Dinâmicas transnacionais antigênero: uma análise da Declaração do Consenso de Genebra
Declaração do Consenso de Genebra; direitos sexuais e reprodutivos; movimentos antigênero; “ideologia de gênero”; aborto; “família natural”.
A Declaração do Consenso de Genebra sobre Promoção da Saúde da Mulher e Fortalecimento da Família foi firmada em 2020, por trinta e dois países, com o intuito, segundo seus arquitetos, de defender a saúde das mulheres, proteger a vida em todos os estágios, garantir o direito soberano de cada nação de fazer suas próprias leis e promover o fortalecimento da família. A presente pesquisa objetiva analisar o Consenso de Genebra, compreendendo o processo de formação, articulação e formalização da coalizão oriunda do documento. Para realizar essa pesquisa, faço uso da metodologia bibliográfica e documental, utilizando como técnica qualitativa a análise do discurso. Assim, inicio o trabalho mapeando os principais avanços normativos no Sistema das Nações Unidas acerca dos direitos sexuais e reprodutivos e as disputas que se formaram em torno desses direitos, tendo como marco inicial a Conferência do Cairo (1994). Em seguida, analiso os movimentos antigênero que se consolidaram nas duas últimas décadas, com foco no seu surgimento, nas práticas discursivas e políticas de ação sustentadas. Ainda, examino a DCG, por meio do texto documental e dos discursos e interesses defendidos pelos signatários. Concluo que a DCG é uma “costura normativa” que materializa uma política antigênero, através da construção de um bloco transnacional que disputa a narrativa de direitos humanos.