IMAGENS DE SERTÃO NOS TRAÇOS DE ELOMAR FIGUEIRA MELLO E CÂNDIDO PORTINARI: UMA EXPERIÊNCIA COMPARADA.
Sertão. Linguagem. Auto da Catingueira. Retirantes.
A pesquisa visa pensar a formação de imagens de sertão a partir da experiência
de leitura da gravação em DVD da encenação de Auto da Catingueira, de
Elomar Figueira Mello, ocorrida em 2011, no Palácio das Artes de Belo
Horizonte-MG, Brasil; e reproduções de quadros da série Os Retirantes, pintada
por Cândido Portinari em 1944. Dentro deste recorte, costuram-se reflexões
teóricas ligadas especialmente à noção de imagem e às relações entre as diversas
linguagens do teatro, da música, literatura e pintura, deslocando tais reflexões
para o contexto de cada autor e obra, para o contexto de um leitor. Ao mesmo
tempo, busca-se uma ressignificação da percepção individual e da crítica aos
autores e suas obras, direcionando-se para eles um determinado olhar, uma
perspectiva de leitura sempre provisória e dinâmica. Os Cantos do Auto, escritos
e encenados na forma de uma ópera, vão percorrendo cada uma das pinturas de
Portinari, levando-se em conta a relação entre o trabalho artístico de composição
das linguagens e a percepção por um corpo leitor, fazendo-se de cada
experiência de leitura uma busca transdisciplinar por formas, memórias e
contextos que, atrelados pela atividade imaginativa, formarão a cada experiência
de leitura imagens momentâneas e moventes de sertão. A discussão situa-se no
âmbito da teoria da literatura e da literatura comparada, especialmente no
tocante à atuação do leitor e às relações interartes e interlinguagens, bem como a
potência histórica e política da atividade imaginativa.