Xs donxs da história: Discentes da EJA como sujeitos escritores.
Letramento de Reexistência, Escrevivência, EJA, Relações Raciais
A comunicação diz respeiro ao projeto de pesquisa em andamento, denominado Xs donxs da história: Discentes da EJA como sujeitos escritores. Ele está sendo desenvolvido no âmbito do Programa de Mestrado Profissional em Letras – PROFLETRAS –, da Universidade Federal da Bahia – UFBA -, e tem como centralidade o ensino de língua portuguesa sob a perspectiva da implementação da Lei 10639/03, que institui o ensino da história e cultura afro-brasileiro como forma de ressignificação e valorização cultural das matrizes africanas com o objetivo de promover atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos em uma perspecyiva antirracista. A pesquisa que comporta um projeto de letramento parte da análise de contos de Conceição Evaristo no livro Olhos d’água (2018), com vistas a descortinar os preconceitos, racismo e sexismo ainda vigentes na sociedade brasileira, principalmente contra as mulheres e mulheres negras e, a partir desse percurso pretende incentivar a escrita autoral de textos de alunas e alunos de uma sala de Educação de Jovens e Adultos - EJA -, no município de Dias d’Ávila – região metropolitana de Salvador. O estudo leva em consideração as diversas experiências e os diversos letramentos de cada estudante participante e tem como finalidade oferecer elementos para que haja reflexão e análise crítica que das condição de subalternidade a que grande parte da população de Salvador ainda está submetida. A aposta está que na interação em sala de aula se possa construir outros mundos. A pesquisa está ancorada nos aportes teóricos e conceituais: em novos estudos dos letramentos, Street (2014), Kleiman (2005), Souza (2011) Marcuschi (2003); nos aspectos ligados à cultura, gênero e relações raciais, Sueli Carneiro (2011), Djamila Ribeiro (2018), Ana Célia Silva (2004), e sobre a EJA, Arroyo (2005). A pesquisa de cunho etnográfica permite fazer imergir no cotidiano da escola, na sala de aula, nas vivências dos estudantes, as reflexões sobre o contexto em que se dão eventos e práticas de letramentos situadas, bem como suas implicações cotidianas para as questões de gênero e raça na sociedade atual. Espera-se que ao final o projeto de letramento possamos descortinar o papel individual e coletivo dos sujeitos de modo a tornar cada um e cada uma donx de sua própria história e, dessa forma, as aulas de língua portuguesa em EJA possam ser o lugar de acolhimento, o lugar do sentir-se bem tendo a trajetória dxs estudantes da EJA como fundamental para se pensar o processo ensino e aprendizagem.