ABORDAGEM EPIDEMIOLÓGICA DO ABORTO ESPONTÂNEO EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA DO SUDOESTE DA BAHIA
Aborto Espontâneo; Epidemiologia; Molicutes; Prevenção primária
Introdução:Abortos espontâneos são adversidades mais comuns da gravidez, ocorre em cerca de 15 a 20% das gestações. Está entre as principais causas de morbimortalidade materna, sendo mais agravante nos países em desenvolvimento como é o caso do Brasil. O aborto espontâneo apresenta origem multifatorial, que varia desde fatores genéticos até fatores adquiridos, ambientais e infecciosos. Mollicutes constituem uma classe de bactérias, que podem ser encontradas na microbiota genital feminina, vem sendo estudado como possíveis causadores das adversidades gestacionais. Objetivo: Realizar análise epidemiológica de mulheres atendidas em abortamento espontâneo com colonização placentária por Mollicutes em uma maternidade pública no sudoeste da Bahia. Métodos: Foi utilizado delineamento de estudo transversal, com participação de 89 mulheres que sofreram aborto espontâneo e foram atendidas no Hospital Municipal Esaú Matos no período de Julho de 2017 a Agosto de 2018. Foi realizado pesquisa documental em prontuário, entrevista por meio de questionário, que objetivou identificar o perfil epidemiológico das pacientes estudadas, foram coletados amostras biológicas de tecido placentário para análise e detecção de Mollicutes por reação de cadeia em polimerase. Foram realizadas análise descritiva, análise de associação univariada por meio do pacote estatístico EPI INFO (versão 7.2) e análise multivariada por meio do SPSS versão 22.0. Resultados: Das 89 participantes do estudo,73,0% tiveram amostra positiva para colonização placentária por Mollicutes,58,5% das mulheres tinham idade de até 29 anos, 64,8% tinham mais que 7 anos de estudo, a idade gestacional foi em média de 12 semanas. A análise univariada, apontou maior chance de colonização placentária por Mollicutes, para mulheres com idade até 29 anos, que tiveram menarca com até 13 anos, tiveram até duas gestações e mulheres com até um filho vivo, no modelo final, a colonização placentária por Mollicutes foi associada de maneira independente com as variáveis idade (OR=7,55; IC: 2,37-24,03) e menarca (OR=3,43; IC: 1,03-11,44). Conclusões:Os achados do presente estudo indicam uma necessidade de acompanhar de forma mais incisiva mulheres mais jovens, para isso, são necessários maiores investimentos na atenção primária a saúde. Conhecer o perfil epidemiológico de mulheres em abortamento espontâneo com colonização placentária por Mollicutes, pode contribuir para o desenvolvimento de mais estudos e fomentar a elaboração de políticas públicas, com ênfase no rastreamento para colonização genital por Mollicutes, de população de alto risco e redução da taxa de aborto espontâneo.