A NARRATIVA NEGRO-BRASILEIRA E O PROJETO ANTIRRACISTA DE NA MINHA PELE, DE LÁZARO RAMOS
literatura negra; literatura negro-brasileira; antirracismo; negritude; memórias.
A literatura negra tem sido, cada vez mais, objeto de estudo e discussão. Na contemporaneidade, o olhar sobre os textos escritos por pessoas negras e que tratam abertamente sobre a negritude vem se modificando. É nesse cenário que proponho a análise do livro Na Minha Pele (2017), de Lázaro Ramos. A narrativa de memórias, mas que não se limita a um gênero específico, transitando e ultrapassando alguns dos seus limites, marca a estreia do autor na literatura de não ficção. Este estudo, sob a luz das reflexões de Cuti (2010a; 2010b), Souza (2006; 2010) e Evaristo (2009; 2010), – entre outros autores e autoras –, investiga o lugar ocupado por essa obra no atual cenário da literatura negra contemporânea, bem como propõe a sua leitura sob a perspectiva de um discurso acerca da negritude com viés antirracista. Para tal, procuro escrutinar a maneira como o texto é tecido, evidenciando não apenas a biografia do autor, mas a maneira como ela é utilizada para provocar, indagar e levar reflexões aos leitores. Nesse sentido, analiso as escolhas feitas por Ramos, a forma como certos conceitos e certas provocações são inseridas na narrativa, bem como o seu diálogo com outros atores, escritores e artistas. Somado a isso, busco refletir sobre o potencial desse livro para uma pedagogia literária acerca do racismo, que propõe um olhar sobre passado, presente e futuro.