Este estudo teve como objetivo produção de biomassa da microalga marinha Nannochloropsis
oculata, utilizando diferentes condições de cultivo, entre eles o blend de efluentes, em um sistema
de fotobiorreator airlift, cultivadas por 15 dias. A primeira condição foi a condição A, utilizada como
controle (água marinha 100%), seguida da condição B utilizando blend de efluentes industriais (água produzida 45%, água marinha 15% e água residual de vinhaça 30%); condição C (água produzida 50% e água marinha 50%) e condição D (água produzida 100%). O crescimento microalgal, avaliado por meio da curva de correlação entre contagem celular e absorbância em espectrofotômetro, constatou que não houve diferença significativa nos picos de crescimento entre uma condição e outra, atingindo a fase log com 6,72e05 no cel.mL-1 nas condições B, C e D, variando apenas o tempo de cresimento. A produção de biomassa que apresentou maior eficiência foi de 2,257g.L-1 para a condição B e 2,036g.L-1 para a condição D. Os melhores rendimentos lípidicos também foram nas condições B e D, com 7,22% e 6,25% respectivamente, favoravéis para geração de bioenergias, como biodiesel. A pesquisa mostrou que a simbiose industrial é a rota mais eficiente no tratamento de efluentes industriais, apresentando resultados significativos na ficorremediação de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs), com um percentual de redução de 82,51% na condição B, seguido de 74,58% na condição D. O estudo realizou também a análise estatística ANOVA, juntamente com o boxplot e o teste de Tankey, a fim de avaliar a significância das variáveis biogeoquímicas no crescimento da microalga N. Oculata, sob as diferentes condições de cultivo.

Microplásticos (MPs), hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HPA) e hidrocarbonetos totais de petróleo (HTP) são universalmente detectados em sistemas de água doce, salobra e marinha, e podem ter efeitos adversos em espécies que habitam esses ecossistemas. Embora em cenários de poluição realistas, HPA e HTP frequentemente ocorram como misturas de diferentes compostos, seus efeitos em organismos como microalgas são amplamente desconhecidos, assim como suas interações com outros poluentes emergentes,
como MPs. Este estudo avaliou os efeitos da poluição por microplásticos (MPs) e hidrocarbonetos sobre a microalga Chlorella vulgaris em diferentes tipos de ambientes aquáticos: água doce, água salobra e água do mar. Foi investigado como diferentes concentrações de microplásticos de polietileno (PE-MPs), em combinação com HPA e HTP, afetam o crescimento, a produção de substâncias poliméricas extracelulares (EPS) e a formação de agregados de microalgas. Usando uma metodologia de superfície de resposta (Box-Behnken) no primeiro teste, foi determinado que o tamanho da partícula e a velocidade de agitação são fatores-chave na produção de EPS e na capacidade de formar heteroagregados em água salobra e água do mar. Quanto ao segundo teste, foi utilizada a metodologia de análise fatorial 2³, na qual foi determinado que as principais variáveis para a produção de EPS eram a concentração de MPs, a salinidade e a concentração de HPA-HTP. Os resultados revelaram que, pela primeira vez, o crescimento de C. vulgaris aumentou significativamente na presença de MPs nos três tipos de água, com aumento máximo de 117 % na água do mar quando estava apenas na presença de PE-MPs. Porém, quando os PE-MPs foram combinados com HPA e HTP, foi observada inibição do crescimento em água salobra, com redução de 80% após 8 dias. A produção de EPS também foi maior na água do mar (84,03 μg/mL) quando com PE-MPs, embora tenha diminuído sob altas concentrações de HPA-HTP. Em água doce e salobra, foi observado um aumento na produção de EPS com baixas a altas concentrações de MPs e HPA-HTP. Além disso, uma alta remoção de HPA-HTP foi alcançada nos três tipos de água na presença de PE-MPs, embora a remoção de HTP tenha diminuído em água salobra. A análise por microscopia eletrônica de varredura (MEV) confirmou a capacidade de C. vulgaris em formar heteroagregados com PE-MPs em todos os ambientes estudados, consolidando seu potencial como solução biológica versátil para o tratamento de águas contaminadas com MPs, HPA e. HTP em vários ambientes aquáticos.

Água produzida de petróleo é um subproduto da indústria que apresenta um problema para esta devido a seu alto volume em relação ao do petróleo isto deve se às características geoquímicas do poço, a maior envelhecimento do poço maior volume de água produzida e menor volume de petróleo. Na sua característica ela é uma mistura de compostos orgânicos e inorgânicos como: sólidos em suspensão, mistura de metais, matéria orgânica solúvel e insolúvel, aditivos químicos, Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) entre outros. Estes últimos apresentam um risco para a saúde humana e ambiental eles possuem propriedades físico-químicas prejudiciais podendo causar efeitos carcinogênicos, toxicológicos, neurotóxicos, mutagênicos e teratogênicos.  A USEPA tem classificado estes compostos em 16 prioritários a partir das características anteriormente mencionadas, estes também se dividem de acordo a seu peso molecular em baixo, intermédio e alto dependendo da quantidade de anéis de benzeno fusionados na sua estrutura. Existem diversos tratamento tanto físico, químicos e biológicos para tratar este tipo de compostos presentes em águas residuais, porém, procura se implementar um tratamento que seja ambientalmente amigável e que seu custo/benefício seja mais conveniente comparado ao tratamento físico e químicos. Dentro do tratamento biológico esta presente a ficorremediação que é a utilização de microorganismos para despoluir ambientes contaminados apresentando-se como uma biotecnologia prometedora já que pode utilizar estes compostos como nutrientes no seu metabolismo. No presente trabalho tem como objetivo avaliar a remoção de HPAs  presentes em água produzida de petróleo utilizando a microalga Chlorella vulgaris cultivada em regimes heterotrófico e mixotrófico. Foi desenhado um conjunto de fotobiorreatores com diferentes concentrações de água produzida bruta e esterilizada, diluída com água de mar e água residual da agricultura esterilizada. O crescimento microalgal foi monitorado diariamente durante 15 dias, tendo uma concentração inicial de 1.18x10⁵ cell/L^-1,o tratamento 3 foi o que apresentou uma maior concentração no final do experimento no regime mixotrófico com uma concentração de 4.36 x10⁵ cell/L^-1. A melhor eficiência total de remoção de HPAs no experimento foi para o tratamento 4 quando cultivado no regime heterotrófico com um 91,9939% de remoção e o tratamento 6 com um 91,9906% no regime heterotrófico; o tratamento estatístico mostrou que não houve diferença significativa no processo de remoção quando a microalga foi cultivada nos dois regimes.

Este trabalho fez parte da Rede Cooperativa de Desenvolvimento de Protocolos para
Avaliação de Zonas Costeiras Impactadas por Derramamento de Óleo e Aplicação de
Biotecnologias para Remediação – REBICOP e tem como objetivo verificar os efeitos da
poluição por petróleo na translocação de metais em espécimes de Rhizophora mangle L.
presentes no manguezal da localidade de Garapuá, Arquipélago de Tinharé, região do Baixo
Sul – Bahia, Brasil. A escolha dessa espécie se justifica devido a sua importância na produção
de matéria orgânica para esse ecossistema e outros adjacentes. Para isso, o manguezal de
Garapuá foi dividido em duas áreas de coleta (Manguezal 1 e Manguezal 2), onde foram
coletadas amostras de sedimento de manguezal e amostras de folhas, caules e raízes de R.
mangle, para a determinação dos metais Ca, Fe, Zn, Cu, Ni, Mg, Mn, Na, P, Mo, Al, Cd, Pb e
V. No sedimento, os elementos químicos foram analisados utilizando-se o método de extração
parcial e determinação por ICP-OES. Foram realizados também as seguintes análises, para
caracterização do sedimento: granulometria, pH, salinidade, condutividade, Carbono
Orgânico Total (COT), nitrogênio total, além da determinação dos Hidrocarbonetos
Policíclicos Aromáticos (HPA). No material vegetal, foi utilizada a metodologia de extração
total dos metais, bem como analisada a morfologia externa e feita a diagnose visual das
folhas, buscando relacionar com possíveis alterações causadas pelo óleo presente no
sedimento. Além disso, foram realizados cálculos para o Fator de Translocação (FT) e para o
Fator de Bioacumulação (FB), visando avaliar a concentração de metais das folhas em relação
às concentrações encontradas nos sedimentos. Os resultados mostraram que a concentração
dos elementos Ca, Fe, Cu, Ni, Na, P, Mo, Al, Cd, Pb e V foram maiores no Manguezal 1,
enquanto os metais Mg, Mn e Zn foram superiores no Manguezal 2. Apenas o Mo apresentou
concentração superior aos valores de referência do solo. Na matriz vegetal, a concentração
dos elementos Mn, P, Ca, Mg, K, foi maior nas folhas, enquanto, apenas os elementos Na, Fe
e Al apresentaram maior concentração nas raízes. O Pb e o Zn não foram absorvidos pelas
raízes, ao passo que o Ni, V e Mo foram assimilados, mas ficaram retidos nas raízes, não
sendo translocados para outros órgãos. Os resultados mostraram um desvio padrão de 14,68
entre as médias da área foliar observadas no manguezal de Garapuá, no entanto não houve
diferença significativa (p>0,05) entre as áreas estudadas. Das 2400 folhas coletadas, apenas
208 (8,67 %) não apresentaram algum tipo de alteração da morfologia externa. As alterações
que apareceram com maior frequência foram necrose (64,79 %) e pastejo (57,33 %). Houve
diferença significativa entre os totais das alterações morfológicas encontradas nas duas áreas
de coleta. Não houve diferença na qualidade ambiental entre o Manguezal 1 e o Manguezal 2,
assim como não foi constatado enriquecimento de metais em consequência da contaminação
por petróleo bruto no manguezal de Garapuá. Além disso, também não foi possível se
perceber alterações na translocação de nutrientes nos espécimes estudados, uma vez que não
houve padrão para concentração dos elementos nos órgãos vegetais, nem para absorção dos
elementos nas duas áreas de coleta.

O derramamento de óleo é uma das fontes mais impactantes de poluição marinha na superfície do oceano, detectado pelos sensores SAR como áreas escuras, regiões com baixos valores de retroespalhamento. Devido à complexa mistura de hidrocarbonetos hidrofóbicos, os derramamentos de óleo mineral alteram a tensão da superfície da água, amortecendo as ondas gravitacionais capilares e provocando uma reflexão especular. Com objetivo de analisar o processo intempérico do óleo derramado no oceano através do retroespalhamento do sinal de radar, utilizamos o estudo de caso no Golfo de Omã, que conecta o Mar Arábico com o Estreito de Ormuz, em março de 2017, que liberou aproximadamente 300 galões de óleo. Identificamos a relação entre os processos de intemperismo do óleo, sua composição e sua forma, com as mudanças nos valores de retroespalhamento dos derramamentos de óleo no oceano. O método projetou seções zonais sobre os derramamentos de óleo detectados nas imagens SAR, para extrair os valores de retroespalhamento de cada pixel ao longo da seção. Os valores internos de retroespalhamento variam entre -22.5 e -23.5 e indicam que o óleo ainda estava com suas ligações químicas estáveis, sem sofrer intemperismo a ponto de começar a interação com a água do mar. As simulações da dispersão com o MEDSLIK-II mostraram que a taxa de solubilização do óleo aumentou com a mudança na direção dos ventos, aumentando a taxa de amortecimento do sinal de radar e espalhando o óleo em direção a costa. Observamos que o retroespalhamento nas bordas das manchas tende a ser maior do que no núcleo, e esse comportamento está associado aos diferentes processos de intemperismo no derramamento de óleo.

