ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA PREVENÇÃO, CONTROLE E ASSISTÊNCIA ÀS ARBOVIROSES
Atenção Primária à Saúde; Arboviroses; Sistema Único de Saúde (SUS); Agente Comunitário de Saúde; Agente de Combate às Endemias.
A presente dissertação teve por objetivo analisar o trabalho desenvolvido pela Estratégia Saúde da Família para a prevenção e controle das arboviroses, bem como para o desenvolvimento de ações assistenciais às pessoas acometidas por Dengue, Zika e Chikungunya. Trata-se de uma pesquisa qualitativa desenvolvida no município de Vitória da Conquista, a partir de 22 entrevistas semiestruturadas, observação participante nos territórios e análise documental. O referencial teórico-metodológico fundamentou-se em matrizes analíticas desenvolvidas a partir dos constructos do Sistema Único de Saúde (SUS), da Vigilância à Saúde e das ações e políticas para a atenção e prevenção das arboviroses na Atenção Primária à Saúde (APS). Os resultados e a discussão foram apresentados por meio de dois artigos científicos. O primeiro artigo teve como objetivo analisar a atuação da Estratégia Saúde da Família (ESF) na atenção e prevenção às arboviroses em áreas de elevado risco de infecção. Os resultados demonstraram limitações às ações assistenciais sob a influência da sobrecarga de atividades e do modelo de atenção adotado. Predominaram práticas educativas conteudistas e verticalizadas, com estratégias de mobilização comunitária campanhista e higienista. Ações de vigilância e controle não foram assumidas rotineiramente pelas equipes estudadas. O segundo artigo objetivou analisar a atuação e a articulação do trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE) na prevenção e controle das arboviroses. Os resultados evidenciaram que ACS e ACE apresentam atuação fragmentada e desarticulada. Identificou-se uma clara distinção de atribuições entre os agentes. A atuação do ACE caracteriza-se pelo controle químico dos vetores. Os ACS não se sentem responsáveis pela vigilância ativa das arboviroses. Evidenciou-se frágil coordenação para o trabalho colaborativo. Não há mecanismos regulares para a atuação coordenada ou compartilhamento de informações e de tarefas. As relações dos agentes com a comunidade são marcadas por contextos de desconfiança e diminuta mobilização comunitária. Foram identificadas fragilidades no processo formativo e ausência de uma política de educação permanente. O estudo identificou consistentes limitações da ESF na prevenção, controle e assistência das arboviroses. É necessário que a ESF exerça maior protagonismo na vigilância dos territórios e assuma efetiva responsabilidade sobre a situação da dengue, zika e chikungunya. Sugere-se a necessidade de aprimoramento dos mecanismos de governança e do fortalecimento das estratégias de mobilização comunitária.