=38-46,3%). Durante a internação, as práticas promotoras da autonomia familiar para desospitalização foram: o preparo para intercorrências (n=58-70,7%), a participação ativa no cuidado (n=53-64,6%), orientações e treinamento desde o início do internamento (n=43-52,4%) e a integração de rotinas, religião e cultura no planejamento dos cuidados (n=35-42,6%). A comunicação efetiva com familiares foi positiva (n=42-51,2%) e a sobrecarga das atividades burocráticas, negativa (n=58-70,7%). Os desafios destacados foram: apoio pedagógico para atividades escolares (n=46-56,1%); visita de outras crianças (n=57-69,5%); e treinamento com linguagem de sinais para deficiência auditiva/fala (n=70-85,3%). No planejamento da alta a inexistência de protocolo Institucional (n=41-50%), tempo para treinamentos/orientações (n=44-53,6%); ausência de enfermeiro coordenador de alta (60-73,1%) e escala para avaliar competência do familiar nos cuidados (n=57-69,5%) foram os principais achados. Conclusão: A atuação de enfermagem mostrou-se acontecer de forma expressiva por meio de ações para promoção da autonomia e prontidão de familiares para o cuidado domiciliar. Os aspectos gerenciais do cuidado para a implementação da desospitalização foram os principais desafios encontrados..

As condições crônicas complexas usualmente não têm cura e necessitam de cuidados
especializados permanentes. Crianças com condições crônicas complexas, por lei, têm direito
a acompanhante em tempo integral. Essa tarefa pode ser bastante estressante para a família,
afetando seu funcionamento diário e sua situação financeira. Pela sobrecarga de trabalho, as
familiares sofrem alterações físicas e mentais que precisam de atenção. Desta forma, surge a
possibilidade do uso de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde para melhora da
qualidade de vida destes indivíduos. Este estudo tem como objetivo desvelar vivências com
Práticas Integrativas e Complementares em Saúde de familiares cuidadores de crianças com
condições crônicas complexas. Trata-se de um estudo descritivo-exploratório de abordagem
qualitativa. Para produção de dados foi realizada entrevista semi estruturada, utilizado o
software NVivo para organização de dados e análise de dados na perspectiva da Análise de
Conteúdo. Este estudo respeitou os aspectos éticos sendo aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa. O número total de participantes alcançou 16 familiares, em sua maioria mulheres,
de etnia negra e com baixa escolaridade. Essas participantes indicaram uma falta de
familiaridade prévia com as práticas integrativas e complementares. A aplicação da
auriculoterapia, reflexoterapia podal e massagem trouxe benefícios notáveis, como a redução
do estresse e alívio de dores físicas e emocionais. Esses benefícios contribuíram para o
bem-estar das familiares, influenciando positivamente na qualidade do cuidado oferecido às
crianças. Contudo, vale ressaltar os desafios na integração das práticas integrativas e
complementares, tais como a escassez de conhecimento sobre o tema, a falta de formação
profissional e inadequações no financiamento no contexto hospitalar. Destaca-se o impacto
benéfico das práticas integrativas e complementares nas familiares cuidadoras durante o
período de internamento, sublinhando a importância dessas abordagens como um
complemento valioso aos cuidados convencionais. Essa visão abrangente pode orientar
futuras ações e políticas de saúde, visando a melhoria da qualidade da assistência centrada na
família.

Avaliar o efeito do Método Pilates solo por Teleatendimento na redução de dor
musculoesquelética em cuidadores de pessoa idosas com dependência funcional. Estudo
quantitativo, longitudinal prospectivo, quasi- experimental, do tipo antes e depois, vinculado
ao projeto Matriz “Inovações Educativas para prevenção/redução de sobrecarga em
cuidadores”. A pesquisa foi realizada no Centro de Referência Estadual de Atenção à Saúde o
Idoso, Salvador, Bahia, Brasil e de forma remota. Os participantes foram cuidadores de
pessoas idosas com dependência funcional, cadastrados na referida instituição. Para coleta de
dados, foram utilizados questionários sociodemográfico, avalição funcional e aplicação do
Questionário Nórdico de sintomas musculoesqueléticos, Escala Visual Analógica e a Escala
de sobrecarga de Zarit. Participantes foram divididos em grupo Pilates solo que recebeu um
manual com orientações posturais e realizou a intervenção por 12 semanas e, três vezes na
semana durante 50 minutos, e grupo controle, que recebeu somente o manual as com
orientações posturais e alongamento. Os dados foram analisados com auxílio do SPSS 25.0.
22 cuidadores participaram do estudo, sendo 13 para o grupo Pilates solo e 9 para o grupo
controle. Em ambos os grupos, a maioria eram mulheres, filhas, negras de meia-idade, com
renda de até um salário mínimo e escolaridade média a superior. Sobre a prestação de
cuidados, em ambos os grupos eram cuidadores principais, não tinham curso de cuidador,
exerciam essa função há mais de um ano e prestavam cuidados a idosos com alto grau
dependência funcional. Houve uma redução significativa intergrupos da dor geral do corpo
(p=0,000) ao final do estudo para o grupo Pilates solo. Quando avaliado cada grupo, houve
redução significativa da dor no grupo Pilates solo na parte superior (p=0,012) e inferior das
costas (p=0,035), punho/mão (p=0,046) e no quadril/coxas (p=0,005) e no grupo controle,
pescoço (p=0,042) e quadril/coxas (p=0,043). Houve diferenças significativas intergrupos nas
regiões de pescoço (p=0.001), cotovelo (p=0,040), punho/mão (p=0,045), joelhos (p=0,008) e
tornozelo/pés (p=0,005). O Teleatendimento foi eficaz para alcançar os cuidadores de pessoas
idosas com dependência funcional e permitir a prática de exercícios de Pilates solo na redução
da dor musculoesquelética. Esses resultados apontam para a necessidade do incentivo ao
autocuidado físico com intuito de adquirem maior percepção de saúde e prevenir
adoecimentos. Como limitação, este estudo apresenta uma amostra pequena, bem como a não
randomização dos grupos comparados, desta forma não é possível generalizar os achados.
Porém, trouxe inovações quanto ao uso do Teleatendimento, mostrando a sua eficácia com
relação aos benefícios do Pilates neste grupo, além da construção de um protocolo de
exercícios de Pilates solo para cuidadores objetivando a redução de dor musculoesquelética.

O estudo aborda as práticas gerenciais utilizadas pelas enfermeiras gestoras para a aplicação do
conhecimento para a segurança do paciente em unidades de terapia intensiva. Trata-se de uma
pesquisa qualitativa, descritivo-exploratória, realizada com gestoras de enfermagem de
unidades de terapia intensiva de dois hospitais públicos de ensino, do Nordeste do Brasil. Foram
entrevistadas 10 gestoras de unidades de terapia intensiva, no período de julho a setembro de
2023. Os critérios de inclusão foram: ser enfermeiro no exercício da
coordenação/liderança/referência há pelo menos seis meses, tempo considerado mínimo para
adaptação ao cargo e domínio necessário das rotinas da UTI. E, os critérios de exclusão:
afastamentos por férias, licença-maternidade ou médica e aquelas que se recusaram a participar
da pesquisa. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas, cujos dados foram coletados pela
pesquisadora e por uma estudante de enfermagem, nas datas e locais escolhidos pelas
entrevistadas. Utilizou-se como instrumento de coleta um roteiro semiestruturado, com
perguntas fechadas para caracterização das participantes e uma questão aberta norteadora, tendo
sido estas informações analisadas exaustivamente conforme a técnica de Análise de Conteúdo
de Bardin. Foram construídas três categorias de análise e respectivas subcategorias: Categoria
I – Sensibiliza profissionais da equipe para aplicação do conhecimento e duas subcategorias:
Valoriza o aspecto pessoal, profissional e o trabalho em equipe e Promove o acolhimento e o
comprometimento dos profissionais. Categoria II – Utiliza recursos intra e extra
organizacionais para a capacitação dos profissionais e duas subcategorias: Identifica as
necessidades de capacitação individual e coletiva da equipe para a segurança do paciente e
utiliza estratégias pedagógicas diversificadas para capacitar os profissionais e se auto capacitar.
Categoria III - Viabiliza condições para aplicação do conhecimento nas práticas laborais da
equipe e três subcategorias: Utilização de instrumentos normativos e técnico-científicos na
prática assistencial; Monitoramento da equipe na utilização de novos conhecimentos e
Compartilhamento de conhecimento de gestoras nas práticas assistenciais para a segurança do
paciente. Conclui-se que as ações gerenciais das enfermeiras para a aplicação do conhecimento
na UTI tornam o ambiente profícuo ao aprendizado, ao desenvolvimento de inovações e,
consequentemente, contribuem para a segurança do paciente e a qualidade do cuidado ofertado
aos pacientes. Necessitando, no entanto, potencializar suas ações no planejamento estratégico
para a aplicação do conhecimento produzido e adquirido pela equipe de enfermagem, devendo
ser reconhecido como um processo gerencial da conversão do conhecimento tácito e explícito.

Gerir a própria saúde tem se constituído num desafio para a maior parte da população masculina
em diversos países, especialmente, quando há o aparecimento de doenças crônicas não
transmissíveis, o que torna imprescindível a produção científica e o desenvolvimento de
intervenções de enfermagem/saúde junto a este público. Este estudo tem o objetivo geral:
analisar o fenômeno da autogestão ineficaz da saúde a partir da experiência de homens adultos
em adoecimento crônico. Trata-se de um estudo qualitativo, o desenho e o protocolo do estudo
obedeceu as recomendaçõe do guideline: Standards for Quality Improvement Reporting
Excellence - SQUIRE 2.0. realizado a partir de análise teórica e empírica de dados da literatura
científica e a partir da narrativa de homens adultos residentes na cidade de Salvador, Bahia,
Brasil, entre os anos de 2019 a 2020 (pré-pandemia da Covid-19). Empregou-se a análise do
conceito de “Autogestão Ineficaz da Saúde”, através da aplicação do Modelo de Análise do
Conceito, Teórico, Empírico e Estrutural proposto por Fawcett, seguido de uma pesquisa de
campo envolvendo 67 homens, os quais foram submetidos à entrevista individual, guiada por
um instrumento semiestruturado, validado mediante a teste piloto. Utilizou-se o método da
Análise de Conteúdo Temático Reflexiva proposto por Braun e Clarke, interpretados à luz do
referencial teórico do Modelo de Promoção da saúde da enfermeira teorista Nola Pender. Para
reportar o estudo qualitativo, foi seguido o Consolidated Criteria for Reporting Qualitative
Research (COREQ). Os aspectos éticos foram respeitados, estando o estudo aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa, sob o parecer de número: 3.313.517/2020, sendo empregado um
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os resultados do estudo evidenciaram que a
estruturação teórica, empírica e conceitual da autogestão ineficaz da saúde de homens adultos
em adoecimento crônico possibilitou reconhecer as características, os comportamento
específicos e resultados de comportamento e experiências individuais da Promoção da Saúde
que explicam a ocorrência, os antecedentes, fatores pessoais, autopercepção da problemática,
sentimentos, influências, exigências, preferências e compromissos promotores ou não da saúde
em dada construção social das masculinidades. O referencial do Modelo de Promoção da Saúde
mostrou-se sensível ao fenômeno investigado, permitindo localizar conceitos e direcionamentos
para a prática em Enfermagem, ampliando e fortalecendo o emprego de sistemas de linguagem
padronizada e a definição do escopo da produção do cuidado. Em termos da dimensão empírica
do fenômeno investigado, o estudo também explicitou as características e experiências dos
homens, os comportamentos anteriores de saúde, os quais indicaram o distanciamento dos
homens da percepção corporal e autopercepção da saúde, atribuição de prioridades à outras
dimensões da saúde em detrimento da saúde (trabalho). Revelou os fatores pessoais
relacionados à ineficácia da autogestão da saúde: desatenção para a qualidade da alimentação,
atividade física, histórico de doença na família e maus hábitos de saúde familiar, busca tardia
por assistência à saúde, socialização masculina de saúde precarizada. Contudo, os homens
investigados percebem benefícios em gerir a própria saúde vivendo com doença crônica,

reconheceram as barreiras para a ação em prol da promoção da saúde, com maior ênfase para a
redução de possíveis danos e complicações da doença, desempenhando mecanismos de
autoeficácia para melhorar a situação/condição de saúde, cujo os sentimentos deflagrados
demonstraram a autorealização, satisfação e conquista. Observou-se influências na autogestão
para a promoção da saúde, quer sejam elas de base sociocultural, quanto dos acessos disponíveis
para cuidar de si e da saúde, acessando a rede de serviços. Os homens manifestaram exigências
e preferências para auto gerir a sua saúde, com destaque para a valorização do autocuidado, a
convivência social para além da doença e a busca por melhorias no quadro de saúde. Para tanto,
estabeleceram estratégias, ações, comportamentos e práticas de cuidado por meio de um plano
de ação que coopera com a adoção de comportamento de promoção da saúde. Como
considerações finais, o estudo possibilitou evidenciar que a autogestão ineficaz da saúde carece
de compreensão conceitual em termos da sua estruturação teórica e empírica, o que indicou a
necessidade de interpretação a partir da ótica da promoção da saúde. A eficácia da autogestão
da saúde depende da integração harmônica de elementos individuais e coletivos, envolvendo o
ciclo de convivência socioafetiva dos homens (amigos, homens da comunidade, espaço de lazer
e trabalho), a construção e (re)construção das masculinidades, a família, os profissionais de
saúde, o acesso à bens e serviços e a cobertura de saúde única (universal) para a atenção integral
à saúde visando o autocuidado e a promoção da saúde. Por fim, o Modelo de Promoção da
Saúde de Nola emprego para a compreensão do fenômeno mostrou-se eficaz e aprofundado.

A sexualidade é vivenciada por meio de experiências que envolvem o corpo, de modo
complexo e dinâmico. Na juventude, as liberdades de expressão da sexualidade permitem a
exploração do corpo, a busca pelo prazer por meio de atividades individuais ou
compartilhadas. Com a pandemia pela COVID-19, ocorreram mudanças nas práticas e
comportamentos da sexualidade, tendo em vista o distanciamento social adotado como uma
das medidas sanitárias de prevenção. Esse estudo tem como objetivos conhecer experiências
de jovens em relação à sexualidade durante a pandemia de COVID-19 e analisar experiências
de jovens em relação à sexualidade durante a pandemia de COVID-19, tendo em vista o
distanciamento social. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com abordagem descritiva e
exploratória, realizada remotamente em ambiente virtual por meio das Tecnologias de
Informação. Participaram da pesquisa 14 jovens de diferentes localidades do estado da Bahia
que vivenciaram o distanciamento social durante a pandemia de COVID-19. Como técnica de
aproximação, utilizamos a Bola de Neve de forma remota por meio das Redes Sociais
Virtuais, através da Estratégia Viral. Adotamos o Grupo Focal on-line assíncrono como
técnica de produção do material empírico. O material empírico foi analisado a partir da
técnica de análise do discurso proposta por Fiorin, tendo sexualidade como categoria
analítica. Para garantir rigor metodológico e qualidade da pesquisa, foram adotados os
critérios do COREQ para construção da metodologia e execução do estudo. Os aspectos éticos
dispostos na Resolução no 466/2012, no 510/2016 e no 02/2021 foram respeitados e, o projeto
foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFBA. Os resultados
convergiram para três categorias empíricas: singularidades da sexualidade de jovens durante a
pandemia de COVID-19; reelaboração de demandas e términos de relacionamentos na
intensificação da convivência, e saúde emocional sob os efeitos das privações na COVID-19.
As narrativas abstraídas revelam que, mesmo em contexto de distanciamento social, jovens
construíram estratégias para atender suas demandas afetivo-sexuais, sozinhas/os ou com
parceria, nas formas e limites possíveis, presencial e/ou virtualmente. Em cenário de
pandemia, os aplicativos de relacionamentos foram ressignificados como ferramenta para
elaboração de amizades. Jovens assumiram diferentes estratégias para viver a sexualidade:
brinquedos sexuais e a masturbação foram adotados para concretização das vontades;
assumpção dos riscos de contaminação no cuidado à saúde mental ou preservação do status de
normalidade; nos relacionamentos românticos a intensa convivência levou a reelaboração de
demandas ou o término, experienciado com dor, luto e desafios na busca de novos sentidos.
As restrições de liberdade, incertezas, medo, conflitos familiares e perda de privacidade
geraram prejuízos à saúde emocional exacerbando demandas da saúde mental. Os resultados
podem contribuir com o aperfeiçoamento de políticas públicas para a juventude, em especial,
para a enfermagem que atua no cuidado direto à saúde e educação da comunidade. Assim
sendo, é imprescindível discutir estratégias de cuidado adequadas as especificidades nas
experiências da sexualidade deste grupo e ampliar o conhecimento sobre as demandas de
saúde da juventude brasileira para a elaboração de políticas públicas para a juventude em
períodos atípicos.