No âmbito atual da bioeconomia circular, os cultivos de microalgas desempenham um papel fundamental no aproveitamento de nutrientes e material orgânico presente em efluentes industriais e agroindustriais. As microalgas podem ser eficientes na remoção de compostos tóxicos como Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (PAHs, pelas suas siglas em inglês). Além da remoção de poluentes, o cultivo de microalgas em efluentes também pode resultar na produção de biomassa com potencial para geração de biohidrogênio. O bio-hidrogênio é uma fonte de energia renovável que pode ser obtida a partir da gaseificação da biomassa das microalgas. Por tanto, a presente pesquisa avaliou a eficiência de remoção de PAHs, presentes em efluentes da indústria (água produzida de petróleo - OPW, pelas suas siglas em inglês) e da agroindústria (água de efluente avícola - PEW, pelas suas siglas em inglês), por meio do cultivo de microalgas em fotobiorreator Airlift, assim como a produção de biomassa com potencial bioenergético após a remoção. Foram realizados quatro cultivos em mesoescala: Controle, sem presença de PAHs - Água do mar (SW) 100% + meio Conway; Tratamento A - PEW 50% + OPW 50%; Tratamento B - PEW 50% + SW 50%; e Tratamento C - OPW 50% + SW 50% + 80 mL de meio Conway + 11,20 g de K2PO4 + 1,50E-2 g de NaNO3. Após a realização dos cultivos, encontrou-se que, a maior eficiência de remoção de PAHs (90,94%) foi obtida no Tratamento C (OPW 50% + SW 50%). Esse tratamento foi realizado com bioestimulação por adição de NO3 e PO4. Os PAHs de baixo peso molecular foram removidos com maior eficiência, sendo que o naftaleno teve a maior porcentagem de remoção (98,63%), seguido do fluoreno (91,58%). A segunda maior remoção de PAHs foi observada no Tratamento A (82,32%) (PEW 50% + OPW 50%). Nesse tratamento, o naftaleno e o fluoreno também foram os compostos removidos em maior proporção (98,23% e 96,07%, respectivamente). Em relação à produção de biomassa, a maior quantidade foi obtida no Tratamento C (393,2 mg L-1 ), seguida pelo Tratamento B (317,66 mg L-1 ), enquanto a menor quantidade foi observada no Tratamento A (208,10 mg L-1 ). A pesquisa demonstrou uma estratégia eficiente de remoção de PAHs presentes em efluentes industriais e agroindustriais, com produção simultânea de biomassa de alto valor agregado.

A contaminação por metais tóxicos no município de Santo Amaro causou impactos na
qualidade do solo, da água e do ar, o que fez com que esse município se tornasse um dos
mais contaminados por chumbo do mundo. A Ricinus communis L., presente em abundância
no município, é utilizada como fitorremediadora de áreas contaminadas por metais e
armazena, em sua semente, o óleo de rícino, de alto valor agregado, utilizado para diversos

fins. No entanto, a caracterização físico-química de um óleo vegetal, obtido de uma matéria-
prima coletada em área contaminada por metais, é essencial para compreender o estado de

degradação em que o óleo se encontra. Diante disso, este estudo teve como objetivo avaliar
a qualidade do óleo da semente da Ricinus communis L., proveniente da matéria-prima
coletada em solo contaminado por metais, especificamente chumbo e cádmio, no município
de Santo Amaro – BA. Este estudo compreendeu as etapas de pesquisa bibliográfica, coleta
de campo e procedimentos analíticos, os quais consistiram em: extração, refino e
caracterização físico-química por meio das determinações de umidade, teor de óleo, índice
de acidez, índice de saponificação, índice de iodo, índice de hidroxila, cor, e concentração de
chumbo e cádmio. A partir dos resultados encontrados, verificou-se que, todos os parâmetros,
com exceção da cor, ficaram dentro dos padrões de comercialização do óleo. Este fato foi
atribuído à presença dos metais em óleo ou às condições de armazenamento das sementes,
sendo apontado como solução a adição de etapas de refino, além do controle rigoroso no
processo de armazenamento das sementes.

Este estudo integra duas investigações ambientais distintas focadas na dinâmica e estrutura de comunidades microbianas em ecossistemas de manguezais impactados por contaminantes. O primeiro estudo foi realizado em duas regiões distintas, selecionadas segundo o histórico de contaminação por derramamento de petróleo que ocorreram no manguezal das margens do Rio São Paulo, Baia de Todos os Santos, Brasil (BTS). Nesse estudo analisamos as características físico-químicas, como granulometria e matéria orgânica, dos sedimentos de manguezal impactados por petróleo, observando e relacionando como a estrutura e função da comunidade microbiana são alteradas em resposta à contaminação. Na área mais próxima a refinaria de petróleo e com histórico de acidentes com oleodutos, a caracterização da matéria orgânica, feita por pirolise do sedimento, mostrou que essa matéria orgânica é menos oxidada, provavelmente residual de decomposição do petróleo derramado nessa região. Análises de sequenciamento de 16S rRNA, possibilitaram observar a distribuição e diversidade das comunidades microbianas nessas regiões. Apesar da abundância total dos microrganismos serem não diferenciarem, há a presença de distintos grupos funcionais que regulam os processos biogeoquímicos dirigidos por essas comunidades. O segundo estudo é focado particularmente no manguezal do Rio Subaé, BTS, um local com histórico de contaminação por metais pesados, principalmente, chumbo e cadmio, e sujeito a riscos de derramamentos de petróleo. Este estudo experimental utilizou sedimentos dos manguezais dos Rios Jaguaripe (área controle) e Subaé para avaliar, em mesocosmos, as respostas das comunidades microbianas residentes desses sedimentos a uma contaminação aguda por petróleo. Os resultados mostraram que a contaminação crônica por metais pode selecionar grupos funcionais específicos, alterando a diversidade e a estrutura da comunidade microbiana. Após a contaminação aguda por petróleo, houve uma maior divergência na composição microbiana, com um aumento na presença de microrganismos especializados na degradação de hidrocarbonetos. A união desses estudos destaca a complexa interação entre poluentes orgânicos e inorgânicos em ecossistemas de manguezais e como as comunidades microbianas se adaptam a essas novas condições ambientais. Ambos os estudos reforçam a importância dos manguezais como filtros biológicos críticos, capazes de lidar com uma variedade de contaminantes e manter a saúde do ecossistema marinho. Além disso, os estudos reforçam a necessidade de compreender mais profundamente as características físico-químicas dos sedimentos e seu impacto na microbiota para melhorar as estratégias de remediação ambiental e conservação desses ecossistemas vitais.

A carcinicultura tem o potencial de ocasionar contaminação ambiental devido a inserção
de efluentes ricos em matéria orgânica, nutrientes e metais classificados como
elementos potencialmente tóxicos nos sistemas ambientais em seu entorno. Os metais
tendem a gerar bioacumulação quando inseridos nas cadeias tróficas da biota, bem
como efeitos sobre a reprodução, metabolismo, densidade populacional e tamanho da
biota local, em especial do Anomalocardia brasiliana que possui grande importância
socioeconômica para os moradores dos municípios da borda oeste da Baía de Todos os
Santos (BTS), localizado no Estado da Bahia e possuem atividade de carcinicultura em
sua zona costeira. O Estado da Bahia possui a sexta posição no ranking de carcinicultura
no Brasil e esta atividade tem aumentado no Estado. O presente trabalho tem como
objetivo avaliar a influência da carcinicultura sobre ambientes litorâneos próximos,
através da caracterização geoquímica de sedimentos de planícies de maré, da
apresentação de dados de sedimentos coletados em fundo de tanques de carcinicultura e
da verificação da influência de efluentes sobre a morfologia de Anomalocardia
brasiliana. A pesquisa foi realizada nos municípios de Jaguaripe e Salinas da
Margarida, localizados na área oeste da Baía de Todos os Santos. Foram coletados e
analisados sedimentos superficiais e A. brasiliana em áreas costeiras de mariscagem
que sofrem influência dos efluentes da carcinicultura; e análises estatísticas descritivas e
multivariadas para interpretação e discussão dos dados. A pesquisa incluiu a análise
conjunta de dados inéditos e de dados secundários obtidos com as mesmas
metodologias de coleta e analíticas. Foram determinados: nutrientes (N, P, K); carbono
orgânico total (COT); salinidade; pH; granulometria; metais (Ba, Ca, Cr, Co, Cd, Cu,
Mg, Pb, Mo, Na, Ni, V e Zn) nos sedimentos. Para o molusco foram determinados a
densidade populacional e a biometria. Constatou-se, com significância estatística (teste
de Mann-Whitney, p<0,05) que nos sedimentos coletados nos fundos de tanques de
carcinicultura há um acúmulo, em relação às planícies de maré, dos elementos Cu (3,67
mg kg -1 ; 31% mais levado), Ni (1,99 mg kg -1 ; 114% mais elevado), V (5,56 kg -1 , 3,47%
mais elevado), Zn (14,13 mg kg -1 , 26% mais elevado), Ca (8380,28 mg kg -1 , 310%, mais
elevado) e de COT (1,01 mg kg -1 , 200% mais elevado); há também um acúmulo de
nutrientes (P: 930, 91 mg kg -1, 1345% mais elevado); N: 0,17%, 70% mais elevado; K:
1981,40 mg kg -1 , 6,38% mais elevado) O Ba apresentou maior concentração (15,07 mg
kg -1 , 17,4% mais elevado) nos sedimentos de planície de maré. A variabilidade dos
dados sobre A. brasiliana apresentou diferenças significativas entre os parâmetros
biométricos, entretanto a densidade populacional foi 309% maior em áreas distantes dos
efluentes e carcinicultura.

