ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO INTENSIVISTA NOS CUIDADOS PALIATIVOS NEONATAIS: ELABORAÇÃO DE PROTOCOLO
Cuidados Paliativos; Psicologia Hospitalar; Unidades de Terapia Intensiva; Neonatologia.
Esta dissertação divide-se em dois artigos que tiveram como eixo central a atuação do psicólogo intensivista em cuidados paliativos neonatais. Na abordagem aos cuidados paliativos é frequente sua associação com o estágio de terminalidade, sobretudo ao se tratar de pacientes oncológicos ou do público idoso. No entanto, os cuidados paliativos são aplicáveis em qualquer período do ciclo vital, a partir do diagnóstico de patologias incompatíveis com a vida e com pouca resposta aos tratamentos curativos, inclusive nos neonatos. Assim, objetivou-se analisar a prática da psicologia intensivista em cuidados paliativos neonatais e elaborar um protocolo que pudesse nortear a atenção psicológica aos recém-nascidos e familiares, contribuindo com a melhoria da assistência no sistema único de saúde. Utilizou-se a metodologia qualitativa, com o desenho pesquisa de natureza interventiva, do tipo pesquisa & desenvolvimento. Para o tratamento dos dados, obtidos por meio de entrevista individual semiestruturada, utilizou-se a análise de conteúdo. Participaram da amostra cinco psicólogos hospitalares com experiência em unidade de terapia intensiva neonatal. Os locais onde a pesquisa foi realizada são dois hospitais públicos de um município de médio porte da região nordeste, com 10 leitos em cada uti neonatal vinculada ao sus. O primeiro artigo analisa e descreve a atuação do psicólogo hospitalar nos cuidados paliativos neste contexto, obtendo três categorias temáticas a partir da análise dos dados: os desafios da abordagem dos cuidados paliativos na uti neonatal; atuação da psicologia em cuidados paliativos junto à equipe multiprofissional; e, intervenções da psicologia junto à família e ao bebê em cuidados paliativos. Observou-se que pouco são abordados os cuidados paliativos neonatais, levando muitas vezes à sua adoção tardia. O segundo texto foi composto pelo processo de elaboração do protocolo com base na literatura e entrevistas coletadas, sugerindo as seguintes estratégias para atuação: avaliação dos critérios de cuidados paliativos; dados sobre gestação e parto; informações sobre diagnóstico, tratamento e prognóstico; interação com a equipe e vinculação com a família; identificação das reações emocionais da mãe; e o desenvolvimento de intervenções psicológicas. Conclui-se que analisar a prática do psicólogo neste campo e propor um protocolo para atuação contribui com o seu fazer, favorece a humanização do cuidado e possibilita maior visibilidade dos cuidados paliativos neonatais no sus. Ressalta-se a importância do instrumento não ser utilizado de forma tecnicista, pois sua potência está em ofertar possíveis caminhos para que pacientes e familiares vivenciem sua dor de forma respeitosa e com dignidade.