A educação infantil urge por modelos educativos que se preocupem tanto com o
desenvolvimento de capacidades intelectuais como também pelo aguçar da consciência para
um sentido na vida na adolescência. Tendo em vista o contexto que a educação vá além das
divisões planejadas entre aspectos cognitivos, emocionais e éticos, emergiu a questão
norteadora: como se apresenta o sentido de liberdade e responsabilidade dos professores da
educação básica formados em Logoterapia Análise Existencial em escola com proposta na
pedagogia do sentido? Para responder essa indagação, este estudo tem como objetivo:
compreender as vivências com o sentido de liberdade e responsabilidade dos professores da
educação básica formados e atuantes em uma escola que adota a pedagogia do sentido. E
como objetivos específicos: desvelar as vivências dos professores da educação básica,
formados em Logoterapia Análise Existencial, no que tange aos conceitos de liberdade e
responsabilidade no contexto pedagógico; descrever a aplicação dos princípios de tornar-se
livre e responsável na prática educativa dos professores da educação básica com formação em
Logoterapia Análise Existencial, em relação aos alunos. A pesquisa qualitativa compreensiva
foi realizada em um colégio particular de ensino básico, localizado em Lauro de Freitas,
Bahia. Participaram do estudo professores (as) logoeducadores que atuam nesse colégio. A
coleta de dados foi realizada conforme o roteiro previamente elaborado, que serviu como guia
para as entrevistas, incluindo dados de caracterização dos participantes e questões abertas
relacionadas à logoeducação e à educação para o sentido da vida. A análise dos dados seguiu
a metodologia da tríade humanista-existencial-personalista de Vietta, adaptada por Santa
Rosa, e compreendeu seis etapas sistematizadas: 1) Significado global: leitura atenta da
transcrição das gravações das entrevistas; 2) Unidades de significado: identificação; 3)
Agrupamento dos significados em subcategorias; 4) Quadro representativo: resultado do
agrupamento das falas; 5) Composição de categorias: agrupamento das falas por semelhança;
6) Análise compreensiva dos resultados: utilizando referencial teórico
humanista-existencial-personalista. Os resultados revelam duas categorias: formas de
expressão do homo faber e formas de expressão do homo sapiens. Essas categorias revelam
que os professores integram valores atitudinais, vivenciais e criativos em suas práticas
pedagógicas, promovendo uma educação que vai além da transmissão de conhecimento,
enfatizando o desenvolvimento humano integral. A pesquisa destacou a autotranscendência
como elemento para criar nos alunos o hábito de enxergarem suas ações em um contexto mais
amplo, promovendo uma educação que transcende o aprendizado técnico para incluir o
desenvolvimento ético e social. Conclui-se que a aplicação dos conceitos franklianos na
educação permite uma abordagem pedagógica para a formação de cidadãos conscientes, onde
os professores incentivam os alunos a autotranscender e buscar uma vida com sentido.

A magnitude da violência por parceiro íntimo requer maior aprofundamento teórico acerca do
complexo fenômeno no sentido de encontrar caminhos para a ruptura desse ciclo, que impacta
diretamente a saúde e bem-estar individual e coletivo. Objetivou-se compreender os eventos
que influenciam a permanência de mulheres em relações íntimas violentas. Trata-se de um
estudo qualitativo e descritivo, realizado no âmbito da Operação Ronda Maria da Penha, serviço
da Polícia Militar do Estado da Bahia. As participantes foram 23 mulheres com histórico de
violência por parceiro íntimo assistidas nas cidades de Lauro de Freitas e Senhor do Bonfim,
Bahia, Brasil. A coleta de dados ocorreu no primeiro semestre de 2023, por meio de entrevistas
semiestruturadas, sendo os dados sistematizados por meio da Análise de Conteúdo proposta por
Bardin e analisados à luz da categoria gênero. Foram respeitados os aspectos bioéticos
preconizados pela Resolução 466/2012 e o estudo foi apreciado por Comitê de Ética e Pesquisa,
com parecer favorável de número 50088120.8.0000.5531. Da análise do material empírico,
emergiram oito categorias: a naturalização da violência, a crença da subserviência da esposa ao
marido, a convicção na indissolubilidade do casamento, a esperança de mudança do cônjuge, a
dependência emocional ao cônjuge, a dependência econômica ao parceiro íntimo, a vergonha
de expor a situação de violência conjugal e o temor de perder a vida ou a de familiares. O estudo
evidencia que a construção sociocultural de gênero, que naturaliza a violência e perpetua
desigualdades, relacionada e/ou intensificada pela dependência emocional e econômica, além
do medo de represálias — incluindo o risco de feminicídio e de violência contra familiares.
Além disso, revela o impacto estrutural da violência de gênero, que limita as possibilidades de
autonomia das mulheres e reforçam a dificuldade feminina para romper o ciclo da violência.
Tal complexidade requer ações integradas a fim de garantir que mulheres tenham condições
seguras para reconstruir suas vidas fora de relações abusivas.

A transição do ambiente hospitalar para o lar, marcada pela alta do recém-nascido, é um momento crítico que exige uma abordagem integrada e suporte contínuo. Este momento requer acurácia clínica e que assegure um encaminhamento e seguimento do neonato e seus arranjos familiares. Por meio da alta segura, são avaliados alguns aspectos indispensáveis à segurança, sobrevivência e qualidade de vida desses atores sociais. Nesse cenário, fez-se a seguinte questão norteadora: Quais os requisitos necessários para o desenvolvimento de um aplicativo para alta segura do RN? Este estudo busca conhecer os principais requisitos para o desenvolvimento de um aplicativo sobre alta segura do RN. Trata-se de estudo metodológico que consistiu no desenvolvimento de uma tecnologia em saúde voltada para a alta segura de recém- nascidos. A tecnologia desenvolvida caracteriza-se como m-health também considerada uma tecnologia cuidativa, já que pretende intermediar o procedimento de alta do paciente RN. Para total efetivação deste estudo foram seguidas três fases guiadas pelo Technology Readiness Level (TRL) que consiste numa ferramenta para a análise de maturidade de tecnologias. A Fase I de idealização correspondeu às etapas zero de pesquisa de anterioridade; etapa um com revisão de literatura e etapa dois com levantamento de conteúdo, requisitos, necessidades e funcionalidades do app com junto aos profissionais atuantes em neonatologia. A Fase II de prototipagem abrangeu as etapas três de formulação da aparência, requisitos e necessidades e quatro com desenvolvimento do protótipo do aplicativo. Por fim, a Fase III de registro, com a etapa cinco de encaminhamento para registro junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual. O conhecimento dos principais requisitos para o desenvolvimento de aplicativo em saúde requer empenho técnico e científico, com aprofundamento tecnológico com comprometimento a longo prazo. Acima da oferta de uma ferramenta com conteúdo em saúde do recém-nascido, agregou-se discussões e contribuições referentes ao desenvolvimento da tecnologia, que soma, além do uso de referencial tecnológico inovador como o Technology Readiness Level, a compilação do conhecimento sobre a saúde neonatal, a ênfase na segurança em neonatologia e na transição de cuidados, a busca por referenciais que baseiam a construção de tecnologias em saúde e a conjugação de diferentes métodos na busca da construção do conhecimento na enfermagem.

O envelhecimento populacional eleva o risco de hospitalização de pessoas idosas. Como
consequência, estas podem necessitar da continuidade do cuidado em domicílio após a alta
hospitalar. Nesse sentido, a enfermagem se destaca no preparo eficaz da pessoa idosa e seu
familiar/cuidador para a continuidade dos cuidados de forma segura. Definiu-se como objetivos
de pesquisa e de prática do estudo, respectivamente: compreender como ocorre o cuidado de
enfermagem para transição hospital-domicílio de pessoas idosas; construir e implementar uma
proposta de cuidados de enfermagem para transição hospital-domicílio de pessoas idosas.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo Convergente Assistencial, fundamentada na Teoria
das Transições de Afaf Meleis. O estudo foi realizado no Hospital Geral de Guanambi (BA),
nas unidades de clínica médica e clínica cirúrgica. Os participantes do estudo formaram o grupo
de convergência, composto por 19 profissionais, sendo 14 técnicos de enfermagem e cinco
enfermeiros assistenciais que atenderam ao critério de inclusão: participar da assistência aos
pacientes internados por um período mínimo de dois meses. Foram excluídos os profissionais
que se encontravam afastados, de licença ou férias durante o primeiro encontro do grupo de
convergência. A pesquisa foi desenvolvida em cinco etapas: 1 – Revisão integrativa da
literatura; 2 – Encontro 1 com o grupo de convergência para compreender como ocorre o
cuidado de transição hospital-domicílio; 3 – Encontro 2 com o grupo de convergência para
planejar e elaborar uma proposta de cuidados; 4 – Implementação da proposta elaborada; 5 –
Encontro 3 com o grupo de convergência para análise das mudanças ocorridas na prática de
enfermagem. Para análise dos dados utilizou-se o software MAXQDA, originando códigos e
subcódigos que, posteriormente, determinaram as categorias temáticas. O projeto foi submetido
e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado da Bahia (UNEB),
sob parecer de número 5.353.963. Como resultado formaram-se as categorias: Intervenções
terapêuticas da enfermagem realizadas no cuidado de transição hospital-domicílio de pessoas
idosas; Condicionantes inibidores para implantação e implementação do cuidado de
enfermagem para a transição hospital-domicílio de pessoas idosas; Intervenções terapêuticas
da enfermagem para o cuidado de transição hospital-domicílio de pessoas idosas; Proposta de
cuidados de enfermagem para a transição hospital-domicílio de pessoas idosas; Avaliação das
mudanças alcançadas na prática de enfermagem. Os condicionantes inibidores para a
implantação e implementação do cuidado transicional, referiram-se à pessoa idosa e à
comunidade. As mudanças efetivadas em curto prazo relacionaram-se às mudanças de
comportamento da equipe referentes à otimização das orientações realizadas, utilização de
materiais educativos e melhorias na comunicação entre a equipe multiprofissional. A
enfermagem é protagonista em todo o processo, apresentando atuação extensa em inúmeras
ações. Espera-se agora outras mudanças em médio e longo prazo.

Estudo de método misto, vinculado ao projeto matriz “Modelos de gestão hospitalar em
enfermagem: memórias de enfermeiras”. Realizado em dois momentos distintos nos
seguintes cenários: 1°) Hospitais Universitários do Brasil, Espanha e Portugal; 2°) Hospital
Universitário do Nordeste do Brasil. Com o objetivo geral de analisar o desenvolvimento da
liderança por enfermeiros em um hospital universitário. E, dos seus objetivos específicos: I -
Identificar elementos das disciplinas de aprendizagem organizacional que são apresentados
pelos enfermeiros Ibero-americanos para o desenvolvimento da liderança em hospitais
universitários; II - Avaliar as competências socioemocionais de enfermeiros que atuam em um
hospital universitário do Brasil; III- Conhecer as competências socioemocionais mobilizadas
por enfermeiros-líderes durante e após o enfrentamento da pandemia pelo covid-19 em um
hospital universitário; IV - Interpretar os significados atribuídos à liderança por enfermeiros de
um hospital universitário e; V - Identificar a influência das competências socioemocionais para
o desenvolvimento da liderança pelos enfermeiros de um HU do Brasil. Participaram do estudo
no primeiro momento 30 enfermeiras (oito brasileiras, nove espanholas e 13 portuguesas). E,
no segundo momento, 16 enfermeiras brasileiras (etapa quali) e 112 enfermeiros (etapa quanti).
Em relação aos critérios de participação, tanto no Momento I, quanto no Momento II, os
participantes corresponderam aos profissionais que atuam ou atuaram na gestão e/ou nas
unidades e/ou nos serviços desses HUs. Selecionados de forma intencional mediante a
amostragem não probabilística em bola de neve ou snowball sampling. Para a coleta de dados,
aplicou-se a técnica da entrevista com o auxílio de um roteiro semiestruturado (etapa quali) e
para a mensuração das competências socioemocionais dos enfermeiros, utilizou-se um
questionário do tipo Likert via Google Forms. Os dados foram organizados e tratados com o
auxílio dos softwares NVivo e Iramuteq. A análise e interpretação dos achados foi embasada
pelos constructos teóricos de Peter Senge, a partir dos três níveis das disciplinas de
aprendizagem organizacional (Princípios – Entendimento do grupo; Práticas – Atividades do
grupo; Essências – Estado de Ser coletivo). Avaliados segundo as competências
socioemocionais nas dimensões da Consciência social, Consciência emocional, Autocontrole
emocional, Regulação emocional e Criatividade emocional.

A pandemia da COVID-19 consistiu na maior crise sanitária enfrentada globalmente,
desencadeou uma rápida e crescente ascensão da COVID-19, expondo os profissionais de saúde
ao risco para adoecimento físico e mental. Uma vez que os trabalhadores vivenciaram
intensificação e necessidade de reorganização dos processos de trabalho, foram afetados pelo
medo do agente desconhecido de contrair e disseminar a infecção, expostos a situações
angustiantes, a dificuldade de acesso à EPI's, e condições precárias de trabalho. Esse panorama
revelou a necessidade de monitoramento dos profissionais de saúde, visando a prevenção e
controle da infecção e suporte terapêutico para enfrentamento da crise sanitária. Assim, emergiu
a necessidade de investigar os fatores sociodemográficos, ocupacionais além das representações
sociais da COVID-19, desses trabalhadores que podem afetar o nível de ansiedade e o
sofrimento. Objetivos:1. Descrever o protocolo de monitoramento dos trabalhadores da
Secretaria do Estado da Bahia com suspeita ou confirmação da COVID-19; 2. Apreender as
representações sociais da COVID-19 dos trabalhadores com suspeita da infecção; 3. Identificar a
presença de transtorno de ansiedade generalizada nesses trabalhadores e os fatores associados; 4.
Comparar as representações sociais entre profissionais da saúde com suspeita da COVID-19 com
e sem transtorno de ansiedade generalizada. Metodologia: A pesquisa combina técnicas,
métodos, abordagens e conceitos de pesquisa qualitativa e quantitativa, é realizada no Centro de
Testagem para COVID-19 da Sesab com 152 profissionais da saúde com suspeita da infecção por
meio do telemonitoramento entre os meses de fevereiro a agosto de 2022. Os dados foram
levantados remotamente pelos instrumentos de Caracterização sociodemográfica, ocupacional e
clínica, o Questionário Transtorno de Ansiedade Generalizada - GAD-7 e a Técnica de
Associação Livre de Palavras que foram analisados descritivamente. Nas análises bivariadas foi
utilizado o teste Qui-quadrado de Pearson ou Exato de Fisher e entraram no modelo de regressão
logística, as variáveis com p ≤ 0,20. Foi utilizado o Critério de Informação de Akaike para
escolha do modelo de menor valor. A significância estatística será de 5%. Para análise estrutural
das evocações foi utilizado o software EVOC 2000 originando o quadro de quatro casas e o
software IRAMUTEQ para produzir a árvore de similitudes e análise dos achados. Resultados:
O protocolo foi estruturado a partir da organização de espaços físicos, elaboração de roteiros
temáticos de acolhimento e orientação do trabalhador, alcançou 55.082 trabalhadores. As
representações sociais dos 152 profissionais, identificou o núcleo central composto por
3

elementos caracterizados pela homogeneidade e de caráter negativo, permeado pelo medo, a
primeira e segunda periferia manteve uma relação direta com o núcleo central, evidenciando a
característica e prevalência de elementos negativos associados à representação da COVID-19, a
árvore de similitude revelou sentimentos de medo devido à percepção de perigo/ameaça
vivenciado. O nível de ansiedade entre os 152 profissionais da saúde que participaram do estudo,
26,3% apresentaram Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) observou-se maior percentual
de ansiedade generalizada entre os profissionais do sexo feminino (40.5%), nos mais jovens
(28,8%), em autodeclarados pretos (30,8%) e pardos (23,5%), sem companheiro (a) (28,0%),
com maior renda (30,7%), sem secretária em casa (27,0%) e nível de escolaridade superior
completo e incompleto (27,3%). Conclusão: A implementação do protocolo de monitoramento
remoto de trabalhadores exigiu um rigoroso planejamento com intensa articulação entre os
profissionais e gestores, associada à implementação de condições estruturais, desenvolvimento
de protocolos e fluxos, contribuiu para o enfrentamento da COVID-19 e fortalecimento das
estratégias de apoio aos profissionais da saúde na pandemia, na prevenção e controle da infecção.
As representações sociais dos profissionais da saúde com suspeita da COVID-19 foi expressa
pelo medo, isolamento, pandemia, doença, cuidado e contaminação que afetam a saúde mental,
os quais foram reforçados na análise de similitude, as representações sociais evidenciaram
experiências negativas vividas durante o trabalho na pandemia; Sentimentos negativos diante do
trabalho na pandemia e Incertezas durante o trabalho na pandemia, além da urgência de repensar
e implementar ações de apoio e proteção aos trabalhadores da saúde que possam mitigar o
sofrimento vivenciado na pandemia. A prevalência de ansiedade foi de 26,3%, ao triangular os
dados da mesma população do estudo, com a técnica de associação livre de palavras, ficou
evidente o sofrimento psíquico destes profissionais. Assim, o estudo contribui para o avanço do
conhecimento no campo temático e para subsidiar e fortalecer políticas públicas aos profissionais
de saúde.

Este estudo tem como objetivo geral: Construir e validar um protocolo de cuidados de enfermagem para pessoas com disfunção neurológica do trato urinário inferior vivendo com o vírus linfotrópico T tipo 1 humano: à luz da Teoria do Autocuidado. Para os objetivos específicos, definiu-se: realizar uma revisão sistemática da literatura sobre as ações de cuidados e tratamento conservador para pessoas com disfunção neurológica do trato urinário inferior vivendo com o vírus linfotrópico T tipo 1 humano; conhecer as facilidades e dificuldades das pessoas com disfunção neurológica do trato urinário inferior vivendo com o vírus linfotrópico T tipo 1 humano para promoção do autocuidado; conhecer as ações de autocuidado desenvolvidas por pessoas com disfunção neurológica do trato urinário inferior vivendo com o vírus linfotrópico T tipo 1 humano. Método baseado em estudo metodológico, utilizado o Modelo Práxico para Desenvolvimento de Tecnologias que consta de 4 fases: Pragmática, na qual realizado revisão sistemática e pesquisa de campo com grupo focal com pessoas com o vírus linfotrópico T tipo 1 humano. Fase Produtiva Artística com a construção do protocolo; fase Experimental com validação de conteúdo por juízes especialistas, todo o processo foi conduzido sob a ótica da Teoria do Autocuidado, Déficit do Autocuidado e Teoria dos Sistemas. Resultado principal foi a produção do Protocolo de cuidados de enfermagem para pessoas com disfunção neurológica do trato urinário inferior pelo vírus linfotrópico de células T humana: à luz da teoria do autocuidado. Conhecimento aprofundado da disfunção neurológica do trato urinário inferior de pessoas com o vírus, por meio de revisão sistemática, conhecimento a respeito dos condicionantes de saúde, autocuidado e déficit do autocuidado e repercussões do uso do cateterismo vesical. Conclui-se que o objetivo geral foi alcançado, o protocolo foi validado com índice de validação do conteúdo alto e apresentou limitações por não implementar a última fase do modelo, a Revolucionária. Essa tecnologia em saúde promove uma ampliação na área de atuação da enfermeira nas disfunções pélvicas; direciona as ações de cuidado nas unidades primárias e secundárias de saúde e consolida na literatura científica, como um material inédito para ser consultado cientificamente e na prática clínica por profissionais de saúde.