A Bacia de Tucano (BT) compreende a porção central do rifte intracontinental Recôncavo-
Tucano-Jatobá (RTJ) que foi abortado durante o Eo-aptiano. Sua origem está relacionada à

extensão crustal ocorrida no Cretáceo Inferior, com a fragmentação do supercontinente
Gondwana e formação do Oceano Atlântico. Existem poucos estudos publicados sobre a
Bacia do Tucano no que diz respeito à geração de hidrocarbonetos. Assim, o presente trabalho
visa contribuir para o conhecimento do potencial gerador do compartimento sul dessa bacia,
através da avaliação dos folhelhos do Grupo Ilhas (que se apresenta indiviso) e da Formação
Candeias em um poço (1-TBO-1-BA) e da modelagem 1D para investigar as condições de
geração de hidrocarbonetos. Os dados desse poço foram cedidos pela ANP, e então, foi feita a
análise geoquímica das amostras desses folhelhos com dados de COT, pirólise e macerais
contendo o querogênio. O poço 1-TBO-1-BA localiza-se na porção centro-oeste da bacia com
profundidade de 3.598 m. O Grupo Ilhas possui os maiores teores de COT, alcançando
valores de 2,6%, enquanto a Formação Candeias chega a 1,4%. Com relação a maturidade
térmica para a geração de hidrocarbonetos, as amostras da Formação Candeias apresentam
maior maturidade em relação ao Grupo Ilhas, o que a tornaria um alvo exploratório mais
interessante, com valores de Tmax entre 448 oC e 451 oC e Ro% entre 0,84 e 0,94%. As
amostras do Grupo Ilhas variam de imaturas no seu topo (Tmax = 432 oC, Ro =0,55%) a
matura na sua base (Tmax = 450 oC, Ro = 0,77%). O diagrama tipo Van Krevelen classifica o
querogênio contido nas amostras dos folhelhos das duas unidades como sendo
predominantemente dos tipos II e III, mas avaliando-se com o conjunto de dados de
maturidade e macerais disponibilizados pela ANP , sugere-se que há uma mistura dos tipos I e
II. Para a construção da história térmica e de subsidência da bacia foi utilizado o software
Petromod da Schlumberger, inserindo dados geológicos, geoquímicos e os fatores de
estiramento da crosta (4.0) e do manto (1.1) no módulo Mckenzie. Como resultado obteve-se
a curva de fluxo de calor e subsidência no tempo geológico. A variação do fluxo de calor para
o poço na fase inicial do rifte foi de 32 mW/m2

(Berriasiano) chegando a 57 mW/m2 no final
da fase rifte (Aptiano), com uma espessura de erosão para o poço de 500 metros (350 metros
no topo da Formação São Sebastião e 150 metros no topo da Formação Marizal). Os
resultados da modelagem reforçaram que os folhelhos da base da Formação Candeias
apresentam maior potencial para a geração de hidrocarbonetos do que os do Grupo Ilhas,
sendo maior o potencial para a geração de óleo, já que a Formação Candeias alcançou maior
maturidade (paleo-temperaturas chegando a 148 oC e Ro a aproximadamente 1%), atingindo
taxa de transformação de 48%, enquanto no Grupo Ilhas não teria havido geração. Ficou

evidente que o processo de geração foi predominante durante a fase sin-rifte no Barremiano-
Aptiano (128 a 124 Ma), demostrando que o fluxo de calor proveniente do processo de

abertura da bacia é o fator predominante para a maturação da matéria orgânica. A fim de
verificar quais condições seriam as ideais para que os folhelhos dessas unidades possam ser
geradoras em grande potencial, foi modelado um poço hipotético (HP-1) espelhado no poço
1-TBO-1-BA, modificando as condições de profundidade do poço (5.600metros) e os valores
médios de COT (Grupo Ilhas 2,0 %Ro, Formação Candeias 1,7 %Ro) e IH (Grupo Ilhas 650
mgHC/gCOT, Formação Candeias 550 mgHC/gCOT). Com essas alterações,observou-se
mudanças significativas na maturação térmica das unidades e consequentemente nas taxas de
transformação com geração de gás. A Formação Candeias atingiria 2,3 %Roe o Grupo Ilhas
1,3 %Ro, sendo que as duas unidades alcançariam 100% de taxa de transformação e, essa
condição pode ser factível, uma vez que a bacia pode chegar a 7.000 metros de profundidade,
indicando um importante potencial prospectivo para os blocos baixo desta sub-bacia.

A presente pesquisa teve como foco o estudo geoquímico de amostras de rocha (siltitos,
margas e folhelhos) da Formação Pirara, do testemunho obtido no poço R-B0-SR-01
perfurado na Bacia do Tacutu, Estado de Roraima, região norte do Brasil. Esse estudo se
justifica pelo fato de, apesar do volume de dados de subsuperfície (métodos geofísicos) e dos
poucos dados geoquímicos (geoquímica de superfície) acerca da bacia, ser necessária uma
caracterização geoquímica mais ampla e robusta da matéria orgânica para uma melhor
avaliação da potencialidade efetiva da Formação Pirara para a geração de petróleo. Seguindo
tal proposta, a pesquisa teve como objetivo precípuo: caracterizar geoquimicamente as rochas
da Formação Pirara quanto a potencialidade para a geração de hidrocarbonetos e estimar a
evolução térmica e as condições do paleoambiente de deposição. Os estudos envolveram as
análises de Carbono Orgânico Total (COT); Pirólise-Rock-Eval (S1, S2, S3, Tmáx, IH e IO);
cromatografia gasosa do Extrato Orgânico Total (whole oil); biomarcadores saturados e;
isótopos estáveis de carbono. Essa pesquisa demonstrou que: os teores do COT, nas amostras
analisadas, encontram-se entre 0 e 7,78%. Os valores de resíduo insolúvel (RI) variaram entre
23,32% e 94,34%. Os dados da pirólise Rock-Eval forneceram características distintas entre
as amostras analisadas, e que de maneira geral demostraram um potencial petrolífero que
variou desde pobre a muito bom, porém apenas cinco amostras tiveram potencial petrolífero
considerado bom, apesar de serem considerados valores residuais devido à alta maturação. Os
valores dos IH e IO, apesar de serem também residuais, apontam a existência de querogênio
dos tipos I, II e III. As análises por cromatografia gasosa dos extratos orgânicos mostraram
resultados com padrões de cromatogramas que representam: petróleo leve; petróleo
parcialmente biodegradado e petróleo biodegradado. Os percentuais das frações do petróleo
(saturados, aromáticos e compostos NSO) sugerem que, a matéria orgânica das amostras da
Formação Pirara, possuem uma tendência de alta maturidade termal (percentual elevado da
fração saturada) e alto grau de biodegradação (percentual elevado da fração NSO) para
algumas amostras. Os resultados das análises de biomarcadores saturados, em todas as
amostras mostram feições que sugerem altíssima maturidade térmica. As razões diagnósticas
dos biomarcadores saturados sugerem que a matéria orgânica que deu origem aos extratos
orgânicos é na sua maioria proveniente de organismos planctônicos marinhos (algas e
bactérias) e menor contribuição de matéria orgânica terrestre. O paleoambiente deposicional
se caracteriza em um ambiente transicional-marinho com salinidade variável e variável e
condição subóxica/anóxica. A sedimentação foi do tipo mista (siliciclástica e carbonática) e o
querogênio possui maturidade termal referente à janela tardia de geração de óleo. Todas as
amostras apresentam biomarcadores indicativos de biodegradação, mas com evidência de
mistura com óleo gerado pela mesma rocha geradora em diferentes momentos.

Acidentes envolvendo derrames de óleo são uma das formas de contaminação mais
evidentes em decorrência à percepção e preocupação por parte da população, devido a
seu caráter agudo e maior visibilidade. No segundo semestre de 2019 foi reportado um
extenso derramamento de petróleo ao longo da costa do nordeste do Brasil, atingindo
desde a costa do Maranhão até o norte do Rio de Janeiro. Impactos socioeconômicos
imediatos foram observados nas áreas atingidas, porém os impactos a médio e longo prazo
nos fatores bióticos e abióticos dos sistemas costeiros ainda são desconhecidos. Dentre
os ecossistemas de maior relevância para esse tipo de estudo estão os manguezais, por
apresentarem um elevado índice de sensibilidade ao óleo, segundo as Cartas de
Sensibilidade ao Óleo (Cartas SAO). A análise do grau de contaminação dos sedimentos
é relevante nesse cenário por serem um dos principais reservatórios para hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos (HPAs), podendo inclusive agir como fonte secundária de
contaminação para diversos organismos. O objetivo deste trabalho é avaliar as
concentrações e variações temporais de HPAs em sedimentos superficiais de manguezais
afetados pelo derramamento de óleo. As coletas foram realizadas em três períodos
distintos: aproximadamente 12, 18 e 24 meses após o derrame em sete localidades ao
longo da costa da Bahia. Foram analisados 21 HPAs, considerando também os tido como
prioritários pela U.S. Environmental Protection Agency (USEPA). Os compostos foram
extraídos e quantificados através de ultrassom e cromatógrafo a gás acoplado a um
espectrômetro de massa (GC-MS). A média das concentrações de HPAs (∑21 PAHs) em
sedimentos analisados foram de 223.5 ± 12.9 a 415.5 ± 38.0 ng g-1

(peso seco). BbF, BkF,
dibenz[a,h]anthracene and IcdP foram os HPAs mais abundantes, individualmente. As

maiores médias de concentração foram detectadas no Rio São Paulo (415.5 ± 38.0 ng g-
1

) e em Boipeba (324.0 ± 190.4 ng g-1

). Os resultados sugerem que a contaminação

crônica é mais relevante, neste cenário, que o derrame do óleo de 2019-2020.

