TALKING BACK, Looking Forward: Tradução Epistemológica em bell hooks
bell hooks – Escrevivência- Tradução Epistemológica –Tradução Afrodiaspórica.
O pensamento feminista negro contemporâneo, para além de tencionar as formas pré-estabelecidas acerca do perfil da intelectual negra, tem produzido novas formulações teóricas, que vão em direção a proposições epistêmicas, agenciando a retomada de uma existência negra fora do ego branco (SANTOS, 1990). A emergência massiva de mulheres negras no âmbito acadêmico têm modificado os modos de fazer teoria; um projeto de (re)territorialização de saberes, que cria redes de afetos produtivos, caracterizados por pensamentos corporificados ou escrevivências (EVARISTO, 2015). A escritura da existência como lugar de método funciona como um dispositivo tradutório de coletividade que não se pretende homogêneo nem ensimesmado retoricamente, mas, propõe uma escritura que, através da poética, traduza em devir a coletividade há muito controlada discursivamente por uma narratividade europeia. No sentido de reelaborar e criar novos espaços de (re)existência (SILVA, 2011) e trazer para a cena de produção de saberes a partir de locais insólitos, isto é, fora de costume; estes corpos de vento (CARRASCOSA, 2017) apresentam novas estratégias de compartilhamento e rearticulação de saberes de herança para gerações futuras. Atinente às gestualidades teóricas produzidas pelo pensamento Feminista Negro e Estudos de tradução afrodiaspóricas, esta dissertação se propôs a uma versão de tradução epistemológica compilada interlingual inglês-português da introdução e dos capítulos 1, 2, 5, 21 , 22 e 23 do livro Talking back: thinking feminist, thinking Black - uma antologia de escritos da ativista e intelectual afro-estadunidense bell hooks (2014). Foi feita uma retessitura e compilação dos capítulos selecionados do texto de partida, por meio do gênero textual carta. Produziu-se uma nova versão tradutória, que culminou na plasmagem e/ou entrelaçamento de conceitos, noções, poéticas e experiências entre a intelectual afro - estadunidense e a afro-brasileira. O que pretendi aqui, através da tradução de alguns capítulos da obra Talking Back, foi, na cena da tradução apontar novas formas de pensar o ser e estar no mundo da mulher negra. Neste sentido, experimentei uma práxis tradutória enquanto interpretação breve dos escritos traduzidos e elaborados pelas duas tradutoras-autoras afim de apontar o caráter intempestivo dos escritos de bell hooks como também o seu contributo e fomento a remontagem de novas epistemes negro brasileiras em movimento, uma vez que, a sua produção intelectual têm comunicado diante de todas as línguas no Atlântico Negro.