A liderança caracteriza-se como a capacidade de influenciar os outros a liberar seu poder e
potencial de forma a impactar o bem maior. Sendo, portanto, uma competência fundamental ao
enfermeiro. Entende-se que as competências são um mecanismo que apoia os profissionais de
saúde na prestação de cuidados de alta qualidade e seguros. Através da Enfermagem Baseada
em Evidências os enfermeiros podem liderar com maior efetividade. Trata-se de uma pesquisa
de métodos mistos, com uso da técnica de triangulação concomitante. O estudo foi realizado
em dois hospitais do interior do estado da Bahia, participaram do estudo 42 enfermeiras(os).
Foram aplicados um questionário sociodemográfico e um questionário de competências
gerenciais, e realizada uma entrevista para a observância de dados mais subjetivos e particulares
relacionados as características e estilos de liderança utilizados por estes, com vistas a
identificação de características do modelo de liderança situacional de Hersey e Blanchard
proposto neste estudo. Bem como, informações sobre o uso de evidências científicas para
subsidiar os processos de tomada de decisão, e consubstanciar o exercício da liderança. Os
dados qualitativos foram tratados por meio da Análise Temática de Conteúdo proposta por
Minayo. E os dados quantitativos passaram por análise estatística descritiva. Compreende-se a
liderança como uma competência imprescindível à prática profissional da(o) enfermeira(o) na
contemporaneidade, dessa forma, por meio e a partir desta, a(o) enfermeira(o) dirige o seu
processo de trabalho e conduz a sua equipe para o alcance de objetivos. Os participantes do
estudo demonstraram que desenvolvem sua liderança adotando diferentes estilos, e
compreendendo a importância de cada um, em diferentes situações, perpassando os quatro
estilos de liderança presentes no modelo de Liderança Situacional. Entretanto, ainda não
conseguem compreender totalmente o seu papel substancial nos processos gerenciais, portanto,
recomenda-se investir na educação permanente e continuada dos profissionais inseridos nesse
contexto. Pois, promover lideranças eficazes por meio educação permanente e continuada
poder-se-á traduzir em profissionais mais satisfeitos, melhores cuidados de enfermagem e
lideranças mais fortes. No que se refere às competências gerenciais, de modo geral, as(os)
enfermeiras(os) apresentaram bons escores, o que pode promover avanço da autonomia, e
fortalecimento da liderança destes. Esta investigação analisou os níveis de competências
gerenciais dos enfermeiros e os correlacionou com os estilos de liderança presentes no modelo
de liderança situacional proposto por Hersey e Blanchard, traçando pontos fortes e fragilidades,
e estabelecendo estratégias para seu fortalecimento.

Esta Tese tem como objetivo: analisar a atenção jurídico-policial a mulheres vítimas
de violência doméstica em contexto pandêmico, na perspectiva das mulheres vítimas
de violências. Assim, para atendê-lo, nos utilizamos de conceitos teóricos e
epistemológicos que envolvem a percepção crítica social sobre as estruturas
machistas, sexistas, racistas, dentre outras interseccionalidades; a intergralidade do
cuidado; a multiprofissionalidade. Em termos de abordagem metodológica, esta Tese
é incluída em um projeto matriz intitulado “Vid@ na COVID: telemonitoramento para
mulheres em homens em situação de violência conjugal”. Neste, realizamos entrevista
com onze mulheres, de forma semiestruturada, assistidas pela Operação Especial
Ronda Maria da Penha, em sua própria sede do munícipio de Lauro de Freitas.
Analisamos os dados através da Análise de Conteúdo, donde categorizamos trechos
de falas similares. Assim, percebemos que há percalços formais e não formais nessa
interação serviço e assistidas que entendemos como “Pedras no Caminho”. Nesse
caminhar, emergiu também a categoria “Triturando as pedras”, com os fatores que
concedem fluidez a essa interação entre serviços e assistidas. Nesta última categoria,

temos as seguintes subcategorias: o incentivo para a busca da Atenção jurídico-
policial; a sensação de apoio a partir da Atenção multiprofissional; as estratégias para

Atenção jurídico-policial em período pandêmico; e a promoção contínua de direitos
sociais. Nesta análise, discutimos e consideramos que, para garantir uma Atenção
jurídico-policial às mulheres vítimas de violências, faz-se necessário uma abordagem
multiprofissional, interdisciplinar; com críticas sociais convertidos em práticas; que
visem a integralidade do cuidado; e a sua proteção integral. Assim, é possível reduzir
os danos e superar obstáculos, em contexto pandêmico ou não, de forma coletiva e
política.

SANTOS, Joana D’arc Ferreira Lopes. Repercussões do afastamento paterno em decorrência do processo judicial por violência conjugal para crianças e adolescentes. 2023, 87f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, 2023.

A violência intrafamiliar é um emaranhado problema de saúde pública que afeta todas as pessoas envolvidas sejam testemunhando ou vivenciando a nível global. Tais problemas impactam na saúde e apontam para a urgência de procedimentos de cuidado que elejam táticas de enfrentamento do agravo, sobretudo para crianças e adolescentes que se encontram em pleno desenvolvimento biopsicossocial e necessitam de um ambiente propício para alcançar todas as suas potencialidades. O Estudo teve como objetivo desvelar as repercussões do afastamento paterno em decorrência do processo judicial por violência conjugal para crianças e adolescentes. Pesquisa de abordagem qualitativa com cunho descritivo-exploratória realizada em parceria com a 2ª Vara de Violência doméstica e familiar e a Operação Ronda Maria da Penha com oito mulheres em situação de violência. Adotou-se como critério de inclusão as mães terem filhas(o) menores de 18 anos fruto dessa relação e o pai estar afastado do convívio familiar devido ao processo judicial por violência conjugal. Como critério de exclusão não comparecer as entrevistas marcadas por três vezes ou apresentarem instabilidade emocional para realização da entrevista de acordo com avaliação da psicóloga. Na coleta dos dados utilizou-se entrevista semiestruturado que continha dados sociodemográficos e as seguintes perguntas norteadoras: Fale sobre o processo de separação do pai para sua/seu filha(o) e me fale da sua relação com sua(eu) filha(o) antes e depois do processo judicial por violência conjugal? Após a transcrição na integra das entrevistas estas foram organizadas e analisadas conforme a proposta da análise de conteúdo de Bardin. Salienta-se que se respeitou nesta pesquisa os preceitos éticos da bioética no que se refere a autonomia, Justiça, beneficência e não maleficência. As narrativas maternas revelaram que suas/seus filhas(os) experienciaram repercussões emocionais, comportamentais e psíquicas, como também revelou alterações dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes após o afastamento paterno no contexto de violência, o que sugere um olhar amplificado para essa população, com intuito de mitigar o sofrimento vivido e criar estratégias de enfrentamento do fenômeno

O Itinerário Terapêutico (IT) pode ser caracterizado como o conjunto de práticas e estratégias de cuidado adotadas por pessoas e famílias, englobando a motivação que direciona a busca por cuidados, que está associada ao contexto sociocultural e à disponibilidade de recursos. Descrever os IT de pessoas quilombolas com sinais e sintomas sugestivos da Covid-19. Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, que teve como suporte teórico a Teoria Transcultural do Cuidado de Madeleine Leininger. Para contextualizar o objeto de estudo, buscou-se aprofundamento nas temáticas: Itinerário Terapêutico na busca por cuidados em saúde, condições de vida e saúde da população negra no Brasil. O estudo foi desenvolvido na comunidade quilombola de Praia Grande, localizada na Ilha de Maré, em Salvador-BA, com vinte e seis entrevistados que apresentaram sinais e sintomas sugestivos da Covid-19. Os dados foram coletados de dezembro/2021 a janeiro/2022 por meio de entrevista semiestruturada, após aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Bahia, sob o protocolo nº 5.138.214. Para tratamento dos dados foi utilizada a técnica de análise de conteúdo temática de Bardin. As percepções acerca dos sintomas gripais apresentados no período pandêmico são plurais e abarcam desde fatores biológicos até problemas e necessidades relacionadas ao contexto social e geográfico da comunidade, que também influenciam na construção do IT. Com este estudo, permitimos que a população do quilombo compartilhassem suas experiências e expressassem as dificuldades enfrentadas no acesso aos serviços de saúde do subsistema formal, o que serviu de diagnóstico das fragilidades e insuficiência deste subsistema. Há necessidade de elaboração de políticas públicas que garantam à comunidade quilombola de Praia Grande o acesso integral aos serviços ofertados pelo sistema formal, possibilitando o alcance do cuidado congruente referido por Leininger.

ARAÚJO, Ranna Danielle Dória de. Estratégias de coping utilizadas por pessoas transgêneras na infância frente a vivência de violência. 2023. 121 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2023.

Introdução: O termo transgeneridade é utilizado para referir-se às pessoas que transitoriamente ou de forma persistente identificam-se com um gênero diferente daquele atribuído ao nascer. Pessoas transgêneras são alvo de marginalização e estigmatização, enfrentando diversas situações vexatórias, a vivência desta transfobia se dá nos diversos ambientes, seja entre familiares ou no ambiente escolar. Entretanto, existem elementos internos e externos aos indivíduos que servem como ferramentas de auto-defesa, proteção, ou mesmo enfrentamento das diversas situações denominadas coping ou “estratégias de coping”. Objetivo: Descrever as estratégias de coping utilizadas por pessoas transgêneras na infância frente a vivência de violência. Metodologia: estudo qualitativo que utilizou o método da história oral por meio de entrevistas individuais sob suporte do referencial teóricofilosófico de Folkman; Lazarus. A coleta de dados foi realizada em um serviço ambulatorial público entre março e junho de 2022, com 21 pessoas transgêneras autodeclaradas. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob parecer n° 5.242.557. As entrevistas foram submetidas a técnica de análise de conteúdo temática de Bardin. Resultados: emergiram duas categorias: 1) Vivências de violência na infância de pessoas transgêneras: pessoas trans sofreram na infância violências como: violência psicológica, sexual, Bullying (motivado por violência gênero, racial e gordofobia), violência física e negligência; e 2) Estratégias de coping utilizadas na infância por pessoas trans: suporte social, fuga-esquiva, afastamento, confronto, autocontrole e resolução de problemas. Considerações finais: este contribuir para subsidiar políticas de cuidados a crianças, podendo servir futuramente como guia no treinamento/preparo da equipe multiprofissional. Além disso, os resultados deste estudo serão publicados no intuito de contribuir com o conhecimento técnico/científico de todos que dele necessitem, preservando a veracidade das informações e sem que haja manipulação, omissão ou distorção de dados por parte da autora. Além disso, o estudo contribuirá para a desconstrução de estigmas sociais e combate aos preconceitos e demais tipos de violência.

MORAIS, Andréia Vanessa Carneiro de. Narrativas de Mulheres Transgêneras sobre os cuidados pós Cirurgia de Redesignação Sexual. 179 f. 2023. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós Graduação em Enfermagem e Saúde, Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2023.

A Cirurgia de Redesignação Sexual (CRS) envolve uma série de procedimentos que culminam com a formação de uma neovagina e que exigem cuidados pós-operatórios para toda a vida. As mulheres trans são as principais executoras desses cuidados em seus cotidianos e por meio da sua rede. Objetivou-se conhecer as práticas e circuitos de cuidados de mulheres transgêneras pós Cirurgia de Redesignação Sexual. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória, que utilizou a teoria das Narrativas de Vida, proposta por Daniel Bertaux. Para aproximação e seleção das participantes, de acordo com os critérios previamente estabelecidos, foi utilizada a técnica de amostragem “bola de neve virtual”. Foram realizadas 15 entrevistas semiestruturadas com mulheres transgêneras que já tinham realizado a Cirurgia de Redesignação Sexual. O conteúdo das entrevistas foi transcrito na íntegra, organizados e processados no software IRAMUTEQ. A análise dos dados se deu com base nos dados sociodemográficos e narrativas de história de vida das participantes, em consonância com a Classificação Hierárquica Descendente, gerada pelo software resultando em 2 categorias: O cuidado associado às técnicas da Cirurgia de Redesignação Sexual e O Cuidado reinventado no cotidiano e em rede. As narrativas evidenciaram rotas e trajetórias longas que as mulheres transgêneras precisam percorrer para acessar modificações corporais. Nesse percurso, em busca de cuidar de si, as mulheres transgêneras construíram saberes, partilhados entre pares, que são importantes nos cuidados pós CRS. Espera-se que os dados contribuam para qualificar a atuação dos profissionais em todos os níveis de atenção à saúde e propor políticas públicas que busquem atender as demandas dessas mulheres pautadas no cuidado integral.

Objetivou-se construir com enfermeiras(os) uma tecnologia social para o rastreamento do risco de úlceras em pés de pessoas diabéticas, no contexto da Atenção Primária à Saúde e como objetivos específicos: Descrever o conhecimento e as práticas desenvolvidas por enfermeiras da atenção primária frente ao cuidado preventivo e curativo de úlceras em pés de pessoas diabéticas; Discutir com enfermeiras(os) sobre possíveis tecnologias sociais para o rastreamento do risco de úlceras em pés de pessoas diabéticas; Planejar com enfermeiras(os) ações para construção de uma tecnologia social para o rastreamento do risco de úlceras em pés de pessoas diabéticas; descrever a construção de uma tecnologia social para prevenção de úlceras em pés de pessoas diabéticas. Trata-se de uma pesquisa-ação, de caráter exploratório-descritivo e abordagem qualitativa, em 11 Unidades de Saúde da Família do Distrito Sanitário do Subúrbio Ferroviário do município de Salvador – BA. Desenvolvido em 4 fases: a primeira, através da realização de uma entrevista guiada por um formulário semiestruturado, contendo questões objetivas e subjetivas, sobre os conhecimentos acerca da prevenção dos pés em risco em pessoas diabéticas; a segunda fase, do planejamento, foi o momento de definição das ações que contribuíram para a análise e solução dos problemas detectados; a terceira fase, refere-se à execução, propriamente dita, das ações previamente planejadas, que foram realizadas de forma online e presencial, considerando a pandemia do Covid-19; na avaliação, considerada a última fase da pesquisa ação, foram verificados a organização e a análise preliminar sobre mudanças positivas no rastreamento dos pés em risco em pessoas diabéticas; foi realizado ainda um levantamento de sugestões para os seguintes encontros e/ou corrigir os rumos da pesquisa-ação, no sentido de aperfeiçoar o método desenvolvido. Na análise dos dados, realizou-se a avaliação integral dos resultados alcançados, com foco para o diagnóstico situacional; do processo, com apoio do NVIVO® e com base na análise de conteúdo temática categorial proposta por Bardin, nesse momento também foram identificados os achados que norteiam o rastreamento dos pés em risco em pessoas diabéticas de forma integral. Esta dissertação foi composta por dois artigos originais.

SERRA, I. V. S. O vivido no processo formativo de enfermeiras residentes em Saúde Mental. 2023. 166f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador. 2023.

O presente estudo teve como tema de pesquisa a vivência do processo formativo de enfermeiras residentes de Saúde Mental. Trata-se de uma pesquisa qualitativa construída através do arcabouço teórico da fenomenologia a partir do fenômeno situado. Teve como objetivo compreender os significados atribuídos pelas enfermeiras residentes em processo formativo no Programa de Residência Integrada Multiprofissional. Para tanto, busquei nos discursos das seis enfermeiras residentes as suas vivências, por meio da seguinte questão norteadora: “Fale da vivência do seu processo de formativo enquanto residente na área de concentração Saúde Mental. ” As descrições das participantes, emergiram três categorias abertas: “Vivenciando o cotidiano da residência”; “Aprendendo a ser enfermeiras de Saúde Mental”, “Significando a residência de Saúde Mental”. Percebe-se que a residência multiprofissional se revela enquanto uma estratégia oportuna para (re) pensar e/ou reorientar formação/práticas de saúde na enfermagem no âmbito da saúde mental, além de proporcionar autonomia ao profissional na produção do seu processo de trabalho; embora, como contraponto, observou-se que a ênfase da formação acontece no ambiente hospitalar. Diante desse aspecto, se coloca o desafio em aproximar o Projeto Pedagógico (PP) ao modelo em questão, e também ao paradigma da Desinstitucionalização, advindo da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Neste sentido, o processo de formação desta residência multiprofissional em saúde pode potencializar a produção de subjetivação dos atores envolvidos, não somente atravessada pelos princípios do SUS, e pelos saberes dos núcleos profissionais, mas também pelos campos de atuação.

AZEVEDO, Gabriela Nunes. Tomada de decisões da enfermeira no cuidado à mulher no prénatal durante a pandemia da COVID-19. 2023. 80f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Escola de Enfermagem. Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2023.

Este estudo tem por objetivo compreender a tomada de decisões da enfermeira no cuidado a mulher no pré-natal na Estratégia Saúde da Família, durante a pandemia da COVID-19. Tratase de uma pesquisa qualitativa, realizada em um município do sudoeste da Bahia. A coleta de dados ocorreu nos meses de agosto e setembro de 2022. Foi utilizada a técnica de entrevista semiestruturada com 10 enfermeiras, atuantes nas unidades de Estratégia Saúde da Família da zona urbana e zona rural. A coleta foi iniciada após o parecer de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia sob CAAE nº 59477222.9.0000.5531 e o Parecer Consubstanciado nº 5.538.245. Os processos de tratamento e análise dos dados foram guiados pelo método da Configuração Triádica Humanista - Existencial – Personalista de Vietta e adaptado por Santa Rosa. Como resultados da análise emergiram três categorias empíricas: a) Responsabilidade da enfermeira do pré-natal no cuidado à gestante durante a COVID-19, b) Maneiras como as enfermeiras do pré-natal passaram a tomar decisões durante a COVID-19 e c) Dificuldades vivenciadas pela enfermeira no pré-natal durante a COVID-19. A síntese das categorias empíricas possibilitou compreender que as enfermeiras durante a pandemia COVID-19 ao prestarem o cuidado a mulher no prénatal na Estratégia Saúde da Família tomam decisões fundamentadas nos princípios éticos e citam a responsabilidade como a norteadora desse processo decisório. Elas consideram o acolhimento e a educação em saúde como estratégias para melhoria do cuidado e incentivo as gestantes para vacinação contra COVID-19. As enfermeiras durante a pandemia da COVID-19 tomavam decisões baseadas em manuais publicados constantemente e com atualizações de protocolos, visto que não existiam referências anteriores. Nesse processo, elas encontraram dificuldades devido ao desconhecimento de uma doença nova e de como deveriam lidar com ela, além da potencialização do medo das gestantes durante o parto. O estudo demonstrou que das dificuldades enfrentadas na pandemia COVID-19, a tomada de decisões foi fundamentada em princípios éticos, seguindo manuais e o cuidado prestado com acolhimento, humanização e responsabilidade durante o atendimento a gestante no pré-natal.

