Enfrentamento à violência escolar e o estudante com deficiência na perspectiva da educação inclusiva
Pessoa com deficiência. Política pública. Bullying. Violência escolar.
O presente estudo analisou o projeto de enfrentamento ao bullying no âmbito escolar e a percepção dos estudantes com deficiência na perspectiva da educação inclusiva na Bahia em 2019. Este estudo foi exploratório de abordagem qualitativa através da análise do Projeto “#SejaBrother – Juntos contra o Bullying” do Ministério Público do Estado da Bahia para avaliar sua repercussão e resultados junto a estudantes com deficiência, inseridos em escolas de oferta de ensino regular da rede pública e privada do Município de Salvador. Foram entrevistados de forma online seis estudantes e seus pais que participaram do projeto em 2019, denominado “I Fórum Estudantil Pela Cultura da Paz”. O estudo revelou percepções singulares dos estudantes com deficiência quando inseridos em projeto de educação em perspectiva inclusiva e a necessidade de adaptações do projeto e da abordagem escolar para alcance efetivo deste segmento. A maioria reconhece as diversas ações violentas como prática deste fenômeno e chamou a atenção a prática de bullying não somente no espaço escolar, mas, até superior, no entorno familiar e vizinhança. Além disso, a escola regular não tem sido locus privilegiado de disseminação das práticas anti-bullying. Entre os aspectos para melhoria do programa sugere-se maior atenção dirigida as pessoas com deficiência no decorrer das discussões, maior participação da família em seu processo e envolvimento de escolas regulares, com ações sistemáticas. É preciso uma reformulação de políticas públicas educacionais que efetivamente garantam a participação de todos os estudantes e a integração de órgãos de defesa da criança e do adolescente, partindo-se da realização de pesquisas que considerem os estudantes com deficiência como público regular da educação. É necessário mudar paradigmas, reconhecer a violência, compreender os processos de aprendizagem da pessoa com deficiência e, sobretudo, insistir na educação como base para retomar o humano que existe dentre de cada um.