A formação de professores de ciências com foco no diálogo com os conhecimentos bíblicos: limites e possibilidades.
Conhecimento científico, conhecimento bíblico, diálogo intercultural, Formação de professores de ciências.
O presente trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa que teve por objetivo geral investigar os limites e possibilidades que podemos estabelecer em um curso de formação continuada de professores de ciências tendo como foco o diálogo entre os conhecimentos científicos e bíblicos. Três artigos foram propostos, cada um visando alcançar um dos objetivos específicos que são: 1. contextualizar brevemente a natureza do conhecimento científico e o conhecimento bíblico, enfatizando a importância do diálogo na formação de professores para o ensino de ciências intercultural; 2. interpretar as relações que são apresentadas por professores de ciências entre os conhecimentos etnobiológicas presentes na bíblia e os científicos. Com base nisto, apontar implicações e proposições para o ensino de ciências que seja sensível a diversidade cultural, isto é, que respeita e considera a diversidade cultural, incluindo aí o cristianismo; 3. avaliar recursos e sequências didáticas produzidos como trabalho final de um curso de formação de professores de ciências sensível à diversidade cultural afim de perceber se há indícios de abertura para o diálogo entre conhecimento científico e conhecimentos bíblicos nos materiais produzidos. Os dados foram coletados durante o desenvolvimento de um componente optativo do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (UFBA/UEFS), tendo como principais referenciais teóricos de análise o construtivismo contextual, o pluralismo epistemológico e diálogo intercultural. Consideramos que ocorrem limites relacionados à aplicação de um curso de formação de professores que promova a inclusão dos conhecimentos bíblicos para o diálogo intercultural nas salas de aula de ciências, pois existem barreiras importantes que influenciam o saber e o fazer pedagógico, a dimensão teoria e prática. São barreiras que podem estar relacionadas à formação inicial dos professores de ciências e às visões de mundo desses profissionais. Apontamos como grande desafio a continuidade de novos estudos no que tange à elaboração e promoção de cursos de formação de professores que visem combater o cientificismo, considerando que as sociedades atuais são genuinamente plurais, incluindo os contextos das salas de aula, nas quais diversos modos de conhecer estão presentes e podem coexistir, incluindo aí os conhecimentos bíblicos, bem como aqueles provenientes de outras religiões além do cristianismo. Defendemos que o professor de ciências precisa reconhecer a diversidade de saberes presentes nas salas de aula e buscar investigar e compreender esses saberes para a inclusão no diálogo que possa estabelecer com a ciência.