SANTOS, Alexandre Silva. Relações de poder em um hospital universitário: uma leitura em Mintzberg. 153f. 2023. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador. 2023.

INTRODUÇÃO: Este estudo objetivou analisar as relações de poder entre gestores de um hospital universitário de Salvador, Bahia, Brasil. Foi utilizado como referencial teórico a Teoria do Poder Organizacional de Mintzberg. A complexidade que se desenvolve nas organizações hospitalares exige que o gestor de saúde consiga criar um ambiente de trabalho dinâmico e inspirar a equipe a atingir as metas e objetivos da organização. OBJETIVO: Analisar como se configura as relações de poder entre gestores de unidades de produção de serviços de Hospital Universitário. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, com abordagem qualitativa, cujo método foi o estudo de caso, que consiste em uma pesquisa empírica abrangente, no qual investiga um fenômeno contemporâneo no seu contexto. A coleta dos dados ocorreu por meio de entrevista semiestruturada, no período de fevereiro e março de 2022. Os dados foram sistematizados e interpretados por meio da Análise do Conteúdo proposta por Bardin. O projeto foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa sob o Parecer de nº 4.562.421 de 26/02/2021. Participaram do estudo nove profissionais que atuam como gestores nas unidades que compõem gerência de atenção à saúde do referido hospital, pois apresentam competências com relação a coordenar o planejamento, a organização e administração dos serviços gerenciais e assistenciais. RESULTADOS: Os achados demonstram que predomina a configuração de poder instrumento, autocracia, meritocracia e arena política. Contribuíram para compreender as diversas faces do poder no hospital universitário, destacando-se que a estrutura hierárquica apresenta a distribuição do poder vertical, de cima para baixo. Observou-se também que a presença de questões políticas pode influenciar significativamente no processo de tomada de decisão, presença de conflitos e preponderância de poder da posição do cargo de médico e da inserção funcional da UFBA. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo revelou a importância de compreender as relações de poder como fator influenciador do desenvolvimento organizacional. A descentralização consciente do poder dá lugar as relações profissionais mais estratégicas em benefício da organização e dos envolvidos, consequentemente melhora a qualidade dos serviços ofertados aos usuários. Como contribuição, espera-se estimular novas pesquisas, com vistas a aprofundar os conhecimentos acerca da dinâmica organizacional no contexto hospitalar e da gestão em saúde.

MOITA, C. E. Ensino remoto em cursos de graduação em enfermagem no contexto da pandemia da covid-19 sob a ótica de docentes. 2023. 166f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde) - Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde, Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia. Salvador – Ba, 2023.

O estudo objetiva analisar o ensino remoto em cursos de graduação em Enfermagem na pandemia da COVID-19 sob a ótica de docentes. Trata-se de um estudo exploratório com abordagem qualitativa, realizado em duas instituições de ensino superior com cursos presenciais de graduação em Enfermagem, uma pública e outra privada, num município de um Estado do nordeste brasileiro. Foram entrevistados 19 docentes, que experienciaram ativamente o processo de desenvolvimento do ensino remoto no ano de 2020. Os critérios de inclusão foram docentes graduados(as) em Enfermagem, com ou sem vínculo empregatício; e os critérios de exclusão: docentes que estiveram afastados por qualquer motivo durante o ano de 2020 ou no momento da entrevista. Utilizou-se da técnica de coleta, a entrevista, com auxílio de formulário semiestruturado, com perguntas fechadas para caracterização dos(as) participantes e duas questões abertas norteadoras, sendo as informações analisadas exaustivamente mediante os preceitos da Análise de Conteúdo de Bardin. Como resultados identificou-se quatro categorias, a categoria I – utilização de ferramentas digitais, subdividida em: subcategoria I – ferramentas digitais síncronas, e subcategoria II – ferramentas digitais assíncronas, sendo evidenciadas quatro ferramentas digitais síncronas de webconferências e uma de videoconferência utilizada para comunicação de mensagens de texto; e duas ferramentas digitais assíncronas, de forma a assegurar o processo ensino-aprendizagem. A categoria II – vivência de facilidades e enfrentamento de desafios e/ou dificuldades pelos(as) docentes, subdividida em: subcategoria I – facilidades vivenciadas pelos(as) docentes, e subcategoria II – desafios e/ou dificuldades enfrentados pelos(as) docentes, desvelando-se algumas facilidades, como capacitação docente para o desenvolvimento de habilidades com as tecnologias, participação de profissionais de outros lugares e descoberta de potencialidades discentes, mas também dificuldades como a sobrecarga de trabalho remoto, redução de carga horária docente, demissões e redução de salário. A categoria III – necessidade de capacitação docente; e por fim, a categoria IV – utilização de estratégias didático-pedagógicas, que identificou diferentes estratégias didático-pedagógicas inovadoras utilizadas e aplicadas aos(às) discentes, porém, não garantiu a qualidade desse processo, pois existiram entraves como por exemplo, desmotivação docente durante as aulas remotas por baixa participação dos discentes nas aulas síncronas. A partir dos resultados expostos, o estudo se mostra relevante por contribuir para a educação de nível superior de cursos de graduação em Enfermagem, quanto às experiências docentes em instituições públicas e privadas para o desenvolvimento do ensino remoto, diante de suas adversidades e mediação tecnológica, de forma a servir como uma referência no enfrentamento e superação de momentos de crise no sistema educacional, para favorecer a formação profissional do(a) enfermeiro(a).

SILVA, M. M. F. Q. Educação permanente em diagnóstico do câncer infantojuvenil: vivências significativas de profissionais da atenção primária à saúde. Dissertação (Mestrado) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador. 2023.

Os processos de aprendizagem em saúde buscam oferecer o fortalecimento, a atualização e a emancipação dos sujeitos envolvidos. Para os profissionais de saúde, a educação permanente tem-se mostrado como estratégia que permite a ampliação dos conhecimentos, de habilidades, competências e atitudes que permitirão melhorias na assistência à saúde e para a sociedade. Os temas que direcionam os processos educativos para profissionais de saúde são distintos e são planejados de acordo com a necessidade do grupo de profissionais, por demandas do processo assistencial e de trabalho ou ainda para responder às necessidades da sociedade. Entre essas demandas sociais, destaca-se o câncer infantojuvenil que está entre as principais causas de mortalidade em menores de 18 anos no cenário mundial. Sabe-se que o diagnóstico precoce tem sido a principal ação para as possíveis modificações dessa realidade epidemiológica. Teve como objetivo analisar as vivências significativas de profissionais de saúde da APS de Salvador-BA em educação permanente acerca do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil. Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, com abordagem qualitativa. O estudo será realizado com os profissionais de saúde que atuam na atenção primária à saúde de um município no estado da Bahia. Serão convidados para participar do estudo profissionais que estiveram presentes na primeira e/ou segunda edição do curso de capacitação em diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil realizado por especialistas na área da oncopediatria de uma instituição referência no cuidado à criança com câncer. A pesquisa respeitará os aspectos éticos e legais que perpassam as determinações da Resolução 466/2012 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde, visto que contemplará os princípios que fundamentam a pesquisa envolvendo seres humanos, os quais perpassam pela autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade. Os dados foram organizados, codificados e caracterização de cada categoria de análise. Foram utilizados como norteadores metodológicos a análise de conteúdo e o suporte teórico para a interpretação dos dados foi apoiado no modelo da aprendizagem significativa. A partir das vivências significativas dos participantes, emergiram 2 categorias: Significados relacionados à aplicabilidade das vivências no campo de prática; Significados relacionados às possíveis dificuldades enfrentadas pelos profissionais da APS para as implicações do processo de diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil. O estudo revelou que os profissionais da Atenção Primária à Saúde percebem o processo de aprendizagem como fundamental para melhoria da qualidade da assistência prestada às crianças com suspeita de câncer infantojuvenil. Discutir sobre as atividades de educação permanente neste contexto é uma estratégia a ser refletiva e implementada.

Essa dissertação teve por objetivo avaliar como os elementos do contexto do trabalho contribuíram para a exposição de trabalhadoras do campo da enfermagem da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) estadual da Bahia ao Coronavírus. Esta pesquisa é um recorte do macro estudo “Condições de trabalho, adoecimento por Covid-19 e hábitos de vida de trabalhadoras/es do campo da Enfermagem da Secretaria Estadual da Saúde da Bahia”. Se trata de uma pesquisa transversal retrospectiva, analítica de abordagem quantitativa. A coleta de dados foi feita a partir da extração de informações, do Banco dos Riscos Psicossociais da SESAB composta por duas categorias.1 - fruto da adaptação da Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT); e. 2-questões adaptadas da escala Negative Acts Questionnaire Revised (NAQ-R). Foi feita análise de associação entre as variáveis laborais através da análise de redes utilizando o programa estatístico JASP. Os resultados foram divididos em dois artigos “Artigo 1 - Trabalho em enfermagem na pandemia da Covid-19: análise de rede” e “Artigo 2 - Violência laboral no campo da enfermagem durante a pandemia: análise de redes”. Os problemas identificadas não são novas no cenário de trabalho dessas trabalhadoras, entretanto a forma na qual os dados foram analisados evidencia os pontos-chave (nós) a serem considerados nas estratégias de mitigação dos fatores complexos e multifatoriais que colaboram no adoecimento das trabalhadoras: problemas organizacionais e estruturais (ritmo de trabalho excessivo, falta de apoio das chefias, condições de trabalho precárias e posto/estação de trabalho inadequada para realização das tarefas), bem como problemas subjetivos que dizem respeito ao relacionamento dentro das instituições (Assédio Relacionado com o Trabalho, Assédio Pessoal e à Intimidação Física).

A pandemia da doença da COVID-19 tornou-se uma crise de saúde global. Analisar as relações entre as taxas de ocupação de leito UTI e mortalidade por COVID-19 em Salvador, desde seu surgimento (março de 2020) até cobertura vacinal de pelo menos 80% da população (agosto de 2021). Estudo de base populacional realizado na Bahia e em Salvador. Este estudo é um recorte de um grande estudo epidemiológico a ser realizado em todo território nacional. As bases de dados utilizadas foram predominantemente secundárias e de domínio público. Em Salvador, as taxas de ocupação de UTI mais elevadas foram março de 2021, maio e junho de 2020, com média de 84,2, 79,09 e 78,5, em ordem decrescente, respectivamente. Já os meses em que as taxas de ocupação em leitos de UTI mostraram menores valores percentuais foram os meses de agosto de 2021 com média de 34,2, outubro de 2020 com 43,6, seguido por setembro de 2020, com 41,23. A pandemia de COVID-19 pode ser compreendida como uma crise que expõe a necessidade de discutir estratégias governamentais para o controle de crises em um contexto sociocultural marcado por iniquidades. Evidenciou a importância de políticas públicas abrangentes, investimentos em sistemas de saúde e ações que contornem as desigualdades subjacentes, que acabam afetando a saúde e consequentemente o número de casos e mortes no país.

Esta pesquisa objetivou identificar as repercussões na vida de mulheres/mães de crianças com a Síndrome Congênita por Vírus Zika. Entre os anos de 2015 e 2017 foi decretado estado de emergência nacional em saúde pública para Síndrome Congênita por Vírus Zika devido a malformações em crianças, como distúrbios neurológicos e sequelas permanentes ainda intra útero, requerendo pós nascimento cuidados integrais. Crianças com a SCVZ necessitam de cuidados específicos geralmente são ofertados por mulheres/mães, as quais são socialmente invisibilizadas. Pesquisa descritiva, exploratória, de abordagem qualitativa, cujo projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa, com parecer 5.574.398. A partir da aprovação do projeto as atividades de aproximação ocorreu de junho de 2022 a dezembro de 2022, permitindo contatos diretos com 42 mulheres/mães moradoras de um conjunto residencial localizado na periferia de Salvador-BA. Para produção dos dados foi utilizada a entrevista semi-estruturada, com roteiro composto de duas etapas: caracterização sociodemografica e questões sobre a temática norteadoras para acerca do objetivo. Responderam a entrevista 10 mulheres/mães de crianças com a Sindrome Congênita por Zika Vírus, as quais tinham idade entre 28 e 44 anos, de raça/cor majoritariamente parda e negra, com baixo nível de escolaridade, desempregadas, a maioria sem companheiro. O conteúdo das entrevistas foi submetido as etapas da análise de conteúdo temática possibilitando a identificação de 04 categorias empíricas: “Olha, o seu filho tem microcefalia”. Tomando conhecimento do diagnostico, “Desde que ele nasceu, até agora, cada dia é um dia diferente!”: mudanças na vida e estratégias para sobreviver/conviver com a Síndrome do zika vírus,“O que é mais difícil me faz melhorar ...”, Os sentidos de ser mãe de uma criança com a Síndrome Congênita por Zika Vírus, “A gente se torna dependente dela...” Sonhos e planos ressignificados. A partir do diagnostico, as mulheres/mães se reorganizaram utilizando estratégias para se adaptarem ao novo contexto, dando o um novo sentido a maternidade e ressignificando seus sonhos. A identificaçao das repercussões da Síndrome Congênita por Vírus Zika para a vida de mulheres/mães de crianças acometidas por essa sindrome oferece subsídios para visibilidade dessas e de muitas outras mães que vivenciam situação similar com reconhecimento de demandas especificas decorrentes dos cuidados para as crianças que se interseccionam com questões pessoais, sociais e politicas.

A Deliberação moral é um procedimento que visa a sistematização da tomada de decisão, sendo formada por 04 etapas: deliberação sobre fatos, deliberação sobre valores, deliberação sobre deveres e deliberação sobre responsabilidade. Este estudo tem por objetivo: Analisar elementos da deliberação moral das enfermeiras do SAMU durante a pandemia. Utilizou-se como referencial teórico-metodológico a bioética clínica de Diego Gracia. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com a coleta de dados realizada entre os meses de outubro e novembro de 2022 após o Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia e liberação do campo de pesquisa pelo órgão administrativo responsável. Como instrumentos foram utilizados uma ficha de caracterização dos participantes e um roteiro de entrevista aberta com a utilização de uma vinheta de caso clínico vivenciado pela autora durante o contexto pandêmico e três questões, sendo uma questão de aproximação e duas questões norteadoras. Participaram 06 enfermeiras, atuantes na intervenção do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. A partir da análise de conteúdo temático foram demarcadas três categorias: a percepção do problema ético pelas enfermeiras, eleição dos valores essenciais e cursos de ação na deliberação sobre os deveres, esta última aportada sob a análise da bioética deliberativa de Diego Gracia. Nos resultados observou-se que as enfermeiras reconhecem um problema ético a partir do uso de uma vinheta e trazem que os valores envolvidos são a autonomia da paciente/ familiares e a responsabilidade profissional e direcionam os cursos de ação para saídas intermediarias e ótimas trazendo a legalidade e as consequências como forma de avaliar a saída para o problema. Com a pandemia da Covid-19 emergiram problemas éticos que envolviam a ausência de acompanhantes ocasionando sofrimentos para familiares e pacientes e a falta de clareza nas informações prestadas após os internamentos. Assim a deliberação moral visa encontrar o caminho mais prudente, ou seja, a saída que gere menos prejuízos aos valores em conflito.

No universo da doença renal crônica, e em especial da clínica de hemodiálise, os cuidados paliativos têm se mostrado uma alternativa para melhor atendimento aos usuários, não só no processo de fim de vida, mas no enfrentamento de uma doença crônica sem possibilidade de cura. Como os profissionais de saúde compreendem os significados dos cuidados paliativos ao cuidarem de pessoas em hemodiálise? Compreender os significados dos cuidados paliativos pelos profissionais de saúde que cuidam de pessoas em hemodiálise. O recolhimento dos dados da pesquisa se deu nos meses de setembro a novembro de 2022, o tipo de pesquisa foi qualitativa de natureza descritiva, realizada com 11 participantes por meio de entrevista semiestruturada, e analisada pelo método de Análise de Conteúdo de Minayo. O Software NVIVO (12ª versão) foi utilizado para organizar os dados encontrados. A Teoria de Viktor Frankl serviu de arcabouço filosófico para a interpretação dos dados encontrados referentes aos significados. Quanto às entrevistas, emergiram duas categorias temáticas: Categoria 1 - Significados dos cuidados paliativos na compreensão de profissionais de saúde que cuidam de pessoas em hemodiálise, tendo como subcategorias: (Emoções e sentimentos; Respeito e dignidade; Terminalidade; Conforto e Qualidade de vida); Categoria 2 - (In) compreensão do significado dos Cuidados Paliativos por profissionais de saúde que cuidam de pessoas em hemodiálise e como subcategoria (desconhecimento). Foi possível compreender os significados dos Cuidados paliativos por profissionais de saúde, através das categorias e subcategorias empíricas encontradas. A presença dos valores criativos, atitudinais e vivenciais descritos na teoria de Viktor Frankl apareceram em todos os significados encontrados. Percebeu-se a possibilidade de elaboração das emoções e sentimentos, subcategoria mais encontrada, nas significações trazidas pelos profissionais. O respeito e dignidade destacaram-se no processo de terminalidade da vida, sendo preconizado o conforto e a qualidade de vida enquanto atributos na assistência A finitude da vida foi vista como algo mais pontual do que processual, sendo os cuidados paliativos associados aos pacientes em fase final da vida. A falta de formação técnica acerca desta especialidade apontou para a (in) compreensão, bem como, o desconhecimento acerca sua indicação precoce. O estudo alcançou o objetivo principal ao conhecer os significados dos cuidados paliativos na compreensão dos profissionais de saúde que cuidam de pessoas em hemodiálise. A Teoria de Viktor Frankl direcionou as reflexões que emergiram das entrevistas, incluindo uma maior compreensão e entendimento quanto aos significados encontrados apontarem para o sentido de vida dos profissionais de saúde. Espera-se com esta pesquisa, que outros estudos sejam fomentados, podendo ampliar o entendimento das questões trazidas e que os cuidados paliativos se tornem uma realidade na assistência. Que possa reverberar numa melhor qualidade de vida, para as pessoas com doenças crônicas, bem como, para os profissionais responsáveis pelo cuidar.

