APLICAÇÃO DO SENSORIAMENTO REMOTO NAS ESTIMATIVAS DAS DEMANDAS HÍDRICAS DA SOJA E DOS CONSUMOS DE ÁGUA NOS PIVÔS CENTRAIS
NDVI, Coeficiente da cultura, Consumo de água, Irrigação, Pivôs centrais
No Brasil é histórico o monitoramento das vazões dos rios, há um relativo conhecimento das disponibilidades hídricas, entretanto o conhecimento das retiradas de água é invulgar. É fundamental conciliar a gestão da oferta com a gestão da demanda para garantir o acesso à água, principalmente em regiões de conflitos pelo uso da água. Na região de Cerrado no oeste baiano, a irrigação pelo método por pivôs centrais é o mais utilizado e exerce papel fundamental na produção de alimentos e no desenvolvimento socioeconômico. Nessa última década, houve um aumento expressivo na área irrigada e na diminuição da disponibilidade hídrica; assim, o conhecimento da vazão demandada para irrigação é essencial para o gerenciamento e o crescimento sustentável da agricultura irrigada. Nesse sentido, o objetivo geral desta dissertação é propor uma metodologia para estimar o consumo de água nos pivôs centrais a partir do NDVI e do balanço agroclimático. O modelo utiliza dados de estação meteorológica para obter a evapotranspiração de referência (ETo), e do NDVI para calcular o coeficiente da cultura (NDVI). Para validação do método, foram comparados os resultados das evapotranspirações potenciais da cultura (ETp) e das lâminas de irrigação, calculados por sensoriamento remoto, com os dos Relatórios de Manejo da Irrigação de 12 pivôs centrais, da fazenda SAMA em Luís Eduardo Magalhães, durante as safras de soja de 2018 a 2020. A partir de 10 equações, escolheu-se a equação proposta por (RAFN, CONTOR e AMES, 2008) que mais se ajustou para o cálculo da demanda hídrica da soja, não havendo diferença estatística para α = 0,05. Na estimação do volume de água utilizada na irrigação a metodologia mostrou-se eficaz para α = 0,01. Foi possível estabelecer os coeficientes da cultura por sensoriamento remoto, com Kc inicial de 0,37, Kc na fase de desenvolvimento de 0,68, Kc na fase crítica de 1,09 e Kc na fase de maturação de 0,68. O volume médio, nas três safras, do consumo de água na irrigação da soja foi de 2.545.410 m³, calculado por sensoriamento remoto, sendo 2.317.525 m³ o constante nos Relatórios. A metodologia proposta apresenta-se como uma ferramenta adequada para subsidiar a Gestão da Demanda, a fim de proporcionar certa segurança hídrica na produção de alimentos, geração de renda e empregos e mitigar o risco de conflitos pelo uso da água.