A Bacia do Amazonas é uma bacia intracratônica de cerca 620.000 km² localizada no
norte do Brasil, abrangendo partes dos estados do Pará e Amazonas. Nessa bacia
ocorrem folhelhos do Devoniano pertencentes à Formação Barreirinha, enriquecidos em
matéria orgânica e propícios à geração de hidrocarbonetos. O presente trabalho teve
como objetivo avaliar o paleoambiente deposicional, o potencial gerador de
hidrocarbonetos e a maturação termal de folhelhos da Formação Barreirinha aflorantes
na borda sul da Bacia do Amazonas. Para isso, foram coletadas 24 amostras de
afloramentos ao longo da BR-230, próximo a cidade de Rurópolis, estado do Pará, que
forma submetidas a uma sequência de análises laboratoriais para a realização da
caracterização geoquímica orgânica. Os teores de carbono orgânico encontrados nas
amostras coletadas variam entre 1,00% e 5,39%, demonstrando variação nas condições
de produção e preservação da matéria orgânica, e os valores de S2 variaram entre 1,34 e
12,23 mg HC/g rocha, sendo o potencial para geração de hidrocarbonetos classificado
desde baixo até excelente. Os valores de RI variaram entre 99,70% e 99,92%,
configurando uma deposição de sedimentos totalmente siliciclástica. Os baixos teores
de S1 (< 0,5 mg HC/g rocha) indicam que houve pouca geração natural de
hidrocarbonetos, refletindo o baixo grau de maturação térmica, conforme apontam os
valores de Tmax (< 440°C) e índice de produção (IP < 0,1). A matéria orgânica
presente classifica-se como sendo dos tipos II e III, segundo os parâmetros de IH e IO.
Através da análise dos HTPs, a contribuição de matéria orgânica algálica de origem
marinha fica explícita pela razão aquático/terrestre (TAR<1). Ainda nesta análise, as
razões do índice preferencial de carbono (IPC) variável, além da razão pristano/fitano
(Pr/F>1) e a relação entre as razões Pristano/ n-C 17 e Fitano/n-C 18 , demonstram um
ambiente deposicional marinho com alguma contribuição terrestre, óxico a subóxico. A
distribuição relativa dos esteranos regulares C27–C28–C29 e as razões hopano/esterano
(< 4), gamacerano/(gamacerano + C30 hopano), TPP/TPP + DIA (< 0,4), reteno/9-MF
(< 0,1) e DBT/PHEN (< 1,0) reforçam as evidências de que a composição da matéria
orgânica nos afloramentos é essencialmente de origem marinha com contribuições
terrestres, corroboradas pela distribuição de isótopos estáveis de carbono e nitrogênio,
sendo que os valores muito negativos registrados para δ13C (entre -28,83% e -32,91%)
refletem as condições ambientais de altas concentrações atmosféricas de рCO 2 (clima de
estufa) e uma alta estratificação dos oceanos ocorrida durante o paleozoico. Os
biomarcadores saturados e aromáticos reforçam ainda a imaturidade térmica dos
folhelhos da Formação Barreirinha através das razões Ts/Ts+Tm, 20S/(20S+20R),
C32S/(C32S + C32R), MA(I)/MA(I+II) e TA(I)/TA(I+II).

DANTAS, C. P. Prospecção de enzimas a partir de consórcio microbiano degradador de
petróleo. 2022. 283f. Tese (Doutorado em geoquímica: petróleo e meio ambiente) – Universidade
Federal da Bahia. 2022
A proteômica é considerada uma ferramenta biotecnológica em ascensão que auxilia na
compreensão dos mecanismos envolvidos na biotransformação/biodegradação de hidrocarbonetos.
Assim sendo, este trabalho teve o intuito de prospectar os padrões enzimáticos diferenciais do
consórcio microbiano degradador do petróleo da bacia do Recôncavo Baiano na presença do
contaminante para futuras aplicações em sistemas de recuperação de ambientes impactados por
petróleo. O consórcio microbiano misto é composto por 10 bactérias e 23 fungos de origem
marinha, os quais foram identificados pelo método Sanger utilizando os genes 16S e ITS. O
consórcio foi submetido a agitação constante de 180 rpm a 35°C durante 7 dias para avaliação da
deplecção de óleo cru e a identificação dos padrões enzimáticos na presença do petróleo. A
concentração dos hidrocarbonetos foi detectada por cromatografia gasosa acoplada a detector de
ionização em chama conforme protocolo adaptado da USEPA 3510 e a degradação avaliada pelas
razões Pr/Ph, Pr/C17, Ph/C18, HTP/UCM e outras. O sequenciamento dos peptídeos ocorreu em
cromatografia líquida MS-MS e as enzimas identificadas através do software PatternLab for
Proteomics. A partir dos resultados preliminares foi possível verificar que houve redução dos
hidrocarbonetos resolvidos e hidrocarbonetos de mistura complexa não resolvida, bem como os
isoprenóides, pristano e fitano. A análise proteômica revelou a predominância de enzimas
relacionadas à resposta ao estresse, transporte e tradução/transcrição quando em presença de
petróleo e também indicou a existência de enzimas associadas à degradação de xenobióticos,
indicando seu possível uso em aplicações biotecnológicas. Isto posto, a construção de uma
biblioteca de proteínas relacionadas ao óleo bruto permite a compreensão do potencial de
degradação do consórcio microbiano, bem como estabelece as bases para a otimização de um
sistema mais robusto de recuperação ambiental.

O presente trabalho teve como objetivo avaliar as condições paleodeposicionais e o potencial para geração de hidrocarbonetos da Formação Pojuca, Bacia do Recôncavo. Para isso, foi realizado a caracterização geoquímica orgânica de 48 amostras provenientes de furo de sondagem (poço 9-FBA-79-BA), próximo da Cidade de Aramari, Bahia. Os teores de carbono orgânico total (COT) variaram de 1,24 a 4,85 % , denotando heterogeneiadade nas condições de produção e preservação da matéria orgânica. Os resultados da pirólise Rock Eval indicaram querogênio predominantemente do tipo I/II, e do tipo III em algumas amostras. O potencial gerador de hidrocarbonetos (S2) variou de pobre a excelente (1,26 a 26,56 mg HC/g rocha), baixa a boa concentração de hidrocarbonetos livres (S1) e temperatura máxima (Tmax) da pirólise Rock Eval indica imaturidade termal para a geração de hidrocarbonetos (<440^oC), validados pelas razões pristano/ n-C17 e fitano/ n-C18> 1, esteranos C29 S/S+R, αββ/αββ+ααα, TS/(TS+TM), e pela maior abundancia de compostos NSO.  Tais resultados foram coerentes com os valores de COT, sendo possível identificar que as amostras que apresentam os maiores teores de COT e valores de S2 têm elevados valores de IH (Índice de hidrogênio) e baixos valores de IO (Índice de oxigênio), corroborado pelo querogênio tipo I/II, validando portanto, a qualidade da matéria orgânica. Já as amostras com baixo potencial gerador têm elevados valores de IO e baixos de IH, proporcionalmente, configurando querogênio tipo III (maiores concentrações de fitoclastos e matéria orgânica oxidada). Através da análise de isotópos estáveis de carbono (-33,83‰ a -21,54‰) e das análises dos biomarcadores saturados, foi possivel inferir que o paleoambiente deposicional da Formação Pojuca foi lacustre, porém com variação de salinidade, indicada pela positivação dos valores de δ¹³C de algumas amostras, sugerindo um ambiente árido com muita evaporação da água, e que, possivelmente, em alguns momentos durante a deposição da Formação Pojuca houve aporte de águas salinas na bacia, favorecendo maior proliferação de algas em relação às bactérias.

O presente estudo tem como objetivo determinar os elementos químicos em poeira de estrada coletada em área de atividade petrolífera da Região Metropolitana de Salvador (RMS), Bahia, Brasil. Para o desenvolvimento desta pesquisa, foram selecionados os municípios de Salvador, Simões Filho, Candeias, São Francisco do Conde e Madre de Deus, sendo estabelecidos 17 pontos de coleta, distribuídos em função da proximidade das áreas de indústrias petrolíferas e com presença de malha rodoviária. O processo de preparação da amostra envolveu a homogeneização do material coletado e conseguinte separação da fração granulométrica. Foi realizado um processo de adaptação do método de extração ácida com a mistura HCl+HNO3+H2O2 aplicada ao bloco digestor com sistema fechado. Os resultados dos limites de quantificação (LoQ) e detecção (LoD) demonstram que não houve contaminação significativa e os valores variaram de 0,006% (Fe) a 30 mg kg-1 (Pb) para LoD, e de 0,020% (Fe) a 99 mg kg-1 (Pb) para o LoQ. Foram analisados os materiais de referência certificados (CRM) de poeira de estrada (BCR 723), cinzas atmosféricas (BCR 176R) e rocha fosfatada (NIST 120C) para confirmação da exatidão e precisão. Os resultados variações da concordância entre 83,5 ± 2,5 (Co) e 103,1 ± 2,1 % (Fe) para o BCR 723, entre 80,0 ± 2,9 (Cu) e 118,4 ± 3,2 (Sb) para o BCR 176R e entre 93,4 ± 0,6 (P) e 114,3 ± 0,7 (S) para o NIST 120C para os CRMs analisados, mostrando uma boa concordância entre os valores determinados e aqueles certificados para cada elemento, logo, sendo aceito a exatidão, com nível de confiança de 95%. Para as amostras de poeira de estrada coletada na RMS foram determinados os elementos As, Co, Cu, Mn, Mo, Ni, P, Pb, S, V e Zn. As concentrações médias dos demais elementos variaram entre 6,6 e 51,5 µg g-1 (As); 179 e 8.008,5 µg g-1 (Cu); 1,4 e 77,7 µg g-1 (Co); 2,02 e 6,69 % (Fe), 0,07 e 4,94 % (Mn); 3,0 e 48,3 µg g-1 (Mo), 55,5 - 187,8 µg g-1 (Pb); 0,06 e 2,18 % (P); 27,4 e 318 µg g-1 (Ni), 0,15 e 1,48 % (S); 25,2 e 207,6 µg g-1 (V) e 211 e 654 µg g-1 (Zn). Para classificação do ambiente de coleta através do índice de geoacumulação (Igeo) e o fator de enriquecimento (EF), constatouse que a maioria dos pontos se encontram como não contaminados (classe 0) e moderado ou não contaminado (classe 1) para o Igeo, e para o EF, a maioria dos elementos apresentou valores menores que 1 ou negativos nos pontos de coleta. Foram realizadas as análises estatísticas dos resultados. A PCA mostrou que as três primeiras componentes principais foram suficientes para descrever os dados, apresentando uma variância total acumulada correspondente a 76,45%. Na HCA foram formadas situações com 56% de similaridade entre as amostras de poeira de estrada. O primeiro formado pelos pontos P12, P14, P15 e P17, e outro grupo formado pelos pontos P1, P2 e P4-P11. Esses resultados se mostram de acordo com aquele encontrados na PCA, ou seja, corroborando com análise multivariada de dados. Os pontos P3 (Candeias) e P16 (Simões Filho) foram os pontos que apresentaram menor dissimilaridade com os outros pontos analisados, indicar possível enriquecimento dos elementos químicos encontrados nesses pontos, confirmado pelos valores de EF.