A hanseníase é uma doença tropical, crônica, infectocontagiosa, causada pela bactéria Mycobacterium leprae (M. leprae), transmitida pelas vias respiratórias superiores, tendo como atração as células de Schwann que se localizam nos neurónios do sistema nervoso periférico. A doença permanece com altos coeficientes de detecção para o diagnóstico de crianças e adolescentes com incapacidades física, que afetam negativamente o desenvolvimento, estigmatizando, causando repercussões psicológicas e no contexto social, reduzindo futuramente a entrada no mercado de trabalho. Diante desse contexto a presente dissertação tem por objetivo descrever o itinerário terapêutico de crianças e adolescentes com diagnóstico de hanseníase. Trata-se de um estudo qualitativo, de natureza exploratória e descritiva, que busca identificar e descrever o itinerário de crianças e adolescentes menores de 15 anos como diagnóstico para os serviços de saúde para o diagnóstico de Hanseníase e seu tratamento, realizada no município de Salvador- Bahia, no distrito sanitário de Itapuã. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas individuais com as mães ou familiares, norteadas por questionário semiestruturado com dados sociodemográficos e questões abertas norteadoras acerca do objeto de estudo, tendo como Critérios de inclusão: idade superior a 18 anos; ser mãe ou familiar de crianças e adolescentes com até quatorze anos de idade. Realizadas 05 entrevistas que são representadas por (03) três categorias que respondem ao objetivo do trabalho: Percepção dos sinais clínicos e suspeição da doença por familiares; Trajetória percorrida para o acesso ao serviço de saúde e Dificuldades encontradas ao serviço de saúde. Observou-se, neste estudo que a Hanseníase continua acometendo crianças e adolescentes predominantemente pardas e negras e com diagnóstico tardio, com classificação transmissível e com nervos espessados que aumenta a incidência de incapacidades físicas retratando maior risco de vulnerabilidade. O desconhecimento e a falta de informação para o diagnóstico tardio, levam a falta de acesso à informação, o que se torna um obstáculo para a detecção precoce da doença. O tempo perdido entre o diagnóstico e início do tratamento é crucial para evitar incapacidades. Esse itinerário necessita da disponibilidade de serviços especializados para o manejo clínico em paralelo com os serviços de atenção primária à saúde. Faz-se necessário investimento em busca ativa das pessoas com sinais e sintomas sugestivos de hanseníase, por meio de campanhas que envolvam não somente pacientes como também profissionais da saúde, da educação e outros setores para desenvolver novas estratégias para captar precocemente indivíduos acometidos pela doença, evitando as incapacidades; Capacitar profissionais de saúde para a identificação precoce da doença; estruturar as Unidades de Saúde para a realização dos exames específicos, como: exames clínicos com testes de sensibilidade; baciloscopia e biopsia. Desta forma, a população acometida pela hanseníase, principalmente, crianças e adolescentes, poderiam ser identificadas e tratadas precocemente. 

Este trabalho objetiva investigar a associação entre fatores sociodemográficos e nível moderado ou grave dos sintomas de ansiedade, depressão e desesperança em adolescentes escolares. Trata-se de um estudo de corte transversal, realizado com adolescentes escolares de uma escola pública de Salvador/BA. Utilizou-se um software específico para análise dos dados coletados na pesquisa. Os três questionários foram preenchidos presencialmente na escola frequentada pelos sujeitos alvo da pesquisa. Os dados foram armazenados em planilhas do Excel e posteriormente analisados no programa estatístico SPSS, versão 26.00, considerando os seguintes parâmetros: índices de avaliação das Escalas Becks de Ansiedade, depressão e ansiedade, nível de significância (α) de 5,0%; precisão de erro de 2,0% e poder de estudo de 80,0%. Foi utilizada a amostragem de todos os alunos elegíveis (maiores de 17 anos), do ensino médio, que aceitaram participar da pesquisa, totalizando 206 participantes. A população estudada foi de 206 sujeitos. Os participantes apresentaram uma faixa etária média de 17,5 (DP=0,7) anos e 51,7% (n=106) eram do sexo masculino. Quanto a orientação sexual, 87,5% (n=77) afirmaram serem heterossexuais, 4,5% (n=4) gays e 4,5% (n=4) bissexuais. No que se refere a raça/cor, 39,8% (n=35) se afirmavam como pretos. Na variável religião, 37,1% (n=33) afirmaram não possuir nenhuma religião, seguido de 30,3% (n=27) católicos. 85,1% (n=171) adolescentes estavam solteiros e a escolaridade da maioria dos participantes era do terceiro ano do ensino médio. A média da renda familiar foi de 2.577,90 (DP=2715,20). Os estudantes de ensino médio de escolas públicas necessitam de acolhimento, acompanhamento, direitos e possibilitações para construção de um futuro, através da garantia de um presente.

As cuidadoras que prestam cuidados de transição a pessoas com dependência funcional requerem o domínio de competências que garantam o sucesso da continuidade dos cuidados, este domínio do cuidado requer intervenções de enfermagem para apoiar a cuidadora. O estudo tem como objetivo compreender aspectos do desenvolvimento da maestria da cuidadora para a continuidade do cuidado após a alta hospitalar. Tratou-se de uma pesquisa exploratória, qualitativa, realizada em um hospital universitário de Salvador, Bahia, Brasil, entre julho e dezembro de 2022, com quatorze cuidadores de pessoas com dependência funcional que preencheram os critérios de inclusão. A coleta de dados foi realizada em três fases interligadas; na primeira fase houve análise documental (formulários utilizados pela pesquisa matriz) das pessoas sob os cuidados e respectivos familiares/cuidadoras responsáveis, colhendo dados sociodemográficos, de saúde e aspectos que influência a continuidade do cuidado; na segunda e terceira fases foram realizadas ligações telefônicas para convite a participar da pesquisa e aplicação de questionário semiestruturado para as cuidadoras participantes ao final do acompanhamento da pesquisa matriz, para identificar aspectos sobre a aquisição da maestria. Os dados foram organizados através do software Web Qualitative Data Analysis, analisados pela análise de conteúdo temática e discutidos à luz da Teoria das Transições proposta por. Afaf Meleis. As cuidadoras foram mulheres, majoritariamente casadas, moradoras do interior da Bahia, em zona urbana, portadoras de doença crônica, em uso de medicamento, apoiadas de alguma forma por familiares. Todas cuidavam de pessoas com dependência para atividades de vida diária, algumas em uso de gastrostomia. Receberam durante o internamento orientações e treinamentos para os cuidados e foram acompanhadas por telefone após a alta. Cuidadoras com menos experiência de cuidado necessitaram de mais ligações para adquirirem maestria. Apenas duas cuidadoras não se sentiram situadas e engajadas nesse novo papel por diversos motivos, não alcançando a mestria. Os cuidados de transição são essenciais para a continuidade dos cuidados. Fornece suporte necessário ao longo do internamento e após a alta favorece a aquisição da maestria em cuidadoras engajadas.

O objetivo geral do presente estudo é analisar na produção científica nacional os elementos que revelem os objetivos e estratégias de implementação do PNSP nas organizações de saúde. A presente pesquisa consiste em uma revisão integrativa da literatura. Assim, foram incluídas publicações na íntegra a partir de pesquisas desenvolvidas no Brasil nas fonte de informações/ bases de dados: SCIELO (Scientific Electronic Library Online), MEDLINE (Comprehensive Medline), LILACS (Literatura Latinoamericana y del Caribe de Información en Ciencias de La Salud), WEB OF SCIENCE. Também foram incluídas publicações encontradas no (Portal da CAPES), estudos produzidos sobre o Programa Nacional de Segurança do Paciente entre 2013 e 2022. Os dados foram tabulados em planilha do Microsoft Office Excel 2019 e analisados. Foram identificados 178 estudos, cuja análise temática do corpus deste estudo revelou 12 categorias. Do ponto de vista dos tipos de desenhos de estudos, destacam-se os transversais, observacionais e descritivos, em relação ao ano de publicação, 2019 foi o ano mais expressivo com 31 (17,3%) publicações. Os estudos analisados reconhecem que ainda é necessário avançar mais para as práticas de segurança nas organizações de saúde. Embora seja relevante, pois, muitos são os fatores ligados com as condições de trabalho fragilizadas, que dificultam o cumprimento das ações de segurança implementadas pelo PNSP desde 2013 nas organizações de saúde, capazes de impactar na realização de práticas seguras, onde é perceptível que os cuidados são inseguros e os erros no ambiente de trabalho ainda ocorrem.

ANDRADE, I.C.S. Dinâmica familiar de pessoas com comportamento suicida: aplicação do modelo calgary de avaliação. 2023. 240f. Tese (Doutorado em Enfermagem e Saúde) – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde, Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia. Salvador – Ba, 2023.

INTRODUÇÃO: Os elevados índices e as repercussões do comportamento suicida tornam o fenômeno um sério problema de saúde pública, o que requer estratégias de prevenção enfrentamento. Considerando a relevância da família enquanto componente do suporte social, urge a necessidade da compreensão acerca da dinâmica das relações familiares no contexto da ideação suicida. Dessa forma, essa tese aborda os seguintes capítulos para compor a história da arte: I- Comportamento suicida: das raízes históricas ao rizoma da contemporaneidade (Comportamento suicida: uma teia de complexus; -Panorama global do comportamento suicida como problema de saúde pública: Epidemia silenciosa?); II-Das partes para o todo: a família como um sistema (não) funcional (Reforma psiquiátrica e família: visibilidade e participação do sistema familiar da pessoa com sofrimento psíquico; Família e comportamento suicida) e III-A pandemia do covid-19 e o sofrimento psíquico. OBJETIVO: Compreender a dinâmica familiar de pessoas com comportamento suicida. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, fundamentado no referencial teórico-metodológico do Modelo Calgary de Avaliação Familiar (MCAF), que se refere a um modelo de avaliação familiar que abarca a estrutura, o desenvolvimento e a funcionalidade do sistema familiar. Em relação ao local de estudo, esse foi desenvolvido no Núcleo de Estudo e Prevenção do Suicídio (NEPS), um serviço ambulatorial especializado no atendimento às pessoas com comportamento suicida no estado da Bahia. No que tange aos participantes do estudo, foram 07 famílias e 09 familiares de pacientes com comportamento suicida acompanhados no NEPS. Os critérios de inclusão foram os seguintes: cônjuges, familiares consanguíneos ou familiares com laços de afetividade de usuários em acompanhamento regular no NEPS; ter idade igual e/ou maior a 18 anos e estar em condição emocional e cognitiva. Na primeira etapa do estudo, em encontro virtual com os usuários, para conhecer seus familiares antes, fora construído o genograma e ecopmapa. Esse primeiro é uma árvore familiar que inclui informações adicionais sobre relacionamentos entre as pessoas, já o ecomapa, complemento do genograma, consiste em uma representação gráfica das relações e contatos entre os membros da família, a comunidade, serviços de saúde e outras instituições, permitindo avaliar suas redes e apoios sociais. Para essa construção fora utilizado o software GenoPro®, desenvolvido pela GenoPro SDK com o objetivo de auxiliar o armazenamento de dados, a construção e apresentação de genealogias familiares. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Emergiram dessa tese quatro manuscritos, a saber: Avaliação estrutural em famílias de pessoas com comportamento suicida: Aplicação do Modelo Calgary; Avaliação de desenvolvimento em famílias de pessoas com comportamento suicida: Aplicação do Modelo Calgary; Avaliação funcional em famílias de pessoas com comportamento suicida: Aplicação do Modelo Calgary e Expressões de cuidado na dinâmica familiar de pessoas com comportamento suicida. Assim, a discussão girou em torno da estrutura das geraçõesdepessoas comcomportamentosuicida,que émarcada aolongodotempoporhistórias e eventos adversos de vida. Os relatos de familiares de pessoas com comportamento suicida que mostraram também que os eventos acontecidos no núcleo familiar, marcaram de forma profunda os estágios do ciclo vital da família. Além disso, os resultados revelaram, como é intensa e diversa a funcionalidade de cada núcleo familiar. Isso porque são muitas as formas que cada uma encontra para manter-se estruturada e resiliente apesar dos obstáculos encontrados, entre eles o adoecimento psíquico e o comportamento suicida de um dos seus membros. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Elucidar a estrutura, desenvolvimento e 11 funcionalidade das famílias de pessoas com comportamento suicida, torna possível vincular-se, compreender e intervir nos conflitos, (des)harmonia e dessaranjo do núcleo familiar. Isso porque com a aplicação do Modelo Calgary de Avaliação das famílias de pessoas com comportamento suicida permite ao profissional organizar e aprimorar o atendimento e acompanhamento dessa família bem como utilizar todas essas ferramentas como fatores de proteção para as tentativas de suicídio. Seguindo mais além, importante salientar que a atuação cíclica da prevenção do suicídio também é uma forma de reduzir o adoecimento, estresse e desgaste no núcleo familiar. Assim, com esse estudo registra-se o MCAF de famílias das pessoas com comportamento suicida, abrindo caminhos e espaços para estudos com a aplicação do Modelo Calgary de Intervenção. Dessa maneira, esse movimento pode fazer com que a família atue de forma positiva e resiliente e atue como suporte principal na vida das pessoas com comportamento suicida.

FREITAS, Raniele Araújo de. Implementação de diagnósticos e cuidados de enfermagem à dimensão espiritual da pessoa com câncer. 167f. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2023.

O câncer ainda é considerado uma doença temida e estigmatizada, causando desajuste biopsicossocioespiritual, mesmo com mecanismos de tratamentos avançados. A enfermeira tem responsabilidade de avaliar as necessidades espirituais e de promover o cuidado espiritual, sendo a compreensão multidimensional do ser humano imprescindível para a prática profissional e sistematização dos cuidados em sua totalidade. O estudo teve como objetivo geral implementar, participativamente, diagnósticos e cuidados de enfermagem voltados à dimensão espiritual da pessoa que vive com câncer. Pesquisa qualitativa, com procedimentos da PesquisaAção como referencial metodológico. As participantes foram enfermeiras e técnicas de enfermagem da Unidade de Oncohematologia e Transplante de Medula Óssea de um Hospital Universitário do Nordeste do Brasil, que atenderam aos critérios de inclusão do estudo. Para a coleta de dados foram utilizados: questionário para caracterização das participantes, a técnica do Mapa Falante, oficinas pedagógicas e o diário de bordo. As falas foram gravadas através de aparelho digital e organizadas e codificadas com auxílio do software Maxqda, submetidas a análise temática de Braun e Clarke, e interpretadas à luz dos construtos de Paulo Freire. A pesquisa foi realizada de acordo com os preceitos da Resoluções nº 466/12, 510/16 e 580/18 do Conselho Nacional de Saúde, e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital. O estudo foi dividido em quatro fases: fase 1 - diagnóstico prévio, por meio do mapa falante; fase 2 - diagnóstico compartilhado e planejamento das ações a serem realizadas; fase 3 - intervenção, marcada pelo desenvolvimento de oficinas educativas com as propostas priorizadas pelas participantes e fase 4 - avaliação, que teve o objetivo de evidenciar, através do relato das participantes, de que forma as ações educativas contribuíram para a implementação dos diagnósticos e cuidados à dimensão espiritual da pessoa com câncer. A fase 1 identificou o perfil das participantes, o conhecimento prévio sobre a temática; na fase 2, surgiram propostas de ações pautadas para o cuidado espiritual organizado no Processo de Enfermagem; na fase 3 de intervenção, as ações foram implementadas: oficinas contemplando as fases do Processo de Enfermagem com ênfase nos diagnósticos e cuidados de enfermagem à dimensão espiritual, para implementação destes na prática; na fase 4 - Através da avaliação final, realizada de maneira processual e por meio de uma oficina três meses após a intervenção, foi possível constatar a médio prazo, mediante os relato das participantes, as transformações ocorridas com a implementação proposta. Conclui-se que que a realização de ações educativas e a educação problematizadora com enfermeiras e técnicas de enfermagem que cuidam de pessoas com câncer possibilitam estratégias para a assistência à dimensão espiritual, com inserção desta no Processo de Enfermagem.

OLIVEIRA, Cleise Cristine Ribeiro Borges. NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM POLICIAIS MILITARES: fatores preditores e protocolo de intervenção de Enfermagem. 152 f. Tese (Doutorado) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2023.

