TERAPIA CENTRADA EM PESSOAS COM PROBLEMAS DE IMAGEM CORPORAL E AUTOESTIMA: PESQUISA-AÇÃO
Aconselhamento; Autoestima; Autoimagem; Corpo; Pesquisa-ação; Versão de Sentido
A clínica humanista rogeriana traz o conceito de aconselhamento psicológico não diretivo como uma experiência subjetiva para todos que estejam envolvidos na relação terapêutica. Com base nas seis condições necessárias e suficientes para a mudança terapêutica de personalidade e nas doze fases características do processo terapêutico, ambos postulados por Carl Rogers, esta pesquisa, de delineamento qualitativo, teve como objetivo principal, através do método de pesquisa-ação, desenvolver uma prática de intervenção centrada na pessoa que proporcionasse mudanças de autoimagem corporal e autoestima. Para isso, foram realizados atendimentos psicoterapêuticos online. A busca dos participantes envolveu: 1) leitura de prontuários previamente cadastrados no Serviço de Psicologia Aplicada da UFBA, 2) seleção de prontuários com queixas relacionadas a insatisfação corporal e baixa autoestima e, 3) contato com os participantes e esclarecimento da proposta. A modalidade online foi definida como forma principal de intervenção por conta do momento de pandemia e isolamento social ocorrido entre 2020-2021. A clínica de Rogers tem como característica o atendimento ao público jovem-adulto, por isso os participantes, de ambos os sexos, necessariamente, deveriam ter treze anos ou mais, e terem necessariamente queixas relacionadas à insatisfação corporal. Foram realizados cinco atendimentos por cliente, com a possibilidade de mais cinco, caso fosse necessário. Ao final de cada atendimento houve um registro clínico descritivo das sessões e da evolução do cliente com a utilização do instrumento de Versão de Sentido (VS). Após realização de todos os atendimentos e da entrevista final, a partir do uso da análise fenomenológica empírica, foram definidas e discutidas quatro categorias de falas: 1- Fatores que levaram à busca por ajuda psicológica; 2- Significação negativa da experiência corporal; 3- Significação real da experiência de autoestima em relação ao corpo; 4- Efeitos do processo terapêutico em termos de mudança de atitudes com relação a percepção de si e de autocuidado. A partir da análise das respostas desenvolvidas pela entrevista semiestruturada é possível perceber que o método não-diretivo utilizando referencial rogeriano seja suficiente para dar conta da demanda sugerida. Além disso, ficou claro que as seis condições são necessárias e suficientes para realizar e desenvolver um processo terapêutico de contato e modificação de percepção de demandas relacionadas a problemas de imagem corporal e baixa autoestima e as doze fases características da relação terapêutica bem visíveis durante os processos.