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o potencial para geração de hidrocarbonetos eas condições do paleoambiente deposicional da Formação Barreirinha, Bacia do Amazonas, a partir dacaracterização da geoquímica orgânica e análise de palinofácies.  Para isso, foram coletadas 60amostras de afloramentos ao longo do compartimento sul da bacia, próximas à cidade deItaituba, estado do Pará, onde há indicativos do afloramento dos folhelhos negros da Formação Barreirinha. Os teores de carbono orgânico total (COT)encontrados nas amostras coletadas variam entre 0,04% e 6,59%, configurando assim grandediferença nas condições de produção e preservação da matéria orgânica. Os valores de resíduo insolúvel (RI)não sofrem variação (em torno de 99%) denotando uma sedimentação predominantemente siliciclástica (folhelhos com pouco carbonato associado).Quanto ao enxofre, os valores variaram entre 0,05 a 5,72%, demostrando uma deposição em ambientes marinhos. Os parâmetros fornecidos pela pirólise Rock- Eval também refletem as variações nas condições deposicionais da formação geológica em estudo. O potencial para geração de hidrocarbonetos se enquadra desde baixo até excelente, salientando que as amostras que apresentam os maiores valores de potencial gerador (S2) têm maiores teores de COT. Essa característica é justificada pela boa qualidade da matéria orgânica, uma vez que tais amostras apresentam elevados valores de Índice de Hidrogênio (IH) e baixos valores de Índice de Oxigênio (IO), conformando querogênio do tipo I/II. Já as amostras com baixo potencial são as que apresentam valores menores de COT e têm maiores valores de IO, configurando querogênio do tipo II. Com relação aos valores de hidrocarbonetos livres presentes nas amostras (S1), os baixos valores de S1 (< 0,5 mg HC/g rocha) indicam que houve pouca geração natural de hidrocarbonetos pelas rochas em estudo. Este fato se deve ao baixo grau de maturação térmica, conforme apontam os valores de Tmáx (<440ºC) e índice de produção (IP <0,1). Exceto por algumas amostras do afloramento IT05 que apresentavam valores de Tmáx (>440°C) indicando que estas amostras sofreram maturação térmica devido ao efeito de rochas intrusivas. Através da análisedos hidrocarbonetos totais do petróleo, a contribuição de matéria orgânica algálica fica explícita pela razão aquático- terrestre (TAR). Ainda nestaanálise, a razão entre os isoprenóides Pristano e Fitano apontam diferenças entre ambientesanóxico e óxico, corroborando a interpretação sobre variações no paleoambiente deposicionalda Formação Barreirinha. A avaliação dos biomarcadores saturados permite afirmar que a matéria orgânica presente nas amostras tem origem marinha com contribuição terrestre e baixa maturação térmica. A análise de palinofáceis mostra que há predominância de matéria orgânica amorfa (MOA) nas amostras, comquantidade moderada de palinomorfos e quantidades subordinadas de fitoclastos.

O presente estudo caracterizou as razões elementares e isotópicas de COT, N, δ¹³C, δ¹⁵N, C/N e as concentrações dos elementos químicos Al, As, Ba, Co, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb, V e Zn em cinco testemunhos de sedimentos coletados ao longo do estuário do rio Serinhaem, na Área de Proteção Ambiental de Pratigi, Bahia. Teve como objetivo investigar a origem da matéria orgânica e verificar a influência da profundidade e da localização na distribuição de variáveis geoquímicas ao longo do estuário. Os valores de δ¹³C encontrados no manguezal são característicos de fontes terrígenas, assim como os valores de δ¹⁵N, permanecendo assim ao longo de todo estuário do rio Serinhaem. A relação C/N também confirmou os dados encontrados por δ¹³C e δ¹⁵N, indicando que a origem da matéria orgânica é de origem terrígena, precisamente de plantas com padrão fotossintético tipo C3. Nos testemunhos T1 e T2, mais a montante no estuário, foram encontrados os maiores valores de C/N podendo ser justificado pelas altas concentrações de COT ou diminuição do N. Aliado a isso, esses testemunhos foram coletados próximos a cidade de Ituberá, podendo ter ocorrido algum evento pontual. A maior parte dos elementos determinados mostrou correlação significativa com o Fe, Al e Mn, podendo os mesmos terem a mesma origem ou estarem associados aos oxi-hidróxidos de Fe e Mn, assim como aos aluminosilicatos. Apesar do Cr, As e V estarem correlacionados com o Fe, Mn e Al, suas concentrações estão acima das estabelicidas pela NOAA, sugerindo efeitos adversos na biota. As concnetrações de Ba aumentaram no sentido da foz que se encontra com a Baía de Camamu que é enriquecida naturalmente com esse elemento. Observou-se que ao longo do perfil vertical, as variações das concentrações dos elementos e das variáveis não foram significativas, enquanto que ao longo do estuário, foi possível verificar que os testemunhos se diferenciam entre si, indiciando a importância da localização de amostragem para avaliação ambiental. Ao comparar os resultados encontrados com valores estabelicidos pelo Conama e com áreas pouco alteradas pelas atividades antropogênicas, o estuário do rio Serinhaem pode ser considerado relativamente pouco influenciado pelas atividades humanas. Os resultados obtidos servirão de linha base para futuros estudos ambientais no estuário do rio Serinhaem e de monitoramento da APA do Pratigi, visto que nenhum estudo até o momento foi realizado com o objetivo de investigar a origem da matéria orgânica e o comportamento dos elementos químicos em testemunhos.

Os manguezais são ecossistemas complexos e com grande importância ecológica para as regiões costeiras em todo o mundo, mas vem sendo ameaçado devido a diversas atividades relacionadas a indústria do petróleo em todo o mundo. A presente pesquisa tem como objetivo estudar o desenvolvimento tecnológico do uso de fungos e extrato vegetal na remediação hidrocarbonetos e avaliar a biodegradação de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos – HPAs em sedimento de manguezal a partir do uso da bioaumentação com um fungo do gênero Aspergillus sp., e da bioestimulação com um extrato vegetal retirado da folha da Alocasia Macrorrhizos (l.) g.don em biorreatores. Como resultado foi possível observar que o desenvolvimento tecnológico voltado a recuperação de áreas impactadas por petróleo só obteve maior investimento a partir de 2012, sendo uma tecnologia ainda em desenvolvimento, que existe um baixo depósitos de invenções relacionadas a aplicação de fungos e extratos vegetais na biodegradação de hidrocarbonetos, que a maioria dos processos que envolvem a bioaumentação são relacionados ao uso de bactérias hidrocabonoclásticas e que países como China e Estados Unidos da América são os que têm um maior número de invenções por conta do seu alto investimento em pesquisa. O experimento ocorreu em biorreatores contendo sedimento de manguezal e água estuarina, com o objetivo de proporcionar aos microrganismos presentes uma condição ambiental o mais próxima possível a natural. Como resultado as taxas de remoção foram maiores na condição onde houve a união de duas técnicas, bioaumentação associada a bioestimulação, com  39,81% de remoção dos HPAs estudados, seguida pela bioestimulação com 28,53% de remoção, bioaumentação com 23,57% de remoção e biorremediação intrínseca com 6,61% de remoção, sendo que a biodegradação de HPAs com baixo peso molecular foi maior do que dos HPAs de alto peso molecular, com destaque para o Pireno, o HPA de alto peso molecular que teve as maiores taxas de remoção nesse estudo e o extrato vegetal mostrou ser um bom agente bioestimulador de microrganismos indígenas em sedimento de manguezal, aumentando em cerca de 5 vezes os percentuais de degradação quando comparado a atenuação natural. A análise estatística apontou uma correlação positiva do Fósforo e do Nitrogênio na biodegradação de compostos como Naftaleno, Fluoreno, Acenaftileno, Pireno, Criseno, Benzo(a)Pireno e Dibenzo(a)antraceno.

Os manguezais são ecossistemas localizados na região de transição entre o continente e os oceanos de ambientes tropicais e subtropicais. Estes ecossistemas estão sujeitos à ação da maré, onde sua ocorrência e seu desenvolvimento são controlados por fatores regionais e globais, como as características oceanográficas/climáticas e a presença de atividades humanas. Tento em vista o quão importante são as funções ecológicas, sociais e econômicas dos manguezais, torna-se essencial ter uma maior compreensão das suas respostas às pressões naturais e antropogênicas. Essa avaliação pode ser feita analisando-se o comportamento da matéria orgânica depositada através da determinação de marcadores orgânicos moleculares, como os n-alcanos. Esses são hidrocarbonetos alifáticos saturados de cadeia linear produzidos principalmente por produtores primários, como a vegetação superior e o fitoplâncton. Como apresentam especificidade de fonte e alta estabilidade química, podem ser usados na identificação das principais fontes de matéria orgânica para sistemas aquáticos. A presente dissertação tem como objetivo avaliar, através da análise de n-alcanos em testemunhos sedimentares, as mudanças temporais na deposição da matéria orgânica no limite sul de ocorrência dos manguezais da costa oeste do Atlântico Sul. Para isso, dois testemunhos sedimentares foram coletados na lagoa de Santo Antônio (LSA, Santa Catarina - Brasil), sendo estes fatiados de 1 em 1 cm. Com base nas descontinuidades estratigráficas, duas amostras a granel (10 g cada) de cada testemunho foram selecionadas para análise de ¹⁴C. As análises granulométricas, de carbono orgânico total (COT) e de nitrogênio total (NT) foram realizadas a cada 5 cm. Enquanto a primeira análise foi feita usando-se um analisador de partículas à laser, as duas últimas foram realizadas através de um Analisador Elementar. As análises de n-alcanos ocorreram a cada 5 cm dos testemunhos coletados, usando-se um cromatógrafo a Gás acoplado a um Detector de Ionização de Chamas (GC-FID). A presente dissertação está apresentada em formato de artigo, sendo que o resumo específico deste será apresentado em seu capítulo correspondentes.

Os sistemas costeiros desempenham um papel essencial no ciclo global do carbono,
atuando como fontes de matéria orgânica (M.O.) para os oceanos ou como sumidouros
de carbono através do acúmulo deste elemento em sua matriz sedimentar. A
caracterização das principais fontes (naturais ou antropogênicas) de M.O. para esses
sistemas é um importante indicador de produtividade e impactos antrópicos no
ambiente, podendo ser realizada através da análise de isótopos estáveis (de carbono e
nitrogênio), ou através da análise de marcadores orgânico moleculares (como os n-
alcanos). A Baía de Todos os Santos (BTS), segunda maior baía do Brasil, abrange
ecossistemas importantes como manguezais, remanescentes de Mata Atlântica, apicuns
e recifes de corais. Apesar da sua importância, diversas são as atividades antropogênicas
desenvolvidas em sua área e arredores, podendo acarretar no aporte de efluentes
(domésticos, agrícolas ou industriais) e na contaminação por petróleo. O objetivo deste
estudo foi avaliar as principais fontes naturais e antropogênicas da M.O. depositada em
uma baía tropical de grande aporte e antropizada. Para isso, 61 amostras de sedimentos
superficiais foram coletadas na BTS, sendo analisadas as frações granulométricas; as
concentrações de carbono orgânico total (COT), nitrogênio total (NT), δ 13 C e δ 15 N; e as
concentrações de n-alcanos (n-C 10 a n-C 35 ) nessas matrizes. As concentrações de COT,
de NT e de n-alcanos totais variaram de 0,10 a 2,18%, de 0,04 a 0,22% e de 1,65 a 11,4
μg g -1 em peso seco, respectivamente. Houve correlação significativa (p &lt; 0,05) entre
essas concentrações e o teor de lama do sedimento, indicando que a distribuição da
M.O. na BTS é influenciada pela sua granulometria. Os valores de δ 13 C e δ 15 N variaram
de -24,7 a -18,3‰ e de -4,25 a 7,21‰, respectivamente, evidenciando a existência de
fontes marinhas, terrígenas e a influência antrópica para a M.O. depositada. O
predomínio de n-alcanos de alto peso molecular (C 29 e C 31 ) demonstra que a principal
fonte destes compostos para a BTS são as plantas superiores. O aporte planctônico foi
observado em áreas mais centrais da baía e próximas do oceano aberto, e processos de
degradação da M.O. por bactérias ocorreram principalmente nas regiões de
granulometria arenosa.

