O RAP COMO LITERATURA AFRO-BRASILEIRA: UMA ANÁLISE POÉTICA
DAS CANÇÕES DO ÁLBUM HOMÔNIMO DE OPANIJÉ E GALANGA LIVRE, DE RINCÓN SAPIÊNCIA
Rap. Hip Hop. Literatura Afro-brasileira. Poesia. Música.
A presente dissertação de mestrado tem como proposta apresentar o rap como literatura afro-brasileira. Para isso, utilizarei como corpus de análise canções do grupo de rap baiano Opanijé e do rapper paulistano Rincon Sapiência. O trabalho está divido em três partes: a primeira é introdutória[mb1] ; a segunda, direcionada ao referencial teórico; e por fim, a análise das músicas do álbum homônimo do grupo Opanijé e de Galanga Livre, de Rincón Sapiência. Neste trabalho, tomo como chave teórica principal o conceito de “Literatura-Terreiro”, cunhado pelo autor Henrique Freitas, a fim de sustentar as questões propostas por Sapiência e Opanijé em seus afro rap, subgênero do rap que mantém um diálogo demasiadamente aprofundado com as africanidades, desde a literatura até a filosofia. Quatro obras serão analisadas de forma íntegra, são elas: Galanga Livre e Ponta de Lança, de Rincón Sapiência; Encruzilhada e O.P.A.N.I.J.É., do grupo de mesmo nome. Nelas abordarei a temática, o foco narrativo, o enredo, mas também questões relativas à estética, à poética e ao fazer literário de ambos artistas. Técnicas de construção do afro rap, a lírica, métrica e composição rítmica também acompanharão a pesquisa. Já o referencial teórico está localizado em Souza (2011), Martins (2003), Gilroy (2012), Freitas (2017), Hall (2003) e outros que se debruçam a respeito de produções artístico-literárias negras no Brasil e na diáspora, sobre o rap, o movimento hip-hop e sua revolução musical, e política cultural no mundo afora. Enquanto gênero literário poético, o rap possui determinadas especificidades, pois, além de escrito, é cantado e falado ao mesmo tempo, e declamado, já que alguns rapeiros por vezes declamam seus raps. Sendo parte da poesia oral, musicando e dialogando com diversas vertentes da literatura, o rap se torna o gênero musical e literário mais autêntico da atualidade. Rincón Sapiência e Opanijé se apropriam de forma magistral dessa diversidade escrevendo, cantando, dançando, performando, brincando, revolucionando em seu afro rap.
[mb1]é uma introdução