IDENTIFICAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO DE RESISTÊNCIA E PATOGENICIDADE DE Escherichia coli e Klebsiella spp EM AMOSTRAS DE DOADORAS DO BANCO DE LEITE HUMANO DO HOSPITAL MUNICIPAL ESAÚ MATOS EM VITÓRIA DA CONQUISTA (BA).
Fatores de patogenicidade, Fatores de virulência, Leite humano, Enterobactérias, Microbiologia, Infecções neonatais
O leite humano (LH) é considerado o alimento ideal para recém-nascidos (RNs). Devido a sua composição nutricional, fatores imunobiológicos e protetores a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento exclusivo até os seis meses. Em algumas situações, como permanência do RN no ambiente hospitalar ou doenças infecciosas maternas, não é possível que o RN obtenha o LH por amamentação e os Bancos de Leite Humano (BLHs) surgem como estratégia para garantir a nutrição desses RNs, através da distribuição de leite humano ordenhado (LHO) fornecido por doadoras cadastradas no serviço. A coleta do LHO pode ser realizada no domicílio das doadoras e as condições higiênico-sanitárias utilizadas desde a ordenha até o processamento devem seguir protocolos para evitar a contaminação microbiológica já que o LH possui características ideais para o crescimento de diversos micro-organismos que podem ser patogênicos aos receptores, em sua maioria prematuros. Dentre as bactérias que podem contaminar o LHO nas etapas de coleta, transporte e processamento destacam-se as Enterobactérias, que em sua maioria são comensais, mas possuem capacidade de adquirir genes de patogenicidade e resistência a antimicrobianos. Nessa família as espécies de Klebsiella spp e Escherichia coli são importantes causadores de infecções neonatais como meningite, pneumonia, infecções intestinais e sepse. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo identificar e caracterizar a patogenicidade e perfil de resistência à antibióticos de isolados de E. coli e Klebsiella spp. em amostras de doadoras provenientes do BLH do Hospital Esaú Matos e correlacionar a presença microbiana com as condições higiênico-sanitárias das participantes do estudo. Foram coletadas amostras das mãos e região mamilo-areolar e alíquotas de leite humano de 30 doadoras cadastradas no BLH durante o ano de 2018. As doadoras também foram submetidas a um questionário versando sobre condições socioeconômicas e higiênico-sanitárias da coleta. As amostras foram semeadas através de técnicas de microbiologia convencional. Foram identificadas cepas de Klebsiella em amostras de 11 doadoras (36,6%). Entre essas, em 36,4% (n=4) o micro-organismo foi isolado apenas nas amostras cutâneas, 36,4% (n=4) apenas no leite humano ordenhado cru (LHOC), 18,2% (n=2) com resultados positivos nas amostras cutâneas e de LHOC e 9,1% (n=1) com crescimento em amostras cutâneas, LHOC e no leite humano ordenhado pasteurizado (LHOP). Não foi isolada a E.coli nas amostras coletadas. Em todas as cepas de Klebsiella spp. isoladas foi realizado o antibiograma com recomendação do CLSI 2017, 42,8% (n=6) das cepas apresentaram resistência a Ampicilina e Sulbactam e 35,7% (n=5) resistentes a Amoxacilina e Ácido Clavulânico. Os isolados também foram submetidos ao teste de detecção fenotípica de ESBL por disco-aproximação, 23,1% (n=3) apresentaram resultados positivos para esse teste. Foi realizado o teste de Hodge modificado em todas as cepas para avaliar a presença da enzima carbapemenase e todas as cepas tiveram resultado negativo. Além dos testes fenotípicos os isolados foram submetidos a técnica de Reação em Cadeia da Polimerase para detecção dos seguintes genes: gyrA, rpoB e pehX, para confirmação do gênero Klebsiella spp. e espécies de Klebsiella pneumoniae e Klebsiella oxytoca respectivamente; também foram pesquisados os genes associados a produção de beta-lactamases de espectro estendido (ESBL) SHV, TEM, CTXM-1, CTXM-2 e CTXM-3 e os genes de virulência rmpA e wcaG. Todas as cepas foram confirmadas como sendo do gênero Klebsiella spp., 53,8% (n=7) identificadas como Klebsiella pneumoniae, 7,7% (n=1) identificadas como Klebsiella oxytoca e 38,5% (n=5) não fazem parte das duas espécies pesquisadas. Não foram encontrados genes de ESBL e genes de virulência nas amostras isoladas.