Em meio às profissões existentes no mundo, a do policial militar encontra-se no topo das mais suscetíveis ao desenvolvimento de doenças graves como as doenças crônicas não transmissíveis. Isso decorre da elevada exposição a riscos psíquicos e físicos que envolvem a atuação profissional os quais podem dificultar a participação dos policiais militares em atividades sociais e de lazer como a realização de atividade física. Objetivou-se avaliar associação entre o nível de atividade física e fatores associados ao tempo gasto sentado na amostra do estudo; verificar a associação entre variáveis clínicas e sociodemográficas e o nível de atividade física em policiais militares e apresentar um protocolo de intervenção para o estímulo da atividade física em policiais militares. Estudo quantitativo, observacional, transversal, realizado com 432 policiais militares de todas as unidades do Comando de Policiamento Regional - Leste da Polícia Militar da Bahia de Feira de Santana. A coleta de dados ocorreu de agosto a dezembro de 2022 através de formulário do google forms constando o Questionário Internacional de Atividade Física e um questionário sobre dados sociodemográficos e variáveis clínicas. Predominou homens (82,35%), raça/cor negra (87,04%), nível de escolaridade do chefe da família superior completo (47,69%), com companheiro (a) (81,94%). O risco de sedentarismo é menor entre policiais homens (IRR < 1). O aumento da idade associa-se a um risco menor de sedentarismo (IRR < 1) e aumento da chance de ser mais ativo. Policiais homens apresentam chances superiores de serem mais ativos nos domínios trabalho, transporte e lazer. Policiais mulheres apresentam chances superiores de serem mais ativas no domínio casa. Policiais que não possuem a doença arterial coronariana, bem como os que não possuem hipertensão arterial, possuem maiores chances de serem mais ativos. Construção de um protocolo de intervenção adotando-se a Teoria do Comportamento Planejado e a oferta de informações sobre a atividade física por meio de telemensagens móveis, a ser desenvolvido durante dois meses, em três etapas: diagnóstico situacional; planejamento da ação e monitoramento dos participantes. Policiais homens são mais ativos nos domínios trabalho, transporte e lazer e estão menos expostos ao risco de comportamento sedentário no tempo gasto sentado. Conforme a idade do policial aumenta maior a chance de serem ativos e menor o risco de sedentarismo no tempo gasto sentado. Policiais com doença arterial coronariana e hipertensão arterial possuem menos chances de serem ativos. Contudo, policiais com prática de atividade física irregular estarão mais suscetíveis ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis aliadas a outros fatores de risco. O protocolo de intervenção de enfermagem constitui uma alternativa factível capaz de levantar dados quanto ao nível de atividade física em policiais militares, bem como contribuir na sensibilização para manutenção desse comportamento com vistas a saúde e a qualidade de vida. Acompanhamento do estado de saúde dos policiais militares torna-se relevante para que possam ser pensadas e aplicadas ações de promoção de saúde e prevenção de agravos

Essa pesquisa versa sobre as representações sociais de mulheres transgêneras sobre o corpo
real e o corpo ideal, partindo-se do pressuposto de que mulheres transgêneras à medida que
transicionam do gênero designado no nascimento para o autorreferido buscam, especialmente,
o reconhecimento enquanto pessoa, não necessariamente uma ‘pessoa trans’, pois esse
processo se dá de modo singular para cada uma. Nessa tomada de posição, podem adotar uma
e/ou outra prática, que vise à modificação corporal, mediado por suas representações acerca
do corpo real e do corpo ideal, primando pela satisfação pessoal, concebidas e/ou percebidas
no contexto e na dinâmica que permeiam as (inter)relações. Objetivou-se apreender a
estrutura das representações sociais de mulheres transgêneras sobre o corpo real e do corpo
ideal; identificar as preferências por determinadas partes do corpo para a realização de
procedimentos cirúrgicos disponibilizados e/ou não no âmbito do Processo Transexualizador
no SUS; caracterizar sociodemograficamente o grupo investigado; identificar como as
práticas de modificação/alteração corporais adotadas na transição repercutem para a saúde.
Pesquisa com 92 mulheres transgêneras de Salvador-Bahia, de abordagem qualitativa,
fundamentada na Teoria das Representações Sociais. A produção dos dados se deu pela
técnica Snowball, mediante aplicação do formulário de caracterização, técnica de evocação
livre de palavras, escala de implicação pessoal em relação a cirurgia de redesignação sexual,
mapa corporal sobre procedimentos hormonocirúrgicos contemplados pelo Processo
Transexualizador no SUS e os realizados e custeados por conta própria. Os corporas foram
processados pelos softwares Ensemble de programmes Permettant I’ analyse des Evocations
(versão 2005), compondo o quadro de quatro casas e Analyses Multidimensionnelles de Textes
et de Questionnaires gerando a árvore máxima de similitude; e o alvo de constelações de
atributos elaborado com auxílio do Microsoft PowerPoint. As normas da Resolução 466/2012
foram atendidas. Quanto a faixa etária: 50,0% tinha entre 30 e 39 anos; 87,0% negras (pretas
ou pardas); 96,7% solteiras; 37,0% cristãs católicas, 18,5% candomblecistas; 6,5% possuía
ensino superior completo, 45,7% ensino médio completo e 26,1% ensino médio incompleto;
48,9% natural de Salvador; 39,1% de outras cidades da Bahia; 32,6% retificou
nome/sexo/gênero; para 38,0% o trabalho sexual foi a fonte exclusiva de renda; 87,0%
acessava exclusivamente o SUS; 98,9% referiu o uso de hormônios; 40,2% fez uso de silicone
líquido industrial. Para as participantes a representação social do corpo real se ancora em
questões relacionadas a insatisfação, tristeza associadas ao desejo de modificar o corpo e se
sentirem confortáveis alinhando o corpo ao gênero autorreferido; o corpo ideal aponta para a
importância de ter o corpo desejado, que proporcione felicidade e bem-estar psicoemocional,
mas com a preocupação em manter a saúde. As representações apreendidas revelam que o
corpo é parte fundamental da identidade e mostram a importância de se sentir confortável com
o próprio corpo e cuidado com a saúde. É importante que gestores e profissionais da saúde
reconheçam e valorizem as mulheres transgêneras e suas existências a partir de um olhar atento e

sensível às suas demandas de cuidado e de saúde, de modo a superar a violência institucional e a
desumanização/objetificação de seus corpos.

A sensibilidade moral se destaca como uma capacidade individual das enfermeiras em reconhecer a dimensão moral de situações que envolvem o cuidado à pessoa, bem como as consequências éticas das ações. O estudo tem como objetivo compreender como a sensibilidade moral é vivenciada por enfermeiras que atuam no contexto dos serviços de urgência. Trata-se de um estudo de métodos mistos, o primeiro momento com a abordagem quantitativa, com a participação de 422 enfermeiras dos serviços de atenção às urgências cuja análise foi realizada a partir de estudo psicométrico, transversal, e seguido da qualitativa, com a participação de 15 enfermeiras dos serviços de atenção às urgências com abordagem descritiva-compreensiva. Para a integração dos métodos, optou-se pela estratégia explanatória sequencial, com integração dos dados quantitativos e qualitativos na interpretação dos resultados. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Os resultados são apresentados em formatos de manuscritos a serem encaminhados em revista científica: “Sensibilidade moral na enfermagem e interações com o cuidado: revisão integrativa”, o qual apresenta evidências sobre o uso do instrumento Moral Sensitivity Questionnaire para o aprofundamento do estudo sobre a sensibilidade moral na enfermagem, em que houve avaliação do instrumento, avaliação da sensibilidade moral e das interações destas com outros fenômenos; “Evidências de validade do questionário de sensibilidade moral para enfermeiras das emergências”, em que o instrumento aplicado em enfermeiras das urgências foi avaliado quanto à Teoria de Resposta ao Item e também quanto a Análise Fatorial Confirmatória, com destaque para o uso do instrumento mais breve com 19 itens; “Sensibilidade moral e perfil das enfermeiras da atenção às urgências: estudo transversal”, destaca algumas características que foram relacionadas às dimensões da sensibilidade moral; “Sensibilidade moral vivenciada por enfermeiras da atenção às urgências: estudo de métodos mistos” é apresentado como a sensibilidade moral é vivenciada por enfermeiras dos serviços de emergência, com destaque para o reconhecimento de princípios orientadores da relação de cuidado, significado moral das ações relacionadas à qualidade da assistência, melhora do paciente, em que buscam terem condutas as quais julgam como melhores para a pessoa; vivenciam conflitos que são internos ou interpessoais; e confiam no conhecimento técnico, científico e ético ao lidar com situações moralmente sensíveis. Os resultados convergem para a compreensão da sensibilidade moral como um componente importante da competência moral para lidar com as complexidades inerentes ao cuidado, em especial, evidenciados em questões que refletem em vulnerabilidades para a pessoa sob cuidado; o conceito da sensibilidade pode ser observado a partir da descrição das vivências das enfermeiras ao reconhecer limites, vulnerabilidades e necessidade de aportar conhecimentos e sentimentos no cuidado. Para enfermagem, apresenta contribuições ao aprofundar o conhecimento da sensibilidade moral das enfermeiras nos serviços de urgência. Para a pesquisa, apresenta o Questionário de Sensibilidade Moral para avaliar atitudes de sensibilidade moral na relação enfermeiras e pacientes. Para a sociedade, apresenta a sensibilidade moral da enfermeira pode ser relacionada como uma disposição qualificadora do cuidado.

A Sistematização da Assistência de Enfermagem normatiza a estrutura do serviço de enfermagem e organiza a assistência prestada à pessoa, família e comunidade. Ela deve estar presente nos serviços de enfermagem, nas instituições de saúde. Para tanto, objetivou-se realizar a Educação Permanente em Saúde para implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem em instituição de longa permanência para idosos, na forma de pesquisa exploratória, qualitativa, do tipo pesquisa-ação. Para isso, foram utilizadas como base legal a resolução do Conselho Federal de Enfermagem nº 358/2009 e, como base teórico-metodológica, a Teoria das Necessidades Humanas Básicas, proposta por Wanda Horta, para apreender conceitos do Ser-cuidado, Ser-cuidador e Ser-enfermagem. Foram realizadas seis oficinas pedagógicas no decorrer de 2022. A presente tese analisa as oficinas pedagógicas enquanto parte do processo de apreensão de conhecimento, conscientização do seu papel pela equipe de enfermagem da instituição de longa permanência para idosos e descreve categorias de significado com base nas falas das participantes através da técnica de análise de conteúdo de Bardin. Dentre as categorias de significado, tem-se: 1. Problematização das participantes quanto ao serviço e equipe de enfermagem: com categorização dos resultados entre pontos positivos e pontos a melhorar do serviço ; 2. Conhecimento da equipe de enfermagem sobre Sistematização da Assistência de Enfermagem e Processo de Enfermagem: elucidando a lacuna de conhecimento sobre esses dois conceitos; 3. A realidade da estruturação do Serviço de Enfermagem da instituição frente ao sugerido pela Sistematização da Assistência de Enfermagem e Processo de Enfermagem: com elaboração da estrutura funcional da Sisitematização da Assistência de Enfermagem na instituição; 4. Tecendo saberes para o desenvolvimento da Sistematização da Assistência de Enfermagem e Processo de Enfermagem através das práticas experienciadas pelas participantes no cuidado de enfermagem em ILPI, que abrangeu, além das impressões das participantes sobre os conhecimentos compartilhados, a elaboração de formulários do Processo de Enfermagem para o serviço. Como considerações finais, tem-se que a Sistematização da Assistência de Enfermagem proporciona o arcabouço científico, pessoal e legal para a organização do serviço de enfermagem em Instituição de Longa Permanência para Idosos e melhoria da assistência de enfermagem prestada aos residentes. Apesar disso, existem barreiras que impedem sua operacionalização nos serviços de enfermagem, como resistência da própria equipe, falta de conhecimento e sobrecarga de trabalho. Ressalta-se, ainda, a necessidade da compreensão da gestão dessas instituições quanto à importância da Sistematização da Assistência de Enfermagem e seus desdobramentos para a qualidade dos serviços de saúde nesse ramo de atividade.

A pandemia do novo Coronavírus revelou a importância de trabalhadoras
em enfermagem atuando na linha de frente na prestação de cuidados a pessoas com
suspeita ou infectadas pelo SARS-CoV-2, evidenciando maior exposição à infecção e
hospitalização. Objetivo geral: Investigar a associação entre variáveis
sociodemográficas e ocupacionais e a infecção pelo SARS-CoV-2 e entre variáveis
sociodemográficas, clínicas e ocupacionais e a hospitalização pela COVID-19 em
trabalhadoras em enfermagem. Metodologia: Estudo do tipo coorte retrospectiva, com
15.936 trabalhadoras em enfermagem da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia,
submetidas a testes diagnósticos da infecção. Utilizou-se um banco de dados secundário
e a coleta de dados ocorreu de março a outubro de 2020. Os dados foram analisados em
frequências absolutas, relativas, médias e desvio padrão. Nas análises bivariadas
empregou-se o teste Qui-quadrado de Pearson ou Exato de Fisher, considerando p-valor
≤0,20 e nas análises múltiplas os modelos de Regressão de Poisson Robusto e de
Regressão Logística, adotando nesta fase p-valor ≤0,05. Adotou-se o procedimento de
backward e para escolha do melhor modelo o menor valor do Critério de Informação de
Akaike. Os aspectos bioéticos foram seguidos e a pesquisa foi aprovada em dois
Comitês de Ética em Pesquisa. Resultados: Das 15.936 trabalhadoras em enfermagem,
predominaram sexo feminino (87,3%), faixa etária de 31 a 59 anos (80,3%), raça/cor
parda (63,4%), técnicas e/ou auxiliares em enfermagem (69,6%), função na área
assistencial (95,1%), vínculo terceirizado (70,1%) e único (78,2%). Contato prévio com
pessoas com COVID-19 foi relatado por 37,3% e 4.057 (25,5%) tiveram a infecção
confirmada. De 3.423 casos válidos, um total de 48 trabalhadoras (1,4%) foram
hospitalizadas. No primeiro desfecho, nas análises bivariadas, sexo foi associado à
infecção pelo SARS-CoV-2 (p-valor= 0,131), assim como faixa-etária (p-valor= 0,001)
e raça-cor (p-valor= 0,030). Aos fatores ocupacionais foi estatisticamente significante o
fato de a trabalhadora ter tido contato com pessoas com COVID-19 (p-valor= 0,016) e
ter mais de um vínculo de trabalho (p-valor ≤ 0,001). Na análise multivariada, faixa
etária de 31 a 59 anos (RR=1,33), raça/cor preta (RR=1,15), ter mais de um vínculo de
trabalho (RR=1,23) e contato com caso confirmado (RR=1,11) aumentaram o risco de
infecção. No segundo desfecho, as análises bivariadas mostraram significância
estatística entre faixa-etária e hospitalização pela COVID-19 (p-valor≤ 0,001), e quanto

as características ocupacionais, houve associação com o tipo de vínculo de trabalho (p-
valor= 0,003). As características clínicas evidenciaram associação entre hipertensão

arterial sistêmica (p-valor≤ 0,001), diabetes mellitus (p-valor= 0,014), obesidade (p-
valor= 0,010), doenças cardiovasculares (p-valor= 0,077), insuficiência renal (p-valor=

0,068), febre (p-valor= 0,026), tosse (p-valor= 0,003), perda de paladar (p-valor= 0,012)
e dificuldade para respirar (p-valor≤ 0,001). Na análise múltipla ter insuficiência renal
(OR=24,60), obesidade (OR=4,43), dificuldade para respirar (OR=6,39) e estar na
faixa-etária entre 31 e 59 anos (OR=8,38) e ter 60 ou mais anos (OR=62,06)
aumentaram as chances de hospitalização. Conclusões: A incidência da infecção foi alta
e o risco maior para trabalhadoras adultas e idosas, negras, com mais de um emprego e
contato com pessoas infectadas. Maior chance de hospitalização ocorreu para aquelas

com idades mais avançadas, com comorbidades e dificuldade para respirar. Medidas
para redução da exposição no ambiente laboral e ações de prevenção e controle de
fatores de risco para o adoecimento e a mitigação dos estressores ocupacionais e
psicoemocionais são essenciais.

SILVA, Ingredy Nayara Chiacchio. UNIDADE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO: o processo de gestão por enfermeiros. 2022. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde¬) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2022.

Este estudo visa responder ao seguinte objetivo: analisar a gestão de enfermeiros que atuam numa Unidade de Atenção Psicossocial de um Hospital Universitário. Esta pesquisa é do tipo exploratória, com abordagem qualitativa, cujo método foi baseado no estudo de caso único. A população dessa pesquisa se constituiu de 10 enfermeiros que estão ligadas a unidade de Atenção Psicossocial do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos. Foi utilizado a coleta documental e a entrevista semiestruturada, além da Teoria de Mintzberg (2017), para a triangulação dos dados. A coleta de dados ocorreu no mês de agosto a setembro de 2021 e teve início após leitura e assinatura, pelos participantes, do termo de consentimento livre e esclarecido e da Carta de Autorização cedendo os direitos do depoimento oral. A partir do material apreendido nas entrevistas e na pesquisa documental foi realizada a análise dos dados. Estes foram analisados segundo a técnica de Análise de Conteúdo tipo temática com apoio do software de Análise Qualitativa WebQDA. Foram adotadas as recomendações que envolvem pesquisas com seres humanos. Os resultados evidenciam que as enfermeiras utilizam estratégias de gestão na Unidade de Atenção psicossocial relacionadas ao planejamento, monitoramento e avaliação das ações de gestão, aspectos da educação permanente na organização, modos de padronização do processo de trabalho e dimensões de avaliação de desempenho dos trabalhadores. Ainda foi possível compreender a estrutura organizacional do serviço de enfermagem da unidade de atenção psicossocial, apontando para presença dos enfermeiros nas partes da linha intermediária e núcleo operacional. Estes desenvolvem atividades administrativas relacionadas a dimensão gerencial da profissão e apresentaram desafios importantes no cotidiano da gestão. Por fim, é essencial ampliar espaços de discussão sobre o processo formativo, assim como fortalecer as competências e habilidades dos enfermeiros gestores, para que possam lidar melhor com os desafios presentes nas organizações. Por fim, é importante que os enfermeiros em saúde mental, diante desses resultados, reflitam sobre as estruturas organizacionais, locais de sua prática profissional, fortalecendo seu papel, reconhecendo suas atribuições e escolhendo caminhos teóricos de práticas de gestão que qualifiquem o cuidado em saúde mental.

SANTOS, Lorena do Nascimento dos. Repercussões da pandemia Covid-19 para as mulheres: uma análise midiática. 2022. 85f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde) – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde, Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2022.