As comunidades microbianas dos sedimentos são as responsáveis diretas pelos ciclos biogeoquímicos quesustentam os ecossistemas. Portanto, é imperativo estudar variações naturais na diversidade estrutural efuncional dessas comunidades e distingui-las dos efeitos causados pelos impactos ambientais. Esse estudofoi realizado com amostras de sedimento do Rio Juliana, Bahia, que escoa por uma área de proteçãoambiental de Mata Atlântica, um bioma antropogenicamente ameaçado cuja área original já sofreu reduçãode 89%. Neste trabalho, amplicons do gene 16S rRNA são usados para descrever os perfis taxonômicos e 

prever características funcionais das comunidades procarióticas no ambiente. Sedimentos foram coletados nanascente, no vale e em duas áreas de manguezal, uma considerada natural e a outra localmente impactada poresgoto doméstico. Foram realizados experimentos de laboratório com sedimento de nascente para qualificaro impacto do glifosato (pesticida) e do óleo bruto no ciclo biogeoquímico do nitrogênio. Os resultadosrevelaram variações na biodiversidade procariótica induzidas por fatores naturais e por interferênciaantrópica. A biodiversidade natural diminui na direção do curso do rio, da cabeceira para o estuário.Observou-se a prevalência de
Proteobacteria
e
Firmicutes
nos sedimentos naturais, em todas as áreas do rio.Ao longo do curso do rio, observou-se a substituição de filos prevalentes nos ambientes de água doce, como
Bacteroidetes
e
Verrucomicrobia
, por filos prevalentes em sedimentos costeiro, como
Crenarchaeota
. Ospotenciais funcionais correlacionaram-se positivamente com a biodiversidade, com exceção da fotossíntese,com tendência inversa. O impacto ambiental (esgoto, glifosato ou óleo) ocasionou mudanças estruturais efuncionais distintas nas comunidades. A presença de esgoto nos sedimentos dos manguezais levou aoaumento da biodiversidade, porém, favorecendo a colonização de táxons exógenos e associados àpatogenicidade. Observou-se, também, uma expressiva diminuição de táxons nativos do manguezal natural, como Firmicutes e Planctomycetes , que contém os organismos responsáveis pelo processo anammox,impactando no ciclo do nitrogênio. A área de mangue também mostra variações estruturais que secorrelacionam com as zonas de maré, devido a fatores ambientais como matéria orgânica e salinidade. Osexperimentos indicaram que o consumo de nitrato em sedimentos não impactados foi de 0,90 mg/L/min. Aadição de óleo e glifosato reduziu essa taxa de consumo em 15% e 50%, respectivamente. Portanto, oimpacto causado pelo pesticida foi maior na atividade de transformação do nitrogênio. Após 7 dias deincubação, observou-se um aumento de biodiversidade de procariotos nos sedimentos tratados com glifosato,em comparação com o controle, indicando que a comunidade se beneficiou deste composto. O tratamentocom óleo causou uma grande diminuição na biodiversidade procariótica nos sedimentos, indicando umpossível grau de toxicidade para a maioria dos organismos. O filo Firmicutes demonstrou sensibilidade àsmudanças causadas pelo processo de incubação, diminuindo expressivamente em todos os tratamentos após7 dias, de modo que o grupo prevaleceu apenas em condições não impactadas. Filos Proteobacteria e Acidobacteria , principalmente a família Corynebacteriaceae , dominaram os sedimentos expostos ao óleo,sendo possivelmente os principais grupos hidrocarbonoclásticos nas amostras. Os perfis funcionais dossedimentos impactados sugerem que a maioria dos metabolismos pode ser mantida devido à redundânciafuncional destas comunidades. Grande variedade de táxons contribuem para as rotas metabólicas, sugerindoque os sedimentos com maior biodiversidade apresentam também maior resiliência frente a impacto santrópicos.

As regiões estuarinas são de grande importância para as populações principalmente em função da diversidade de recursos naturais. Possuem grande riqueza ambiental, social e econômica, no entanto ao longo de décadas estão sujeitas aos impactos consequentes das atividades antrópicas. O presente estudo investigou o estuário do rio São Paulo, Baía de Todos os Santos, Bahia, Brasil caracterizando-o biogeoquimicamente e simulando um derramamento de petróleo laboratorial em mesoescala com as águas superficiais do mesmo. O objetivo foi observar a dispersão proporcionada pela formação de agregados óleo material particulado em suspensão (OSAs), a fim de utilizar os dados obtidos como ferramenta norteadora na prevenção de impactos ecotoxicológicos. Os resultados de caracterização apontam que embora a região possua funções ecológicas importantes, encontra-se impactada por atividades antrópicas ligadas às operações das indústrias petrolíferas e de outros segmentos, ocupação inadequada das suas margens e práticas portuárias que ocorrem na Baía de Todos os Santos (BTS). A degradação ocorrida pôde ser caracterizada por valores de oxigênio dissolvido variando entre 2,82 – 6,52 mgL^-1, amônia, nas estações de amostragem 10 a 13 variando entre 1,4- 1,667 mgL^-1 , e nitrato, nas estações de amostragem 8, 16 e 17, variando entre 1,032 – 20, 458 mgL^-1, ambos acima dos limites legais (0,70 mg L ^-1), pela concentração de metais associados ao material particulado em suspensão (MPS), que oferecem riscos aos ecossistemas e por concentrações de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) no MPS de origem antropogênica. Paralelo a isso, os resultados de formação do OSA indicam que as características das águas coletadas na estação P17 foi a que mais dispersou HPAs para a coluna d’agua (566.989,84 µgg^-1). As características biogeoquímicas que mais influenciaram a formação do OSA foram as concentrações de clorofila a e salinidade. Em termos gerais houve maiores dispersões para a coluna d’agua, potencializando a biodegradação desses compostos pelos organismos hidrocarbonoclásticos, aumentando a ecotoxicidade para os organismos pelágicos, contudo diminuindo os impactos ecotoxicológicos associados a presença de HPAs aos organismos bentônicos. As exceções foram as estações: 2, 4, 7, 8, 14 e 18 que formaram OSA com flutuabilidade negativa e apresentam maiores ricos de impactos ecotoxicológicos para o substrato da região. A partir dos resultados encontrados, é possível sugerir que as áreas das estações de amostragem: 2, 4, 7, 8, 14 e 18 como prioritárias para aplicação de medidas protetivas em caso de acidente de derramamento de petróleo, embora as concentrações de HPAs de acordo com o ERM (NOAA) apresente riscos ecotoxicológicos em toda extensão do estuário. Os estudos de simulação para a formação dos OSAs apresentaram resultados relevantes tanto na previsão da dispersão de HPAs quanto como ferramenta norteadora na prevenção e mitigação de impactos ecotoxicológicos em ambientes estuarinos afetados por hidrocarbonetos.

Com objetivo de avaliar a contaminação por PCBs em uma baía tropical exposta a diferentes pressões antrópicas foram analisadas amostras de bivalves (ostras, sururu e chumbinho) coletas em diferentes partes da Baia de Todos os Santos, Bahia, Brasil. Adicionalmente, amostras de bivalves e peixes adquiridos em um mercado da cidade de Salvador foram analisadas para estudar a exposição humana aos PCBs através da ingestão. A identificação e quantificação dos PCBs de interesse foram feitas por GC/MS após extração por microondas e purificação com ácido sulfúrico. Em amostras de bivalves, as concentrações variaram entre < 0.08 e 50.13 ng g^-1 (peso seco), sendo que os maiores valores foram detectados nas de ostras, seguidos por chumbinho e sururu das regiões do Estuário do Subaé e Madre de Deus/Mataripe; ambas as regiões conhecidamente impactadas por atividades antrópicas. Com relação aos peixes, das doze espécies analisadas, apenas cinco apresentaram níveis de PCBs acima dos limites de detecção, variando de 0,23 a 4,55 ng g^-1 e 0,51 a 26,05 ng g^-1, em peso seco e peso lipídico, respectivamente. De maneira geral, as concentrações de PCBs na BTS são mais baixas que na maioria das regiões ao redor do mundo, sobretudo aquelas localizadas no Hemisfério Norte. Os índices mostram que a biota local não deve sentir efeitos adversos relacionados à presença desses contaminantes, assim como o consumo do pescado comercializado na cidade de Salvador aparentemente não representa riscos claros à saúde humana.

O presente trabalho é derivado do projeto intitulado “Projeto Caracterização Molecular Avançada” pertencente ao Centro de Excelência em Geoquímica do Petróleo do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que teve apoio financeiro da a Royal Dutch Shell através do “Compromisso com Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento” com a ANP, no âmbito do Programa GEOQPETROL. Os biomarcadores saturados do petróleo são compostos orgânicos de elevada complexidade encontrados em baixas concentrações em praticamente todos os tipos de petróleos e rochas geradoras. Esses biomarcadores têm sido amplamente investigados a nível molecular e usados em razões diagnósticas geoquímicas para obter informações sobre as condições físico-químicas do paleoambiente deposicional da rocha geradora, sobre a origem e input da matéria orgânica, o grau de maturidade térmica e o nível de biodegradação dos óleos. Por meio do uso da técnica da cromatografia a gás acoplada a espectrometria de massas (CG-EM) é possível a identificação desses compostos, entretanto, devido à complexidade das amostras e a elevada similaridade intrínseca a esses tipos de compostos, faz-se necessário a utilização de equipamentos que permitam um maior nível de sensibilidade, como exemplo do cromatógrafo a gás acoplado a espectrometria de massas do tipo triplo quadrupolo (CG-EM/EM). As análises ocorreram por meio da técnica CG-EM/EM no modo Multiple Reaction Monitoring (MRM) a fim de otimizar um método de análise para os biomarcadores saturados das famílias dos triterpanos e esteranos. Além da otimização, o trabalho teve como objetivo comparar qualitativamente e atráves de ferramentas estatísticas dois modos de monitoramento (SIM e MRM) para avaliar as influências dos monitoramentos sobre as razões diagnósticas empregadas nas avaliações de paleoambientes deposicionais da rocha geradora. Foram utilizadas 5 amostras de petróleo bruto e 8 de rochas geradoras provenientes de bacias sedimentares brasileiras com diferentes características. A obtenção da matéria orgânica solúvel das rochas foi realizada por extração acelerada de solvente (ASE), posteriormente, as amostras foram fracionadas para obtenção da fração saturada pela cromatografia em coluna. Os resultados das análises cromatográficas, no modo SIM e MRM, mostraram que houve diferenças entre os dois modos, com relação a resolução de determinados compostos, assim como na tendência de aumento ou diminuição de razões diagnósticas amplamente empregadas nas avaliações de paleoambiente deposicional. A técnica da CG-EM/EM no modo MRM mostrou-se mais eficiente para o grupo de amostras de extratos de rochas do que para as de petróleos. Entretanto, para amostras que apresentarem maior grau de maturidade, recomenda-se o uso CG-EM/EM no modo MRM para família dos esteranos. As análises estatísticas aplicadas nesse estudo, como PCA e teste t, corroboraram com as análises qualitativas, posto que de modo geral as amostras se agruparam de acordo com seus paleoambientes deposicionais, mostrando diferenças entre os modos de monitoramento utilizados.

