NARRADORES DA MARRABENTA: MÚSICA E NAÇÃO EM MOÇAMBIQUE
Moçambique
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A tese Narradores da Marrabenta: música e nação em Moçambique é um estudo sobre a música moçambicana, produzida entre a zona rural, a recém-formada periferia de Lourenço Marques e pela cena moçambicana presente no circuito das gravadoras da África do Sul, na primeira metade do século XX. A pesquisa teve como objetivo mostrar a marrabenta como forma de resistência popular de Lourenço Marques, no período colonial, já que ela modificou o cenário urbano laurentino, a partir da amalgamação dos ritmos tradicionais moçambicanos, numa síntese pelo uso da tecnologia ocidental disponível na época (basicamente, baixo, guitarra, bateria, teclado e instrumentos de sopro), imprimindo uma estética local, algo considerado novo, já que o contexto era marcado pelo predomínio de uma estética musical ocidental, inclusive, pelos ritmos brasileiros. O estudo constou de uma etapa de gravação de 11 depoimentos, a par da realização de pesquisa bibliográfica. Os depoentes, aqui nomeados como Narradores da Marrabenta (título dado ao documentário, um dos capítulos da tese), na perspectiva da história oral, revelam-se autores e pensadores centrais para o tratamento do tema. Ademais, a partir de uma bibliografia que reflete, predominantemente, o pensamento descentrado do Ocidente, a pesquisa descortina a marrabenta como uma elaboração estéticomusical da periferia, que, possivelmente, pensa e forja, no ritmo da sobrevivência nos subúrbios da Lourenço Marques, ainda colonial, uma identidade moçambicana. Do mesmo modo, sugere que o movimento/ritmo seja uma proposta de nacionalismo específico, que não se afina ao nacionalismo colonial português (mesmo aderindo a uma tecnologia musical ocidental), nem ao nacionalismo moderno da FRELIMO (mesmo rompendo com o colonialismo português). Como fundamentação teórica, recorre-se a estudos, tais como os de António Sopa (2014) Eduardo Mondlane (1995), José Craveirinha (2008), José Luís Cabaço (2009), Luís Bernardo Honwana (2017), Mario Pinto de Andrade (1997), Maria Paula Meneses (2016), Rui Laranjeira (2014), Marilio Wane (2020/2021), dentre outros/as/es.