Cartas a Davi
Cartas; Davi Kopenawa; terra; palavra; Yanomami
Nesta tese, que atravessa toda a pandemia do SARS-COV 19, defendo a existência de
uma íntima relação entre terra e palavra. Intimidade a ser retomada por gestos insurgentes
contra a lógica da mercadoria, que em seu conjunto de pressupostos e práticas, manifesta-
se como exploração da vida e subjugação dos corpos. Com esse objetivo, adentro a obra
A queda do céu: palavras de um xamã yanomami (Kopenawa; Albert, 2015) para ouvir o
que são e podem as palavras do xamã no tempo da cafetinagem da vida (Suely Rolnik,
2019) e, nelas, ler as marcas que Davi Kopenawa traceja como modos de resistência ao
capitaloceno. A tese está organizada em duas seções: Parte I – Cartas-Imagens e Parte II
– Cartas da Letra. Na primeira seção, delineio imageticamente meu processo de
aproximação às palavras do xamã em confluência com as cartas-desenhos de Davi. Na
segunda seção, performo um exercício literário como entrada nos territórios da
palavrimagem, protopalavra e terrapalavra, termos encontrados no processo da pesquisa.
Metodologicamente, coloco meu corpo no território das palavras do xamã como um gesto
de replacentamento da palavra e fruição no projeto de leitura crítica para um Brasil
contracolonial.