Ambiente) – Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2019.

RESUMO

Os ecossistemas costeiros localizados nas proximidades de centros urbanos e industriais vêm
sendo impactados por contaminantes orgânicos, como os hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos (HPAs). Os HPAs são formados por dois ou mais anéis aromáticos condensados,
com potencial carcinogênico, mutagênico, recalcitrante e tóxico. O manguezal do estuário do
rio São Paulo, ao norte da Baía de Todos os Santos (BTS), Bahia, está inserido em uma
região de intensas atividades antrópicas, situada a margem da Refinaria Landulpho Alves de
Mataripe (RLAM). Em virtude dessa realidade, o objetivo deste estudo foi fornecer subsídios
para remediar o sedimento de manguezal, aplicando em escala laboratorial a técnica da
fitorremediação com mudas de mangue vermelho (Rhizophora mangle) na remediação dos
16 HPAs considerados prioritários pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos
(USEPA). Foi aperfeiçoado um sistema de fitorremediação, simulando condições
aproximadas do ambiente de manguezal, com mudas da espécie cultivadas durante três
meses, em sedimento contaminado artificialmente com petróleo bruto proveniente da Bacia
do Recôncavo. Como sistema de referência, houve unidades em mesmas condições, porém
sem a adição da espécie de planta, atenuação natural. O monitoramento temporal dos
bioprocessos foi realizado nos intervalos de 20, 40 e 90 dias. A porcentagem de degradação
do total de HPAs alcançou 60,76% (10.540,33 - 4.135,82 ng g
-1
) na fitorremediação após 90
dias, enquanto na atenuação natural esse valor foi de 49,57% (10.540,33 - 5.315,45 ng g
-1
).
Em suma, as concentrações individuais dos HPAs no final do experimento, foram menores
em 10 (Naftaleno, Fluoreno, Fenantreno, Antraceno, Fluoranteno, Pireno, Criseno, Benzo
[b] Fluoranteno, Benzo [k] Fluoranteno, Benzo [a] Pireno) dos 16 HPAs no solo rizosférico
do que no não-rizosférico. Na atenuação natural, 4 (Benzo [a] Antraceno, Indeno [123, cd]
Pireno, Dibenzo [ah] Antraceno, Benzo [ghi] Perileno) dos 16 HPAs estiveram em
concentrações menores que na fitorremediação. Os dois restantes (Acenaftileno e
Acenafteno) obtiveram valores acima do inicial, para ambos os experimentos. Os HPAs
constituídos por 2, 3 e 5 anéis aromáticos, obtiveram maior degradação na fitorremediação
(37,57%, 69,71% e 29,73% respectivamente). Em contrapartida, os HPAs com 4 e 6 anéis
aromáticos obtiveram melhor degradação na atenuação natural, representando 52,39% -
22,24% respectivamente. Com relação às mudas de Rhizophora mangle, não houve variações
significativamente distintas entre as unidades de simulação contaminada e controle, havendo
em ambas, aparição de deformações nas folhas, e surgimento de brotos. A fitorremediação
com Rhizophora mangle mostrou eficiência na remediação de ambientes de manguezal,
apesar de não haver diferenças expressivas entre a atenuação natural. Faz-se necessário
estudos quanto aos microrganismos associados à rizosfera da espécie e interações que
ocorrem entre exsudatos-contaminante.

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o potencial para geração de hidrocarbonetos e as condições paleodeposicionais em folhelhos aflorantes na Bacia do Recôncavo, a partir da caracterização geoquímica orgânica e análise de palinofácies. Para isso, foram coletadas 23 amostras de afloramentos ao longo do compartimento sul da bacia, próximas às cidades de Santo Amaro, São Francisco do Conde e Simões Filho, estado da Bahia. Os teores de COT encontrados nas amostras coletadas variam entre 0,06% e 6,77%, configurando assim grande diferença nas condições de produção e preservação da matéria orgânica. Os valores de RI variaram entre 68,49% e 91,01%, denotando mudanças no paleoambiente deposicional, sendo este favorecido ora por sedimentação mista (margas e folhelhos carbonáticos), ora por sedimentação predominantemente siliciclástica (folhelhos com pouco carbonato associado). Quanto ao enxofre, os valores próximos a zero estão compatíveis com a proposta de deposição em ambiente continental lacustre. Os parâmetros fornecidos pela pirólise Rock-Eval também retratam as variações propostas na Formação Candeias. É possível observar que as amostras que apresentam os maiores valores de potencial gerador (S2) são as que têm maiores teores de COT, sendo esta característica justificada pela qualidade da matéria orgânica. As amostras com bom potencial para geração de hidrocarbonetos têm elevados valores de IH e baixos valores de IO, assinalando para querogênio tipo I. Já as amostras com pouco ou nenhum potencial têm elevados valores de IO, configurando querogênio residual (M.O. oxidada). Através da análise dos HTPs, a contribuição de matéria orgânica lacustre fica explícita pela razão entre alcanos de cadeia ímpar frente aos alcanos de cadeia par (índice preferencial de carbono). Ainda nesta análise, a razão entre os isoprenóides Pristano e Fitano apontam diferenças entre ambientes anóxicos e óxico, corroborando a interpretação sobre variações no paleoambiente deposicional da Formação Candeias. A avaliação dos biomarcadores saturados permite afirmar que a matéria orgânica presente nas amostras tem origem lacustre de água doce (porém com variações entre condições de água doce/salobra), input de material algálico e vegetais superiores, com todas as amostras apresentando imaturidade térmica para a geração de hidrocarbonetos. Este input de matéria orgânica e mudanças do potencial de oxi-redução é confirmado pelos resultados da razão δ¹³C. Valores muito negativos (<-28‰) estão relacionados constituintes lipídicos, originários majoritariamente de algas de água doce depositados em condições pouco oxidantes, enquanto os valores menos negativos (<-25‰) marcam menores contribuições de algas e condições mais oxidantes. A análise de palinofácies mostra que há predominância de matéria orgânica amorfa (MOA) nas amostras, com quantidades subordinadas de fitoclastos e palinomorfos. Diferentes estados de preservação, qualificados por diferentes intensidades de fluorescência dos constituintes orgânicos (amarelo-esverdeada a castanha), comprovam os querogênios tipo I e IV (residual). Correlacionando os dados de geoquímica orgânica com os de palinofácies, é possível delimitar com maior precisão as diferentes fácies orgânicas identificadas, denotando que na época de deposição dos folhelhos houveram variações no ambiente deposicional, que vão desde condições de lago profundo, com influência tectônica e clima árido, associando grandes quantidades e boa qualidade de matéria orgânica, até fases de clima úmido, prevalecendo influxo sob o efluxo de água (balanço positivo), não propiciando condições para produção e preservação de M.O.

A Bacia Sedimentar do Parnaíba está situada no nordeste brasileiro em maior proporção e ocupa aproximadamente 600.000 km², possui uma espessura de coluna sedimentar atinge cerca de 3.500 m e está distribuído pelos estados do Piauí, Maranhão, Pará, Tocantins, Bahia e Ceará. Das suas formações, o grande destaque é a Formação Pimenteiras, que foi depositada durante sucessivas transgressões e regressões marinhas durante o devoniano. Durante a deposição dessa formação na idade do Frasniano, houve o evento de anoxía global através de uma grande inundação marinha e um período de extinção em massa na Terra. O presente trabalho tem por objetivo descrever o paleoambiente deposicional de folhelhos de seção Neo Devoniana da Formação Pimenteiras na borda Oeste da Bacia do Parnaíba.
A coleta das amostras foi realizada no município Aparecida do Rio Negro (TO), em afloramentos ao longo da rodovia, onde haviam folhelhos negros e um possível contato entre as Formações de Pimenteiras e Cabeça. A caracterização do ambiente deposicional por geoquímica e palinofácies, permitiram avaliar as condições deposicionais com tendências proximais ao longo da seção estudada.
Os resultados do índice de carbono orgânico total (COT: 0,21 – 2,43%) demonstram baixo a alto potencial de geração de hidrocarbonetos. Os dados da pirólise rock-eval sugerem pouca ou nenhuma geração natural e também imaturidade térmica, apresentando um baixo teor de hidrocarbonetos livres (S1) e baixos valores de Tmáx. Os valores de S2 indicaram baixo potencial de hidrocarboneto.
Os resultados das leituras dos 300 componentes orgânicos em lâminas palinológicas das amostras de folhelhos, apresentam os principais grupos de matéria orgânica: Palinomorfos, Fitoclastos e Matéria Orgânica Amorfa (MOA). Algumas amostras resultaram de deposição em um ambiente com alto potencial de preservação e baixa energia com grande quantidade de MOA, porém com ambiente óxico. Outras amostras apresentaram ambientes próximos a fontes terrestres, com maior presença de esporos e fitoclastos. Um grande número de prasinófita pertencentes aos gêneros Pterospermella, Cymatiosphaera, Durvenaysphaera, Leiosperidia, Tasmanites, Hemiruptia e Maranhites foram identificados, indicando que houve ingressão marinha, afirmando um período de grandes inundações.
A análise dos isótopos de carbono orgânico (δ13C) apresentaram valores que variaram entre -25,9 a -29,5 valores característicos ora de ambiente marinho, ora de ambiente terrestre. Os biomarcadores saturados com distribuição dos esteranos regulares C27-C28-C29, também sugerem uma alternância no “input” da matéria orgânica, contudo, predominantemente terrestre.

