NARRATIVAS DE EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL DE PROFESSORES COM ENFOQUE NOS PROJETOS AMBIENTAIS: AUTONOMIA NO COTIDIANO ESCOLAR
Educação Ambiental. Autonomia. Experiência profissional. Narrativa. Projetos
Com o objetivo de compreender como a Educação Ambiental é vivenciada em uma escola pública, tendo como base a execução de trabalhos com programas e projetos ambientais, as experiências dos professores nos revelaram sobre a mobilização de saberes e de práticas vivenciadas no exercício profissional, na perspectiva de implementar a educação ambiental no contexto escolar, fomos instigados a compreender e identificar as táticas e os modos de fazer utilizados pelos professores para burlar a prescrição curricular, de modo a (re)inventar os projetos de Educação Ambiental. O estudo fundamenta-se na pesquisa qualitativa na modalidade das narrativas, que considera as experiências profissionais sobre o meio ambiente. Os professores selecionados para participar da pesquisa atuam em uma escola da rede estadual de Vitória da Conquista, no estado da Bahia. O percurso metodológico utilizado para produção dos dados foi o método narrativo, em que utilizamos um questionário para traçar o perfil do grupo pesquisado e entrevistas narrativas para obter as informações. Também fizemos discussões sobre alguns projetos de educação ambiental escolar em edições da Revista Eletrônica de Educação Ambiental (REMEA) e da Revista de Pesquisa em Educação Ambiental (RPEA). Como fundamentação teórica e metodológica, realizamos um diálogo, principalmente com Paulo Freire, Michel de Certeau e José Contreras. As narrativas revelam as experiências dos professores com os projetos ambientais, como lidam com as propostas de educação ambiental que chegam à escola e as suas (re)invenções. Assim, o nosso foco incide no modo como os professores realizam, modificam, criam e reinventam os projetos desenvolvidos na escola como forma de resistência para torná-los contextualizados. Dessa forma, a análise das narrativas indica que os professores tiveram contato com os temas ambientais através dos conteúdos abordados na sala de aula, na graduação e na experiência de vida. Sendo que, a formação para desenvolver os projetos aconteceu na formação inicial, nos cursos de formação continuada e em serviço. Identificamos as concepções humanista, conservacionista/recursista e moral/ética nos entendimentos dos professores sobre meio ambiente e se estende à educação ambiental presente nos projetos desenvolvidos. Os alunos se envolveram com os projetos, agindo como multiplicadores de bons hábitos e costumes na família. Constata-se duas maneiras como os professores lidam com a EA: (a) com autonomia, se propondo a fazer diferente ao que foi proposto e/ou (b) com subordinação às avaliações externas. Entretanto, a trajetória profissional, a prática com os projetos e a reflexão na ação, permitiram os professores desenvolverem o saber ambiental para ousar e criar “táticas” para tornar as propostas dos projetos mais próximas da realidade. É importante considerar a força do professor autônomo capaz de fazer escolhas, comprometido com as transformações da realidade cotidiana, uma vez que o professor, como materializador curricular nos seus contextos escolares, tem na educação ambiental crítica, um instrumento de vigilância, resistência e de libertação.