A pandemia Covid-19 oportunizou repercussões socioeconômicas, culturais, políticas, de saúde e entre os gêneros para todos os grupos populacionais, entretanto, as mulheres foram mais afetadas pelos efeitos devastadores da crise. No contexto, a mídia teve papel relevante tanto no compartilhamento das informações e na influência para adoção das medidas de proteção e promoção à saúde, quanto na divulgação das implicações de desigualdades e vulnerabilidades intensificadas na vida das mulheres. Trata-se de uma pesquisa documental, qualitativa, com objetivo de conhecer as repercussões da pandemia Covid-19 para as mulheres, a partir de publicações divulgadas pela mídia. Foram utilizadas 81 reportagens, selecionadas no período de março de 2020 a junho de 2021, nas versões digitais do jornal O Globo e no Universo On-line. Após o tratamento textual das reportagens, realizou-se a análise dos títulos, por meio do software IRAMUTEQ, resultando na formação da nuvem de palavras. Em seguida, o conteúdo das reportagens foram organizados e submetidos à análise de conteúdo por Bardin, com formação de 4 categorias empíricas: 1) Pandemia: agravos para saúde das mulheres; 2) Intensificação das desigualdades de gênero e socioeconômicas; 3) Sobreposição de trabalhos no espaço doméstico; 4) Situações de violências pelo isolamento social. Pode-se evidenciar que o cenário da pandemia Covid-19 modificou estruturas, relações e o significado do cotidiano das mulheres, sobretudo, após a implementação das medidas restritivas. Em consequência, foram afetadas com os impactos de ordem socioeconômica, pelo aumento do desemprego, por serem maioria fora do mercado de trabalho e com risco ao sustento. As evidências indicam maior susceptibilidade às situações e casos de violências de gênero, especialmente doméstica e feminicídios, em decorrência do isolamento social, considerado um potencializador para o aumento das denúncias e pedidos de ajuda. Outro fator agravante, é a intensificação da sobrecarga de trabalho domiciliar e cuidado intrafamiliar diante da permanência prolongada em casa. O acúmulo das funções associadas às condições extremas do trabalho formal, o medo e a exposição da contaminação e restrições de circulação contribuíram para o adoecimento físico e mental das mulheres. Todavia, o acesso aos serviços de saúde e as redes de enfrentamento à violência foram limitados, resultando em barreiras para consultas básicas de saúde sexual e reprodutiva, além de dificultar o rompimento do ciclo da violência. Deste modo, a mídia revelou a intensificação de problemáticas estruturais das situações de vulnerabilidade e das desigualdades de gênero na vida das mulheres, em decorrência das repercussões da pandemia Covid-19. Diante do cenário, foram as mais impactadas pelo agravamento das situações preexistentes e/ou geradas pelo cenário, sob a perspectiva dos distintos contextos, especialmente ao interseccionar raça e classe sob a perspectiva de gênero.

TRAJANO, Rebeca Andrade. Programa de navegação onco-hematológica: proposta facilitadora para a transição do cuidado. 2022. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2022.

Para contribuir na assistência centrada ao paciente oncológico, o Programa de Navegação foi criado com objetivo de colaborar com o diagnóstico precoce, reduzir o tempo para início do tratamento, solucionar interfaces que dificultam o acesso do paciente ao serviço de saúde e garantir a adesão na abordagem terapêutica. Tem como objetivo geral construir coletivamente com enfermeiros e técnicos de enfermagem de um serviço ambulatorial um programa de navegação para pacientes onco-hematológicos com base na teoria da transição de cuidado. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa cuja estratégia metodológica é a pesquisa ação, realizada em um ambulatório de quimioterapia para pacientes onco-hematológicos, inserido no complexo hospitalar universitário de grande porte, situado no município de Salvador-Bahia. A seleção das participantes ocorreu por meio de conveniência e contemplou 12 profissionais de enfermagem, sendo elas 7 enfermeiras e 5 técnicas de enfermagem. Foi utilizado o critério de inclusão: ser enfermeira ou técnica atuante no serviço de onco-hematologia da instituição e como critérios de exclusão: enfermeiras e técnicas de enfermagem que cobriam escalas de trabalho em outros setores ou que tiveram mudança de funções no decorrer da pesquisa. Os dados foram coletados por meio de uma entrevista semiestruturada presencial e de quatro oficinas virtuais. Foi utilizada a técnica de análise de conteúdo temática proposta por Bardin para categorização do material colhido nas oficinas. Os aspectos éticos foram baseados nas normas da Resolução nº 466/12 e 510/16. O trabalho foi submetido e aprovado pelo ao Comitê de Ética em Pesquisa do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (HUPES) (CAAE: 48003021.7.0000.0049). São apresentados por meio de dois manuscritos. O primeiro intitulado “Teoria da transição do cuidado na navegação oncológica: percepções de profissionais da enfermagem” permitiu conhecer a percepção da equipe de enfermagem sobre a teoria de transição do cuidado e sobre o programa de navegação de pacientes. O segundo manuscrito, “Programa de navegação a luz da teoria de transição do cuidado” foi delimitado em quatro eixos temáticos: natureza e condições para a transições dos pacientes onco-hematológicos; padrões de resposta de transição para um programa de navegação; cuidados de transição com base no programa de navegação e criação de um modelo de programa de navegação. O estudo possibilitou criar de forma coletiva com enfermeiras e técnicas de enfermagem um programa de navegação para pacientes onco-hematológicos, adaptado à realidade de uma unidade ambulatorial de uma instituição pública, atendendo às necessidades dos pacientes e favorecendo a organização das atividades exercidas pela equipe, tendo como base a teoria de transição do cuidado de Afaf Meleis.

SANTANA, Ariane Teixeira De. Essa dor tem cor: Uma análise interseccional no fenômeno da violência obstétrica. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde) - Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2022.
Introdução: A violência obstétrica atinge mulheres e pessoas com útero de formas irrestrita, sendo as mulheres negras as mais afetadas por esse fenômeno em todo mundo. Diante deste exposto, a temática se revela pertinente no contexto da reflexão sobre as práticas de saúde no cenário obstétrico do Brasil, e como ela se pauta. Uma vez que buscamos pretende aprofundar o conhecimento sobre a ocorrência do fenômeno da violência obstétrica, segundo a percepção de quem vive. Buscando contribuir desta forma, para a construção de práticas assistenciais mais respeitosas, qualificadas, e que proporcione satisfação para as mulheres e pessoas com útero. Objetivos: Este estudo teve buscou: conhecer as percepções de mulheres sobre o fenômeno da violência obstétrica na assistência ao parto e a interface com raça e gênero. Método: Trata-se de pesquisa exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa. O estudo foi realizado no Município de Salvador do Estado da Bahia. O cenário de ocorrência foi uma Maternidade Pública da administração direta do Estado, que fornece serviços obstétricos de baixo risco. A coleta de dados ocorreu no período de novembro de 2021 a fevereiro de 2022. Participaram deste estudo 25 mulheres. Como instrumento de coleta de dados foram utilizados um roteiro de entrevista semiestruturada e estruturada, onde as entrevistas continham perguntas abertas e fechadas. As falas das participantes foram gravadas após assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido e transcritas. Para estruturar a análise das falas foi utilizado a Análise do Conteúdo proposta por Bardin. O conceito dos marcadores sociais e epistemologia da interseccionalidade foram utilizados para nortear a análise das informações. As participantes desta pesquisa tinham idade entre 16 e 24 anos, todas as participantes declararam-se da raça/cor negra, a maioria exerce atividades não remuneradas e possuía nível médio completo. Resultados: Emergiram unidades temáticas, as quais foram agrupadas em quatro categorias, onde foi possível compreender o fenômeno da violência obstétrica a partir da percepção apresentada pelas entrevistadas. As mulheres atribuíram a violência obstétrica a uma série de condições consideradas degradantes, humilhantes, desrespeitosas e abusivas. As mulheres apontaram o sentimento conflituoso na percepção de serem violentadas por outras mulheres. As mulheres associaram que o gênero e a classe social têm influências diretas na ocorrência da violência obstétrica. Há ainda a percepção da violência obstétrica no contexto das condições precárias presentes nos sistemas de saúde. Conclusão: Reafirmo a necessidade de maiores esforços do Estados, gestores, profissionais e sociedade para avançar no combate à violência obstétrica. Para que todas as mulheres e pessoas com útero possam receber cuidados de alta qualidade, respeitosos, baseados em evidências, integral e equânime, que fortaleça políticas de combate ao racismo e garanta autonomia nas decisões sobre o processo reprodutivo. A fim de proporcionar experiências individuais e prazerosas em toda sua trajetória obstétrica a partir da lente da justiça reprodutiva.

CHAVES, Alinne Nogueira. Cuidados de enfermagem ao paciente onco-hematológico em paliação: um olhar sobre a Teoria Final de Vida Pacífico. 2022. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde) - Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, 2022. 84p.

Atualmente, evidencia-se um movimento de transformação na área do cuidado, na tentativa de retomada da assistência que harmonize saberes técnicos-científicos, morais e espirituais, a fim de agregar resultados positivos na vida do indivíduo durante o processo de transição saúdedoença. Nesse contexto, enquadra-se a equipe de enfermagem voltada ao cuidado de pacientes oncohematológicos que exige conhecimento especializado. Assim, os cuidados paliativos surgem como ferramenta eficaz, capaz de aliar cuidado humanístico e científico, com vistas à qualidade de vida de pacientes com diagnóstico de doença ameaçadora à vida. O objetivo geral é apreender os cuidados de enfermagem a pacientes oncohematológicos em paliação à luz da Teoria Final de Vida Pacífico. Como objetivos específicos: 1. Identificar o conhecimento da equipe de enfermagem da oncohematologia sobre cuidados paliativos; 2. Descrever como a equipe de enfermagem cuida de pacientes oncohematológicos em paliação; 3. Conhecer os fatores que facilitam ou dificultam os cuidados de enfermagem a pacientes oncohematológicos em paliação. Trata-se de uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa, realizada em unidade de onco-hematologia de um hospital de ensino na cidade de Salvador-Bahia. A coleta dos dados ocorreu após a aprovação pelo Comitê de Ética. Os participantes foram 12 enfermeiras e 10 técnicos de enfermagem que atuam no setor. Os dados foram obtidos por meio de questionário de caracterização sociodemográfica e entrevista com roteiro semi-estruturado. Após a entrevista, os depoimentos foram analisados através da técnica de Análise de Conteúdo de Bardin e os resultados discutidos a luz da Teoria Final de Vida Pacífico. Emergiram as seguintes categorias: 1. Entendimento sobre os CP pela equipe de enfermagem; 2. Cuidados de enfermagem para final de vida pacífico a pacientes oncohematológicos em paliação; 3. Faciliades e dificuldades no cuidado ao paciente em paliação. O entendimento da equipe de enfermagem sobre cuidados paliativos é superficial, entretanto, há preocupação dos participantes em oferecer conforto e qualidade de vida aos pacientes e familiares, através de ações que prezam pelo bem-estar físico, emocional e espiritual. Os participantes reconhecem a dificuldade em lidar com a morte e assistir pacientes nos aspectos emocionais. Referem lacuna de uma equipe multiprofissional atuante para atender tanto ao paciente quanto a equipe de saúde. A educação permanente em cuidados paliativos é uma ferramenta concreta na formação desses profissionais para cuidar do paciente em processo de finitude.

DECANIO, Leonardo Correia Santana. Primeira hospitalização em uma unidade de oncohematologia: vivências de pacientes no processo de transição. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2022.

Introdução: A pessoa que é acometida pelo câncer vivencia uma transição. A experiência de transição é um período de instabilidade, em que o diagnóstico de câncer muda drasticamente a rotina das pessoas que terão que readaptar sua vida emocional, física e social. Ao considerar a dimensão das neoplasias hematológicas, sobretudo pelo diagnóstico repentino, necessidade de tratamento imediato, e o desequilíbrio na vida das pessoas desde a descoberta do diagnóstico, a hospitalização e o início do tratamento, faz-se necessário desvelar este processo tão particular, não somente pelo aspecto humano, mas também para a construção e aprimoramento do cuidado de enfermagem a ser dedicado. Decidiu-se por realizar esta pesquisa a partir da seguinte questão norteadora: Como se dá o processo de transição nas pessoas acometidas pela doença onco-hematológica na primeira hospitalização em uma unidade especializada? Objetivo: Compreender o processo de transição vivenciado pelos pacientes onco-hematológicos durante a primeira hospitalização, a partir da Teoria das Transições de Afaf Meleis. Método: Esta é uma pesquisa qualitativa, exploratória, realizada em hospital público de ensino de Salvador (Bahia, Brasil), com oito pessoas com adoecimento onco-hematológico, na primeira hospitalização, entre julho de 2021 a março de 2022. Os dados foram coletados por meio de entrevista em profundidade, submetidos à análise lexical pelo software IRAMUTEQ®, através da Classificação Hierárquica Descendente (CHD), e interpretados à luz da Teoria das Transições. Neste estudo compreende-se o significado de vivência na filosofia de Nietzsche. A pesquisa obedeceu aos princípios éticos, tendo sido aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (CAAE: 44705321.5.0000.0049), e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados: Foram identificadas três categorias temáticas: 1) O despertar para a Transição (A vida antes da hospitalização, A família como elemento facilitador de transição, A mudança na rotina com o adoecimento); 2) O processo para o diagnóstico e a hospitalização (O itinerário terapêutico; A religião/religiosidade como suporte para o enfrentamento; O momento do diagnóstico e os desdobramentos; A hospitalização e o processo saúde/doença); 3) Eventos e pontos críticos (As estratégias de adaptação; O uso de dispositivos e o início da quimioterapia; Angústias e medos com o adoecimento e a primeira hospitalização; A relação com os profissionais de saúde; A relação com a família durante a hospitalização). Conclusão: A partir das narrativas e com base na Teoria de Afaf Meleis, foi possível compreender as diferentes transições dos pacientes; assim como o moverse, as mudanças, os eventos e pontos críticos são determinantes nas transições; bem como as condicionantes pessoais, comunitárias e sociais que atuam como facilitadoras ou inibidoras das transições.

SANTANA, Laiane da Silva. Gestão do cuidado em enfermagem a pacientes com covid-19 no contexto hospitalar. 2022. 81f Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2022,

Esta pesquisa tem como objetivo: Avaliar a gestão do cuidado de enfermagem a pacientes com covid-19 no contexto hospitalar. Trata-se de uma pesquisa qualitativa desenvolvida com dezesseis enfermeiras, em um Hospital Universitário Federal. A coleta de dados ocorreu mediante entrevista semiestruturada e os dados foram processados pelo software N-vivo 11 e analisados de acordo com a análise temática. As normas da Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde, foram atendidas em todas as etapas da pesquisa. Foram identificadas quatro categorias de análise, (1) A representação do momento explicativo na gestão de enfermeiras frente à pandemia por covid-19, com a subcategoria: Limitações e fragilidades nas definições dos problemas, que definem consequência e não as causas dos problemas, fragilizando assim a sua gestão do cuidado. (2) A representação do momento normativo na gestão de enfermeiras frente à pandemia por covid-19, com as subcategorias: A definição de objetivos e atributos da gestão do cuidado em Enfermagem e a gestão do cuidado (des) centrado na integralidade, no qual repercutem sobre a definição de gestão do cuidado voltado aos aspectos tecnicistas e mecânicos, ou seja, voltado para o assistencialismo robotizado. (3) A representação do momento estratégico na gestão de enfermeiras frente à pandemia por covid-19, com a subcategoria, Estratégias organizacionais estruturais e assistenciais como mudanças no fluxo e promoção de prevenção de agravos. (4) Alterações organizacionais estruturais e assistenciais, pois relataram suas rotinas desde a entrada até a saída do setor, porém envolvem dificuldades de resolução dos problemas, já que o ambiente externo não é visto. Com isso, conclui-se que a gestão do cuidado é vista de forma frágil pelas enfermeiras influenciando diretamente na prestação de cuidados aos pacientes.

VEIGA, Karina Braga. Interação pai-mãe-filho: práticas de enfermeiras em UTI neonatal. 2022. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde). Escola de Enfermagem. Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2022.

A gestação e o nascimento do bebê são momentos únicos para a mãe, pai e família. Especialmente transformador quando acontece o nascimento precoce com a chegada do bebê prematuro, que ao necessitar dos cuidados intensivos na UTI Neonatal para sobreviver impacta a idealização do bebê real, emoções e rotina dos pais/família. E requer diuturnamente da enfermeira capacitação, empatia e habilidade de comunicação para o exercício da prática assistencial, na realização do acolhimento e apoio aos pais para superação das suas dificuldades, empoderamento e participação nos cuidados com o filho. No sentido de suprir as necessidades físicas e socioemocionais do bebê e dos pais ao proporcionar a interação e o desenvolvimento do vínculo. Este estudo tem como propósito apreender como as enfermeiras da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) proporcionam a interação para a formação do vínculo pai-mãe-filho. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, realizada com 11 enfermeiras assistenciais numa UTIN em Salvador-Ba. Ancorada na Teoria do Apego de John Bowlby, referente as suas ações assistenciais desenvolvidas nesta unidade para a formação do vínculo pai-mãe-filho, compreendendo a sua repercussão sobre o desenvolvimento infantil saudável do bebê. A coleta de dados ocorreu no formato presencial, no período de março à abril de 2022, em contexto pandêmico, com respeito as medidas sanitárias de proteção e contenção de propagação da doença. Através de entrevistas semiestruradas audiogravadas e observação direta não participativa da prática assistencial das enfermeiras no lócus da pesquisa. Com inclusão das enfermeiras assistenciais atuantes a mais de um ano na unidade. E exclusão das enfermeiras em licença/férias. Utilizando-se das seguintes perguntas: 1. Como você define vínculo?; 2. Quais ações realizadas por você na UTIN promovem a interação para a formação do vínculo pai-mãe-filho? e 3. Para você quais ações assistenciais e gerenciais da enfermagem estão direcionadas a promoção da interação para a formação do vínculo entre o trinômio nessa unidade? Na análise dos conteúdos, utilizou-se do auxílio do software NVivo 12 para organização e codificação dos dados, a fim de otimizar a interpretação da pesquisadora e construto da pesquisa. Como resultado a nuvem de palavras permitiu identificar os atores e correlacionar as ações que envolvem a formação do vínculo afetivo. Com a identificação das categorias de análise: 1. O vínculo para as enfermeiras na UTIN; 2. Ações da enfermeira para a interação e formação do vínculo na UTIN; 3. Ações da equipe para a interação e formação do vínculo na UTIN e 4. Ações gerenciais para a interação e formação do vínculo na UTIN. Conclui-se que as enfermeiras da UTIN compreendem o vínculo como uma relação duradoura que envolve a interação entre duas pessoas para se desenvolver, e se reconhecem como mediadoras nesse processo entre pais e filhos. Nesse sentido, espera-se da enfermagem neonatal o desenvolvimento de práticas assistenciais individualizadas direcionadas à promoção precoce da interação social entre pai-mãe-filho, com vistas ao fortalecimento do vínculo afetivo fragilizado pela hospitalização, como garantia à recuperação clínica, ao desenvolvimento da saúde mental do bebê e consolidação da família.

