ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO E INTRODUÇÃO PRECOCE DE AÇÚCAR AOS SEIS MESES DE VIDA: UMA COORTE DE NASCIMENTO NO SUDOESTE DA BAHIA
Aleitamento materno; Análise de sobrevida; Açúcares
Este trabalho objetivou identificar a incidência de aleitamento materno exclusivo aos seis meses e os fatores de risco para a sua interrupção, além de verificar a prevalência e os fatores associados a introdução de açúcar, em lactentes aos seis meses de vida. Foi realizado um estudo de coorte prospectivo, no município de Vitória da Conquista, Bahia, incluindo 300 pares de mãe-bebê, os quais foram recrutados nas quatro maternidades do município, compondo a linha de base da coorte, e acompanhados em visitas domiciliares aos 30 dias e aos 6 meses de vida. A coleta de dados se deu por meio de questionários digitalizados em todas as etapas. Para avaliar a incidência e a duração do Aleitamento Materno Exclusivo, utilizou-se a análise de sobrevida pelo método Kaplan-Meier e para verificar os fatores de risco para a interrupção da amamentação exclusiva, empregou-se a análise regressão de Cox. Para o estudo do consumo de açúcar utilizou-se dados de 292 pares de mãe e bebê e com o objetivo de avaliar os fatores associados a introdução do açúcar realizou-se a regressão de Poisson com variância robusta. As análises foram realizadas no software STATA 14.0. A incidência da amamentação exclusiva aos 6 meses foi de 16%. Os fatores de risco para esta interrupção foram: problemas com amamentação aos 30 dias (HR: 1,39, IC:1,08-1,79) e uso de chupeta até o sexto mês de vida (HR: 1,44, IC:1,11-1,86). Foram fatores de proteção: idade paterna ≥ 20 e < 35 anos (HR: 0,25; IC: 0,10-0,64) e aqueles com idade superior a 35 anos (HR: 0,21; IC: 0,08-0,53); escolaridade materna ≥ 12 anos (HR: 0,59; IC: 0,37-0,94). Em relação a introdução do açúcar, a prevalência aos 6 meses foi de 31% e mostraram-se associados a introdução: o consumo de leite de vaca (RP: 2,14; IC: 1,20-3,83), uso de engrossante (RP: 2,01; IC: 1,16-3,49) e ingestão de chá (RP: 2,03; IC: 1,18-3,48). Foram fatores de proteção, filhos de pai com idade ≥ 20 e < 35 anos e aqueles com idade superior a 35 anos, (RP: 0,25, IC95%: 0,10-0,64) e (RP:0,42, IC95%: 0,26-0,67), respectivamente e escolaridade paterna ≥ 12 anos (RP: 0,39; IC:0,18-0,84), de 9 a 11 anos (RP:0,44; IC: 0,32-0,62) e de 5 a 8 anos de estudo (RP:0,51; IC: 0,34-0,75). Os achados desse estudo evidenciam que a prática da amamentação exclusiva nesse município ainda encontra-se abaixo das recomendações, fatores pouco investigados na literatura como a maior idade paterna mostrou-se favorável a prática do AME. Com relação ao consumo de açúcar, a introdução de alimentos não recomendados no início da vida esteve associado a maior ingestão de açúcar, além disso variáveis paternas também estiveram negativamente associadas ao consumo de sacarose. Os resultados também apontam que estratégias devem ser adotadas para minimizar o uso de chupeta e os problemas com amamentação.