FACES BRUTALIZADAS NA LITERATURA BRASILEIRA: CONFIGURAÇÕES DO ANTI-HERÓI NA ESCRITA DE ANA PAULA MAIA.
Palavras-chave: Anti-herói; Literatura contemporânea; Naturalismo; Romantismo; Pulp Fiction; Literatura Pop
A presente tese tem como intuito estudar como se dá a construção do anti-heroísmo na obra da escritora carioca Ana Paula Maia. A escrita apresenta seres marginalizados, homens no limite do abismo social, lutando como animais para sobreviver num sistema urbano de brutalização e desumanidade. Homens-refugo, lixo, violência, crueza nas relações humanas, falta de empatia, exploração, decadência e morte são elementos centrais na narrativa de Maia. Todos eles são potencializados pelo tipo de elaboração estética que a autora faz das personagens: os protagonistas dos romances são anti-heróis urbanos, lixeiros, bombeiros, açougueiros, cremadores de corpos. São as faces brutalizadas expressas no título. A partir da análise da trilogia dos brutos, formada pelos três romances: Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos (2013), O trabalho sujo dos outros (2011) e Carvão Animal (2011), a pesquisa procura compreender o tipo de anti-herói apresentado nas obras, partindo da hipótese de que se trata de um construto híbrido, resultado da fusão de três correntes estéticas distintas: duas do passado e uma mais moderna: o Romantismo, o Naturalismo e a Pulp fiction/Literatura pop. Visa defender que, ao investir na junção de influências tão diversas, Maia insere no quadro contemporâneo da literatura brasileira um tipo estético novo e ainda pouco explorado por outros escritores da respectiva geração. Assim, o propósito desse estudo é compreender como essas influências distintas convergem para a formação do anti-herói na obra de Maia.