HISTÓRIAS DE VIDA: EXPERIÊNCIAS, MEMÓRIA E VOZ DE TRÊS PROFESSORAS, PIONEIRAS NO CURSO DE BIOLOGIA DA UEFS.
Oralidade, Narrativa e gênero
Esta tese parte das inquietações diante da longa trajetória de dominação do espaço científico pelo homem, branco, cisgênero, heterossexual e as consequências acometidas, ainda hoje, por este processo, como a presença majoritária da figura masculina na História da Ciência, tanto como narradores, quanto personagens das histórias narradas. E nesse sentido, se constitui da necessidade de fortalecer narrativas de grupos que foram historicamente silenciados e desautorizados, no sentido epistêmico, como as mulheres. O trabalho se constitui na elaboração de documentos textuais, que revelam a trajetória, nas Ciências Biológicas, de três professoras pioneiras do Curso de Biologia da Universidade Estadual de Feira de Santana- UEFS. Corroborando com a rede de divulgação e visibilidade das histórias de mulheres na Ciência, através de narrativas relacionadas com o ato de partilhar mecanismos de resistência e colocar em evidência seus legados, lutas e enfretamentos ao sexismo, que tende a ser invisibilizados ao longo do processo histórico do curso e da universidade. Portanto, foram construídos textos, a partir de informações coletadas durante as entrevistas, que apresentam informações sobre a inserção das professoras na Biologia e suas contribuições na produção intelectual, assim como na administração de diversos setores da UEFS, desde seu nascedouro, tendo como suporte teórico/metodológico a História Oral e os procedimentos propostos por Meihy (2005) e Meihy e Holanda (2011). Após a construção dos documentos textuais, foi produzida a segunda parte da tese, onde busquei nas narrativas das professoras as características comuns e o conjunto de questões uniformes que atravessam suas histórias, por meio de uma análise coletiva de suas vidas, tendo como suporte metodológico a Prosopografia Sociológica ou Biografia Coletiva inspirado em (STONE, 2011). Com isso, foi colocado em discussão os imperativos que as motivaram e as conduziram para a biologia, assim como o contexto da formação acadêmica e a trajetória de pioneirismo no curso de biologia da UEFS. Para a interpretação e análise das histórias, me apoio em (MELO, 2009) que indica o olhar para as narrativas das professoras pensando também nas possíveis ferramentas de poder, implícitas em suas falas, que as moldam e apoiam seus discursos. Por esse caminho, é posto em discussão os enfrentamentos de gênero vivenciados pelas três educadoras, em diálogo com a literatura que favorece a análises de estruturas históricas que ainda perpassam a vida das mulheres na Ciência, como naturalizações das relações hierárquicas masculinas.