PPGPS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE (PPGPS) INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR EM SAÚDE Telefone/Ramal: Não informado

Banca de DEFESA: MARIANNA SANTOS RODRIGUES

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : MARIANNA SANTOS RODRIGUES
DATA : 27/06/2022
HORA: 08:00
LOCAL: sala de video conferencia
TÍTULO:

Relação entre o estresse, fatores de personalidade e apoio social: um estudo comparativo entre pais de crianças e jovens com transtorno do espectro autista.


 


PALAVRAS-CHAVES:

estresse parental; autismo; traços de personalidade


PÁGINAS: 145
RESUMO:

O Transtorno do Espectro do Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por alterações na interação social, comunicação, e no comportamento, em diferentes graus de severidade. Lidar com o manejo das necessidades da criança com o diagnóstico de TEA exige habilidades e recursos dos membros da família que podem favorecer a uma sobrecarga e consequentemente o estresse parental. O estresse é desencadeado pelas percepções parentais que identificam os eventos enfrentados como acima da capacidade de enfrentamento. Essa sobrecarga pode desencadear a presença de sintomas de ansiedade e depressão, assim como problemas de saúde física. O objetivo do estudo foi avaliar a relação dos traços de personalidade, estratégias de enfrentamento e apoio social com o nível de estresse, sintomas de ansiedade, depressão em pais de crianças e jovens, com diagnóstico de TEA. Este manuscrito apresenta os resultados da pesquisa realizada, como requisito para obtenção do título de Mestre em Psicologia da Saúde do Programa de Mestrado Profissional em Psicologia da Saúde (UFBA). Está organizado em três artigos independentes. O primeiro estudo investigou as evidências apresentadas pela literatura sobre como os traços de personalidade influenciam no estresse e no coping de mães de indivíduos com TEA. O método utilizado foi a revisão sistemática da literatura, realizada nas bases de dados: Portal BVS-Psi, Scielo, PubMed e Medline, entre 2009-2019. As principais evidências apontam que alto nível de estresse é presente em mães com filhos com autismo, em 90% dos estudos. A avaliação dos traços de personalidade foi pouco expressiva, com 15% das pesquisas, porém demonstrando que o estresse materno tem relação com traços da personalidade, com atenção ao neuroticismo e à extroversão. O segundo e o terceiro artigo apresentam os resultados da pesquisa com delineamento quantitativo, transversal. Participaram 346 participantes, idade média de 37 anos (dp = 6,48), em que 93,6% (324) são mães e 6,4% (22) são pais, das cinco regiões do Brasil. A pesquisa teve como procedimento coleta de dados on-line, por meio da plataforma Redcap. Para participar da pesquisa todos concordaram com os aspectos éticos descritos no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O estudo 2 o objetivo foi avaliar o estado emocional (estresse, ansiedade e depressão) e comparação de grupos entre pais de crianças e pais de jovens, com TEA. Os pais foram divididos em três grupos a partir da idade dos filhos: G1 de 0-5 anos (M 3,64 anos / dp 1,07), G2 de 6-11 anos (M 8,0 / dp 1,61) e G3 acima de 12 anos (M 16,30 / dp 5,2). A análise de dados foi constituída de  análise descritiva, testes de correlação de Spearman, testes de Kruskal-Wallis e pós hoc Teste de Dunn, e análise de regressão múltipla. Os resultados apontam sintomas de níveis moderados a muito severos, de estresse em  48% (n=149), de ansiedade em 50% (n=156) e de depressão em 46% (n=144) dos participantes. A análise de comparação de grupos por fase de desenvolvimento apontou diferenças em variáveis de Estresse: Restrição de comportamento no G3 (p<0,010) e Incapacidade do Filho, no G1 (p<0,001). Na avaliação de comportamentos, com a escala ABC, apresentaram diferenças quanto a Fala Inapropriada no G2 e no G3 (em ambos, p<0,001),  e quanto a Letargia a diferença foi apontada no G3 (p<0,003). A idade e o comportamento dos filhos compõem um modelo preditor de estresse, para este estudo (R²=0,33; p<0,000).  Maior resposta de estresse foi observada em pais de crianças menores e de jovens. O estresse também teve como preditor de maior força as alterações do comportamento. O que implica que mais atenção deve ser dada aos estados emocionais dos pais, considerando a percepção de gravidade do comportamento de TEA e a fase de desenvolvimento do filho. O estudo 3, avaliou a interação do estresse relacionado a ter um filho com TEA, com o sofrimento psicológico, tipos de enfrentamento e traços de personalidades dos pais. A análise de dados foi constituída de testes de correlação de Spearman, análise de regressão múltipla e mediação. As correlações entre estresse e estratégias de coping: confronto, afastamento, autocontrole, fuga e reavaliação positiva foram fracas a moderadas variando entre  rhô de 0,20 a 0,30; p<0,001,  Para as correlações entre os traços de personalidade com o estresse, a ansiedade e a depressão, observa-se o Neuroticismo que apresentou correlações positivas: Estresse (ρ = 0,36 p<0,001), Depressão (ρ= 0,50 p<0,001), e Ansiedade (ρ 0,38 p<0,001).  Enquanto que a Conscienciosidade apresentou correlações negativas: Estresse (QE-PTD) (ρ= -0,33 p<0,001), Ansiedade (ρ= -0,17 p<0,001) e Depressão (ρ= -0,38 p<0,001). Na análise de regressão, as estratégias de Fuga, Confronto e Reavaliação Positiva (R² = 0,16 p<0,000) e o Neuroticismo (R² = 0,15 p<0,000), como preditores de estresse específico. Na análise de mediação, os efeitos indiretos do Neuroticismo foram observados nas relações de estresse/depressão [b = 0,3242 (95% BCa IC = 0,20; 0,45)] e estresse/ansiedade [b = 0,2269 (95% BCa IC = 0,1155; 0,3567)]. Os resultados do estudos demonstram que as estratégias de enfrentamento focada no problema e o traço Neuroticismo são variáveis que influenciam nos estados emocionais (estresse, ansiedade e depressão) de pais com filhos com TEA. O trabalho apresenta um modelo com variáveis individuais que favorece a compreensão da relação de estresse e coping em famílias, no contexto do TEA. A detecção precoce de alterações comportamentais, estados emocionais, estratégias de enfrentamento e traços de personalidade, é um diferencial no atendimento e cuidado a família com TEA. Pode-se propor intervenções mais eficientes com relação ao tipo e qualidade do atendimento, no manejo eventos estressores.


MEMBROS DA BANCA:
Interna - 1878474 - EDI CRISTINA MANFROI
Interna - 319.229.558-92 - GABRIELA ANDRADE DA SILVA - UFSB
Externo à Instituição - MAYCOLN LEÔNI MARTINS TEODORO - UFMG
Presidente - 1552649 - PATRICIA MARTINS DE FREITAS
Notícia cadastrada em: 15/06/2022 09:54
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