O treino intervalado de alta intensidade (HIIT) é mais eficaz do que exercícios aeróbicos contínuos em reduzir marcadores da resposta imune inata em ratas com nefrotoxicidade induzida por cisplatina.
Nefrotoxicidade, cisplatina, exercício físico, HIIT
A cisplatina (CP) é um quimioterápico amplamente utilizado para o tratamento de diversos tipos de tumores sólidos, contudo os esquemas terapêuticos envolvendo esta droga são frequentemente associados a vários efeitos adversos, principalmente à nefrotoxicidade. Alguns estudos têm demonstrado efeitos protetores do exercício físico aeróbico sobre a injúria renal aguda (IRA), contudo os mecanismos subjacentes a tais efeitos ainda não são totalmente conhecidos. Ademais, ainda não se sabe qual intensidade de exercício aeróbico é mais eficaz em conferir renoproteção, sobretudo em indivíduos do sexo feminino. Assim, o objetivo deste estudo foi comparar os impactos dos pré-condicionamentos com o treino intervalado de alta intensidade (HIIT) e treinos contínuos de intensidades leve (TL) e moderada (TM) sobre marcadores de imunidade inata em ratas com IRA induzida por CP. Para isso, 40 ratas wistar foram selecionadas e divididas em 5 grupos experimentais (n=8): controle salino e sedentário (C+S); cisplatina e sedentário (CP+S); cisplatina e submetido ao treino leve (CP+LIT); cisplatina e submetido ao treino moderado (CP+TM) e cisplatina submetido ao HIIT (CP+HIIT). A intensidade do treinamento foi determinada por um teste de corrida máxima. Ao final dos protocolos de treinamento, a IRA foi induzida por meio de uma dose única de CP (5 mg/kg, i.p), e 7 dias depois de receberem a injeção as ratas foram eutanasiadas. Foram avaliados parâmetros de função renal (creatinina sérica, taxa de filtração glomerular [TFG], fluxo urinário e proteinúria), estrutura renal, infiltração tecidual de macrófagos, imunolocalização do fator de transcrição nuclear kappa B (NF-κB), níveis renais do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina 1β (IL-1β) e interleucina 6 (IL-6) e expressão gênica da proteína quimioatrativa de monócitos-1 (MCP-1), receptor toll-like 4 (TLR4) e NF-κB no tecido renal. Os resultados mostraram que, embora tanto o treino moderado quanto o HIIT atenuaram o grau de lesão tecidual, apenas o HIIT foi capaz de prevenir alterações na TGF e creatinina sérica. Os três protocolos de treinamento foram eficazes em atenuar aumentos da expressão de todos os marcadores inflamatórios avaliados nesse estudo, contudo esse efeito foi mais pronunciado no HIIT. Semelhantemente, os três protocolos de treinamento proporcionaram aumentos equivalentes no desempenho físico durante o teste de corrida máxima ao final da 8ª semana de treinamento. Contudo, os dados demonstram que no final da 4ª semana de treinamento apenas HIIT foi capaz de proporcionar um aumento na performance física em relação aos grupos sedentários. Considerados em conjunto, os dados demonstram que embora os três protocolos de treinamento promoveram ações renoprotetoras, os efeitos foram mais pronunciados no HIIT, sugerindo que o HIIT foi mais eficaz em atenuar a IRA induzida por cisplatina nesse modelo experimental, em parte pela modulação de importantes marcadores da resposta imune inata.