Ekografias do hiv/aid$: por uma escuta racializada e posithiva das artes contemporâneas brasileiras
hiv/aids, arte contemporânea, escuta, pessoas negras.
Estes escritos investigam as artes contemporâneas, produzidas por pessoas negras e soropositivas para hiv/aids, escutando o que dali emerge como silêncio, ruído, eco e sonoridade, capaz de contar outras histórias de quarenta anos de existência dessa epidemia. Os fragmentos literários apresentados aqui se debruçam na forja da ekografia como um método de crítica literária, entendendo o campo literário como um espaço-tempo expandido, nesse sentido, abarcando performances, vídeo performance, cinema, música, teatro, escritos e artes visuais. O fazer ekografico tem inspiração nas vidas atravessadas pelos signos da gramática racial e também pela experiência de vivência com o vírus da imunodeficiência humana, causador da síndrome da imunodeficiência adquirida. Os dois marcadores identitários (negro e soropositivo) agenciam o campo das artes contemporâneas produzindo um "terceiro elemento" que investe na vida como significante capaz de enfrentar o estigma e as camadas de opressão derivadas da ideia de raça. Ekografar uma epidemia de hiv/aids é manejar os sentidos, desinvestindo na centralidade do olho, fazendo o arquivo de quarenta anos ecoar outras possibilidades para compreender o cenário e se aproximar de questões que ficaram relegadas no tempo, como a persistência de mortes na população negra, a vida psíquica e as dinâmicas subjetivas que atravessam um corpo marcado por dois signos sociais de morte.etnia