FERREIRA, Ithana Queila Borges Pizzani. Associação entre os tipos de vínculo de trabalho e adoecimento por covid-19 entre enfermeiras. 2022. 83fsl. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2022.

Durante a pandemia do novo coronavírus, amplificou-se a precarização das condições de trabalho e a flexibilização dos vínculos laborais para as enfermeiras, dado as contratações emergenciais para a assistência aos adoecidos pela Covid-19. Este cenário vulnerabilizou as trabalhadoras para a contaminação pelo coronavírus, sendo o Brasil um dos países com o maior número de adoecimento e morte entre enfermeiras. Mesmo com o avanço da terceirização e flexibilização dos vínculos no período pandêmico, não existem estudos que elucidem, para o campo da enfermagem, se o tipo de vínculo se configurou como associação para o adoecimento por Covid-19.Verificar a existência de associação entre o tipo de vínculo de trabalho e o adoecimento por Covid-19 entre enfermeiras que laboram em hospitais da rede SUS da Bahia. Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo ede corte transversal. A amostra do estudo é 2.605 enfermeiras que laboram em hospitais da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia/Brasil. As estimativas dos fatores laborais associados ao adoecimento por COVID-19, segundo o tipo de vínculo laboral, foram realizadas mediante uma análise bivariada, não ajustada, em seguida, foi efetuado uma análise de regressão logísticamultivariada para o desfecho examinado, calculando- se os ORs ajustados, com seus respectivosintervalos de confiança (IC 95%). Teste de máxima verossimilhança foi utilizado para testar a validade do modelo final. Todas as análises foram realizadas com auxílio do software STATA v.15.A maior proporção de enfermeiras está na faixa etária 18-39 anos tanto entreos casos negativos (59,85%) quanto os positivos (60,0%). Quanto à raça/cor as maiores proporções se concentram na cor parda tanto para negativos (63,16%) quanto para positivos (61,80%). O tipo de vínculo não se associou ao adoecimento por Covid-19, tanto no modelo bruto (OR = 0,89; IC = 0,68 - 1,14) quanto no modelo ajustado (OR=0,86; IC=0,67 – 1,09). Conclusão: Não se constatou que o tipo de vínculo associa-se ao adoecimento para a COVID- 19 entre as enfermeiras que laboram em hospitais da rede SUS na Bahia. Com isto, demonstra-se que independentemente do tipo de vínculo, as enfermeiras estão expostas a insegurança em saúde e ao risco laboral o que reverbera com o processo de precarização enfrentado categoria ao longo do tempo o qual foi potencializado com o advento da pandemia do Coronavírus.

AGALHÃES, Bianca de Matos. Construção e Validação de Cartilha Educativa para pessoas com asma. Orientadora: Carolina de Souza-Machado. 2022. 108fl. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2022.

Introdução: a asma é uma doença crônica e com grave impacto na saúde pública mundial, porém passível de controle por meio do tratamento farmacológico e das ações de educação em saúde. As cartilhas educativas surgem como uma ferramenta acessível para comunicação sobre a doença, sendo a validação dos materiais educativos uma etapa necessária e fundamental para garantia e atestado de rigor, dando credibilidade às informações ali contidas. Objetivo: desenvolver uma cartilha educativa para a promoção do automanejo de pessoas com asma e validar a adequação do conteúdo e da aparência da cartilha educativa com juízes de conteúdo e por representantes do público alvo. Metodologia: estudo metodológico, com foco na construção e validação de uma cartilha educativa construída para pessoas com asma. O trabalho foi dividido em três etapas: 1. Levantamento bibliográfico e elaboração da cartilha; 2. Validação por juízes de conteúdo quanto a objetivos, estrutura, motivação, linguagem, ilustração, layout e relevância. e 3. Validação por representantes do público-alvo quanto a escrita, organização, aparência, motivação, objetivo, adequação cultural. A validação foi medida a partir do índice de validade do conteúdo (IVC) e o item cuja concordância entre os juízes seja igual ou maior que 0,80 foi considerado válido. Resultados: A cartilha educativa “Tenho asma, e agora? ” possui 32 páginas e 11 tópicos que abordam aspectos relevantes da doença e exigiu cuidadoso levantamento bibliográfico, revisão e escuta ativa da equipe de autores durante sua construção. Em seguida, foi avaliada por 22 representantes do público-alvo e 7 juízes especialistas durante a etapa de validação, alcançando IVC global de 0,98 e 0,87 respectivamente, sendo considerado um material válido quanto ao conteúdo e aparência e apto para ser aplicado na prática educativa. Conclusão: A cartilha educativa pode ser considerada válida para a promoção do automanejo de pessoas com asma e poderá servir de modelo para outras atividades de promoção do cuidado e educação em saúde.

LIMA, Josse Maria Melo. Validação de uma matriz avaliativa de planos de contingência para enfrentamento da covid-19. 104 fls. Dissertação (Mestrado em enfermagem e saúde). Universidade Federal da Bahia. Salvador, Ba, 2022.

Desde março de 2020 quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência em Saúde Pública de interesse internacional pela COVID-19. Houve aumento do número de pessoas hospitalizadas por casos graves do coronavírus SARS-COV-2 no Brasil. O que gerou uma sobrecarga no sistema de saúde brasileiro que já acumulava problemas. Neste cenário, os Hospitais Universitários Federais (HUFs) têm desempenhado um importante papel. Devido à urgência, desenvolver planos para respostas rápidas à disseminação é premente. Os planos contingenciais dão direcionamentos práticos para gestores e planejadores. No entanto, não existem na literatura estudos avaliativos sobre essa temática, constatado após realização do estado da arte em quatro bases de dados, foi também identificada a inexistência de indicadores capazes de avaliar a qualidade dos planos de resposta rápida implementados nos HUFs. Para tanto, o presente estudo teve por objetivo construir e validar uma matriz avaliativa para os planos de enfrentamento da COVID-19 nos hospitais. Trata-se de um estudo do tipo metodológico e caráter avaliativo, desenvolvido em duas etapas. A primeira abrangeu a elaboração dos instrumentos de pesquisa a partir do referencial teórico, iniciando pelo Modelo Lógico (ML), que representa sistematicamente e visualmente as etapas que compõem o Plano de Contingência Nacional, que posteriormente subsidiou a elaboração da Matriz de Avaliativa (MAV). A segunda etapa compreendeu o momento da validação do plano de indicadores por meio da técnica Delphi, e consistiu na realização de duas rodadas sequenciais de consulta a um painel de experts na temática e de linguística, previamente selecionados a partir da plataforma Lattes. Essas rodadas foram intercaladas por um feedback controlado, dessa forma buscou-se obter o mais confiável consenso desse grupo de especialistas sobre a pertinência e clareza dos indicadores elaborados na primeira etapa da pesquisa. O resultado da primeira rodada indicou uma Taxa de Concordância (TC) geral de 96,68% entre os participantes e um Índice de Validade de Conteúdo (IVC) global para clareza de 0,86 e para representatividade foi de 1,00. A partir dos enunciados dos participantes foram realizados alguns ajustes na MAV e ML e submetidos a uma nova avaliação pelo painel de experts. Já na segunda rodada a TC foi de 100% em todos os indicadores avaliados, o IVC geral foi aferido para a clareza e representatividade em 1,00. Logo, os indicadores da matriz foram validados, sendo considerado na opinião dos experts, possuir a pertinência e a clareza necessárias para ser utilizado nas instituições de saúde, sendo, portanto, indicadores capazes de avaliar os Planos de Contingência, podendo contribuir com o planejamento e monitoramento de toda ação. Além disso, poderá subsidiar a formulação de protocolos assistenciais, impulsionando práticas mais seguras, minimizando os riscos inerentes à hospitalização.

Souza, Andressa Silva Carneiro de. Fatores associados às infecções mulirresistentes em crianças hospitalizadas: estudo caso controle. Dissertação de Mestrado. Programa de Pósgraduação em Enfermagem e Saúde da Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2022.

As infecções ocasionadas por microorganismos multirresistentes são um problema de saúde pública, considerada uma ameaça à saúde pública mundial, podendo repercutir na morbidadade, mortalidade, prolongamento da internação e aumento dos custos da internação. Dentre os indivíduos acometidos, estão as crianças hospitalizadas, os quais são consideradas vulneráveis devido ao desenvolvimento em formação do sistema imunológico em crianças menores, risco de infecção cruzada transmitida por familiar ou acompanhante, susceptilidade aos antimicrobianos. Além das características das crianças, existem fatores associados às infecções multirresistentes, os quais são necessários conhecer para a tomada de decisão e planejamento de ações de prevenção e controle das infecções. Esse trabalho tem o objetivo geral de identificar os fatores associados às infeções multirresistente em crianças hospitalizadas de um hospital público pediátrico da Bahia. Estudo caso-controle realizado em um hospital público pediátrico da Bahia entre abril de 2021 a novembro de 2022, através de banco de dados da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e de prontuário eletrônico de crianças internados com infecções. Os casos foram definidos como as crianças que desenvolveram infecções multirresistente relacionadas a assistência à saúde e os controles foram as crianças que desenvolveram infecções relacionadas a assistência à saúde causadas por microrganismo não multirresistentes. A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva e regressão logística condicional utilizando o Microsoft Excel e o SPSS versão 24.0. Esta pesquisa é formada por 395 infecções, com 114 casos (28,9%) e 281 controles (71,1%), com razão de 1:2,5 entre casos e controles. Dos casos de infecções multirresistentes, predominaram o sexo feminino (n=60; 52,6%), a faixa etária dos lactentes (n=58; 50,9%), as doenças cardíacas (n=22; 19,3%) e as doenças respiratórias (n=19; 16,7%). No grupo caso houve um maior quantitativo de crianças com uso de mais de 1 antibiótico (n=60; 52,6%), predominaram o uso das classes dos antimicrobianos da Penicilina (n=42; 36,8%) e dos Glicopeptídeos (n=39; 34,2%) e as classes dos antimicrobianos com maior resistência foram a Penicilina (n=25; 21,9%) e os B-lactâmicos (n=31; 27,2%). Dentre as infecções, prevaleceram no grupo caso, a IPCS (n=61; 53,5%) e a PAV (n=15; 13,2%). Em relação ao número de IRAS, prevaleceram em ambos os grupos de crianças a ocorrência de 1 IRAS (n=80; 70,2%) e os microrganismos mais predominantes foram a Klebsiella (n=37; 32,5%), seguido do Staphylococcus (n=25; 21,9%). Os fatores associados ao risco de infecções multirresistentes foram o uso da SNG [OR 1,8 (1,01- 3,56), p=0,043] e o tempo de internação. Os fatores de proteção para as infecções multirresistentes foram o sexo [OR 0,5 (0,37-0,91), p=0,017] e as doenças gastrointestinais [OR 0,3 (0,18-0,76), p=0,006]. Nos fatores de riscos, a cirurgia recente e a doença crônica prevaleceram tanto no grupo caso como no grupo controle. Nossos resultados demonstram a importância do conhecimento dos fatores associados às infecções para prevenção e controle das infecções multirresistentes.

SANT’ANNA, Monalisa Viana. Indicadores de Qualidade em Assistência à Saúde na Pandemia da Covid-19 em Hospital Universitário. 119f. 2022. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador. 2022.

Este estudo adotou o objetivo de analisar a aplicabilidade dos indicadores de qualidade em saúde na gestão de hospital vinculado à Ebserh durante a pandemia da COVID-19. Trata-se de pesquisa descritiva, analítica e mista, pois adotou abordagem/técnicas quantitativa e qualitativa. Para tanto, o estudo adotou duas fases: 1) estudo quantitativo com uso de séries temporais dos indicadores de monitoramento da COVID-19 em um Hospital Universitário Federal da rede Ebserh e 2) a análise em profundidade, a aplicação dos indicadores de saúde na gestão do hospital durante a pandemia da COVID- 19 no estado da Bahia no período de fevereiro de 2020 a março de 2021. O estudo pautou-se na Teoria de Donabedian. Os resultados evidenciaram proatividade e agilidade na resposta da equipe gestora do hospital durante o enfrentamento da pandemia da COVID-19, demonstrando o comprometimento com a qualidade do cuidado, a segurança do paciente e do trabalhador, bem como os desdobramentos com a produção do conhecimento científico com participação de gestores e da equipe multiprofissional.

GOMES, Nildete Pereira. Eficácia de uma tecnologia educativa na redução de sintomas musculoesqueléticos em cuidadores domiciliares de pessoas idosas: estudo piloto de ensaio clínico randomizado. 166f. 2022. Tese (Doutorado em Enfermagem e Saúde) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2022.

Objetivo: Testar a eficácia de uma tecnologia educativa na redução de sintomas musculoesqueléticos apresentados por cuidadores domiciliares de pessoas idosas. Metodologia: Piloto de ensaio clínico randomizado, uni-cego. Os participantes foram cuidadores de idosos cadastrados em um centro de referência ao atendimento à população idosa em Salvador, Bahia. A randomização ocorreu com 45 participantes, alocando 23 no grupo controle e 22 no grupo intervenção. A coleta foi realizada entre setembro e dezembro de 2021, remotamente. Inicialmente, aplicou-se o questionário sociodemográfico e de saúde, questionário nórdico de sintoma osteomuscular e escala visual analógica. A intervenção ocorreu em três etapas: envio e treinamento do manual educativo para orientação acerca do autocuidado; envio e treinamento do vídeo com orientações posturais durante a realização do cuidado ao idoso; acompanhamento duas vezes por semana durante dois meses, por mensagens de texto ou ligação conforme preferência do cuidador, a fim de fortalecer o aprendizado, sanar dúvidas e lembrá-los para a realização diária dos cuidados contidos no manual. Para o grupo controle não foi oferecida intervenção. Após 15 dias da finalização da intervenção foram reaplicados o questionário nórdico de sintoma osteomuscular, considerando apenas a pergunta referente aos sete dias, e escala visual analógica. O desfecho primário é a redução de sintomas musculoesqueléticos apresentados pelos cuidadores. As análises foram realizadas por protocolo do ensaio clínico, utilizando o software livre JAMOVI. Foram utilizadas estatísticas descritivas, os testes t de Student, Qui-quadrado ou exato de Fisher e intervalos de confiança a 95%. Foi considerado como valor significativo p<0,05. Resultados: Dos 45 cuidadores entrevistados a maioria era do sexo feminino (86,7%), filhas (68,9%), na faixa etária entre 26 e 72 anos, negras (88,8%), com ensino médio (46,7%), residentes em bairros periféricos (55,9%), com renda familiar entre um e três salários mínimos (82,2%). Destes, 51,1% cuidam do idoso por tempo superior a 19 horas/dia, 97,8% não fez curso de cuidador, 86,7% cuidam do idoso há mais de um ano, 68,9% têm apoio no cuidado e 64,4% têm orientação de profissional para desempenhar o cuidado. No que tange ao piloto do ensaio clínico randomizado, completaram todas as etapas do estudo 32/45 cuidadores (GI=12 e GC=20). Dos cuidadores participantes do grupo intervenção, nos últimos sete dias, 91,66% apresentaram redução da dor em coluna cervical e joelho, havendo diferença estatisticamente significante (p=0.030). Em relação a intensidade da dor no quadril, 75,0% do grupo intervenção não apresentaram dor ou apresentaram dor leve, diferença estatisticamente significante (p= 0.025). Conclusão: A tecnologia educativa em saúde utilizada no domicílio permitiu a redução de sintomas musculoesqueléticos apresentados nos segmentos corporais cervical, joelho e quadril do grupo intervenção. O estudo fortalece a necessidade de ações voltadas para promoção da saúde de cuidadores de idosos, destacanso que profissionais de saúde devem estar aptos a atender de maneira integral o idoso e seu cuidador por meio dessas ações, visando não somente garantir que o cuidado ao idoso seja realizado com segurança, mas também incentivando o autocuidado do cuidador. Sugere-se a realização de outros estudos para a translação do conhecimento por meio de intervenções educativas para garantir qualidade à saúde física de quem cuida.

ALMEIDA, Aglaya Oliveira Lima Cordeiro de. Fatores associados à desesperança moderada e/ou grave em mães com privação de liberdade. 2022.Tese (Doutorado em Enfermagem e Saúde). Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, 2022. 103p

A população carcerária brasileira feminina é considerada a quarta maior do mundo. As condições insalubres do cárcere no Brasil são evidenciadas pela superlotação das prisões e condições sanitárias e de higiene precárias, alimentação inadequada e dificuldades na assistência médica, jurídica e educacional. Em países desenvolvidos, foi identificado que mulheres em privação de liberdade sofrem mais abuso físico e sexual e distúrbios físico e mental do que mulheres livres. Objetivou-se investigar os fatores associados à desesperança moderada e/ou grave em mães com privação de liberdade. Trata-se de um estudo de corte transversal voltado para a temática de saúde mental de mães em situação de privação de liberdade e foi realizado em um Conjunto Penal Feminino localizado em um Complexo Penitenciário alocado na cidade de Salvador – BA. Após a coleta de dados, os instrumentos foram conferidos, inseridos em um banco de dados específico e as informações analisadas por meio de software estatístico stata versão 12.0. Foram analisadas estatísticas descritivas e inferenciais. Procedeu-se modelagem multivariada por meio da Regressão de Poisson com variância robusta, com nível de significância estatística de 5%. Predominaram mães com idade de 30 anos ou mais, solteiras, ensino fundamental, trabalhadoras autônomas, níveis leve de desesperança (45,1%), grave de ansiedade (42,3%) e mínimo de depressão (40,0%). A prevalência de desesperança moderada/grave foi 18,3%, com associação estatisticamente significante com nível de ansiedade moderada/grave (RP=3,79), ajustando-se por escolaridade e ocupação, associados à desesperança moderada ou grave nessas mulheres privadas de liberdade. A frequência de sintomas de ansiedade está associada a sintomas de desesperança e os sintomas de depressão não se associou a sintomas de desesperança.