O presente trabalho faz parte do Subprojeto 3 intitulado “Calibração de Parâmetros Ópticos e Moleculares de Maturação de Rochas Geradoras Não Convencionais”, pertencente ao Programa: Formação do Centro de Excelência em Geoquímica do Petróleo do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA) – GEOQPETROL”, que teve apoio financeiro da BG Brasil/Shell, através do “Compromisso com Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento” com a ANP, no âmbito do Programa GEOQPETROL - Convênio BG E&P Brasil Ltda. - UFBA - FAPEX.  O principal objetivo deste trabalho é avaliar as concentrações ou razões de concentração para os elementos de transição (Co, Ni, V e Mo) e transição interna (La, Ce, Pr, Nd, Sm, Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Tm, Yb, Lu e U), como parâmetros para a caracterização geoquímica inorgânica de folhelhos, em afloramentos das Bacias do Parnaíba e Paraná. O uso das razões Ni/Co versus V/Ni foram empregados para caracterização do tipo de origem da matéria orgânica, se lacustre, transicional ou marinho; a razão U/Mo para caracterização da presença/ausência de gás sulfídrico; V/V+Ni, V/Ni e Ni/Co como indicadores das condições do paleoambiente de deposição (óxico/anóxico); V versus Ni para caracterização do ambiente de deposição da matéria orgânica. A somatória das concentrações dos elementos terras raras (ETR) La-Lu, sugeriu a existência de vários conjuntos de amostras contendo querogênios de diferentes origens. O nível de concentração maís elevada da somatória dos ETR, nas amostras do topo do afloramento, para a Fm Pimenteiras e Fm Ponta Grossa, deveu-se a complexação destes pelo querogênio tipo II ou II/III, presente nestas amostras em maior concentração. As amostras da Fm Irati apesar da concentração do carbono orgânico total(COT), apresentar numericamente maior valor em concentração percentual apresenta um valor para a somatória dos ETR menor, devido a complexação destes pelo querogênio tipo I. As determinações foram realizadas para Ni e V, via ICPOES, os elementos Co, Mo, La, Ce, Pr, Nd, Sm, Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Tm, Yb, Lu e U via ICP-MS. Os resultados encontrados para os parâmetros citados foram validados, nas amostras dos afloramentos estudados, para as Formações Pimenteiras, Irati e Ponta Grossa , cujo conhecimento da geoquímica do petróleo e do potencial petrolífero já é estabelecido para estas formações , através da geoquímica orgânica tradicional, com uso das técnicas analíticas para determinação do teor de carbono orgânico total (COT), enxofre total, dados da pirólise Rock Eval e razões dos biomarcadores saturados.

Na Bacia do Parnaíba, os elementos de transição e transição interna foram estudados em amostras de afloramentos da Formação Pimenteiras, cujo período de deposição ocorreu durante o Devoniano (Givetiano-Frasniano). Para a Bacia do Paraná, os elementos de transição e transição interna foram determinados nas amostras de afloramentos da Formação Irati (pedreira Amaral Machado), cujo período de deposição ocorreu durante o Permiano, e da Formação Ponta Grossa (secção Rivadavia), correspondente ao período de deposição do Devoniano (Praguiano-Ensiano).

A inclusão de poluentes orgânicos recalcitrantes, tais como hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) oriundos das indústrias petroquímicas no ecossistema manguezal vem motivando o desenvolvimento de tecnologias para a remediação deste ambiente. Dentre essas tecnologias de remediação pode-se citar os processos oxidativos avançados (POAs) por causa da elevada eficiência em degradar poluentes orgânicos. Os POAs baseiam-se na formação de espécies químicas com poder oxidante, principalmente, os radicais hidroxila (●OH). A fotocatálise heterogênea vem sendo amplamente utilizada para gerar o ●OH através de um semicondutor com ou sem modificação. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa foi investigar a eficiência do processo fotocatalítico utilizando TiO₂ e Fe-TiO₂ em amostras de sedimento contaminadas por petróleo. Neste intuito desenvolveu-se um planejamento fatorial completo 2², com triplicata do ponto central para avaliar os efeitos da massa de catalisador e do tempo de fotodegradação dos HPAs no sedimento de manguezal. Esses experimentos foram executados com massa de 1g de sedimento contaminado com solução padrão de HPAs 0,25mg kg^-1. A resposta múltipla (RM) foi aplicada a fim de estabelecer uma condição experimental simultânea para a fotodegradação dos analitos (Acenaftileno (AcNf), Acenafteno (AcN), Antraceno (AN), Benzo(a)Antraceno (BaA), Indeno(1,2,3cd)Pireno (IP), Dibenzo(ah)Antraceno (DahA) em estudo. O percentual de fotodegradação dos HPAs foi igual a 40,29 a 95,73 %.  A RM indicou que a melhor condição experimental está no ponto central com massa igual a 0,5g e tempo igual a 12 horas. Nessas condições foram realizados os parâmetros cinéticos e estes parâmetros estavam em conformidade com os dados na literatura. Com a metodologia otimizada foram executados experimentos para os processos de fotólise e fotocatálise heterogênea numa solução padrão dos HPAs e no petróleo bruto, sendo que, somente a fração aromática foi estudada. O teste não paramétrico foi utilizado para avaliar a diferença entre os processos ao nível de significância de 5%. O referido teste indicou que os processos foram estatisticamente diferentes na solução padrão. Porém, na fração aromática não houve diferença significativa entre o processo. A modelagem dos dados da solução padrão indicou que a fotocatálise tem uma maior eficiência para degradar os HPAs do que a fotólise. A eficiência do Fe-TiO₂ foi avaliada frente ao TiO₂ em petróleos com características diferenciadas. Essas caraterísticas foram confirmadas através de dados geoquímicos e testes estatísticos. O Fe-TiO₂ demonstrou maior eficiência frente ao TiO₂, mas a complexidade da amostra de petróleo influência no processo de degradação fotocatalitica.

O estuário do rio Itapicuru está localizado na Área de Proteção Ambiental do Litoral Norte da Bahia. Apesar desse sistema apresentar condições pristinas, alguns impactos ambientais são observados, como mudanças no tipo de cobertura vegetal para plantações comerciais e aqueles causados pela presença de pequenas comunidades pesqueiras. Este estudo tem como objetivo avaliar a importâncias desses impactos nas mudanças temporais da quantidade e tipo de matéria orgânica (M.O.) depositada no estuário do rio Itapicuru. Para isso, analisou-se a distribuição vertical de n-alcanos e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) em sub-amostras de um testemunho sedimentar coletado às margens do estuário em questão. Também foram avaliados: a distribuição das frações granulométricas; o teor de carbono orgânico total (COT) e de nitrogênio total (NT); e a razão isotópica do COT (δ¹³C) e do NT (δ¹⁵N). Para a datação, calculou-se a taxa de sedimentação a partir do decaimento radioativo do ²¹⁰Pb (0,54 ± 0,05 cm ano^-1). O período de abrangência do testemunho foi de 1907 (base) até 2017 (topo). As concentrações de COT, NT e de n-alcanos totais variaram, respectivamente, de 0,65 a 2,51%, 0,07 a 0,13% e 1.331 a 7.384 ng g^-1 em peso seco (p.s.). Mudanças temporais na quantidade de matéria orgânica depositada ocorreram conjuntamente com as mudanças no conteúdo de lama. Esta, por sua vez, é influenciada por intervenções antrópicas (i.e., construção de rodovias) e pelo uso desordenado do solo por toda bacia hidrográfica do rio Itapicuru. Foram aplicadas razões diagnósticas que mostraram que a principal fonte de n-alcanos para a região é aquela provinda de plantas vasculares. Mudanças na importância desse aporte ocorreram devido a processos naturais (climáticos) e antrópicos (mudanças na cobertura vegetal devido às plantações de pinus, eucalipto e cocos). As concentrações de HPAs totais variaram de 1,98 e 43,1 ng g^-1 p.s., mostrando um baixo grau de contaminação na área de estudo. As fontes de HPAs são locais, como a utilização de embarcações de pesca com motor à diesel, avanço da urbanização e valorização do espaço. Apesar desses contribuintes antrópicos, o estuário do rio Itapicuru pode ser considerado um estuário tropical relativamente preservado.

A bacia Potiguar desperta grande interesse, tanto das empresas petrolíferas, quando do ambiente acadêmico devido a sua importância econômica e didática, pois há uma grande oportunidade no conhecimento da geologia do petróleo, visando uma melhor compreensão do sistema petrolífero e a busca por novas descorbertas. A complexidade da bacia Potiguar configurou um grande desafio para os grupos de pesquisa científica que através da utilização de software de modelagem de sistemas petrolíferos conseguiram identificar e analisar a sequência estratigráfica a partir de dados de poços, bibliográficos e carta estratigráfica gerando modelos 1D de soterramento e fluxo térmico que permitiram a interpretação geoquímica da rocha geradora (Formação Pendência – Barremiano/Neocomiano). Os modelos de soterramento 1D identificaram a complexidade da bacia Potiguar através da deposição das camadas das Formações Jandaíra, Açú, Alagamar e Pendência. Os modelos de fluxo térmico 1D mostraram que a Formação Pendência atingiu a temperatura de 80C durante o Cretáceo Superior Médio a aproximadamente 1800m

O sistema aquífero poroso-fissural subjacente a sub-bacia hidrográfica do Rio do Peixe é formado pelos sedimentos Tercio-Quartenários da Formação Capim Grosso e pelas rochas fraturadas dos terrenos metamórficos de médio a alto grau do Cinturão Salvador-Curaçá e do Bloco Gavião, de idade arqueana a proterozóica, situados na região sisaleira, nordeste da Bahia, abrangendo as sedes dos municípios de Capim Grosso, Quixabeira e Serrolândia. Os objetivos da pesquisa foram qualificar e classificar as águas subterrâneas, caracterizar o sistema aquífero e avaliar a vulnerabilidade do mesmo. Os dados utilizados foram obtidos do SIAGAS, de trabalhos pré-existentes e de levantamento geofísico de campo. Foram utilizadas 47 análises químicas dos íons principais: Ca2+, Mg2+, Na+, K+, Cl-, HCO3-, SO42-, NO3- e Fe total, além dos parâmetros: condutividade elétrica, pH, dureza total e sólidos totais dissolvidos (STD). Para caracterização da água utilizou-se o diagrama de SAR e o diagrama de Piper. Também foram utilizados dados de eletrorresistividade aparente obtidos de 40 sondagens elétricas verticais (SEVs), para caracterização do sistema aquífero e para obtenção de espessura do solo e profundidade do nível estático. A vulnerabilidade foi avaliada através do método MAIA, que foi pensado para expressar a vulnerabilidade intrínseca do aquífero. O conjunto de variáveis utilizadas se inter-relacionam para definir o grau de vulnerabilidade do aquífero. Os resultados obtidos mostram que as águas deste sistema aquífero são consideradas imprestáveis, devido aos altos teores de STD, obtidos das condutividades elétricas elevadas, dando a elas o caráter de muito mineralizadas. Também foram observadas anomalias de nitrato nas proximidades do município de Capim Grosso. A resposta geofísica apresentou um modelo geológico composto de um regolito, recobrindo a Formação Capim Grosso, com níveis argilosos, e um substrato ora fraturado/alterado, ora inalterado. A formação Capim Grosso representa o aquífero poroso enquanto as rochas cristalinas fraturadas/alteradas o aquífero fissural. A vulnerabilidade na maior parte da área apresentou um índice baixo, localmente foram mapeados índices médios e altos de vulnerabilidade.